BOLSA SE DESCOLA DE NY E SOBE COM COMMODITIES, MAS PRESSÃO GLOBAL EM JUROS PROSSEGUE

O Ibovespa conseguiu se desgarrar da tendência de baixa dos mercados acionários
globais na tarde desta terça-feira, com suporte dos pesos-pesados Vale (ON +1,18%) e
Petrobras (ON +2,72% e PN +2,58%). Esses papéis responderam à arrancada dos preços
das commodities neste começo de semana, tanto por causa de tensões geopolíticas –
caso do petróleo – quanto por dados fortes na economia da China – caso do minério de
ferro. Assim, o Ibovespa terminou o dia aos 127.548,52 pontos, valorização de 0,44%. Em
Nova York, os principais índices caíram (Dow Jones -1,00% e S&P 500 -0,72%) diante da
percepção de que o Federal Reserve não terá pressa em cortar os juros, em meio a
números consistentes da atividade econômica nos Estados Unidos. Esse fator
impulsionou mais uma vez os yields dos Treasuries de prazo mais longo, com o
rendimento da T-note de 10 anos atingindo na máxima o nível psicológico de 4,4%, não
notado desde novembro. Aqui, os juros futuros seguiram a mesma toada, refletindo
também incômodo com a questão fiscal. O impasse em torno da reoneração da folha dos
municípios inspira certa cautela, pelo potencial peso de até R$ 10 bilhões por ano nos
cofres da União. Por fim, no câmbio, o fôlego do real foi curto. A demanda por proteção
cambial no segmento futuro, em razão de fatores técnicos e ruídos políticos, quase
anulou o efeito da intervenção do Banco Central com venda de 1 bilhão de swap cambial
adicional e da baixa do dólar no exterior. A moeda americana à vista terminou
praticamente estável, aos R$ 5,0583 (-0,02%).
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
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BOLSA
O Ibovespa conseguiu firmar sinal positivo no meio da tarde, descolando-se de mais um
dia ruim em Nova York em meio ao prosseguimento da pressão sobre os rendimentos dos
Treasuries. O desempenho do setor de commodities, com o avanço no preço do minério
na China e do petróleo em Londres e Nova York, levou o índice da B3 a tocar máxima da
sessão a 127.654,04, e fechar com ganho de 0,44%, aos 127.548,52 pontos. Petrobras
teve forte alta, de 2,72% (ON) e de 2,58% (PN), e Vale ON, de 1,18%. Outra empresa de
peso no índice, Bradesco, também conferiu dinamismo ao Ibovespa à tarde, mas fechou
em alta moderada, de 0,57% (PN) e de 0,56% (ON).
O giro subiu um pouco nesta terça-feira, a R$ 21,4 bilhões, após ter ficado abaixo de R$ 20
bilhões ontem. Nas duas primeiras sessões de abril, o Ibovespa ainda acumula perda de
0,44% e, no ano, cede 4,95%. “O dia foi muito puxado pelas ‘large caps’, as empresas de
grande capitalização de mercado, em especial Vale e Petrobras, e não tão bom para as
empresas menores, que têm refletido a cautela maior [desde o exterior]”, diz Yan
Vasconcellos, sócio da One Investimentos.
Na ponta do índice na sessão, destaque para Lojas Renner (+3,80%), com recomendação
de compra feita pelo Bank of America (BofA), à frente de Engie (+2,76%) e de Petrobras.
Outra petroleira, 3R Petroleum (+0,73%), foi destaque positivo na maior parte da sessão,
mas perdeu força rumo ao fechamento. Durante o pregão, a empresa atingiu seu maior
patamar de mercado desde agosto, com a proposta que sinaliza avanço na combinação
de negócios com a Enauta, anunciada no fim da noite de ontem, tendo a princípio
agradado aos investidores.
No lado oposto da carteira nesta terça-feira, PetroRecôncavo (-9,02%), Azul (-2,85%) e
Vamos (-2,66%). O descolamento de PetroRecôncavo decorreu de a 3R ter brecado as
negociações sobre junção com a empresa, priorizando agora a proposta da Enauta para a
combinação de negócios.
O Bank of América listou seis sinergias em potencial caso seja bem-sucedida a proposta
de fusão entre Enauta e 3R Petroleum. Além disso, o banco reiterou a recomendação de
compra para as duas empresas, destacando que a união entre essas ‘junior oils’ poderia
criar uma nova petroleira com produção de mais de 120 mil barris de óleo equivalente por
dia a médio prazo, em conjunto com uma reserva de 700 milhões de barris, reporta Jorge
Barbosa, do Broadcast.
Até o meio da tarde, o Ibovespa tendia a uma inclinação negativa moderada,
acompanhando à distância perdas então acima de 1% para os três índices de referência
em Nova York – no fechamento, destaque para a queda de 0,95% no Nasdaq e de 1,00%
no Dow Jones. No exterior, o dia foi ainda marcado pelo avanço nos rendimentos dos
Treasuries longos, após novos dados americanos terem mostrado desempenho acima do
esperado, como ontem, reforçando as dúvidas quanto ao início do ciclo de cortes de juros
do Federal Reserve – que o mercado vinha precificando recentemente para junho.
As dúvidas foram reforçadas ainda no começo da tarde, pressionando em especial a
ponta longa da curva de juros americana, em razão de comentários da presidente do
Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester. Ela chamou atenção para os dados de
inflação do começo do ano, e apontou que o maior risco, no momento, seria relaxar a
política monetária prematuramente.
“As commodities – de que o Brasil é um grande exportador – têm sido um fator-chave para
o desempenho do Ibovespa, mas o aumento dos juros futuros, especialmente nos
Estados Unidos, pode levar a uma fuga de capitais dos mercados emergentes, como o
Brasil, para investimentos mais seguros em economias desenvolvidas – com efeitos para
o câmbio e para as ações de empresas brasileiras”, aponta Nilson Marcelo, analista
quantitativo da CM Capital. “As expectativas em relação à política monetária americana
estão em constante mudança, o que adiciona uma camada de incerteza ao mercado.“
“O Ibovespa conseguiu uma alta tímida hoje, muito por conta do peso que Vale e
Petrobras têm no índice”, diz Daniel Teles Barbosa, especialista da Valor Investimentos.
“O índice operou no campo negativo a maior parte do dia, mas depois oscilou para cima,
levemente, com Vale e Petrobras em linha com o desempenho positivo das commodities”,
observa Leticia Cosenza, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, destacando
também o noticiário corporativo, com efeito para ações como as de Lojas Renner e 3R
Petroleum, componentes do Ibovespa.
“No macro, houve a intervenção do BC no câmbio, com recursos novos pela primeira vez
em mais de um ano”, acrescenta o analista. Assim, a estabilização do câmbio em torno
de R$ 5,05, em dia de injeção de recursos novos pelo BC via swap, também contribuiu
para a leve retomada do Ibovespa na sessão.
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127548.52 0.4395
Máxima 127654.04 +0.52
Mínima 126669.22 -0.25
Volume (R$ Bilhões) 2.14B
Volume (US$ Bilhões) 4.24B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128055 0.4353
Máxima 128160 +0.52
Mínima 127100 -0.31
MERCADOS INTERNACIONAIS
As presidentes do Federal Reserve (Fed) em São Francisco, Mary Daly, e em Cleveland,
Loretta Mester, reforçaram, nesta tarde, a visão de que não há urgência para cortar juros.
Os comentários corroboraram a interpretação do mercado para os dados de emprego e
indústria mais cedo, que apontaram contínua solidez da economia dos Estados Unidos.
Assim, as bolsas de Nova York fecharam em queda firme, amplificadas pelo tombo de x%
da Tesla após redução em entregas e produção. Houve também pressão dos Treasuries,
cujos juros avançaram na ponta longa, na véspera de mais falas do presidente do Fed,
Jerome Powell. Por outro lado, a surpresa com indicadores de atividade na Europa
ajudaram a enfraquecer o dólar, que não ofereceu resistência para o petróleo renovar
máximas desde outubro, diante do recrudescimento de tensões geopolíticas em
diferentes frentes.
Pela manhã, o relatório Jolts indicou criação de vagas um pouco abaixo do esperado nos
EUA em fevereiro, embora o número tenha avanço e, assim, permanecido em nível
elevado, o que reforça a saúde do mercado de trabalho, segundo analistas. Enquanto
isso, as encomendas à indústria subiram além do esperado e também indicam um setor
resiliente. Durante a tarde, Daly disse que não vê urgência para reduzir as taxas, e que
concorda com a visão de três cortes até o fim do ano, a depender de como a inflação se
comportará. Mester, por sua vez, destacou que tem sim visto progresso na redução da
inflação, mas disse que o número permanece muito acima do ideal.
A visão geral do mercado, então, permaneceu inalterada segundo o monitoramento do
CME Group, que vê o primeiro corte em junho e redução de 75 pontos-base até fim do
ano. A cautela do Fed continuou pesando sobre o apetite por risco, e as bolsas de Nova
York fecharam em queda, com o Nasdaq caindo quase 1%. O recuo também foi puxado
pela queda nas ações das seguradoras de saúde, depois que o governo dos EUA anunciou
que as taxas de reembolso do ‘Medicare Advantage’ ficarão inalteradas em 2025, o que
pressiona as margens dessas companhias. Hoje, Segundo a Capital Economics, o
desempenho fraco da Tesla – que hoje recuou 4,90% – contribuiu para o azedamento do
apetite por risco, aliado também ao aumento dos riscos geopolíticos e ao forte aumento
dos rendimentos dos Treasuries. No fechamento, o índice Dow Jones caiu 1%, aos
39.170,24 pontos; o S&P 500 caiu 0,72%, aos 5.205,81; e o Nasdaq caiu 0,95%, aos
16.240,45 pontos.
A expectativa de juros elevados por mais tempo manteve os retornos longos dos
Treasuries em alta hoje, o que elevou o juro do T-bond de 30 anos a mais de 4,5% nas
máximas intraday, maior nível desde novembro de 2023, assim como para a T-note de 10
anos, que também renovou máximas desde novembro. Agora, os olhos já se voltam para
as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, que amanhã discursa na Universidade de
Stanford. No fechamento de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,695%;
enquanto o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,353%, e o do T-bond subia a 4,486%.
Hoje, as tensões entre Irã e Israel continuaram crescentes, enquanto o governo iraniano
promete resposta ao ataque israelense contra o consulado do Irã em Damasco, na Síria.
Rússia e Ucrânia continuam sua troca de hostilidades em instalações energéticas. Com
isso, o ouro teve mais um dia de máxima histórica, chegando em US$ 2,3 mil por onçatroy, enquanto o petróleo também acumulou forte alta, tocando máximas desde 27 de
outubro. O Bannockburn escreve também que uma possível redução das exportações
mexicanas criou mais preocupações do lado da oferta. Hoje, o WTI para maio fechou em
alta de 1,72% (US$ 1,44), em US$ 85,15 o barril, na Nymex. O Brent para junho, por sua
vez, avançou 1,72% (US$ 1,50) na ICE, a US$ 88,92 o barril.
O dólar em baixa também não ofereceu resistência para os ganhos da commodity. Mesmo
com as expectativas de juros elevados nos EUA, a moeda americana se desvalorizou
contra moedas desenvolvidas após uma rodada de Índices de Gerentes de Compras
(PMIs) industriais na Europa, que surpreenderam para cima. A Oxford Economics escreve
que o setor industrial segue fraco na zona do euro, apesar dos números surpreendentes
hoje, mas o dado na Alemanha indica que as pressões inflacionárias estão perdendo
força no país. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 151,58 ienes, o euro avançava
a US$ 1,0767 e a libra tinha alta a US$ 1,2578. O índice DXY, que mede o dólar ante uma
cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,19%, a 104,816 pontos.
Enquanto as tensões recrudescem mundo afora, o clima entre EUA e China, porém, vem
abrandando após ligação entre os presidentes americano, Joe Biden, e chinês, Xi Jinping.
Os dois líderes discutiram uma série de temas, como os riscos associados à inteligência
artificial e contratos bilaterais entre militares. A China disse em comunicado que os dois
países não podem viver em conflitos, e que precisam coexistir e cooperar
economicamente.
JUROS
Os juros futuros voltaram a subir nesta terça-feira, completando, no caso dos
vencimentos intermediários e longos, a quinta sessão consecutiva de alta. O fator gerador
de pressão segue o mesmo dos últimos dias: as incertezas relacionadas à política
monetária nos Estados Unidos, após novas declarações de dirigentes do Federal Reserve
e dados mostrando atividade aquecida. Os yields dos Treasuries continuaram subindo,
carregando junto as demais curvas. Embora o ambiente internacional tenha sido
predominante, os ruídos domésticos também trazem desconforto para a exposição ao
risco prefixado.
Às 17h11, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 9,940%, de 9,920% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 9,96%, de
9,93% ontem. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,26% (de 10,21%) e o DI para
janeiro de 2029, taxa de 10,81%, de 10,74%.
O mercado deu sequência ao movimento de ontem, com alta nos juros desde cedo – nas
mínimas, as principais taxas não passaram da estabilidade. A curva dos Treasuries seguiu
como referência central para as taxas locais. O rendimento da T-note de 10 anos bateu na
máxima os 4,4%, não vistos desde novembro. Essa abertura esteve relacionada à
possibilidade de uma espera maior para o início do ciclo de desaperto monetário nos
Estados Unidos e/ou um orçamento total menor de reduções de juro, ainda que hoje o
relatório Jolts tenha indicado criação de vagas aquém do esperado em fevereiro. Já as
encomendas à indústria americana subiram mais que o previsto em fevereiro, embora o
dado referente a janeiro tenha sido revisado em baixa.
A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, alertou que seria um risco neste
momento relaxar a política monetária de forma prematura. A presidente do Fed de San
Francisco, Mary Daly, disse não haver urgência para cortar juros, diante da posição da
economia americana no momento. A dirigente sublinhou que a inflação está caindo,
mesmo que lentamente, enquanto o mercado de trabalho e o crescimento econômico
continuam fortes. Ambas têm direito a voto nas reuniões deste ano.
Para o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, a curva do DI não terá alívio
enquanto não houver uma maior clareza com relação à política de juros nos EUA. “Não
tem como a Selic cair muito se lá fora não melhorar, em função do diferencial de câmbio.
Se a taxa aqui chegar a 9% e a de lá permanecer entre 5,25% e 5,5%, fica difícil segurar a
moeda”, explica, lembrando que nos documentos recentes o BC indicou que seus
modelos trabalham com um câmbio em torno de R$ 4,90. A precificação da curva nesta
tarde, de 9,80%, já apontava Selic terminal acima de 9,75%.
Para Leal, se o dólar voltar a por exemplo a R$ 5,30 “já começa a pressionar a inflação”. A
moeda à vista, que fechou em R$ 5,0583, com variação de -0,02%, só não subiu hoje em
função de uma intervenção do Banco Central.
Internamente, a agenda do dia trouxe a pesquisa Focus com mudanças marginais, mas o
noticiário fiscal segue incomodando o mercado. “O DI foi junto com o exterior, mas aqui
também a gente não se ajuda”, diz Leal, citando por exemplo a revogação da reoneração
da folha de pagamentos dos municípios pelo presidente do Senado e do Congresso,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O mercado também acompanha a novela dos preços de energia, mas a perspectiva de
queda nas tarifas não tem tido impacto nem nos DIs nem nas taxas de inflação implícitas.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estima que a Medida Provisória (MP)
encaminhada à Casa Civil, que antecipa recursos da privatização da Eletrobras, poderá
reduzir as tarifas de energia do País em 4%, com efeito praticamente imediato.
Na gestão da dívida pública, o Tesouro elevou o lote de Notas do Tesouro Nacional – Série
B (NTN-B) para 750 mil no leilão desta terça-feira, que teve demanda integral. A percepção
do mercado é de que, se a curva não estivesse tão pressionada, havia espaço para uma
oferta ainda maior. Já o lote de 2 milhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT) foi
colocado parcialmente, com 1,6 milhão
CÂMBIO
Apesar da intervenção do Banco Central, com venda de US$ 1 bilhão de swaps cambiais,
e do recuo global do dólar, em especial na comparação com divisas emergentes, o real
apresentou fôlego bem reduzido na sessão desta terça-feira, 2. Operadores afirmam que
a busca por proteção cambial no segmento futuro, em razão de fatores técnicos e de
ruídos políticos domésticos, prejudicam o desempenho da moeda brasileira.
Com mínima a R$ 5,0231, pela manhã, e máxima a R$ 5,0628, o dólar à vista encerrou o
pregão em baixa de 0,02%, cotado a R$ 5,0583. Após subir 3,34% no primeiro trimestre, a
moeda apresenta valorização de 0,86% nos dois primeiros pregões de abril, o que leva os
ganhos acumulados no ano para 4,22%.
Após movimentar US$ 20,9 bilhões ontem, número atípico para uma segunda-feira, o
contrato de dólar futuro para maio apresentou giro forte hoje, acima US$ 15 bilhões.
Segundo dados da B3, ontem os fundos locais reduziram a posição vendida em dólar
futuro (que ganham com a baixa da moeda americana) em US$ 5,8 bilhões.
O real amargou, de longe, o pior desempenho entre seus pares. Os pesos chileno e
colombiano subiram mais de 0,90% em relação ao dólar, enquanto o peso mexicano
exibiu ganhos ao redor de 0,30%. Termômetro do desempenho da moeda americana em
relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY caiu cerca e 0,20%, mas mantevese em nível elevado, ao redor dos 104,800 no fim da tarde.
“O desempenho do real é preocupante. Tem a questão técnica, mas também a percepção
de uma piora da qualidade da política econômica e a tentativa de ingerência em
empresas, o que aumenta a percepção de risco”, afirma o economista-chefe da Nova
Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, ressaltando que crescem os temores de que o
governo aumente os gastos após a queda de popularidade do presidente Lula.
Na parte técnica, o real é pressionado pelo vencimento, em 15 de abril, de mais de US$
3,5 bilhões em NTN-s A3, títulos corrigidos pela variação da cotação de venda do dólar.
Na prática, que tem esses papéis está “comprado em dólar”. Quando os títulos vencem,
os detentores podem ir ao mercado para recompor sua posição, o que aumenta a
demanda por compra no mercado futuro e turbina a cotação da moeda.
Ontem, no comunicado do leilão adicional de swap cambial, o BC informava que iria
atuar para suprir a “demanda por instrumentos cambiais resultantes dos efeitos do
resgate de NTN-A3″. A entrada de um comprador relevante poderia gerar
disfuncionalidades no mercado e provocar uma escalda da taxa de câmbio. Caso o
ambiente global fosse de dólar fraco, talvez os efeitos do vencimento das NTN-A3 fossem
absorvidos sem sobressaltos pelo mercado cambial.
“O Banco Central colocou US$ 1 bilhão em swap hoje. Como o vencimento das NTN é de
mais de US$ 3,5 bilhões é provável que ele entre outra vez no mercado para suprir essa
demanda. O mercado deve tentar a paciência do BC”, afirma Borsoi.
Apesar do recuo do índice DXY hoje, o ambiente global ainda é de um dólar forte e taxa
dos Treasuries em níveis elevados. A taxa da T-note de 10 anos subiu mais de 1% hoje e,
na máxima, tocou o nível de 4,40%, maior nível desde novembro de 2023.
Dados divulgados hoje atestaram a força da economia americana. As encomendas à
indústria nos EUA subiram 1,4% em fevereiro, acima do previsto pelos analistas. O
relatório de emprego Jotts mostrou que a abertura de postos de trabalho avançou de
8,748 milhões em janeiro para 8,756 milhões em fevereiro, praticamente em linha com o
esperado (8,770 milhões). Amanhã, 3, sai o relatório ADP, de criação de empregos no
setor privado. Na sexta-feira, 5, é divulgado o relatório oficial de emprego (payroll) de
março, o indicador mais aguardado da semana.
“Não está ocorrendo saída de capitais do País que configure pressão de alta do dólar, mas
existem incertezas do investidor em relação à sustentabilidade da política fiscal, além da
abertura da curva de juros externa”, afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo
Velho, acrescentando que um número forte no payroll pode provocar novo estresse no
mercado.
Com direito a voto nas decisões de política monetária nos EUA, a presidente do Federal
Reserve de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que precisa de mais sinais sobre a
trajetória de antes de decidir para corte de juros – e que não espera ter o nível necessário
para tomar tal decisão na reunião do Fed marcada para 1° de maio. Já a presidente do Fed
de São Francisco, Mary Daly, disse que não há urgência em reduzir a taxa básica, embora
tenha reiterado que a projeção de três cortes de juros ao longo de 2024 parece bem
razoável.
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.05830 -0.0158 5.06280 5.02310
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5073.000 0.0987 5077.000 5036.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5088.000 -0.0393 5088.000 5088.000