A reprecificação do mercado em relação ao início do corte de juros pelo Federal Reserve
seguiu dando o tom nesta quarta-feira, dia marcado pela queda das bolsas mundo afora e
pela elevação dos rendimentos dos Treasuries. O pontapé conservador dado pelo diretor
do Fed Christopher Waller ontem ganhou respaldo de dados de atividade nos EUA mais
fortes do que o esperado, hoje, e culminou, à tarde, em um leilão do Tesouro americano
de demanda fraca. O Livro Bege, que apontou sinais de esfriamento do mercado de
trabalho, passou quase despercebido pelos investidores. Ao fim do dia, a curva
americana mostrava 55,2% de chance de corte de juros em março, de 66,9% ontem. As
bolsas terminaram com queda entre 0,59% (Nasdaq) e 0,25% (Dow Jones). O juro da Tnote de 2 anos subiu a 4,363% e o da T-note de 10 anos avançou a 4,100%. O dólar subiu
de maneira generalizada. Aqui, o investidor deu prosseguimento à onda vendedora na
Bolsa, embora com intensidade bem menor do que a da véspera. O Ibovespa terminou o
dia em 128.523,83 pontos (-0,60%). Nos demais mercados, o baque externo foi suavizado
hoje. Nos juros e no dólar, prevaleceram movimentos técnicos diante da percepção de
que os preços desses ativos já se ajustaram a um cenário externo mais adverso. O DI para
janeiro de 2025 caiu a 10,105% e o dólar subiu a R$ 4,9301 (+0,09%).
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•JUROS
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MERCADOS INTERNACIONAIS
A crescente percepção de que os juros podem demorar mais para ser cortados em
economias desenvolvidas pintou um quadro de cautela que tirou investidores de ações e
beneficiou ativos seguros como o dólar. Nos EUA, a ferramenta do CME Group agora
indica 55,2% de chance de corte de juros na reunião de março, depois de dados fortes do
varejo hoje se somarem às falas de Christopher Waller ontem. Assim, os juros dos
Treasuries avançaram fortemente e pesaram sobre as bolsas de Nova York, em um
movimento impulsionado por leilão de T-bonds de 20 anos mais fraco que o esperado. O
cenário se replicou do outro lado do Atlântico, onde a presidente do Banco Central
Europeu (BCE) indicou que o ciclo de relaxamento deve começar apenas no verão local,
depois do precificado pelo mercado. Com isso, o euro conseguiu fazer frente à força do
dólar e chegou ao fim da tarde perto da estabilidade. Entre commodities, o petróleo
fechou misto, com investidores cautelosos com demanda pela China mas de olho nas
tensões no Mar Vermelho, agora que o governo dos EUA considera os houthis como
terroristas internacionais.
As apostas do CME Group para a reunião do Federal Reserve (Fed) de março continuaram
caindo hoje, agora em um cenário quase dividido sobre manutenção ou corte, com a
chance de redução em 55,2%. Há uma semana, a probabilidade era de 67,4%.
Investidores balizam suas apostas depois dos dados do varejo americano virem mais
fortes do que o esperado hoje, que se somaram à fala do diretor do Fed Christopher
Waller de que os juros deverão ser cortados em 75 pontos-base neste ano – enquanto o
mercado precifica o dobro, segundo o CME.
Enquanto isso, o Livro Bege do Fed divulgado hoje indicou otimismo do mercado e de
economistas sobre cortes de juros no futuro, com a maior parte dos distritos reportando
sinais de esfriamento do mercado de trabalho.
Na Europa, a análise é parecida. Hoje, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse,
durante um painel no Fórum Econômico de Davos, que os juros da zona do euro devem
ser cortados no verão europeu, que começa junho. Em reação, os retornos dos títulos
europeus de 10 anos acumularam ganhos expressivos, mas o euro rondou a estabilidade
ante o dólar, também sob influência das perspectivas de política monetária americana.
Perto de 18h (de Brasília), o dólar subia a 148,19 ienes, o euro subia a US$ 1,0881 e a libra
tinha alta a US$ 1,2683. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, fechou em
alta de 0,09%, a 103,450 pontos.
Os retornos dos Treasuries acompanharam os europeus e acumularam fortes ganhos
hoje, sobretudo na ponta curta. Os rendimentos aceleraram alta depois de um leilão de
US$ 13 bilhões em T-notes de 20 anos registrar demanda abaixo da média. Às 18h (de
Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,363%; o da T-note de 10 anos tinha alta a
4,100%; e o do T-bond de 30 anos tinha ganhos a 4,311%.
Enquanto o cenário macroeconômico favorecia ativos de segurança, as bolsas de Nova
York recuaram, concentrando perdas no setor de tecnologia. No fechamento, Nvidia
recuou 0,58%, Alphabet caiu 0,72% e Amazon perdeu 0,95%. No lado dos ganhos, a
Boeing teve alta de 1,27%, depois da Administração Federal de Aviação (FAA) ter
concluído as primeiras 40 de 171 inspeções em aviões da companhia. Apesar do ímpeto
negativo visto hoje, a Capital Economics prevê que o S&P 500 deve subir em 2024,
surfando em uma possível fraqueza do dólar contra rivais desenvolvidos, mas depende
principalmente da economia americana evitar uma recessão. Tudo somado, o índice Dow
Jones fechou com queda de 0,25%, aos 37.266,80 pontos; o S&P 500 teve perdas de
0,56%, aos 4.739,23 pontos; o Nasdaq, por sua vez, caiu 0,59%, aos 24.855,62 pontos.
Entre commodities, o petróleo hoje ficou misto, refletindo a dúvida de investidores sobre
até onde os conflitos no Mar Vermelho podem impactar a oferta da commodity, no
mesmo dia em que os Estados Unidos voltaram a classificar os militantes Houthi como
terroristas internacionais, e enquanto Louis Navellier, da gestora Navellier, alerta para os
riscos de subestimar o confronto. “O Oriente Médio é um grande barril de pólvora”,
escreveu ele. Em Davos, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE),
Fatih Birol, disse que o impacto da interferência dos Houthis no Mar Vermelho deve ter
efeito limitado no preço do petróleo. Segundo ele, o mercado está em uma posição mais
equilibrada este ano, globalmente bem abastecido enquanto a demanda tende a ser
reduzida.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China, que avançou 5,2%, foi interpretado por
investidores como mais um destes sinais negativos à demanda. Mesmo o crescimento
tendo ficado acima da meta oficial de 5%, os mercados não refletiram empolgação. O
Nordea falou que é preciso ver o desempenho do PIB com certa cautela, já que a robusta
taxa anual é parcialmente justificada por um 2022 bastante fraco. Na Nymex, divisão de
metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro teve alta
de 0,22% (US$ 0,16), a US$ 72,56 o barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent
para março fechou em baixa de 0,52% (US$ 0,41), a US$ 77,88 o barril.
Ainda em Davos, líderes de grandes economias falaram hoje, com Emanuel Macron,
presidente da França, dizendo que não é a favor do acordo entre Mercosul e União
Europeia sem que sejam previstas cláusulas sobre entrada de produtos no bloco
europeu. Enquanto isso, o presidente da Argentina, Javier Milei, disse que pretende
ampliar sua parceria comercial com o Brasil, mantendo uma “relação adulta”.
BOLSA
A reprecificação da chance de corte de juros nos Estados Unidos ainda no primeiro
trimestre, que tem afetado o apetite por risco em todo o mundo neste começo de ano,
continuou a cobrar tributo da B3 nesta quarta-feira. Hoje, o Ibovespa fechou em baixa de
0,60%, após o mergulho de 1,69% no dia anterior, que havia sido a maior perda para o
índice desde 21 de setembro.
Assim, neste meio de semana, o Ibovespa desce mais um degrau, aos 128.523,83 pontos,
distanciando-se aos poucos da máxima histórica de 134,1 mil pontos, do fim do ano
passado. No piso da sessão, aos 128.311,94 pontos, manteve-se hoje no menor nível
desde 13 de dezembro, dia anterior ao início da série de renovações de recordes, no
intradia como no fechamento, que se estenderia com poucas interrupções até o fim de
- E, como ontem, praticamente operou só em baixa, com a máxima (129.296,43)
quase correspondendo à abertura (129.293,35) desta quarta-feira.
O giro financeiro, em dia de vencimento de opções sobre o índice, subiu para R$ 43,9
bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa recua 1,88% e, no mês, cede 4,22%.
Agora, o mercado se divide em relação às apostas quanto ao momento em que começará
o ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos: a chance de o Federal Reserve (o
BC dos EUA) iniciar o corte na taxa de juros de referência já em março – alternativa que
havia se fortalecido em dezembro passado, energizando então os mercados globais –
recuou ainda mais, conforme a CME, que monitora a curva futura.
No meio da tarde, a plataforma indicava 53,2% de probabilidade de o Fed cortar a taxa
básica em março, comparada a 66,9%, ontem. A possibilidade de ocorrer manutenção
passou de 34,9%, na véspera, para 46,8%, hoje. Antes da divulgação, em 3 de janeiro, da
ata da mais recente reunião de política monetária do BC americano, realizada em
dezembro, a curva futura chegou a embutir cerca de 80% de chance de que um corte de
juros viria em março.
Desde então, a ata, bem como uma nova fornada de dados dos EUA – incluindo a inflação
de dezembro (acima do esperado) – e novas declarações de autoridades do Fed, fizeram o
otimismo refluir, com realinhamento de rendimentos dos Treasuries – que voltam a se
firmar acima do limiar de 4% nos vencimentos de 2 anos (hoje, a 4,37% na máxima do
dia), de 10 anos (4,13%) e de 30 anos (4,34%).
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, destaca nesta quarta-feira a leitura acima do
esperado para as vendas do varejo nos Estados Unidos, em alta de 0,6% em dezembro, na
margem, frente expectativa de consenso a 0,4% para o mês. Além de dados econômicos
resilientes nos Estados Unidos, que afetam diretamente a perspectiva para os juros
americanos, a insegurança que tem afetado o tráfego de embarcações de carga pelo Mar
Vermelho – muito importante para o comércio global por proporcionar o encurtamento de
rotas, especialmente entre Europa e Ásia, pelo canal de Suez – é outro fator de incerteza
com implicações diretas para a economia.
“A tensão quanto a conflitos no Mar Vermelho pode impactar a inflação e os juros globais,
o que já tem feito preço nos últimos dias, contribuindo para as quedas nas bolsas”,
acrescenta Cardozo.
Além dos desdobramentos em torno dos Estados Unidos e do Oriente Médio, os
investidores na B3, pela forte exposição da Bolsa a commodities, seguem tomando o
pulso da economia chinesa. Embora tenha crescido 5,2% em 2023 – acima da meta
oficial, de 5% -, a China mostrou enfraquecimento na ponta, no quarto trimestre. Em
dezembro, conforme dados divulgados no fim da noite de ontem, chamaram atenção os
dados de varejo, com vendas abaixo do previsto, na base ano a ano.
“Parte dos dados da China decepcionou de certa forma os analistas, principalmente
quando se olha para o mercado imobiliário do país, em sua maior retração em nove anos”,
diz Erik Sala, analista da DVInvest/Blue3 Investimentos. Ele acrescenta que a falta de
estímulos significativos, que induzam retomada de ritmo na economia chinesa, tem
trazido inquietação, com efeito direto na precificação de ativos correlacionados à
demanda do país asiático, como os do setor metálico.
Assim, com o prosseguimento na correção dos preços do minério de ferro na China, Vale
ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, caiu hoje 1,66%, em piora ao longo da
tarde que contribuiu para que o índice da B3 seguisse colado às mínimas na etapa
vespertina – no pior momento, Vale cedia mais de 2% na sessão. Entre as siderúrgicas,
destaque nesta quarta-feira para a queda de 2,91% em CSN ON.
Petrobras ON e PN também pesaram hoje, embora tenham suavizado perdas em direção
ao fechamento, com a ON ainda em baixa de 0,83% e a PN, de 0,58%. Os grandes bancos,
por sua vez, chegaram a perder força à tarde, mas se recuperaram no encerramento, com
Santander (Unit +1,04%) à frente na sessão.
Na ponta vencedora do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para SLC Agrícola (+3,87%)
- único papel a ter subido ontem entre os 87 da carteira teórica do índice -, à frente hoje
de Natura (+2,63%), MRV (+1,80%) e Locaweb (+1,66%). No lado oposto, 3R Petroleum (-
3,97%), Pão de Açúcar (-3,78%) e Vamos (-3,55%).
18:22
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128523.83 -0.5957
Máxima 129296.43 0.00
Mínima 128311.94 -0.76
Volume (R$ Bilhões) 4.39B
Volume (US$ Bilhões) 8.90B
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Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128523.83 -0.5957
Máxima 129296.43 0.00
Mínima 128311.94 -0.76
Volume (R$ Bilhões) 4.39B
Volume (US$ Bilhões) 8.90B
JUROS
Os juros futuros fecharam próximos dos ajustes, mas com viés de baixa ao longo de toda
a curva. Sem fundamentos expressivos, o dia foi marcado por ajustes técnicos após a
forte alta de ontem, de até 20 pontos. As taxas aqui ficaram mais descoladas dos Estados
Unidos, onde os rendimentos dos Treasuries subiram em bloco, até 14 pontos no caso do
papel de dois anos.
Os contratos de depósito interfinanceiro (DI) passaram a manhã em alta, acompanhando
as taxas americanas, enquanto o mercado ajustava apostas no início do ciclo de cortes
de juros do país. À tarde, viraram para o negativo, em um movimento atribuído por
profissionais do mercado a um ajuste de posições e à moderação na alta do dólar ante o
real.
No fim do dia, o DI mais negociado da sessão, para janeiro de 2025, tinha taxa de
10,105%, contra 10,125% no ajuste anterior. Os juros dos outros DIs mais líquidos
também cederam ante os ajustes: janeiro de 2026 (9,792% para 9,760%), janeiro de 2027
(9,948% para 9,930%) e janeiro de 2029 (10,352% para 10,345%).
Segundo o gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos,
André Alírio, o forte aumento das taxas, ontem, criou um cenário convidativo a ajuste
técnico nos DIs, hoje, o que explica o descolamento entre os juros brasileiros e os
americanos nesta sessão. “Estava na cara que o movimento de ontem foi forte demais e
hoje, à medida que o mercado vai aumentando o volume, vai fechando um pouco esse
gap”, afirma.
O economista da Pezco Helcio Takeda lembra que a queda dos juros futuros brasileiros foi
menor do que a dos Treasuries no fim do ano passado, devido à limitação imposta pela
incerteza fiscal doméstica. Agora, ele diz, a reprecificação das taxas americanas tem sido
mais intensa, já que a curva doméstica tem mais gordura para queimar e os dados do
Brasil sugerem um cenário menos pessimista.
“Ontem tivemos dados de serviços e, hoje, do varejo, mostrando que novembro
aparentemente foi um mês bom para a atividade econômica. Combinado à surpresa com
a inflação de dezembro, talvez isso mostre que estamos próximos de um ponto mínimo de
atividade e, se isso for verdade, coloca uma limitação para uma desinflação adicional”,
afirma.
Nesse cenário, diz Takeda, é razoável esperar a convergência da taxa Selic para a mediana
do Focus, de 9%, mas também parece adequada alguma correção nos DIs mais longos,
para janeiro de 2027 e janeiro de 2029. “Aquele otimismo que vinha indicando a
possibilidade desses DIs caírem a 9,5% parece não ter mais fundamento.”
Hoje, o IBGE informou que as vendas do varejo ampliado cresceram 1,3% em novembro,
na comparação com outubro, bem mais do que indicava a mediana da pesquisa
Projeções Broadcast, de 0,3%. As vendas do varejo restrito cresceram 0,1%, em linha
com as expectativas.
Para o gestor de multimercados e renda fixa da Mag Investimentos, Ricardo Jorge, o fato
de que dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) evitaram tratar da
política monetária ajudou a limitar o movimento dos DIs. Ontem, a curva dos Estados
Unidos e a brasileira abriram após declarações de um diretor da autoridade.
“Hoje o nosso mercado reagiu bem porque não houve esse tipo de declaração”, afirma
Jorge. “Eu entendo esse movimento como uma correção, mas vejo que o mercado ainda
não está confortável o suficiente para voltar a fazer apostas maiores nos juros. Para isso,
precisamos ter mais clareza sobre as falas de membros do Fed e sobre os conflitos no
Oriente Médio
CÂMBIO
O dólar à vista emendou nesta quarta-feira, 17, a terceira sessão seguida de alta no
mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de fortalecimento da moda
americana no exterior e o avanço das taxas dos Treasuries. Dados fortes do varejo nos
EUA divulgados pela manhã reforçaram a percepção de que há menos espaço para início
de corte de juros pelo Federal Reserve ainda em março.
Ao rearranjo das apostas em torno da política monetária nos EUA somam-se temores de
aumento das tensões geopolíticas e a preocupação com o fôlego da economia chinesa.
Embora o crescimento da China em 2023, de 5,2%, tenha superado a meta oficial
estabelecida pelo governo (5%), houve sinais de deterioração da atividade no quarto
trimestre – o que se reflete nos preços das commodities, como minério de ferro.
Pela manhã, o dólar chegou a ultrapassar o teto de R$ 4,95 e registrou máxima a R$
4,9547. A febre compradora já havia amainado no início da tarde, levando o dólar até a
operar, de forma bem restrita e pontual, em terreno negativo, com mínima a R$ 4,9237. No
fim da sessão, o dólar avançava 0,09%, cotado a R$ 4,9301 – maior valor de fechamento
desde 15 de dezembro. A divisa já acumula valorização de 1,49% na semana.
A desaceleração da alta da moeda ao longo da tarde foi atribuída por operadores a ajustes
técnicos e a movimentos de realização de lucros, dado que o dólar já havia subido 1,22%
ontem e ultrapassado pela manhã os R$ 4,95 – nível técnico que costuma atrair
vendedores.
“Quando o dólar chega próximo de 4,95 e R$ 4,96, há uma força vendedora bastante
grande, com desmonte de posições e realização de lucros. Vejo a taxa de câmbio
trabalhando em intervalo entre R$ 4,80 e R$ 5,00″, afirma o gerente de câmbio da Treviso
Corretora, Reginaldo Galhardo, para quem, além das perspectivas para os juros nos EUA,
o aumento das tensões geopolítica também contribui pela busca global à moeda
americana. Ele cita os ataques recentes de rebeles Houthis, do Iêmen, a embarcações
americanas na região do Mar Vermelho, e a reação negativa de autoridades chinesas a
cumprimentos de países como os EUA ao novo presidente de Taiwan. “Aqui, no Brasil,
ainda temos esse atrito entre o Congresso e o Governo na questão das desonerações, o
que também prejudica o apetite pelo real.”
Referência do comportamento do dólar em relação a seis divisa fortes, o índice DXY
operava em leve alta quando o mercado local fechou, aos 103,454 pontos, após 103,692
pontos na máxima. O dólar subia em bloco na comparação com divisas emergentes e de
países produtores de commodities mais relevantes, à exceção do peso chileno.
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, vê uma contenção do otimismo
excessivo do mercado em relação ao início do afrouxamento monetário nos Estados
Unidos como principal responsável pela alta recente do dólar para o nível de R$ 4,90.
Segundo Maciel, pelo menos 70% da valorização do real entre dezembro de 2023 e o
início deste ano está relacionada a queda dos juros futuros americanos, refletindo
apostas crescentes de corte de juros pelo Fed em março deste ano.
Ele observa que o discurso ontem do diretor do BC americano Christopher Waller, que
tem direito a voto nas reuniões de comitê de política monetária, alertando para o nível
elevado do núcleo da inflação ao consumidor e dos preços de serviços levaram a uma
alta dos Treasuries, em especial a da taxa de 2 anos. “Essa foi a tônica do recado de
Waller, que levou o juro de 2 anos de quase 4,10% há uma semana para 4,33%
atualmente, desvalorizando o real”, diz Maciel, que estima valor justo para a taxa de
câmbio no curto prazo em R$ 4,95, dado o fluxo cambial negativo neste início de ano.
Monitoramento de plataforma do CME Group mostrou que, neste tarde, as chances de o
Fed começar a cortar os juros em março estavam um pouco acima de 50%, após terem
superado 80% no fim do ao passado e oscilarem entre 60% e 70% ao longo de janeiro.
Ontem, Waller afirmou que o quadro atual de inflação e atividade nos EUA deve permitir
ao BC americano promover um corte de 75 pontos-base nos juros em 2024 – três
reduções de 25 pontos-base -, bem abaixo das estimativas mais otimistas do mercado,
de redução de cerca de 150 pontos-base
18:25
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.93010 0.0914 4.95470 4.92370
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4945.000 0.20263 4964.000 4932.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4949.000 16/01