BOLSA SEGUE PIORA DE NY E CEDE NO FIM, MAS REAL RESISTE E JUROS LONGOS RECUAM

Em um dia de exterior sem direção única, o pregão acabou sendo levemente positivo para a maioria dos ativos domésticos, que seguiram se ajustando às expectativas de moderação na condução da política monetária pelo Fed. Até porque, o PPI norte-americano, em nível recorde em 2021, mas abaixo do previsto para dezembro, chegou a reforçar a ideia de que o aumento de juros virá, mas que passos adicionais, como a redução do balanço patrimonial do BC dos EUA, ficarão para o segundo semestre. Esse quadro tem favorecido ativos emergentes nos últimos dias e o Brasil se aproveita disso. Até porque, bolsa, câmbio e juros vinham bastante descolados do exterior desde o ano passado, o que garante espaço para correção. Nem mesmo algumas declarações mais duras de dirigentes do BC dos EUA, mostrando preocupação com a inflação, mudaram o sentimento aqui imediatamente, ainda que tenham deixado o mercado externo mais sensível. E foi a piora de Nova York durante a tarde que impediu o Ibovespa de conquistar o terceiro pregão consecutivo de ganhos, o que se desenhava até a hora final de negócios. O índice sucumbiu e, ainda que tenha recuado menos do que os pares em Wall Street, teve baixa de 0,15%, aos 105.529,50 pontos. Já o dólar, que chegou a subir mais cedo ante o real, num dia volátil lá fora, acabou com leve recuo de 0,10%, a R$ 5,5295 no mercado à vista. Nesse caso, sim, foi o terceiro dia de queda da moeda americana. Nos juros, contudo, o alívio do dólar e dos yields dos Treasuries puxou as taxas longas para baixo, ao passo que os vencimentos curtos oscilaram entre estabilidade e alta moderada, limitados pelo resultado do setor de serviços, que surpreendeu positivamente em novembro, mesmo sem apagar a perspectiva negativa para o último trimestre de 2021. Em Nova York, o Nasdaq foi o índice que mais sofreu, mas o sinal negativo se fez presente também no S&P 500 e no Dow Jones, com os investidores também de olho no avanço da variante Ômicron pelo mundo.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Em dia desfavorável em Nova York, que perto do fim se mostrou amplamente negativo para o índice de tecnologia (Nasdaq -2,51%) e para o amplo (S&P 500 -1,42%), com o blue chip Dow Jones também oscilando para o negativo (-0,49% no encerramento), o Ibovespa devolveu os leves ganhos que vinha sustentando desde o começo da tarde, para fechar abaixo da estabilidade, em retração de 0,15%, a 105.529,50 pontos.

Hoje, oscilou entre mínima de 104.974,25 e máxima de 106.250,94, saindo de abertura aos 105.686,39 pontos. No intradia, o índice foi ao maior nível desde 20 de dezembro (107.171,21) e com a perda de fôlego no fim da sessão, abaixo dos 106 mil pontos, deixou escapar o que seria o mais alto patamar de encerramento desde 17 do mesmo mês, então a 107.200,56 pontos. O giro totalizou R$ 32,6 bilhões na sessão e, na semana, o Ibovespa avança 2,74% – no ano, o ganho ficou hoje em 0,67%.

Na reta final em Nova York, enquanto os yields dos Treasuries recuavam, refletindo a demanda por proteção, os três índices de referência para ações iam às mínimas do dia, com o petróleo também apresentando alguma piora.

Mesmo com ajuste negativo nos preços da commodity após recente recuperação, e também no minério (Vale ON -1,52%), o desempenho de Petrobras (ON +2,42%, PN +2,02%) e de bancos (Unit Santander +2,94%; Itaú PN +1,85%, após definir compra de até 100% da corretora Ideal) contribuiu para segurar a referência da B3, mas não o suficiente para impedir a quebra da sequência positiva na B3, vindo o Ibovespa de ganhos de 1,84% e 1,80% nas duas sessões anteriores. Caso tivesse consumado hoje a terceira alta, como parecia que faria, seria a melhor série desde os cinco ganhos consecutivos observados no início de dezembro, entre os dias 2 e 8. Na ponta do Ibovespa, Marfrig (+5,18%), PetroRio (+3,09%) e Minerva (+3,06%). No lado contrário, Banco Inter (Unit -9,87%), Locaweb (-8,38%) e Natura (-5,09%).

“Os investidores continuam a digerir a inflação nos Estados Unidos, de 7% em 2021, maior nível desde 1982. Há sinais de escassez de mão de obra no momento, com afastamentos por conta da variante Ômicron, o que tem resultado em ajustes na oferta de serviços, como o transporte aéreo, varejo e educação”, diz Túlio Nunes, especialista de finanças da Toro Investimentos. “Além da inflação e do mercado de trabalho nos Estados Unidos, e a reação do Fed ao avanço de preços, há outros fatores de cautela, como a crise entre o país e a Rússia sobre a Ucrânia, com efeito sobre commodities”, acrescenta.

Pela manhã, os dados de inflação ao produtor nos EUA em dezembro vieram abaixo do esperado, enquanto os pedidos iniciais de auxílio-desemprego superaram a expectativa para a semana, observa em nota a Terra Investimentos. A alta do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) foi de 0,2% em dezembro ante novembro, abaixo da previsão de consenso, de 0,4%,

“O ânimo na terça e na quarta ajudou o Ibovespa: a inflação nos EUA veio no maior nível em décadas, mas sem surpresa, de forma geral em linha com as expectativas e também com o que Jerome Powell (presidente do Federal Reserve) vinha sinalizando para a política monetária, o que traz mais segurança para o mercado”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

No cenário doméstico, não chegou a pesar tanto sobre a confiança dos investidores o grau maior de poder atribuído pelo presidente Jair Bolsonaro à Casa Civil face ao Ministério da Economia na execução do Orçamento – interpretada, por observadores políticos, como mais um passo de aproximação ao Centrão e de atendimento a demandas parlamentares em ano eleitoral.

Na prática, Bolsonaro “divide o poder de execução orçamentária entre Paulo Guedes e Ciro Nogueira”, resume a Terra Investimentos. Ainda que eventuais desdobramentos possam significar novo enfraquecimento da área técnica do governo, a iniciativa não agravou nesta sessão o olhar sobre a situação fiscal, com câmbio acomodado a R$ 5,5013 na mínima desta quinta-feira – no fechamento, o dólar à vista mostrava baixa limitada a 0,10%, a R$ 5,5295. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

18:17

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105529.50 -0.14776

Máxima 106250.94 +0.53

Mínima 104974.25 -0.67

Volume (R$ Bilhões) 3.25B

Volume (US$ Bilhões) 5.89B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106140 -0.51085

Máxima 107010 +0.30

Mínima 105650 -0.97

CÂMBIO

O dólar à vista terminou a sessão desta quinta-feira (13) em leve baixa, na casa de R$ 5,52, emendando uma sequência de três pregões seguidos de queda, no qual acumulou desvalorização de 2,55%. Operadores afirmam que o enfraquecimento da moeda americana lá fora, a entrada de fluxo de exportadores e o desmonte de posições defensivas no mercado futuro explicam esse tombo do dólar no curto prazo. Não se vislumbra, contudo, uma rodada mais forte de apreciação do real, dados os problemas fiscais domésticos, em meio à pressão de servidões por reajuste salarial, e a possibilidade de nova onda de aversão externa ao risco.

O pano de fundo para esse alívio visto nos últimos dias seria a acomodação do mercado às expectativas de normalização da política monetária dos Estados Unidos, com fim da compra mensal de bônus, primeira alta de juros em março e início da diminuição do balanço patrimonial no fim do ano. Também pesa a favor da moeda brasileira a escalada recente da taxa Selic, que torna mais custoso o carreamento de posições especulativas em dólar.

Na primeira hora de negócios, a moeda até esboçou uma recuperação, alcançando máxima aos R$ 5,5564, mas logo perdeu fôlego, em sintonia com a baixa do índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente à cesta de seis divisas fortes -, na esteira de dados da economia americana que chancelam uma postura não tão incisiva por parte do Fed.

O índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em dezembro subiu 0,2%, abaixo do previsto (0,4%). Já os pedidos semanais de seguro desemprego avançaram a 230 mil, acima das expectativas (200 mil). Declarações de dirigentes do BC americano ao longo do dia apenas ratificaram a aposta em alta de juros em março e não tiveram grande impacto na formação de preços.

Dados positivos do setor de serviços doméstico também teriam apoiado o real, ao pintar um quadro menos desolador para a atividade econômica. Segundo o IBGE, o volume de serviços prestados subiu 2,4% em novembro (com ajuste sazonal), acima da mediana do Projeções Broadcast (+0,1%).

Na mínima, registrada no fim da manhã, a moeda quase rompeu a linha de R$ 5,50, ao tocar em R$ 5,5013. Mas voltou a ganhar certo fôlego e passou à tarde operando entre a faixa de R$ 5,51 e R$ 5,52. Com diminuição do ritmo de perdas no fim da sessão, o dólar à vista encerrou em queda de 0,10%, a R$ 5,5295 – menor valor de fechamento desde 17 de novembro. Na semana, a divisa perde 1,81%.

“Com noticiário interno fraco, o dólar acompanhou muito o comportamento do índice DXY no mercado externo”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que as leituras recentes de inflação nos EUA, embora ainda elevadas, vieram dentro das expectativas. “Isso tirou um pouco da necessidade de hedge e fez investidores olharem outras moedas. O dólar também já tinha subido muito em dezembro com as preocupações sobre o impacto da variante Ômicron.”

Em relação às divisas emergentes e de exportadores de commodities, a moeda americana teve um comportamento misto, embora tenha apresentado queda firme frente a pares do real, como os pesos mexicano e chileno. O dólar subiu mais de 2% em relação à lira turca e ao rublo – esse prejudicado pelo agravamento das tensões geopolíticas entre Estados Unidos e Rússia, que ameaça invadir a Ucrânia.

Para o operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, um dólar na casa de R$ 5,50 não é sustentável, dados os problemas fiscais domésticos, a possibilidade de que o Fed seja mais agressivo e o fim do período sazonal de exportação de soja no primeiro trimestre. “Além de o Fed começar a subir juros, a corrida eleitoral vai esquentar a partir do segundo trimestre. Vejo o dólar para cima de R$ 5,60”, diz Iha, ressaltando que, se não fosse o ambiente externo, poderia haver estresse no mercado doméstico “com mais um sinal de perda de prestígio do [ministro Paulo] Guedes”.

Decreto publicado hoje determina que atos relacionados à gestão do Orçamento público tenham aval prévio da Casa Civil, o que, segundo especialistas, mina o poder do ministro da Economia, Paulo Guedes, e “politiza” ainda mais o debate orçamentário. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, o Ministério da Economia minimizou a questão e disse que a medida vai ajudar a ala econômica a “dividir desgaste” provocado por eventuais cortes de recursos.

Guedes, relatam fontes, continua contrário ao reajuste dos servidores públicos. O ministro teria acenado a interlocutores, contudo, com a possibilidade de apoiar a aprovação do Refis para parcelamento de débitos tributários de médias e grandes empresas caso o Senado aprove a reforma do Imposto de Renda, que prevê taxação de lucros e dividendos com uma alíquota de 15%. (Antonio Perez – [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.52950 -0.0958 5.55640 5.50130

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5554.500 -0.03599 5576.500 5521.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5583.500 -0.2566 5598.500 5560.000

JUROS

A curva de juros manteve durante a tarde o formato que prevaleceu ao longo da manhã, com as taxas longas em queda e as curtas oscilando entre a estabilidade e viés de alta. A dinâmica continuou sendo conduzida principalmente pelo sentimento em relação ao exterior, com correção de excessos na percepção sobre a atuação do Federal Reserve que favoreceu ativos emergentes. Internamente, o dado do volume de serviços em novembro bem acima do esperado segurou as taxas curtas, embora não tenha alterado substancialmente a expectativa de fraqueza de atividade a partir do último trimestre do ano passado. Pela manhã, o mercado esteve mais volátil, também em função do leilão de prefixados do Tesouro, que elevou a oferta de LTN mas reduziu a de NTN-F, resultando em risco menor para o mercado, o que também retirou pressão da curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a 11,915% (regular) e 11,94% (estendida), de 11,871% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, em 11,18% (regular) e 11,205% (estendida), de 11,213%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa a 11,135% (regular e estendida), de 11,192%.

“O mercado havia exagerado na precificação sobre como deve funcionar a atuação do Fed e agora está aparando, o que ajuda as curvas longas”, comentou Adauto Lima, estrategista-chefe da Western Asset. O dólar e os juros dos Treasuries em queda, do mesmo modo, contribuíram para o fechamento dos DIs a partir dos vértices intermediários. A quinta-feira teve inflação no atacado nos Estados Unidos pouco abaixo do esperado, mas tom firme contra a inflação em discursos de dirigentes do Fed.

No Banco Original, economistas afirmam que, “na narrativa dos investidores”, a curva de juros EUA já embute “bastante desaforo”, com praticamente quatro altas dos Fed funds ao longo de 2022 como cenário base. “Depois que o CPI divulgado ontem confirmou a maior inflação dos EUA em 4 décadas, os ativos passaram a valorizar de forma generalizada, incluindo uma redução dos juros das Treasuries de 5-10 anos e alívio nas respectivas inflações implícitas”, destacam. No entanto, há dúvidas sobre se o pico de inflação no exterior já foi atingido, considerando o comportamento das commodities, as renovações de gargalos da cadeia de suprimentos com a Ômicron e a política de zero-covid chinesa.

Internamente, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) mostrando crescimento de 2,4% no volume em novembro na margem, muito além do teto das estimativas de aumento de 1,5%, respondeu pela rigidez das taxas curtas. Embora não tenha alterado a visão sobre a atividade, não serve de estímulo para alívio maior nas apostas para a Selic. “O sentimento é de que muda pouca coisa”, afirma Lima, lembrando que amanhã sai a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). “As informações preliminares estão mais na linha negativa”, apontou. Segundo a pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana aponta queda de 0,6% do varejo ampliado e estabilidade para o restrito em novembro ante outubro.

As preocupações com o lado fiscal têm sido ofuscadas pelos eventos do Fed nos últimos dias, mas seguem latentes, num cenário em que o ministério da Economia vai perdendo força, vide o decreto do presidente Jair Bolsonaro determinando que atos relacionados à gestão do Orçamento terão que ter aval prévio da Casa Civil.

Ao mesmo tempo, os problemas causados pela mobilização dos servidores vão ganhando dimensão aos poucos e podem estar sendo subestimados pelo mercado. Hoje, o Carf voltou a suspender julgamentos e o Sindifisco informou que os auditores da Receita vão suspender, temporariamente, a concessão de certificação especial a empresas envolvidas com comércio exterior.

O Estadão/Broadcast apurou que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi consultado pelo governo e alertou sobre os riscos de a concessão de reajustes salariais para apenas uma categoria ir parar na Justiça e o governo ter de dar o aumento para todo funcionalismo público. O governo reservou no Orçamento espaço para reajuste salarial apenas de policiais, o que tem gerado revolta nos demais segmentos.

Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu 3,661 milhões das 4,5 milhões de LTN ofertadas e integralmente a oferta de 1,8 milhão de NTN-F. Com o resultado dos leilões das duas primeiras semanas do ano, a Necton Investimentos estima uma média de emissões semanais de R$ 24,7 bilhões para zerar a Necessidade de Financiamento Projetada para 2022, em torno de R$ 1,18 trilhão. (Denise Abarca – [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 9.87

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

MERCADOS INTERNACIONAIS

Declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) ao longo da tarde reforçaram a percepção de que a inflação nos Estados Unidos é um problema para a autoridade monetária, que deverá agir para conter as pressões nos preços. Harker, do Fed de Filadélfia, chegou a explicitar que poderia alterar sua projeção de três aumentos de juros neste ano para quatro, diante das circunstâncias econômicas. No mercado, há quem veja nos dados de inflação no atacado (PPI), divulgados hoje, sinais de que a pressão sobre os preços pode começar a desacelerar. Mas isso não deve alterar a postura hawkish adotada pelo BC americano. Com o início do ciclo de aperto de juros precificado pelo mercado, as bolsas de Nova York oscilaram durante o pregão, antes de fecharem em baixa. O dólar e os juros dos Treasuries também recuaram. Mesmo com a ajuda cambial, o petróleo caiu, com o mercado realizando lucro e assimilando possíveis impactos da Ômicron sobre a demanda.

O presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, afirmou hoje que a palavra “transitória” para se referir à inflação não serviu aos propósitos para descrever as pressões dos preços nos EUA, uma vez que a inflação elevada persiste. O dirigente da distrital de Chicago, Charles Evans, reconheceu a necessidade de reduzir a pressão dos preços, e projetou que a inflação anual nos EUA deverá ficar em 2,5% em 2022. Já a diretora do Fed Lael Brainard disse que a inflação deve seguir alta nos primeiros dois trimestres deste ano, conforme projeções, que devem ser lidadas “com cuidado”. “Traremos a inflação para baixo o mais rápido que pudermos, mas levando em conta o crescimento da economia”, afirmou.

Com a perspectiva para uma alta de juros em março já consolidada – o CME Group aponta mais de 85% de chance de aumento em março – o dia foi de ajustes nos mercados. O UBS projeta que o juro da T-note de 10 anos atinja 2% nos próximos meses. Hoje, o juro da T-note de 10 anos recuou para 1,699% e o da T-note de 2 anos baixou a 0,886%. O retorno do T-bond de 30 anos cedeu a 2,042%.

O dólar também recuou, no que a Capital Economics avalia ser um começo de ano em desvantagem para o ativo, e crê que há vários fatores que podem pesar ainda mais no curto prazo. Segundo a consultoria, a queda nas ações de tecnologia e outros setores sensíveis às taxas de juros representa uma “rotação” renovada dentro dos mercados de ações, o que provavelmente também afeta o dólar, uma vez que resulta em índices de alta tecnologia dos EUA com desempenho inferior às ações em outros lugares. “Mas achamos que a mudança cada vez mais rápida do Fed em direção a uma postura política mais rígida acabará empurrando o dólar para cima em relação à maioria das outras moedas este ano”, projeta. Hoje, o índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, caiu 0,13%. No fim da tarde, o euro avançava a US$ 1,1456, e a libra tinha alta a US$ 1,3705.

A pressão nas ações de tecnologia persistiu por mais um dia em Nova York, e o Nasdaq teve queda de 2,51%. O Dow Jones caiu 0,48%, e o S&P 500 perdeu 1,42%. Entre os destaques, as ações da Meta recuaram 2,03%, em meio ao avanço de um processo antitruste contra a empresa, que ganhou respaldo da Casa Branca ontem. A ação da Boeing avançou 2,97%, após a Bloomberg reportar que o modelo 737 MAX da empresa americana pode voltar em breve a operar na China. Na Europa, as principais bolsas fecharam sem sinal único, com o FTSE 100 fechando em alta de 0,16% em Londres, e o CAC 40 caindo 0,50% em Paris.

O petróleo fechou em leve baixa após ganhos recentes. Para a Rystad Energy, os preços do óleo encontraram certo equilíbrio com as preocupações atenuadas sobre a Ômicron, enquanto eram pressionados pelos dados de inflação dos EUA e níveis dos estoques de petróleo americanos. “Resta saber se esse equilíbrio durará ou se um sentimento mais otimista retornará à medida que a economia se recuperar nas próximas semanas”. O WTI para fevereiro caiu 0,63% (US$ 0,52), a US$ 82,12 o barril, e o Brent para março cedeu 0,24% (US$ 0,20), a US$ 84,47 o barril.

Os temas constaram em relatório publicado hoje pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU. Segundo o documento, o PIB global deve crescer 4,0% neste ano e 3,5% em 2023. A divulgação adverte para o fato de que a retomada mundial enfrenta “ventos contrários significativos”, em meio a novas ondas da covid-19, “desafios persistentes no mercado de trabalho, desafios duradouros nas cadeias de suprimento e crescentes pressões inflacionárias”. Em 2021, o PIB global avançou 5,5%, estima ainda o relatório. No caso dos EUA, a expectativa é de crescimento econômico de 3,5% em 2022 e de 2,4% em 2023. Para a zona do euro, ela é de avanço de 3,9% neste ano e de 2,6% no seguinte. Para a China, é de altas de 5,2% e 5,5%, respectivamente. (Matheus Andrade – [email protected])