COM TENSÃO GLOBAL MENOR À TARDE, DÓLAR CAI A R$ 5,20 E BOLSA APARA PERDAS DA SEMANA

O investidor aproveitou a tarde de sexta-feira para diminuir as perdas que os ativos locais acumularam ao longo da semana. A geopolítica ainda inspira cuidados, mas a tensão arrefeceu ao longo do dia sem novidades no front do conflito Israel e Irã. A imprensa internacional noticiou que a base aérea na cidade de Isfahan, alvo do suposto ataque israelense, de fato não teve danos, como o próprio regime de Teerã havia alegado pela madrugada. Os sinais da diplomacia iraniana são de uma distensão nas hostilidades com Israel, por ora. Esse contexto abriu espaço para, no Brasil, ocorrer uma correção de excessos dos últimos dias. No câmbio, operadores notaram desmonte de posições defensivas de estrangeiros, uma das razões da pressão recente. Pode ainda ter ocorrido abandono de apostas especulativas amparadas na perspectiva de que o Banco Central interviesse no câmbio, algo que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, rechaçou reiteradas vezes durante visita aos Estados Unidos. Assim, o dólar à vista terminou a sessão em R$ 5,1994, queda de 0,97%. Na semana, contudo, houve alta de 1,53%. O movimento diário no câmbio ajudou a tirar pressão dos juros, cuja curva perdeu inclinação pela reprecificação com relação ao ciclo da Selic após falas de Campos Neto na quarta-feira. Com aposta em boa distribuição de dividendos extras, Petrobras subiu 4,07% (ON) e 1,71% (PN) na sessão, ajudando a colaborar com a alta do Ibovespa aos 125.124,30 pontos (+0,75%). Na semana, a retração foi de 0,65%. Lá fora, S&P 500 e Nasdaq acumularam perdas na sessão e na semana, prejudicados pelo setor de tecnologia. O rendimento da T-note de 2 anos caiu na sessão, mas abriu quase 10 pontos em relação à sexta-feira passada após o mercado postergar o início da queda dos juros nos Estados Unidos.

•CÂMBIO

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar à vista acentuou ainda mais o ritmo de baixa ao longo da tarde e, após tocar mínima a R$ 5,1856, encerrou a sessão desta sexta-feira, 19, em queda de 0,97%, cotado a R$ 5,1994. A perda de força da moeda americana no exterior, em especial na comparação com divisas emergentes, abriu espaço para realização de lucros e redução de posições cambiais defensivas no mercado doméstico.

Sem indicadores de peso aqui e lá fora, investidores operaram de olho nas tensões no Oriente Médio. Houve alívio com a ausência de resposta do Irã a suposto ataque israelense ao território iraniano ontem à noite, com danos mínimos à infraestrutura do país. Já a perspectiva de corte de juros nos EUA apenas no segundo semestre e em magnitude bem limitada – outro tema que tem guiado os negócios – estaria em grande parte incorporada aos preços dos ativos globais.

Operadores notaram desmonte de posições de posições defensivas de estrangeiros, que ao longo da semana elevaram sua posição comprada na moeda americana (dólar futuro, mini contratos, cupom cambial e swaps) para mais de US$ 70 bilhões, novo pico histórico. Pode ter ocorrido também abandono de apostas especulativas amparadas na perspectiva de que o Banco Central interviesse no câmbio, algo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, rechaçou em falas durante visita aos Estados Unidos.

Além disso, houve relatos de entrada de exportadores na ponta da venda para aproveitar as cotações mais elevadas. Também contribuiu para a recuperação do real a alta do Ibovespa, graças ao forte avanço das ações da Petrobras, em meio a rumores de que o governo pode liberar aos acionistas 100% dos dividendos extras que haviam sido retidos.

O operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, diz que houve muita procura por hedge cambial nos últimos dias em razão da questão geopolítica, além do fortalecimento global da moeda americana provocado pela perspectiva de manutenção de juros altos nos EUA por período mais prolongado.

“Houve um alívio muito grande quando o Irã não revidou o ataque de Israel, com o dólar caindo lá fora e a gente acompanhando. Temos uma realização mais forte hoje porque o real sofreu bastante. Os exportadores também estão aparecendo para vender moeda”, afirma Iha, para quem a questão fiscal doméstica, hoje em segundo plano, pode impedir uma queda mais forte do dólar mesmo se houver melhor do apetite ao risco no exterior.

Com o recuo de mais de 1% hoje, o dólar à vista termina a semana com ganhos de 1,53%, nos maiores níveis desde fins de março do ano passado. A máxima da semana ocorreu no pregão de terça-feira, quando se aproximou dos R$ 5,29, ao ser negociada a R$ 5,2875. Em abril, a divisa avança de 3,67%, o que leva a valorização em 2024 para 7,13%.

Apesar de apelos para que o BC interviesse nos momentos de maior estresse ao longo da semana, a autarquia se limitou a promover rolagem de swaps cambias. Em evento em Washington, Campos Neto fez hoje mais uma vez a defesa da política de câmbio flutuante e reiterou que o BC intervém apenas quando identifica disfuncionalidade. Ontem, o presidente do BC disse que não faria intervenções para “combater uma mudança estrutural”, neste caso provada pela mudança das expectativas em torno da política monetária americana.

Segundo Campos Neto, o que eu funciona para mercados emergentes é o de “princípio de separação”, pelo qual as taxas de câmbio são determinadas pelo mercado, sem intervenção do uma autoridade monetária. Ele voltou a dizer que, caso haja muitas intervenções no mercado de câmbio, os juros futuros longos vão subir de forma mais acentuada.

Entusiasta da moeda brasileira, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, observou que as divisas emergentes apresentam perdas fortes em abril. “Os mais punidos – México e Brasil – também têm sido os mais populares para carry trade. Por isso, o fato de o peso mexicano e o real brasileiro serem atingidos é uma prova da sua popularidade, e não um sinal de fraqueza”, escreve Brooks, na rede social X (ex-Twitter).

17:38

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.19940 -0.9676 5.27790 5.18560

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5205.500 -0.7626 5283.500 5191.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5225.000 -0.8539 5270.000 5225.000

JUROS

A queda firme do dólar e o ambiente externo mais ameno deram fôlego à correção no mercado de juros, que ontem havia se mostrado tímida. As taxas recuaram em toda a extensão da curva, com mais força nos vértices longos, que vinham em destaque nas últimas semanas. A agenda esvaziada nesta sexta-feira permitiu ao mercado se dedicar aos ajustes técnicos, uma vez também que a tensão geopolítica não se agravou pelo ataque de Israel ao Irã. Na semana, todas as taxas subiram, mas a curva perdeu inclinação. As curtas avançaram mais que as longas dada a reprecificação de Selic no curto prazo detonada por declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na quarta-feira.

Às 17h13, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,350%, de 10,425% ontem no ajuste, e a do DI janeiro de 2026, em 10,54%, de 10,73% ontem. A do DI para janeiro de 2027 caía de 11,02% para 10,81%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 11,24%, de 11,40%. O diferencial entre os DIs para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 caiu de 107 pontos-base na última sexta-feira para 89 pontos no fim da tarde de hoje.

O alívio no câmbio, que levou o dólar a fechar abaixo dos R$ 5,20, deu maior segurança para o mercado aproveitar um pouco dos prêmios adicionados na curva, na medida em que também o ambiente externo não trouxe preocupações adicionais. O ataque de Israel ao Irã acabou não gerando maiores impactos sobre os ativos, uma vez que aparentemente foram preservadas as instalações nucleares do país persa. Resta saber se haverá alguma resposta mais contundente no fim de semana.

De todo modo, os juros dos Treasuries estiveram bem comportados. A taxa da T-Note de dez anos desceu para perto dos 4,50% em reação imediata ao ataque ao Irã, em função do aumento da aversão ao risco, mas ao longo do dia se recuperou, chegando ao fim da tarde a 4,61%, de 4,63% ontem. O petróleo chegou a subir mais de 4%, mas também desacelerou o ritmo durante a sessão.

A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, afirma que a curva vinha super pressionada e havia espaço para ajustes. “Ainda que o cenário tenha piorado, houve um certo exagero com a precificação de Selic acima de 10%”, disse a economista, para quem o quadro externo teve papel preponderante na dinâmica dos DIs nesta semana. “Mesmo o discurso de Campos Neto teve como pano de fundo o exterior”, avalia. Na quarta-feira, ele indicou que, dado o aumento das incertezas aqui e lá fora, não é mais possível garantir o corte de 0,5 ponto da Selic sinalizado no comunicado do Copom de março, o que provocou forte ajuste nas expectativas para a política monetária, consolidando a aposta de redução de 0,25 ponto já na próxima reunião.

Um dia antes, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, havia indicado que os juros americanos devem ficar parados por mais tempo, dada a persistência da inflação em níveis elevados, o que levou o mercado a reforçar as apostas em apenas um corte de juros em 2024.

Internamente, o noticiário fiscal foi destaque, com a reação amplamente negativa do mercado ao Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025. “Já se esperava uma mudança na meta de resultado primário de 2025; mas o governo mudou também a do ano seguinte, postergando para 2028 o compromisso de obter um superávit de 1% do PIB”, afirma economista-chefe da Azimut Wealth Management, Gino Olivares, acrescentando que a justificativa do governo foi a exaustão dos ganhos arrecadatórios. “Se os ganhos na arrecadação se exauriram, e o governo não manifesta disposição em reduzir as despesas, qual a garantia de que não haverá afrouxamentos adicionais dos compromissos fiscais?”, questiona.

Por isso, a perspectiva de que o governo receba recursos vindos dos dividendos da Petrobras levou as taxas longas a baterem mínimas no fim da manhã. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, apurou que há expectativa de que os 100% de dividendos extraordinários referentes ao balanço de 2023 – o que representa um total de R$ 43,9 bilhões – sejam liberados na próxima sexta-feira, na assembleia geral ordinária de acionistas da companhia. Como o governo é o maior acionista da empresa, o caixa da União seria assim reforçado, aliviando o cenário fiscal.

BOLSA

Apesar do desempenho positivo nesta última sessão do intervalo, o Ibovespa acumulou perdas pela terceira semana consecutiva, refletindo a deterioração da percepção sobre o fiscal doméstico – com a revisão das metas para as contas públicas em 2025 e 2026, anunciada na última segunda-feira – e um cenário externo cada vez mais desafiador, pautado por incerteza sobre os juros americanos e persistência de tensão no Oriente Médio, entre Israel e Irã.

Assim, vindo de perdas de 0,67% e de 1,02% nas duas semanas anteriores, o Ibovespa recuou 0,65% em relação ao fechamento da última sexta-feira, então perto dos 126 mil pontos. Hoje, retomou o nível de 125 mil, ainda que o desempenho negativo dos grandes bancos – à exceção de Santander (Unit +2,75%) – tenha tirado dinamismo do índice, favorecido por Petrobras (ON +4,07%, PN +1,71%) – com a expectativa pela concessão de até 100% dos dividendos extraordinários retidos em março, na assembleia da próxima semana – e, em menor medida, por Vale (ON +1,64%) na sessão.

No fechamento, o Ibovespa mostrava alta de 0,75%, aos 125.124,30 pontos, entre mínima de 124.056,03 e máxima de 125.508,91, saindo de abertura aos 124.196,61 nesta sexta-feira. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro foi a R$ 29,2 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 2,33% e, no ano, cede 6,75%.

Dentre os componentes da carteira Ibovespa, destaque absoluto para Petz, em alta de 37,14% no encerramento, tendo em vista a assinatura de memorando de entendimento para possível fusão com a Cobasi. Outras ações cíclicas também foram bem na sessão, com destaque para CVC (+6,67%) e Alpargatas (+5,88%). Na ponta oposta, Embraer (-2,86%), Transmissão Paulista (-2,66%) e JBS (-1,38%).

“Hoje a agenda de dados esteve mais vazia, sem nenhuma divulgação relevante, no Brasil como também no exterior – o que diminui o potencial para ‘más notícias’. A gente vem de uma sequência ruim, com um fluxo de notícias bem negativo quanto aos juros, aqui e fora, além da retomada da tensão no Oriente Médio desde o fim da semana passada”, aponta Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Dessa forma, nesta sexta-feira, a relativa descompressão também no câmbio – com o dólar em baixa de 0,97%, ainda perto de R$ 5,20 – e na curva de juros, no exterior e no Brasil, contribuiu para o avanço tanto de ações correlacionadas à economia doméstica como também dos papéis expostos a demanda e preços formados fora do País, como os de commodities. Assim, o índice de consumo fechou em alta de 1,03% e o de materiais básicos, com exposição ao exterior, de 1,73% na sessão.

“A alta do dólar [de 1,53% frente ao real na semana, e de 3,67% no mês] continua a refletir a expressiva saída de capital estrangeiro do Brasil. Apesar das incertezas sobre a economia doméstica, a justificativa também decorre de fatores externos: há um movimento geral de valorização do dólar frente às moedas dos países emergentes, influenciado pela possibilidade de manutenção, por mais tempo, da alta taxa de juros nos Estados Unidos”, observa Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, acrescentando que a moeda americana tende a permanecer, nas próximas semanas, na região de R$ 5 a R$ 5,20.

No curto prazo, o revide contido de Israel ao Irã nesta madrugada foi lido, pelo mercado, como um fator de relativa distensão para o cenário da região, sempre acompanhado de perto pelos efeitos sobre o petróleo. Assim, a princípio, o Brent chegou a subir 4% aos sinais iniciais de novo enfrentamento, mas quando se conheceu a extensão da resposta – ainda não reconhecida ou negada por Israel, e sem danos efetivos ao Irã – os preços da commodity voltaram a se acomodar, com o barril do Brent pouco acima de US$ 87 na tarde desta sexta-feira.

Por outro lado, declarações de autoridades regionais do Federal Reserve, como Raphael Bostic (Atlanta) e Neel Kashkari (Minneapolis), acenderam a luz amarela para o mercado na segunda metade da semana – de que um ou dois cortes de juros que vinham sendo estimados para o BC americano no segundo semestre podem, ao fim, não se materializar, a depender das condições até lá, deixando assim para 2025 o início do processo de redução da taxa de referência global. Hoje, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos – ou seja, o retorno dado por um ativo considerado livre de risco – cederam um pouco, embora ainda na casa de 4,6%.

Nesta sexta-feira, a primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, disse que um terço dos fluxos globais está indo para os Estados Unidos. No período pré-pandemia, essa fatia era bem menor, de 18%, segundo ela. “Se você olhar para o período pós-pandemia, um dos destinos mais populares para o dinheiro são os EUA”, disse Gopinath, durante as reuniões de Primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington DC.

Nesse ambiente doméstico e externo mais desafiador, as expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo estão simetricamente divididas no Termômetro Broadcast Bolsa desta semana. Entre os participantes, 50% esperam alta e outros 50%, estabilidade, para o índice na semana que vem, sem respostas indicando queda. No Termômetro anterior, 50% previam ganhos para a Bolsa nesta semana; 33,33%, variação neutra; e 16,67%, baixa. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:30

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 125124.30 0.7473

Máxima 125508.91 +1.06

Mínima 124056.03 -0.11

Volume (R$ Bilhões) 2.92B

Volume (US$ Bilhões) 5.59B

17:37

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 126700 0.6754

Máxima 127160 +1.04

Mínima 125235 -0.49

MERCADOS INTERNACIONAIS

Nasdaq e S&P 500 ampliaram queda no período da tarde em Nova York, com forte recuo do setor de techs e de papéis de semicondutores, puxado pelas quedas de mais de 9% da Nvidia e da Nexflix. O setor conduzia a queda no S&P 500, enquanto investidores também mantinham os conflitos no Oriente Médio no radar, depois de um suposto ataque israelense contra instalações militares do Irã na noite de ontem. Autoridades globais se posicionaram contrárias à provável investida e pediram por paz na região, enquanto o consenso de analistas é o de que o ataque teve efeitos limitados e não significa uma escalada das tensões. Mesmo assim, vigorou o sentimento de fuga de risco, com o preço do ouro atingindo US$ 2.400 por onça-troy pela primeira vez na história, e com rendimentos dos Treasuries recuando em meio à alta demanda por títulos públicos americanos. Entre commodities, o petróleo fechou em alta, depois do setor balizar os riscos de escalada no Oriente Médio, e em meio à estagnação do dólar contra rivais desenvolvidos.

O mercado teme que a demanda por inteligência artificial e chips possa não atender às expectativas. Na quarta-feira, a fornecedora ASML informou métricas financeiras decepcionantes e ligou o alerta de operadores para o segmento. Com isso, o setor de semicondutores todo foi impactado, com recuo massivo da Nvidia. A companhia perdeu mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado apenas hoje, de acordo com levantamento do site Companies Market Cap.

No setor de telecomunicações, os resultados do primeiro trimestre da Netflix trouxeram previsões abaixo do esperado, e as ações tombaram 9,09%. Enquanto isso, o setor de energia subiu, em meio à alta dos preços do petróleo, e o financeiro sustentou ganhos de mais de 1%. Os papéis da American Express saltaram 6,23% após ter ampliado lucro no primeiro trimestre, em meio ao aumento nos gastos com cartões de crédito A Capital Economics escreveu em relatório que, mesmo com as tensões geopolíticas em alta, as ações dos bancos americanos devem subir, impulsionadas pela liquidação de títulos do Tesouro americano, que deve acontecer em breve.

Mesmo assim, o ataque às instalações militares do Irã na noite de ontem – possivelmente realizado por Israel – injetou aversão ao risco nos mercados, e impulsionou a procura por ativos de segurança. “A notícia levantou receios de que o conflito se agravará ainda mais, especialmente porque o Irã disse que responderia a qualquer ataque”, escreveu o Deutsche Bank. O Rabobank, por sua vez, explica que este movimento de fuga de risco pode ser visto nos mercados acionários do mundo todo, enquanto as tensões permanecem elevadas no Oriente Médio. No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,56%, aos 37.986,40 pontos; o S&P 500 caiu 0,88%, aos 4.967,23 pontos; e o Nasdaq recuou 2,05%, aos 15.282,01 pontos.

Após a ameaça próxima a uma instalação militar do Irã, a China se posicionou contrária ao aumento de tensões, e os países do G7 assinaram um comunicado em que condenam o ataque iraniano a Israel no último final de semana. A preocupação com choques de oferta fez os preços do petróleo subirem, apesar de não tanto quanto o esperado, visto que até caíram no início da manhã, enquanto investidores demonstravam confiança de que a situação não vai evoluir. O WTI para junho fechou em alta de 0,15% (US$ 0,12), a US$ 82,22 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 0,21% (US$ 0,18), a US$ 87,29 o barril, na ICE.

Analistas pontuam que o ataque mais recente não muda o panorama geral para a região, e descrevem o conflito entre Irã e Israel como mais uma rusga regional, embora tenha potencial para eclodir caso farpas continuem a ser trocadas. Enquanto isso, o preço do ouro continua subindo. Hoje, o preço da onça-troy fechou acima de US$ 2.400 pela primeira vez na história, e os retornos dos Treasuries recuaram em meio à demanda fortalecida pelos títulos do Tesouro – outro ativo de segurança.

Peter Cardillo, da Spartan Capital, pontua que a ausência de indicadores econômicos de relevância hoje também contribuiu para um ajuste nos juros dos Treasuries, que subiram fortemente nos últimos dias em meio às sinalizações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) de que os juros vão demorar mais para cair – e talvez nem caiam neste ano. Às 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,977%; o da T-note de 10 anos recuava a 4,618%; e o do T-bod de 30 anos tinha queda a 4,716%.

Em meio às preocupações com os rumos da política monetária da maior economia do mundo, o City Index escreve que os conflitos geopolíticos ficaram em segundo plano para o dólar hoje, que se movimentou de lado contra moedas fortes em meio ao vácuo de indicadores. A instituição afirma que agora os olhos se voltam principalmente para os dados da inflação do PCE na próxima sexta-feira, a medida de inflação preferida do Fed. Perto do fechamento de Nova York, o euro subia a US$ 1,0655; a libra caía a US$ 1,2370; e o dólar caía a 154,62 ienes. O índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de rivais desenvolvidos, subiu 0,002%, aos 106,154 pontos.