COM RISCO DE DEMANDA, BRENT PERDE OS US$ 80 E PESA ADICIONALMENTE EM JUROS PELO MUNDO

O barril do petróleo tipo Brent perdeu à tarde o nível psicológico dos US$ 80, tirando pressão adicional dos juros globais, mas, ao mesmo tempo, pesando sobre papéis de petroleiras mundo afora e nas moedas de países exportadores da commodity. Uma soma de fatores tem contribuído para a baixa do petróleo nos últimos dias, como os sinais de enfraquecimento da economia da China e de menor consumo nos Estados Unidos e na Europa. As questões de demanda, portanto, têm superado os temores sobre o efeito, na oferta, da guerra entre Israel e Hamas. O Brent para janeiro desceu aos US$ 79,54, recuo de 2,53%. Já o WTI para dezembro caiu a US$ 75,33 (-2,63%). Com preços mais baixos e em tendência de queda, as pressões inflacionárias se reduzem, o que contribuiu para alívio nos juros dos Treasuries e na curva local. Lá fora, o movimento de descompressão já vinha desde cedo, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, não abordar nem a política monetária nem a perspectiva econômica, durante participação em evento. O rendimento da T-note de 10 anos chegou ao fim da tarde em 4,516%, enquanto o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,66%. As perdas do petróleo foram o gatilho para a realização de lucros nos mercados locais de câmbio e ações. O dólar à vista subiu aos R$ 4,9071 (+0,66%) e o Ibovespa cedeu aos 119.176,67 (-0,08%). Dentro do índice acionário, destaque para as perdas de Petrobras (ON -2,36% e PN -2,15%). A votação da reforma tributária no Senado está no radar, sem peso relevante hoje para a formação de preços dos ativos.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

O petróleo se desvalorizou fortemente pela segunda sessão seguida em meio às preocupações com a demanda, com o preço do barril do Brent fechando abaixo de US$ 80 pela primeira vez desde julho. A baixa da commodity pressiona as ações de energia em Nova York, colaborando para que as bolsas devolvessem a maior parte dos ganhos que exibiram pela manhã. Ainda assim, o S&P 500 conseguiu acumular o oitavo dia consecutivo de ganhos. Os retornos dos Treasuries se firmaram no vermelho, mesmo após leilão com demanda abaixo da média, à medida que o recuo na cotação do petróleo sinaliza para um alívio nas pressões inflacionárias. Já o dólar avançou ante iene e libra, mas perdeu contra o euro.

Sucessivos dados fracos da China – maior importadora de commodities do mundo – têm alimentado preocupações em torno do impacto de uma desaceleração econômica no mercado de energia.

O analista da ActivTrades Alexander Londoño cita ainda recentes dados de emprego do Estados Unidos, que têm indicado arrefecimento do mercado de trabalho. “Além disso, há fatores que estão contribuindo para que a demanda por gasolina abaixe, como o aumento na circulação de veículos elétrico, e o fato de as pessoas estarem andando menos de carro”, ele escreveu em relatório.

Entretanto, Eric Nuttall, partner da gestor Ninepoint, pondera que, por mais haja sinais de que a economia global esteja desaquecendo, é preciso avaliar se isso teria um impacto significativo na demanda de petróleo a ponto de colocar o mercado num saldo de “sobreoferta”. “Neste momento, utilizando as melhores ferramentas à minha disposição, não consigo encontrar sinais graves de enfraquecimento na demanda. Mesmo com a recessão nos EUA e na Europa previstas para o próximo ano e com a demanda global de petróleo crescendo ‘apenas’ 1 milhão de barris por dia, os estoques globais de petróleo ainda deverão cair além dos níveis atuais, que já estão em patamares plurianualmente baixos”, escreveu.

De qualquer forma, o mercado manteve o clima de temores sobre a demanda, que agora se sobrepõem aos riscos geopolíticos gerados pela guerra entre Israel e o grupo palestino extremista Hamas. Assim, as cotações da commodity tiveram perdas superiores a 2%: o WTI para dezembro fechou em baixa de 2,63%, a US$ 75,33 o barril, enquanto o Brent para janeiro perdeu 2,53%, a US$ 79,54 – este último no menor nível desde julho.

Em Wall Street, a baixa se refletiu em cotações menores para ações de energia, como indicou o subíndice do setor no S&P 500. As petrolíferas Chevron e ExxonMobil, por exemplo, recuaram mais de 1%. O índice Dow Jones fechou com baixa de 0,12%, o S&P 500 subiu 0,10% e o Nasdaq avançou 0,08%. Entre outras ações de destaque, Warner Bros despencou 19% e Roblox subiu 11%, depois de divulgarem seus respectivos balanços corporativos. Disney caiu 0,05% antes da publicação dos seus números trimestrais, marcada para acontecer após o fechamento do mercado.

No mercado de renda fixa, os retornos dos Treasuries caíram na ponta longa, enquanto investidores posicionavam apostas para o futuro da trajetória de juros dos EUA. Além da queda do petróleo, os mercados digeriram hoje uma bateria de discursos de banqueiros centrais. “Se a recente aumento nos rendimentos do Treasuries puder ser inteiramente atribuído ao movimento do petróleo, deve-se ser cauteloso ao simplesmente assumir que isso se manterá durante o resto da semana”, alerta o BMO Capital Markets. Por volta das 17h, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,948%, o da T-note de 10 anos recuava a 4,516% e o do T-bond de 30 anos cedia a 4,641%.

O dólar também não firmou uma direção única, de modo que o índice DXY (que mede sua força em relação a seis rivais) fechou praticamente estável (+0,04%), aos 105,593 pontos. O analista Kit Juckes, estrategista de câmbio da Societe Generale Research, disse que o resto do ano deverá ser “bagunçado” para a moeda americana, à medida que sinais de mudança no ciclo econômico dos EUA vem e vão. Ele prevê, entretanto, que o dólar deverá depreciar no ano que vem, conforme a economia americana desacelera e o Federal Reserve (Fed) inicia o relaxamento monetário.

JUROS

Os juros futuros de médio e longo prazos deram sequência ao movimento de queda visto ontem, ainda apoiados pelo exterior, mas mantendo o noticiário sobre a área fiscal no foco. As taxas curtas ficaram estáveis. A nova rodada de alívio nos rendimentos dos Treasuries e o recuo nos preços do petróleo estimularam a devolução de prêmios na curva local, enquanto o mercado acompanhava a evolução da pauta econômica no Congresso.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou 10,795%, de 10,796% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 fechou em 10,56%, na mínima (10,60% ontem). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,66% (mínima), de 10,75%, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 11,03%, de 11,13%.

“Temos hoje a taxa da T-Note de dez anos próxima dos 4,50%. Como Powell não fez comentários sobre a política monetária, o mercado viu espaço para dar sequência à reação positiva vista após o payroll. Mas o noticiário fiscal aqui limita o alívio”, resume o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, acabou não discutindo a política monetária nem a perspectiva para a economia em discurso no fim da manhã.

Nas commodities, o petróleo, que ontem havia caído 4%, hoje cedeu mais de 2%, com o tipo Brent voltando a fechar abaixo de US$ 80, o que não ocorria desde julho. Assim, tanto o diesel quanto a gasolina estão ainda mais caros no Brasil, o que abre a possibilidade de novos reajustes em baixas para os combustíveis.

Se o cenário de curto prazo para a inflação está mais tranquilo, a parte fiscal pesa. O resultado do setor público consolidado surpreendeu negativamente, com déficit de R$ 18,071 bilhões em setembro. Foi o pior desempenho para o mês desde 2020 (déficit de R$ 64,558 bilhões), no auge das medidas de enfrentamento à pandemia de Covid-19. O dado não só veio bem pior que a mediana das estimativas, de superávit de R$ 9,60 bilhões, como ficou próximo do piso (déficit de R$ 20,107 bilhões). O desvio se deu pela forma de contabilização dos recursos de PIS/Pasep que não vinham sido reclamados nos últimos 20 anos nas estatísticas acima e abaixo da linha, num total de R$ 26 bilhões. A dívida líquida do setor público atingiu 60% do PIB, mais alta desde dezembro de 2020.

Para Luíza Benamor e João Leme, da Tendências, os números sedimentam as perspectivas de descontrole das contas públicas. “Sucessivas frustrações no âmbito da arrecadação federal, bem como expansão das despesas e ampliação do déficit primário acumulado apontam para uma inevitável deterioração das finanças públicas em 2023”, afirmam. Destacam ainda que a fala do presidente Lula sobre a meta de déficit zero em 2024 trouxe ruído e desconfiança quanto a efetividade das medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda.

Ontem, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mantendo a meta zero, mas o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu até dia 16 deste mês para o governo decidir se pede ou não a alteração da meta. Segundo o Valor Econômico, a pasta trabalha com a ideia de um limite máximo de déficit de 0,5% do PIB.

Em evento hoje em Nova York, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que o custo de mudar a meta seria maior do que o benefício, pela incerteza gerada em variáveis macroeconômicas, “uma das quais é o investimento, que promove o crescimento”. Para ele, uma mudança poderia ser interpretada pelos agentes como um “abandono” do novo arcabouço fiscal, que tornaria muito mais difícil estimar o crescimento das despesas do governo nos próximos anos.

Neste cenário, a aprovação dos projetos de elevação de receitas ganham ainda mais urgência para dar sobrevida à meta. Uma das grandes apostas é a proposta que regulamenta as subvenções do ICMS. Na reunião lideranças da Câmara com o ministro Fernando Haddad, participantes disseram ao Broadcast Político que a impressão foi de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “bancou” a medida, com aval do colégio de líderes. Se a aprovação ocorrer via Medida Provisória, como defende a equipe econômica, a estimativa de arrecadação é R$ 35,3 bilhões.

No Senado, a expectativa é de aprovação da reforma tributária em primeiro turno na votação hoje no plenário. Na contagem das lideranças nesta tarde, o governo teria 52 votos a favor, pouco acima dos 49 necessários à aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Em termos de impacto nos ativos, o endosso teria caráter mais simbólico do que prático, pela força do governo em aprovar mais uma matéria fiscal no primeiro ano de mandato, ainda mais considerando a complexidade da proposta. Por outro lado, especialistas afirmam que o texto perdeu qualidade quando comparado ao que veio da Câmara, com aumento das exceções que acabam resultando numa alíquota única mais alta.

Já a agenda relativa a indicadores de inflação e de atividade ficou em segundo plano. As vendas do varejo restrito em setembro subiram 0,6% ante agosto, superando a mediana das estimativas de +0,1%, e perto do teto e de +0,7%. No conceito ampliado, houve crescimento de 0,2%, também melhor do que o consenso, que era de estabilidade. O IGP-DI de outubro subiu 0,51%, abaixo da mediana das estimativas (+0,55%).

CÂMBIO

Após cinco pregões seguidos de baixa, em que acumulou desvalorização de 3,40%, o dólar à vista subiu na sessão desta quarta-feira, 8, e voltou a fechar acima do nível de R$ 4,90. Segundo operadores, o ambiente externo avesso ao risco, com perdas de divisas emergentes, abriu espaço para um movimento de realização de lucros no mercado doméstico. Embora com menor peso na formação da taxa de câmbio, jogou também contra o real certo desconforto com o quadro fiscal doméstico, após o déficit maior que o esperado do setor público consolidado em setembro.

Com mínima a R$ 4,8720 e máxima a R$ 4,9170, à tarde, o dólar à vista fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 4,9071. Apesar do repique hoje, a divisa apresenta baixa de 2,66% no mês. O escorregão do real se deu em um ambiente de liquidez bem moderada no mercado futuro de câmbio. Isso sugere que não há uma reversão de tendência ou mudança relevante de posicionamento dos investidores.

Evento mais aguardado do dia, a participação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em conferência hoje em Washington não trouxe sinais que pudessem guiar os negócios. Em seu discurso, o chairman não fez comentários sobre a condução da política monetária. Havia expectativa de que Powell pudesse reforçar o tom mais brando do comunicado do BC americano na semana passada, em um contraponto a declarações mais duras de outros integrantes do Fed nos últimos dias.

Lá fora, o índice DXY operava, no fim da tarde, entre ligeira alta e estabilidade. A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre pares latino-americanos do real, os pesos chileno e colombiano sofreram as perdas mais expressivas, acima de 2%. As cotações do petróleo tombaram, com o contrato do tipo Brent rompendo o piso de US$ 80 pela primeira vez desde julho.

“O dólar se desvalorizou bastante nos últimos dias, para baixo de R$ 4,90, principalmente com o tom dovish do Fed na semana passada. Hoje, temos um movimento normal de realização e ajustes com o exterior mais negativo”, afirma sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, acrescentando que o tombo recente da moeda americana trouxe mais importadores ao mercado, o que ajuda a explicar o comportamento da taxa de câmbio hoje.

Por aqui, as atenções seguem voltadas à provável votação da reforma tributária em primeiro turno no Senado ainda hoje e ao debate em torno da possível mudança da meta fiscal de 2024. Após encontro com líderes partidários na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se disse confiante na aprovação ainda neste ano da regulamentação das subvenções do ICMS – uma das medidas da equipe econômica para aumentar a arrecadação federal e, com isso, tentar zerar o déficit das contas públicas em 2024.

Em evento em Nova York à tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou o trabalho de Haddad e disse que o custo de alterar a meta fiscal de 2024 superaria eventuais benefícios por aumentar a incerteza e, em consequência, os prêmios de risco. Segundo Campos Neto, a mudança da meta poderia ser interpretada por investidores como um “abandono” do novo arcabouço fiscal. O presidente do BC ressaltou que, dados os juros elevados nos países desenvolvidos, os emergentes têm que fazer o “dever de casa” para lidar com um ambiente de liquidez mais restrita.

Segundo Izac, da Nexgen, a queda de braço entre a ala política do governo e o ministério da Fazenda em torno da meta fiscal não é positiva para o real, mas teve papel secundário nos negócios nos últimos dias. “A descrença do mercado na meta fiscal é grande, mas isso acabou ficando em segundo plano. O mercado está muito ligado ao cenário externo”, afirma.

Pela manhã, o Banco Central informou que o setor público consolidado – que reúne Governo Central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras – apresentou déficit primário de R$ 18,071 bilhões. Foi o pior resultado para meses de setembro desde 2020 (-R$ 64,558 bilhões), no auge das medidas de combate à pandemia de Covid-10. A mediana de Projeções Broadcast era de superávit de R$ 9,60 bilhões

18:24

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.90710 0.6585 4.91700 4.87200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4920.500 0.77829 4929.000 4883.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4893.000 07/11    

BOLSA

Vindo de ganhos nas cinco sessões anteriores, no que foi sua mais extensa sequência positiva desde outra série de cinco altas entre 20 e 26 de julho, o Ibovespa mostrou correlação com o sinal dos índices de Nova York e especialmente do petróleo neste meio de semana, em que Petrobras (ON -2,36%, PN -2,15%) piorou ao longo da tarde, alinhada à acentuação de perdas na commodity, movimento que colocou o Brent abaixo de US$ 80 por barril nesta quarta-feira.

Até o início da etapa vespertina, o Ibovespa mostrava variação restrita na sessão, com os índices de ações em Nova York oscilando então em torno da estabilidade. Depois, firmaram direção negativa, embora moderada depois do meio da tarde, com o Dow Jones ainda em leve baixa de 0,12% no fechamento, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq conseguiam reverter ao positivo, em alta de 0,10% e de 0,08%, respectivamente.

Aqui, o Ibovespa cedeu apenas 0,08%, aos 119.176,67 pontos, após acumular ganho de quase 6% nas cinco sessões anteriores, em série iniciada em 31 de outubro. Na semana, ainda sobe 0,86% e, no mês, 5,33%. No ano, avança 8,60%. O giro financeiro desta quarta-feira se manteve acima de R$ 20 bilhões, a R$ 23,6 bilhões.

“Os dados econômicos mais recentes da China, especialmente os de comércio exterior, têm resultado nessa correção de preços do petróleo, com expectativa de arrefecimento da demanda, o que leva a commodity a testar a linha de US$ 80 por barril para o Brent – no que talvez já seja um nível de sobrevenda”, diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos.

Além de Petrobras, o dia foi fraco para Vale (ON +0,07%), que esboçava alta um pouco mais firme com o avanço de 1% para o minério de ferro em Dalian nesta quarta-feira. Por outro lado, a sessão acabou se mostrando bem positiva para as ações de grandes bancos, que operavam mais cedo sem direção única. O alinhamento em alta contribuiu para moderar as perdas do Ibovespa, do meio para o fim da tarde, com destaque para Banco do Brasil (ON +1,27%), que divulga balanço trimestral após o fechamento de hoje, e especialmente para Santander (Unit +2,87%), na máxima da sessão no fechamento.

No melhor momento desta quarta-feira, ainda pela manhã, o Ibovespa ficou bem perto de retomar a linha dos 120 mil pontos, não vista no intradia desde 7 de agosto e, em fechamento, desde o dia 3 daquele mesmo mês. Hoje, na máxima da sessão, o Ibovespa foi aos 119.975,84, com mínima à tarde aos 118.463,87 pontos. Na abertura, o índice da B3 mostrava 119.268,06 pontos.

“Mercado teve hoje uma pausa, ensaiando realização de lucros normal, após várias altas seguidas. Em termos gerais, o Brasil pode ainda ser beneficiado por essa situação geopolítica desafiadora, com duas guerras em andamento [na Ucrânia e na Faixa de Gaza]. No médio prazo, pode atrair recursos, desde que não tropece, não erre muito no fiscal”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group, acrescentando haver espaço para mais dois cortes de meio ponto porcentual na Selic, o que pode favorecer também, no médio prazo, a retomada de apelo da renda variável.

Em evento em Nova York nesta quarta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que juros elevados nos países desenvolvidos forçam os emergentes a fazer o dever de casa, na medida em que a liquidez no mundo se torna mais restrita. “Precisamos fazer o dever de casa porque a liquidez não está mais disponível como antes”, disse Campos Neto, em evento da Valor Capital nesta tarde.

Na B3, na ponta do Ibovespa na sessão, destaque nesta quarta-feira para Ultrapar (+7,27%, na máxima do dia no encerramento), cujos resultados trimestrais resultaram em mitigação para o Ibovespa no ajuste final da sessão, colocando o índice bem perto do zero a zero no fechamento. Destaque também para Totvs (+5,65%), após balanço trimestral na noite anterior, à frente na sessão de hoje de TIM (+4,04%) e de Embraer (+3,92%).

No lado oposto, outra empresa que divulgou números trimestrais na noite de ontem, Dexco (-12,19%), seguida por BRF (-9,05%), Raízen (-4,76%) e Arezzo (-4,70%) – empresa que também publicou balanço após o fechamento da terça-feira.

Assim, atento aos números corporativos e voltando a se alinhar à cautela externa, o mercado deixou em segundo plano a boa leitura sobre as vendas do varejo em setembro, divulgada de manhã pelo IBGE. A leitura trouxe expansão de 0,6% para as vendas, na margem, quando a expectativa de consenso para o mês apontava estabilidade.

De acordo com os dados de hoje do IBGE, “o varejo brasileiro opera 4,9% acima do patamar pré-pandemia, visto em fevereiro de 2020, e 1,5% abaixo do maior nível da série histórica, registrado em outubro do mesmo ano”, aponta Julio Hegedus Netto, economista da Mirae Asset.

Contudo, das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, apenas três ficaram no campo positivo em setembro, observa também o economista da Mirae. Dessa forma, a leitura de setembro indica que “o aperto monetário continua impactando o consumo de bens sensíveis ao crediário, ao contrário dos outros, como alimentos e combustíveis”, diz Hegedus Netto.

Em outro ponto de destaque da agenda doméstica nesta quarta-feira, o governo divulgou déficit primário de R$ 97 bilhões para o setor público no ano até setembro, o correspondente a 1,22% do PIB. E o déficit de R$ 18,07 bilhões no mês foi o pior resultado para setembro desde 2020, o ano da pandemia.

No pano de fundo, o mercado acompanha também a tramitação da reforma tributária, cujo parecer do senador Eduardo Braga (MDB-AM) foi aprovado ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com acolhimento de parte das emendas, o que ampliou um pouco mais o rol de exceções – a alteração deve fazer com que a proposta volte para a Câmara, após a conclusão da tramitação no Senado. A proposta deve ser deliberada pelo plenário do Senado em sessão iniciada às 14h desta quarta-feira.

“Lira [o presidente da Câmara, Arthur Lira] defende o ‘fatiamento’ da reforma, mas preocupa o aumento no número de setores com tratamento diferenciado. Isso deve jogar a alíquota geral para cima, já calculada por alguns em 27,5%”, observa o economista da Mirae.

Em outro desdobramento de última hora, governadores do Sul e Sudeste criticaram o texto da reforma tributária que deve ser votado no plenário do Senado ainda nesta quarta-feira, e cogitam pedir mudanças no projeto ou o voto contrário dos senadores das respectivas bancadas estaduais.

A posição foi transmitida após o grupo do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reportam de Brasília as jornalistas Fernanda Trisotto e Amanda Pupo, do Broadcast.

A revolta aos “45 do segundo tempo” não teve sinalização prévia ao ministro da Fazenda, em reunião encerrada minutos antes da declaração de chefes locais à imprensa. Após o encontro na sede da Fazenda para pedir reestruturação das regras de pagamento da dívida de Estados à União, os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e do Rio, Cláudio Castro (PL), afirmaram que avaliam pedir que suas bancadas votem contra a proposta

18:24

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119176.67 -0.07663

Máxima 119975.84 +0.59

Mínima 118463.87 -0.67

Volume (R$ Bilhões) 2.35B

Volume (US$ Bilhões) 4.82B

18:24

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120325 -0.10378

Máxima 121235 +0.65

Mínima 119655 -0.66