COM POWELL E PETRÓLEO, T-NOTE DE 10 ANOS ENCOSTA EM 5% E DIS DISPARAM

O primeiro discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre política monetária desde a coletiva que acompanhou a decisão em meados de setembro pouco serviu para controlar o estresse instalado na curva de juros americana. Focado num prazo mais curto, Powell reforçou o tom dependente de dados e que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) se moverá “cautelosamente”. Mas se isso ajudou ao mercado a diminuir as chances de nova elevação de juros ainda este ano, a indicação de que deixará a situação dos Treasuries se desenrolar trouxe aversão a risco e nova rodada de alta de prêmios nos vértices de maior prazo. A isso, somaram-se novas tensões no Oriente Médio, que fizeram os preços do petróleo subirem forte hoje tanto na sessão regular quanto agora na eletrônica, quando o WTI caminha para romper a marca de US$ 90 por barril. O investidor se programa – com posições conservadoras – para o discurso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a guerra em Israel, marcado para as 21h. Foi neste ambiente que o juro da T-note de 10 anos se aproximou dos 5% (4,994% na máxima do dia), maior taxa em mais de 16 anos. O yield do T-bond de 30 anos já supera os 5% (5,108% no fim da tarde em Nova York), vitaminado também por dúvidas fiscais nos Estados Unidos. O resultado local foi de avanço firme dos juros futuros, com as taxas avançando mais de 20 pontos-base a partir do vencimento de janeiro de 2026. Quem observou mais de longe as tensões do mercado hoje foram os segmentos de câmbio e ações domésticas. O dólar à vista terminou o dia aos R$ 5,0528 (-0,03%), absorvendo a queda externa após a sinalização de Powell para manutenção dos juros e também na esteira da subida de commodities. O Ibovespa recuou aos 114.004,30 pontos (-0,05%), com Vale (-1,44%) e Petrobras (ON -0,72% e PN -0,47%) no vermelho de um lado, e os bancos no outro (preferenciais de Bradesco em alta de 0,49% e do Itaú Unibanco, com +1,16%).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, parece ter reforçado as suspeitas do mercado de que o banco central americano manterá a política na próxima decisão, em novembro, e aguardará novos dados antes de decidir se vai precisar subir juros outra vez. Enquanto isso, investidores parecem ter deixado os confrontos no Oriente Médio em segundo plano hoje, mas em aguardo do discurso do presidente Joe Biden após retornar aos EUA. Depois das falas do banqueiro central, a probabilidade de manutenção na reunião de novembro chegou a 99,5%, de acordo com a ferramenta do CME Group. Apesar disso, o mercado se consolidou no negativo após oscilar bastante durante as falas, com os rendimentos dos Treasuries longos continuando o movimento ascendente e pressionando o dólar no exterior. Enquanto isso, o petróleo fechou com ganhos, com o Oriente Médio em foco, mas o mercado também atento à autorização do Tesouro americano para o país negociar com o setor energético da Venezuela.

Em evento do Clube Econômico de Nova York, Jerome Powell pontuou que ainda é preciso desacelerar o crescimento do emprego nos Estados Unidos, reforçando que as taxas de juros devem ficar no nível restritivo por um bom tempo, e sem descartar nova alta de juros, mas indicando que o Comitê precisa de mais tempo para definir se eles precisam subir outra vez. Para o Rabobank, o discurso foi neutro, em uma “tentativa de manter as opções em aberto” pelo presidente do Fed.

Os rendimentos da ponta longa dos Treasuries continuaram o movimento altista hoje, acentuando levemente os ganhos após as falas de Powell, com os juros da T-note de 10 anos voltando a ficar perto dos 5%, e com os do T-bond de 30 anos ultrapassando o patamar de 5,100%, nos níveis mais altos desde junho de 2007. Segundo o Rabobank, essa escalada pode fazer parte do trabalho para o Fed conter a inflação, como o próprio Powell reconheceu hoje, embora não tenha se aprofundado tanto como seus colegas durante a última semana. Neste fim de tarde, o juro da T-note de 2 anos caía a 5,161%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,985% e do do T-bond avançava a 5,108%.

Segundo Ian Lyngen, do BMO Capital Markets, a subida nos juros de hoje foi “impressionante, e será interessante ver as taxas se sustentando nestes níveis enquanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) se prepara para uma pausa em novembro”. Ele pondera que, para amanhã e para o fim de semana, não há nada no radar que possa mudar o tom visto nos juros hoje.

Mais cedo, dados de emprego dos Estados Unidos sugeriram resiliência do mercado de trabalho do país e aparentaram também dar tom de alta aos juros dos títulos do Tesouro, com menos pedidos de auxílio-desemprego do que o esperado. Segundo a High Frequency Economics (HFE), as empresas ainda não começaram a demitir funcionários em resposta aos altos custos de financiamento e às condições de crédito mais apertadas.

A trajetória altista dos rendimentos dos Treasuries longos pressionou o mercado acionário, segundo análise do City Index, com as “taxas mais altas corroendo o mercado acionista”, que hoje também monitorou os papéis do Morgan Stanley, em queda de 2,62% depois de balanço com queda no lucro. Segundo a Navellier, “as ações estão tentando manter a linha”, mas a Capital Economics pondera que os bancos podem sofrer no curto prazo. O índice Dow Jones recuou 0,75%, aos 33.414,17 pontos, o S&P 500 cedeu 0,85%, aos 4.278,00 pontos e o Nasdaq fechou em queda de 0,96%, aos 13.186,18 pontos.

Também pressionado pela alta nos juros dos Treasuries, o dólar recuou hoje, já que, segundo o analista do Société Générale Research, Kit Kuckes, os retornos altos têm tido menos impacto no euro e no iene. Enquanto isso, o dólar blue, negociado no mercado paralelo da Argentina, caía, às vésperas das eleições presidenciais no país. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 149,83 ienes, o euro avançava a US$ 1,0587 e a libra tinha alta a US$ 1,2146. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,29%, a 106,253 pontos.

No mercado de commodities, o petróleo acumulou ganhos hoje, enquanto aparenta aguardar novos acontecimentos na guerra em Israel. O Tesouro americano hoje autorizou temporariamente as transações em território nacional com o setor de energia venezuelana, e o mercado avalia se a notícia pode representar uma maior oferta de petróleo. O WTI para dezembro fechou em alta de 1,26% (US$ 1,10), a US$ 88,37 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 0,96% (US$ 0,88), a US$ 92,38 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

JUROS

Os juros futuros completaram a terceira sessão consecutiva de alta, após terem experimentado algum alívio na última segunda-feira. As taxas estiveram novamente sob forte pressão vinda dos Treasuries, com o retorno da T-Note de 10 anos se aproximando dos 5%, em dia marcado pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo postura conservadora na condução dos juros. O noticiário geopolítico também contribuiu para a escalada das taxas via aumento dos preços do petróleo, mesmo com o câmbio bem comportado.

Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 11,200% (máxima), de 11,073% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 saltava de 10,96% para 11,21%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,39% (11,12% ontem) e o DI para janeiro de 2029 subia de 11,51% para 11,76% (máxima). A do DI para janeiro de 2033, que chegou a romper 12% nas máximas do dia, estava em 11,99%, de 11,80%.

A curva local espelhou a configuração da curva americana, com ganho de inclinação em ambos os casos. Por aqui, o diferencial entre os DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 voltou a superar 50 pontos-base, a 56 pontos no horário acima. Nos EUA, o retorno da T-Note de 2 anos caiu, mas o do papel de 10 anos avançava a 4,98% no fim da tarde, com máxima de 4,994%.

Pela manhã, a alta das taxas era bem controlada, enquanto o mercado aguardava o discurso de Powell no Clube Econômico de Nova York marcado para as 13h, na esperança de algum alívio para descomprimir as taxas, ao mesmo tempo em que monitorava o noticiário sobre a guerra Israel-Hamas. À primeira parte da fala, o mercado reagiu positivamente, com os DIs chegando a zerar a alta. Num segundo momento, porém, retomaram a escalada, acompanhando o movimento dos Treasuries.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, explica que Powell começou com uma “fala dovish”, dizendo entender que não estaria garantida a necessidade de alta de juros e que iriam analisar dado a dado. “O que acalmou o mercado, mas depois ele mudou o tom”, disse. “Ao mencionar que entre aliviar a parte fiscal e levar a inflação para a meta, a prioridade tem sempre de ser levar a inflação para a meta, acabou neutralizando aquele primeiro sentimento de grande alívio que o mercado poderia interpretar como mais nenhuma chance de alta de juros. Ainda tem”, afirmou o estrategista.

O dirigente apontou que a autoridade não mudaria sua política monetária por causa de um caminho insustentável do aspecto fiscal nos EUA. Powell avalia que os mercados estão voláteis, mas que a autoridade deve deixar “isso se desenrolar e observar”.

As declarações neste segundo momento desencadearam nova escalada dos Treasuries, levando a curva por aqui a abrir mais de 20 pontos. Há relatos também de que muitos fundos hoje teriam tentado aplicar visando os elevados prêmios embutidos, mas acabaram sucumbindo porque as taxas subiriam ainda mais, o que provocou a expressiva zeragem de posições.

O estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal, endossa o efeito Powell sobre as taxas dizendo que o tom “foi duro” e que o mercado está muito machucado também pelas incertezas relacionadas aos conflitos no Oriente Médio. “O mercado está muito tensionado, com os nervos à flor da pele”, disse. Para ele, chama a atenção o fato de que, ao contrário da tendência natural, desta vez eventos geopolíticos não têm provocado uma corrida para os Treasuries, que, apesar de tudo, seguem sendo os ativos mais seguros do mundo.

Os preços do petróleo hoje voltaram a subir, com temores sobre os desdobramentos da guerra no Oriente Médio e ponderações sobre a relevância da retomada dos negócios entre os EUA e o setor petrolífero venezuelano para a oferta global. O barril do Brent encerrou em US$ 92,38. À tarde, surgiram relatos de ataque por drone a uma base militar dos EUA na Síria e a informação de que Israel orientou suas tropas a se prepararem para uma invasão a Gaza por terra. O presidente americano, Joe Biden, faz uma fala sobre o conflito hoje às 21h (de Brasília).

Para o coordenador do grupo consultivo macroeconômico da Anbima e economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, os juros mais altos nos Estados Unidos podem fazer com que a Selic terminal fique mais próxima de 10% do que de 9%. De acordo com o economista, o juro mais alto nos EUA pode em algum momento do primeiro semestre de 2024 pressionar o real, consequentemente, a inflação doméstica. “Se a relação entre a Selic e o juro nos EUA ficar muito baixa, os investidores também vão comprar mais títulos lá do que no Brasil”, acrescentou Honorato, reforçando que, por isso, a projeção de Selic em 9,0% a final de 2024 da Anbima tem “um certo risco”.

O caos nos mercados vem comprometendo o quadro de precificação das apostas de Selic na curva. Segundo números do banco Bmg, nesta tarde a precificação era de 50 pontos de queda para a Selic no Copom de 1º de novembro, mas taxa já pouco acima de 11,75% no fim de 2023. Ainda, pelos DIs, o processo de ajuste terminaria em junho, no nível de 10,75%. No fim de 2024, a projeção já é um pouco acima de 11%. “Mas isso é prêmio de risco”, pondera o economista-chefe, Flávio Serrano.

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 19, praticamente estável no mercado doméstico de câmbio. Pela manhã, a divisa até ensaiou uma alta mais firme, quando registrou máxima a R$ 5,0838, mas acabou perdendo fôlego ao longo da tarde. Com mínima a R$ 5,0198, o dólar fechou cotado a R$ 5,0528 (-0,03%). Na ausência de indicadores locais relevantes, a formação da taxa de câmbio foi mais uma vez ditada pelo ambiente externo.

Investidores digeriram declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no início da tarde, e monitoraram notícias sobre o andamento da guerra entre o grupo palestino Hamas e Israel. Com temores de alastramento do conflito pela região, com eventual envolvimento do Irã, os preços do petróleo fecharam em alta firme, apesar da retomada de negócios entre EUA e o setor petrolífero venezuelano.

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, em especial euro e iene – recuava cerca de 0,30% no fim da tarde, ao redor dos 106,200 pontos. As taxas dos Treasuries longos voltaram a subir, com a T-note de 10 anos flertando com o nível de 5%.

Em discurso em Nova York, Powell, repetindo falas recentes de dirigentes do BC americano, disse que o avanço das taxas dos Treasuries leva a um aperto das condições financeiras, o que pode ajudar o Fed a controlar a inflação. De outro lado, o chairman ressaltou a que a economia continua forte e que há dúvidas sobre os efeitos defasados do aperto monetário. Sinais de “crescimento persistentemente acima da tendência” ou de que o mercado de trabalho segue muito apertado, disse Powel, podem “justificar o aperto adicional da política monetária”.

Monitoramento da CME mostra que é quase unânime a aposta de que o Fed manterá a taxa básica inalterada em novembro, embora uma ala dos economistas pondere que não se pode descartar uma elevação. Mesmo que o BC americano opte por não mexer nos juros no mês que vem, seguem na mesa a possibilidade de uma alta adicional dos Fed Funds em dezembro e a tese de juros em níveis elevados por período prolongado.

Para a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, o quadro de incertezas em torno da política monetária americana, agravado pela guerra no Oriente Médio e seus efeitos sobre o petróleo, exacerbam a volatilidade no mercado de câmbio. “O discurso do presidente do BC americano foi cauteloso. A leitura de parte do mercado foi de que pode não haver novas altas de juros. Mas a próxima reunião é apenas no início de novembro e muita coisa pode acontecer até lá com essa questão da guerra”, afirma Quartaroli.

Após encontro com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, o presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que o combate ao Hamas “será uma guerra longa”. À tarde, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, deu sinais de que uma invasão da Faixa de Gaza é iminente. “Quem vê Gaza de longe agora, verá ela de dentro”, disse em visita a tropas israelenses estacionadas na região.

Para o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, o discurso de Powell hoje “não ajudou a iluminar” o caminho da política monetária americana. “Eu arriscaria dizer que se a reunião fosse hoje a probabilidade de manutenção seria maior. Mas tem muita coisa para acontecer até o final do mês, particularmente com relação aos desdobramentos da guerra no Oriente Médio. Se ficar claro que a oferta de petróleo vai sofrer de forma expressiva pode haver maior pressão para mais uma elevação”, afirma Igliori.

Em visita ao Estadão/Broadcast, o coordenador do grupo consultivo macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, afirmou que os juros mais altos nos EUA podem, em algum momento do primeiro semestre de 2024, causar desvalorização do real em relação ao dólar e, consequentemente, pressionar a inflação doméstica. “Se a relação entre a Selic e o juro nos EUA ficar muito baixa, os investidores também vão comprar mais títulos lá do que no Brasil”, disse Honorato

17:38

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05280 -0.0336 5.08380 5.01980

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5068.500 -0.02959 5093.000 5028.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5076.500 -0.20641 5093.000 5048.500

BOLSA

Em cima de preço e ponto de entrada favorável, o Ibovespa parecia até bem perto do ajuste final que obteria, hoje, algo que tem se mostrado cada vez mais raro – descolamento do exterior. Assim, operou em alta a maior parte da sessão, mesmo quando a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, passou a deprimir os investidores. Ao fim, prevaleceu o sinal hegemônico desde que a preocupação global com o nível dos rendimentos dos Treasuries se impôs ao apetite por risco, o que se agravou do dia 7 para cá com a abertura de nova frente de incerteza, desta vez no Oriente Médio, com o ataque do Hamas a Israel.

Nesta quinta-feira, mesmo com o sinal negativo na maior parte da sessão para os índices de ações em Nova York, e de novo avanço para os yields dos títulos do Tesouro americano, o Ibovespa resistia em leve alta aos piores momentos do dia para Nova York. Mas entregou um fechamento em leve baixa de 0,05%, aos 114.004,30 pontos, vindo de perdas nos dois dias anteriores, de 1,60% e 0,54%, após abertura positiva na semana, em alta de 0,67% na segunda-feira.

Em Nova York, Dow Jones mostrava baixa de 0,75%, S&P 500, de 0,85%, e Nasdaq, de 0,96%, no encerramento desta quinta Na B3, o índice de referência oscilou entre mínima de 113.767,75 e máxima de 115.062,61 pontos, no início da fala de Powell, saindo de abertura aos 114.059,49 pontos na sessão. Na semana, o Ibovespa cede 1,51%, o que coloca o recuo do mês a 2,20%. No ano, o índice sobe 3,89%. O giro financeiro foi a R$ 22,0 bilhões na sessão, no dia seguinte ao vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Hoje, mesmo sem a contribuição de Petrobras (ON -0,72%, PN -0,47%), apesar do sinal positivo do petróleo, o Ibovespa contava com apoio do setor de consumo, que subia perto de 1% à tarde, mas entregou fechamento pouco acima da estabilidade (+0,06%).

O dia se mostrava especialmente positivo também para o setor financeiro, o de maior peso no índice, com as ações de grandes bancos mostrando alta bem mais acomodada no fechamento, com ganhos entre 0,49% (Bradesco PN) e 1,16% (Itaú PN) no fim do dia. E, com o desempenho negativo não apenas de Petrobras – que veio de máxima histórica, ontem – mas também de Vale (ON -1,44%, na mínima da sessão no encerramento), o índice de materiais básicos (IMAT) fechou em baixa de 0,49%, após também ter chegado a mostrar avanço nesta quinta-feira.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Cielo (+6,53%), Energisa (+3,27%) e Copel (+2,97%). No lado oposto, Magazine Luiza (-6,94%), CVC (-5,54%) e Gol (-4,97%).

No início da tarde, o discurso introdutório do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em encontro promovido pelo Clube Econômico de Nova York chegou a animar os negócios em Wall Street, com os rendimentos dos Treasuries de 2 e 10 anos renovando então as mínimas da sessão, enquanto os três principais índices de ações (Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq), em alta, buscavam as máximas do dia por lá.

Ao fim, as indicações reiteradas por Powell sobre a percepção do Fed quanto à inflação nos Estados Unidos acabaram por se impor, fazendo com que o ânimo inicial dos investidores refluísse.

“O sinal de Powell ainda é o de que os juros americanos permanecerão altos por mais tempo, e que a orientação da política monetária nos Estados Unidos continua a depender dos dados econômicos. Por aqui, houve descolamento em parte do dia na Bolsa, muito em função de preço, e o ajuste não era maior, nos melhores momentos da sessão, porque Vale caía e Petrobras corrigia um pouco, vindo ontem de máxima histórica”, diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.

“Era um dia de alívio na B3 após uma sequência ruim, em que ainda prevalece o ‘risk off’, a aversão a risco. As declarações de Powell, hoje, podem ser consideradas ainda ‘hawkish’, com a prioridade concentrada no combate à inflação, que permanece muito alta. Apesar disso, há sinais de que parece estar convergindo para a meta. Ainda assim, o conjunto da fala de Powell fez a curva de juros subir nos Estados Unidos, e o nosso DI futuro acompanhou por aqui, à tarde”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

“Um ponto que chamou atenção na fala de Powell, e trouxe surpresa, foi sobre os yields [dos Treasuries]. Ele comentou que a trajetória dos juros de mercado parece não estar atrelada ao movimento inflacionário, e ressaltou que há preocupação com a trajetória fiscal do país, o que contribuiu para sustentar os rendimentos [dos títulos americanos] hoje, com o vencimento de 10 anos, em especial, refletindo na sessão essa variável fiscal”, diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.

Contudo, “ao contrário do que sugeriria o movimento dos juros, a Bolsa resistia e mantinha a alta até bem perto do fechamento, no Brasil, diferentemente do que seria a correlação natural”, aponta Larissa, da Empiricus.

Assim, até bem perto do ajuste final, parecia que haveria, na B3, “pequena reversão à média após dois dias muito ruins, com bastante notícia negativa nessas últimas sessões, especialmente com a escalada no conflito Israel-Hamas que traz efeitos potenciais sérios para a macroeconomia, em particular aos preços do petróleo”, acrescenta a analista. Ela destaca que a retomada pontual beneficiava hoje setores amassados, expostos a juros e ao ciclo econômico doméstico, como os de varejo, shoppings e construtoras, além do financeiro. Mas o “respiro nas carteiras” acabou não se sustentando no encerramento do dia.

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114004.30 -0.04852

Máxima 115062.61 +0.88

Mínima 113767.75 -0.26

Volume (R$ Bilhões) 2.19B

Volume (US$ Bilhões) 4.34B

17:38

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 115630 -0.09936

Máxima 116920 +1.02

Mínima 115565 -0.16