CHANCE DE 1 SÓ CORTE DO FED EM 2024 AUMENTA À TARDE COM ATA E AMPLIA FUGA DO RISCO

O tom cauteloso que os dirigentes do Federal Reserve expressaram na ata da mais
recente reunião de política monetária intensificou à tarde a aposta em adiamento dos
cortes de juros nos Estados Unidos. O início do ciclo de flexibilização agora é estimado
para setembro e a curva passou a embutir chance de 34,1% de haver apenas uma
redução de 25 pontos-base dos Fed Funds este ano. Impulsionadas desde cedo diante da
surpresa com o CPI americano, as taxas dos Treasuries ganharam fôlego na segunda
etapa. Ao fim da tarde, a T-note de 2 anos tinha retorno de 4,966% e a de 10 anos, de
4,546%. O índice para o dólar DXY saltou a 105 pontos, maior nível desde novembro, e as
bolsas de Nova York terminaram com perdas ao redor de 1%. Aqui, por mais que o
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenha frisado em entrevista que não
existe relação mecânica entre juros americanos e brasileiros, a curva futura acumulou
mais prêmios com a fuga do risco. E mesmo com IPCA abaixo do consenso, a chance de
Selic terminal em 10% ganhou espaço. O dólar à vista subiu a R$ 5,0784 (+1,41%), mais
uma vez no pico desde outubro, e o Ibovespa baixou aos 128.053,74 pontos (-1,41%). A
queda do índice só não foi maior por causa da ajuda do salto de Petrobras (ON +3,02% e
PN +2,22%). Além da subida do petróleo, a estatal se apoia na perspectiva de distribuição
de dividendos extras e de manutenção do seu presidente, Jean Paul Prates.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•CÂMBIO
•BOLSA
MERCADOS INTERNACIONAIS
A ata do Federal Reserve (Fed) somou-se à inflação ao consumidor (CPI) dos EUA em
março para aumentar a cautela dos mercados sobre a intensidade do ciclo de
flexibilização monetária deste ano. A ferramenta do CME Group passou a indicar, após a
ata, que a chance mais provável é de que haja apenas um corte de juros, de 25 pontosbase (pb), até o fim deste ano, embora as apostas entre 25 e 50 PB permaneçam bem
divididas. Com isso, o dólar manteve o salto contra rivais, os retornos dos Treasuries
continuaram o movimento ascendente de mais cedo, nas máximas desde novembro, com
o juro da T-note de 2 anos se aproximando dos 5%, e as bolsas de Nova York recuaram
perto de 1%. No petróleo, notícias de que o Irã pode atacar Israel fizeram a commodity
virar e subir mais de 1%.
Nesta tarde, a ata da última reunião de política monetária do Fed indicou preocupação
dos dirigentes com um possível impacto no crescimento econômico dos EUA, mas a
inflação permaneceu como a principal questão para a instituição, diz a Pantheon. O
documento indicou que os dirigentes ainda preveem cortes de juros para este ano, mas
dependem de uma “confiança maior” de que a inflação está rumando para os 2% ao ano.
Confiança esta que a Pantheon destaca não ter vindo hoje, depois da inflação ao
consumidor dos EUA em março acelerar a 3,5% ao ano. A Capital Economics escreve,
inclusive, que o dado tirou completamente da mesa a possibilidade de corte de juros em
junho, que era majoritária antes do dado, segundo monitoramento do CME Group.
Pela tarde, a ferramenta do CME passou a indicar, inclusive, que o cenário mais provável é
para que haja um único corte de juros, de 25 pontos-base, em 2024. Perto das 17h (de
Brasília), a chance de cortes de 25 PB era de 34,1%, contra 33,7% de probabilidade de
redução de 50 PB neste ano. Enquanto isso, o monitoramento indicava chance de corte
como majoritária só na reunião de setembro.
Em meio a este cenário, os retornos dos Treasuries continuaram sua trajetória
ascendente, renovando máximas desde novembro de 2023 e com o juro da T-note de 2
anos voltando a ficar próximo, mas ainda abaixo dos 5%. Enquanto isso, o rendimento da
T-note de 10 anos teve o maior ganho diário desde 2022, de acordo com a Dow Jones.
Perto das 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,966%; o da T-note de
10 anos tinha alta a 4,546%; e o juro do T-bond de 30 anos subia a 4,627%.
Acompanhando os retornos, o dólar também escalou hoje, e o DXY avançou mais de 1%,
aos 105,245 pontos, no maior nível desde novembro. A força do dólar fez, inclusive, o iene
cair ao nível mais baixo em 35 anos, também na esteira das falas do líder do Banco do
Japão (BoJ), Kazuo Ueda, que não descartou outra elevação de juros ainda este ano, mas
a depender do avanço da inflação japonesa.
O chefe de pesquisa de Mercados do City Index, Matt Weller, observa que a libra tenta
resistir contra o dólar, enquanto a moeda americana ganha tração com o CPI. Ele diz que
a agenda pouco expressiva no Reino Unido essa semana fará com que os dados dos EUA
ditem a relação entre dólar e libra, e provavelmente fará as moedas testarem sua média
móvel de 200 dias mais uma vez, agora com a média abaixo da marca psicológica de US$
1,26. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 152,96 pontos, o euro recuava a US$
1,0747 e a libra tinha baixa a US$ 1,2543.
Os ganhos robustos do dólar tornam as commodities menos atrativas, inclusive o ouro,
que interrompeu seu rali e caiu hoje. Porém, o petróleo ainda encontrou campo para
continuar seu avanço expressivo. Após ser negociado em baixa na maior parte do pregão,
os contratos mais líquidos fecharam com alta de mais de 1%, depois de uma reportagem
da Bloomberg afirmar que o governo dos EUA acredita que grandes ataques com mísseis
ou drones pelo Irã são iminentes contra Israel. Também circularam as notícias de que
ataques aéreos israelenses mataram três filhos do chefe de uma liderança política do
Hamas, um ataque que pode complicar um plano liderado pelos EUA para um cessarfogo. O WTI para maio fechou em alta de 1,15% (US$0,98), a US$ 86,21 o barril, na Nymex,
e o Brent para junho subiu 1,19% (US$ 1,06), a US$ 90,48 o barril, na ICE.
Enquanto as bolsas de Nova York recuaram na esteira da expectativa de manutenção dos
juros pelo Fed por mais tempo, Louis Navellier, da gestora Navellier, escreve que o
movimento abriu margem para uma “oportunidade de compra fenomenal”, visto que a
tendência ainda é de alta robusta dos papéis no médio prazo, à medida que começa a
temporada de balanços do primeiro trimestre deste ano. “Estou muito confiante de que,
com o início da temporada de lucros, as ações reagirão muito bem”, disse. No
fechamento, o índice Dow Jones teve queda de 1,09%, aos 38.461,51 pontos; o S&P 500
recuou 0,95%, aos 5.160,64 pontos; e o Nasdaq caiu 0,84%, aos 16.170,36 pontos
JUROS
Os juros futuros ampliaram a alta e renovaram máximas ao longo da tarde,
acompanhando de perto a piora adicional no mercado de Treasuries, com a taxa da TNote de 10 anos se firmando acima de 4,50%, em movimento ainda justificado pelo
índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos. A ata da reunião
do Federal Reserve, realizada há três semanas, ressaltou as preocupações com a inflação
e manteve a pressão sobre os ativos. Internamente, o IPCA de março perto do piso das
estimativas não foi capaz de se impor como vetor de redução para os prêmios.
Às 17h07, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, que
ontem teve ajuste a 9,937%, estava em 10,035%. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de
10,16%, de 9,98% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subia de 10,30% para 10,48%. A
do DI para janeiro de 2029 superava 11%, a 11,04%, de 10,85% ontem.
O volume de contratos negociados foi muito acima do padrão, o que, somado ao nível de
abertura das taxas, sugere zeragem de posições vendidas em juros, que foram
atropeladas pela reprecificação dos ativos com relação à política monetária nos Estados
Unidos. O DI mais líquido, janeiro de 2025, girava, no horário acima, 2,179 milhões de
contratos, ante média diária de 794 mil nos últimos 30 dias.
O CPI cheio e o núcleo, ambos em 0,4%, vieram pouco acima do esperado (0,3%), mas
em 12 meses se mantêm acima dos 3%, ainda longe da meta de 2%. A abertura do dado
também não agradou, com destaque para a pressão em serviços. À tarde, a ata do Fed
reiterou o “mantra” de que é necessário haver maior confiança na evolução da inflação,
apesar de reconhecer os progressos.
O mercado não só jogou para setembro a maior probabilidade de início do ciclo de corte
de juros como passou a precificar chance mais forte de haver apenas um corte este ano,
probabilidade empatada com duas quedas de 25 pontos-base. No fim da tarde, a taxa da
T-Note de dez anos estava em 4,55%, renovando as máximas desde novembro.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta tarde, em entrevista
à Globonews, afirmou que o CPI foi ruim e que as perspectivas são de que o ciclo de corte
lá pode não iniciar em junho. Porém, voltou a dizer que não há relação mecânica entre o
cenário dos juros americanos e o brasileiro e não dá para dizer que a mudança no cenário
externo vai afetar decisão do Copom em maio. “Hoje, o cenário não mudou
substancialmente”, disse.
De todo modo, em meio a movimentos de “stop loss”, a curva de juros precificava nesta
tarde -45 pontos-base para a Selic no Copom de maio, ou seja, mostrava alguma chance
de o corte na próxima reunião ser menor do que os 50 pontos indicados no forward
guidance do Copom. Para junho, são -24 pontos, com aposta consolidada na redução do
ritmo de 25 pontos. Para a Selic terminal, a curva a termo indica taxa perto de 10,00%.
O economista da CM Capital Matheus Pizzani explica que, embora a relação entre os
juros lá e cá não seja automática, o mercado aposta que as ações do BC podem se guiar
pelo diferencial de juros que deve afetar os fluxos internacionais e, por consequência, o
câmbio. “A questão é se o câmbio vai pesar na inflação via bens comercializáveis, o que
não temos visto por enquanto”, afirma. Na sua avaliação, a queda da Selic em 50 pontos
em maio não corre riscos. “O BC não precisa ser mais conservador tão logo, porque o juro
real ainda é muito alto”, avalia.
O IPCA de março teve apenas meia hora destaque na curva de juros, com queda firme das
taxas até que saísse o CPI às 9h30. A alta de 0,16% veio bem abaixo da mediana das
estimativas (0,24%) e colado ao piso das projeções (0,15%), ante 0,83% em fevereiro. Foi
a menor taxa para o mês desde 2020. Em 12 meses, a inflação oficial saiu de 4,50% para
ficar abaixo de 4%, a 3,93%. Os preços de abertura, porém, não entusiasmaram. Ainda
que núcleos e serviços tenham desacelerado no acumulado de 12 meses, serviços
subjacentes, aos quais o Banco Central dá atenção especial, ganharam fôlego, saindo de
4,89% para 4,99%.
Diante da agenda de inflação pesada da quarta-feira, acabou ficando em segundo plano a
aprovação ontem pela Câmara da permissão ao governo de antecipar cerca de R$ 15
bilhões em despesas diante do crescimento além do esperado da arrecadação, que traz
viés negativo para as contas públicas na avaliação do mercado.
“Uma péssima ideia”, avalia o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto,
para quem a medida não vai passar no Senado, pois não é iniciativa da Fazenda e
prejudicaria bastante a lógica do ajuste em curso. “Se passar, a pressão para o governo
usar o dispositivo será grande, porque o primeiro relatório bimestral já foi apresentado e,
nele, as metas estão cumpridas e o cenário é róseo.”
A equipe econômica atuou para evitar outras mudanças e limitar a alteração apenas à
antecipação dos cerca de R$ 15 bilhões. O Broadcast apurou que integrantes da Fazenda
demonstraram preocupação com as modificações e pediram respeito aos limites do
arcabouço.
CÂMBIO
O dólar à vista disparou nesta quarta-feira, 10, no mercado doméstico de câmbio,
insuflado por uma onda global de fortalecimento da moeda americana e pelo avanço
firme das taxas dos Treasuries. Resultado acima do previsto do índice de inflação ao
consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em março provocou um rearranjo relevante
das expectativas para os próximos passos do Federal Reserve.
Afora uma queda pontual na abertura dos negócios, quando rompeu o piso de R$ 5,00 na
mínima (R$ 4,9996) sob impacto do resultado benigno do IPCA de março e de nova alta do
minério de ferro, o dólar trabalhou em alta no restante do dia. Com máxima a R$ 5,0862, a
moeda encerrou em alta de 1,41%, a R$ 5,0784 – maior valor de fechamento desde 13 de
outubro de 2023.
O contrato de dólar futuro para maio apresentou giro muito forte, superior a US$ 20
bilhões, o que sugere mudanças relevantes no posicionamento de investidores.
Operadores ressaltam que os fundos locais carregavam até ontem posição vendida em
dólar (que trazem ganhos em caso de apreciação do real) de cerca de US$ 10 bilhões – e
podem ter corrido para reduzi-las por meio da disparada de ordens para limitação de
perdas (stop loss).
Termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY
ultrapassou a linha dos 105,000 pontos e atingiu o maior nível desde novembro. Entre as
moedas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, as
maiores perdas foram do dólar australiano e do rand sul-africano. A taxa da T-note de 10
anos também subiu mais de 4%, tocando 4,56% na máxima, em dia de leilão com
demanda abaixo da média.
Divulgada à tarde, a ata do encontro de política monetária do Banco Central americano
em março não trouxe novidades. No documento, os dirigentes do Fed repetem
declarações recentes de que veem progresso significativo no combate à inflação, apesar
das leituras recentes mais elevadas – uma avaliação que não leva em conta o CPI de
março. Mais uma vez, o BC americano voltou a dizer que precisa de mais confiança no
processo de desinflação para começar a reduzir os juros.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, lembra que o
presidente do Fed, Jerome Powell, chegou a dizer em entrevista coletiva que a alta da
inflação no início deste não representava um problema. “Os dados de hoje enterraram
essa visão. O processo de inflação está disseminado, com a parte de serviços muito
preocupante”, diz Borsoi, que já há algumas semanas sustenta a tese de que, caso o Fed
não reduza os juros em junho, pode mantê-los inalterados neste ano.
A leitura do CPI e do núcleo vieram acima das expectativas tanto na comparação mensal
quanto anual. Foi a senha para que as apostas majoritárias para primeiro corte de juros
nos EUA neste ano deslocaram-se de julho para setembro. No fim da tarde, a curva de
juros americana ampliava as chances de apenas uma redução neste ano. No fim do ano
passado, esperava-se corte inicial em março e alivio total de 150 pontos-base.
O sócio e diretor de investimento da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli,
observa que a média de três meses do núcleo de inflação nos EUA também acelerou pelo
terceiro mês consecutivo, “mostrando sinais crescentes de reaceleração dos preços”.
Além disso, o chamado supernúcleo do CPI (serviços básicos excluindo habitação)
mostrou mais uma vez forte alta na comparação mensal.
“O risco agora caminha para que a maioria dos membros do Fed altere a projeção de três
para dois cortes neste ano, empurrando o início do ciclo para setembro”, afirma Monoli,
ressaltando que o cenário fica cada vez mais complicado para emergentes. “Pela primeira
vez, o mercado fica à frente do Fed tanto na postergação do ciclo como na redução
esperada.”
Após o CPI de março, as atenções se voltam à divulgação, amanhã, do índice de preços
ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos EUA e a discursos de dirigentes do Fed. Para
Borsoi, da Nova Futura, caso o PPI venha acima do esperado, sugerindo pressões
inflacionárias nos próximos meses, o dólar pode ultrapassar pontualmente a barreira
técnica de R$ 5,10.
Com ingressos ainda fortes via comércio exterior, Borsoi acredita que a trajetória do dólar
no médio prazo vai depender da dinâmica da conta financeira – que está muito atrelada ao
diferencial de juros interno e externo. Em entrevista “GloboNews” à tarde, o presidente do
Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que os números de inflação nos EUA
foram ruins, mas ressaltou que não há relação mecânica entre a política monetária
americana e a brasileira.
“O IPCA de março e a percepção de que o BC vai levar mais em conta o quadro doméstico
sugerem Selic terminal perto de 9%. Mas há muita incerteza de que como o BC vai reagir
se o câmbio começar a ir embora com dólar forte no mundo”, afirma Borsoi, para quem
uma Selic terminal de 9,5% é compatível com dólar entre R$ 5,00 e R$ 5,10 no fim do ano.
17:34
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.07840 1.4139 5.08620 4.99960
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5085.500 1.3351 5095.500 5008.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5094.000 1.2909 5101.000 5094.000
BOLSA
Após dois ganhos em sequência, o Ibovespa fez pausa na recuperação do começo da
semana e se alinhou à aversão a risco global que se impôs desde a manhã, com a leitura
acima do esperado para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em março, que
deixou em segundo plano comportamento relativamente benigno do IPCA no mesmo
mês, também divulgado nesta quarta-feira.
Assim, com nova ponderação de expectativas sobre quando os juros começarão a ser
cortados pelo Federal Reserve, o Ibovespa caiu 1,41%, a 128.053,74 pontos, saindo de
abertura aos 129.871,64 pontos, correspondente à máxima do dia – na mínima da sessão,
o índice foi a 127.731,77 pontos. O giro desta quarta-feira foi a R$ 23,3 bilhões. Na
semana, o Ibovespa ainda sobe 0,99% e, no ano, cede 4,57%. Neste primeiro terço de
abril, acumula perda de 0,04% no mês.
Em ata divulgada nesta tarde, referente à mais recente reunião do Fed em meados de
março, os integrantes do comitê monetário do BC americano apontaram que os juros
provavelmente estão no pico do ciclo de aperto atual. Mas destacaram, também, que o
processo de desinflação tem ocorrido de maneira irregular, como já era esperado.
“Os participantes observaram que, ao considerarem quaisquer ajustes à meta alvo da
taxa dos Fed Funds em reuniões futuras, avaliariam cuidadosamente os dados recebidos,
a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos”, destaca a ata do Fed. A “grande
maioria” dos dirigentes da instituição deseja começar a desacelerar o ritmo da redução
no balanço “razoavelmente em breve”. Em outro ponto do documento, é apontado que a
maioria deseja que a redução no ritmo do corte no balanço seja iniciada em meados do
ano.
Quase todos os integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto consideram que será
apropriado cortar juros em algum momento deste ano, conforme aponta a ata. Contudo,
o documento chama atenção para indicadores de atividade ainda “fortes” e dados
“decepcionantes” sobre preços. Dessa forma, os integrantes ressaltaram que não
esperam ser “apropriado reduzir a meta para a taxa dos Fed Funds” até que se tenha
“maior confiança de que a inflação evolui de forma sustentável para 2%”, em referência à
meta oficial de inflação dos EUA.
Ainda de acordo com a ata, os dirigentes do Fed reiteraram que os próximos passos da
política monetária dependerão da evolução do cenário econômico e serão comunicados
de maneira clara.
Mais cedo, a luz amarela já havia sido acesa, com o índice de preços ao consumidor (CPI)
referente a março, que levou os rendimentos dos Treasuries de 10 anos – referência
considerada livre de risco – a 4,50% nesta quarta-feira – mais tarde, com a ata, bateram
em 4,55%. “A previsão de cortes de juros nos EUA – que na sexta-feira, de acordo com
dados do CME Group, era de 53% para junho – mudou para um possível início a partir de
setembro”, diz Inácio Alves, analista da Melver.
O dado sobre a inflação americana destoou da leitura sobre o IPCA de março, referência
oficial para os preços e a política monetária do BC no Brasil. “O IPCA registrou inflação de
0,16% em março, desacelerando com relação a fevereiro (0,83%) e abaixo do previsto
pela mediana das projeções de mercado, assim como da nossa própria projeção (0,23%).
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada voltou a desacelerar, para 3,93%, inferior a
4,00% pela primeira vez desde julho de 2023 e abaixo dos 4,50% observados na leitura
anterior”, aponta em relatório a Guide Investimentos.
Por outro lado, no IPCA, “um destaque negativo foi a inflação de serviços, que voltou a
subir”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. “Isso pode
pressionar a inflação, tecla que tem sido batida pelo próprio BC, e pode impactar o ritmo
de cortes da Selic ao longo do ano”, acrescenta, referindo-se à possibilidade de alterar as
perspectivas do mercado, de um corte menor, no sentido de 0,25 ponto porcentual em
junho, e não de 0,50 – para maio, já há consenso de -0,50 ponto, desenhado no próprio
comunicado do Copom de março.
Na B3, entre as ações de maior peso, destaque hoje para Petrobras (ON +3,02%, PN
+2,22%) que refletiu não apenas a retomada de trajetória de alta para os preços da
commodity, mas também a percepção de que o presidente Jean Paul Prates pode
permanecer no comando, após o fogo alto de fritura sentido na semana passada. Vale
ON, por outro lado, caiu 1,52%, apesar do terceiro dia de recuperação para o minério na
China. A sessão foi ruim também para outros nomes do setor metálico, com destaque
para CSN (ON -4,97%), assim como para as ações de bancos como Santander (Unit –
3,93%), Itaú (PN -2,11%) e Bradesco (ON -2,21%, PN -2,11%).
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta quarta-feira, Azul (-6,93%), Petz (-6,19%) e CSN
Mineração (-6,08%). No lado oposto, além das duas ações de Petrobras, destaque para
PetroReconcavo (+1,70%) e Embraer (+0,89%).
17:34
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128053.74 -1.4140
Máxima 129871.64 -0.01
Mínima 127731.77 -1.66
Volume (R$ Bilhões) 2.34B
Volume (US$ Bilhões) 4.62B
17:34
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128165 -1.6310
Máxima 131400 +0.85
Mínima 127920 -1.82