BOLSA REALIZA E CAI, ENQUANTO NY SE RECUPERA E DÓLAR FICA ABAIXO DE R$ 5,40

As bolsas americanas e brasileira voltaram a terminar em direções opostas, mas hoje inverteram os papéis: enquanto Wall Street recompôs parte das perdas recentes, a bolsa local passou por uma realização de lucros, após acumular fortes ganhos nos últimos dias. Por aqui, um dos gatilhos usados pelo investidor para dar início a esse ajuste é o aumento das tensões entre Executivo e Judiciário, após o presidente Jair Bolsonaro se negar a ir depor à Polícia Federal após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), remontando às incertezas vividas em setembro do ano passado, auge do embate entre os dois poderes. Mas não é só. A perspectiva de juros mais altos penalizou papéis do varejo, enquanto as ações ligadas a commodities também devolveram um pouco dos ganhos recentes. Com isso, o Ibovespa cedeu 0,62%, aos 111.910,10 pontos, o que não impediu o ganho semanal firme, de 2,72%. Em Nova York, por sua vez, o acumulado dos últimos dias foi negativo, mas o dia, de indicadores em linha com o esperado e manutenção da cautela sobre o embate entre Rússia e Ocidente, reservou ganhos para Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones. As ações da Apple, após os resultados de ontem, foram destaque de alta. Enquanto isso, dólar e juros tiveram, em certa medida, trajetórias divergentes, mas correlacionadas, ainda assim. Isso porque a moeda dos EUA deu sequência à trajetória recente de baixa ante o real, fechando o dia com desvalorização de 0,62%, a R$ 5,3900, e acumulando recuo de 1,20% nos últimos cinco pregões. E uma parte disso que ocorreu hoje se deve, justamente, à perspectiva de alta maior da Selic, o que acaba atraindo operações de carry trade. E as taxas dos DIs curtos espelham essas apostas na possibilidade de um aperto monetário mais intenso por aqui, sobretudo após dados de inflação dos últimos dias mostrarem resiliência. Já os vencimentos longos acabaram perdendo prêmios, tanto por causa do fator técnico quanto pelo quadro fiscal, que trouxe números bons no fechamento de 2021.

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•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

BOLSA

Em dia de recuperação em Nova York – perto do final de mês bem negativo para as referências de lá, com perdas que chegam a 11,98% (Nasdaq) em janeiro -, fator interno colocou o Ibovespa abaixo dos 112 mil pontos nesta sexta-feira, aparando os ganhos acumulados na semana a 2,72% e os do mês a 6,76% – ainda a caminho do melhor desempenho desde dezembro de 2020 (9,30%). Na semana, com ganhos até 3,13% (Nasdaq) nesta última sessão, o sinal mudou de negativo para positivo em NY, embora em acumulado inferior ao da B3 no período.

Hoje, em trajetórias inversas às observadas nos últimos dias, a referência da B3 se descolou da melhora de ânimo em Wall Street, refletindo à tarde o embate entre Advocacia Geral da União (AGU) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quanto à convocação do presidente Jair Bolsonaro para prestar depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, em inquérito sobre vazamento de informações. Moraes classificou o recurso apresentado pela AGU de “intempestivo” e rejeitou o agravo para adiar o depoimento, marcado para 14 horas.

O não cumprimento da decisão de Moraes por Bolsonaro traz algum eco da escalada de tensão institucional que vigorou até o inflamado discurso presidencial do último 7 de setembro, quando o mandatário afirmou, na Avenida Paulista, que não mais atenderia a deliberações do ministro do STF.

Ao fim, o Ibovespa mostrava baixa de 0,62%, aos 111.910,10 pontos, após três altas seguidas, hoje entre mínima de 111.407,36, renovada à tarde, e máxima de 112.968,87 pontos, com giro financeiro a R$ 36,9 bilhões Assim, o índice emendou o terceiro ganho semanal, vindo de avanços de 1,88% e de 4,10% nos intervalos anteriores.

Nesta sexta-feira, “destaque negativo para as ações de varejo e tecnologia, que realizam parte dos lucros dos últimos pregões, e também para a queda das ações da Petrobras, pressionada tanto pelas tensões geopolíticas entre Ucrânia e Rússia, como pela notícia de adiamento do follow-on da Braskem”, observa em nota a Terra Investimentos, chamando atenção, por outro lado, para a ação da própria Braskem (+7,50%), na ponta vencedora da carteira Ibovespa na sessão, à frente de Cielo (+6,05%), Hapvida (+2,31%) e JBS (+2,21%).

No lado oposto, Magazine Luiza (-7,06%), Natura (-6,48%) e Americanas ON (-6,15%). Entre as blue chips, o dia foi negativo para Petrobras (ON -2,97%, PN -3,96%), com acentuação da queda no fim da tarde, e Vale (ON -0,98%), enquanto os grandes bancos mostravam alta (Bradesco PN +1,44%, Itaú PN +1,35%) no encerramento do dia, à exceção de Santander (Unit -2,28%).

Vindo na última segunda-feira de fechamento aos 107,9 mil, e tendo rompido resistência a 109.370 pontos nesta semana, o Ibovespa tem a marca dos 114.925 pontos como próxima referência a superar, aponta análise técnica da Genial Investimentos. “Outro ponto positivo para a força compradora é que o Ibovespa está acima das médias móveis de 21 e 50 períodos, que são médias de curto e médio prazo”, acrescenta em texto Igor Graminhani, analista técnico da Genial.

Por outro lado, o sentimento de otimismo com relação à performance do Ibovespa no curtíssimo prazo arrefeceu um pouco, de acordo com o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Agora, 50% dos entrevistados acreditam em alta do principal indicador do mercado acionário brasileiro, ante 69,23% registrados na semana passada. Para os pregões entre os dias 31 de janeiro e 4 de fevereiro, parcela de 35,71% vê estabilidade, ante 15,38% da enquete precedente, enquanto os que têm expectativa de queda somam 14,29%, de 15,38% no levantamento anterior.

Na Europa, prevaleceu humor negativo nesta sexta-feira, caminho que era sinalizado também pela manhã pelos futuros de Nova York, antes da divulgação de nova leitura sobre a inflação americana, que acabou por contribuir para a virada em Wall Street ao longo do dia – o núcleo do índice de gastos em consumo (PCE), referência preferida do Federal Reserve para a inflação, subiu 0,5% entre novembro e dezembro, em linha com o esperado, enquanto os gastos caíram menos do que o previsto e a renda avançou menos do que se antecipava.

Além disso, as ações americanas “subiram após os resultados sólidos da Apple e o índice de custo de emprego no quarto trimestre, mais fraco do que o esperado”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. “O presidente do Fed (Jerome Powell) observa de perto os custos dos empregadores, pois esse foi um gatilho importante para seu pivô ‘hawkish'”, acrescenta.

“O risco de inflação é o que tem pesado no mercado global, risco que significa elevação de juros e penalização das bolsas. Aqui, estivemos nesta semana na contramão dos mercados, na ausência de grandes notícias ruins, tendo ainda uma moeda significativamente depreciada e ativos brasileiros a múltiplos extremamente baixos, o que traz fluxo estrangeiro intenso e carrega a Bolsa para cima”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

No cenário doméstico, o déficit primário do governo central a R$ 35 bilhões em 2021, melhor do que o esperado e com evolução das receitas, foi surpresa positiva, mas incapaz de estimular o apetite por risco nesta última sessão de semana em que o Ibovespa mostrou desempenho bem superior ao das referências asiáticas, europeias e americanas – positivo aqui e negativo lá fora, no intervalo. O IGP-M de janeiro, também divulgado hoje, foi outro fator monitorado nesta sexta-feira, a 1,82% ante 0,87% de dezembro, mas abaixo do consenso para o mês, de 2%, aponta Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.(Luís Eduardo Leal – [email protected])

18:22

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111910.10 -0.62298

Máxima 112968.87 +0.32

Mínima 111407.36 -1.07

Volume (R$ Bilhões) 3.68B

Volume (US$ Bilhões) 6.83B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112345 -0.53564

Máxima 113500 +0.49

Mínima 111890 -0.94

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em semana marcada pelas sinalizações de aperto na política monetária pelo Federal Reserve (Fed), a sexta-feira encerrou com alguma recuperação para parte dos ativos de risco, e as bolsas de Nova York fecharam em alta, com destaque para o avanço da Apple, que subiu quase 7% seguindo a publicação de seu balanço ontem. Os rendimentos dos Treasuries recuaram e o dólar ficou perto da estabilidade ante rivais, em dia que contou com a publicação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de dezembro nos Estados Unidos, que vieram em linha com a expectativa de analistas. Já o petróleo fechou em leve alta, com a commodity afetada pelos desdobramentos da crise entre Rússia e Ucrânia, em dia no qual Kiev manifestou insatisfações com a postura de seus parceiros ocidentais.

O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse hoje ter a expectativa de que a primeira alta na taxa básica de juros pelo banco central americano no atual ciclo se dê na reunião de março. O dirigente disse também esperar que a inflação diminua ao longo de 2022, “se os gargalos forem aliviados e as pessoas voltarem ao mercado de trabalho”. O comentário foi feito após divulgação de avanço da inflação pelo PCE, medida de preços preferida do Fed, que teve alta anual de 5,8% em dezembro.

Levantamento do CME Group mostra que as apostas por uma alta de juros de 50 pontos base em março recuaram depois da divulgação, caindo de 16,3% ontem para 8,5% hoje. Já as apostas de alta de 25 pontos-base subiram de 83,8% para 91,5%. A ferramenta do CME Group ainda mostra que o mercado projeta até oito elevações de 0,25 ponto porcentual cada até dezembro nos juros pelo Fed.

Após começar o dia em alta, os rendimentos dos Treasuries viraram e chegaram ao fim da tarde em baixa: o juro da T-note de 2 anos tinha queda a 0,172%, o da de 10 caía a 1,783% e o da T-bond de 30 anos recuava a 2,084%.

Para a Capital Economics, o aperto da política monetária e o aumento dos rendimentos reais limitarão qualquer vantagem para os mercados de ações, especialmente nos EUA. Segundo as previsões da consultoria, os retornos do S&P 500 mal superarão a inflação este ano. De acordo com a análise, o aumento acentuado nos rendimentos dos títulos do governo neste mês teve um preço bastante severo para as ações dos mercados desenvolvidos. “O efeito foi particularmente pronunciado em ações de tecnologia de alto valor, resultando no mercado americano de tecnologia sofrendo mais do que a maioria. Mesmo que as quedas deste mês nos preços das ações não continuem, acreditamos que os retornos de ativos de risco em 2022 serão abaixo do esperado quando comparados ao ano passado”, aponta a Capital Economics.

Por outro lado, a Apple teve receita recorde US$ 123,9 bilhões e lucrou US$ 34,63 bilhões. Em dezembro, o CEO da empresa com maior valor de mercado do mundo, Tim Cook, havia dito que esperava um impacto dos gargalos de oferta, com escassez de chips semicondutores. O problema até afetou as vendas do iPad, mas as do iPhone cresceram 9%, a US$ 71,6 bilhões. Assim, as ações da empresa subiram 6,98%. Com balanços divulgados hoje, Caterpillar (-5,22%) e Chevron (-3,48%) recuaram. Depois de oscilar entre altas e baixas durante o pregão, o Dow Jones fechou em alta de 1,66%, o S&P 500 subiu 2,44% e o Nasdaq avançou 3,13%. Na Europa, por sua vez, com a publicação de indicadores como o PIB da Alemanha sugerindo estagnação econômica, as bolsas fecharam em baixa, com o FTSE 100 recuando 1,17% em Londres e o DAX caindo 1,32% em Frankfurt.

Depois de altas recentes, o dólar operou perto da estabilidade. Para o Rabobank, “é fácil explicar a razão do DXY ter subido na semana”, apontando para a postura hawkish do Fed e que inclui uma provável redução no balanço patrimonial nos próximos meses. Tendo em vista tal panorama, o banco holandês projeta o euro chegando ao nível de US$ 1,10 ao meio do ano. Hoje, o DXY caiu 0,02%, enquanto a moeda comum ficou estável a 1,1147% e a libra se valorizou a US$ 1,3395. Na semana, o DXY acumulou alta de 1,7%.

No petróleo, “há um rápido aumento do prêmio de risco geopolítico sendo precificado em commodities, à medida que a situação entre Rússia e Ucrânia se intensifica. Se a história servir de guia, esse conflito tem potencial para ser um grande driver do mercado de commodities, especialmente se houver interrupções no fornecimento, como vimos durante a Guerra Civil na Líbia em 2011”, avalia o Rabobank. O WTI com entrega para março avançou 0,24% (US$ 0,21), a US$ 86,82 e o Brent para o mês seguinte teve alta de 0,40% (US$ 0,35), a US$ 88,52.

Hoje, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou a postura americana e de outras lideranças ocidentais sobre o conflito do país europeu com a Rússia. O mandatário disse que a Casa Branca está superestimando a gravidade da tensão na fronteira ucraniana e monopolizando as discussões com Moscou. Já a Rússia abaixou o tom, e o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou: “Se depender da Rússia, não haverá guerra. Não queremos guerras. Mas também não permitiremos que nossos interesses sejam grosseiramente pisoteados, ignorados”. (Matheus Andrade – [email protected])

CÂMBIO

Apesar do tropeço da Bolsa doméstica hoje, o dólar à vista emendou nesta sexta-feira (28) o segundo pregão seguido de queda firme, fechando abaixo do patamar da linha de R$ 5,40 pela primeira vez desde 1° de outubro do ano passado. Afora uma pequena alta na abertura dos negócios, a moeda trabalhou em baixa durante todo o dia, com relatos de entrada de fluxo de estrangeiros e de desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro.

A avaliação predominante para o avanço do real nos últimos dias é a de que os ativos domésticos – que estariam muito depreciados – ganharam espaço no portfólio dos estrangeiros, em meio à alta das commodities e a um movimento de rotação de carteiras induzido pelo início do processo de normalização da política monetária americana. Hoje, o minério de ferro negociado em Qingdao, na China, fechou em alta de 5,59%, atingindo o maior nível desde 31 de agosto de 2021.

Operadores também relatam que a perspectiva de que a taxa Selic atinja 12% no fim do atual ciclo de aperto monetário, reforçada nesta semana com a divulgação do IPCA-15 de janeiro, contribui para o desempenho do real ao aumentar a atratividade do “carry trade” (operação que busca explorar o diferencial de juros entre países).

O embate travado hoje entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre do Moraes, em torno da necessidade de o presidente depor à Polícia Federal, citado como um dos motivos para mínimas do Ibovespa à tarde, não abalou o fôlego do real. Bastidores das negociações em torno da PEC dos combustíveis e a divulgação do resultado das contas públicas em 2021 também não tiveram peso relevante na formação da taxa de câmbio, dizem operadores.

Com máxima a R$ 5,4329 e mínima a R$ 5,3769, o dólar à vista encerrou o pregão em queda de 0,62%, a R$ 5,3900 – menor valor de fechamento desde 1° de outubro. Com isso, a moeda termina a semana com perdas de 1,20% e já acumula recuo de 3,33% em janeiro.

Uma vez mais, o real se destacou no cenário externo, figurando ao lado da lira turca e do rublo (que experimentam recuperações técnicas), na lista das principais divisas emergentes a se fortalecerem contra o dólar. Pares tradicionais da moeda brasileira, como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano apanharam.

O índice DXI – que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – esboçou uma alta pela manhã, com dados fracos na Europa, mas perdeu fôlego assim que foi divulgado índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos EUA e trabalhou o restante do dia praticamente no zero a zero, embora ainda acima dos 97,000 pontos.

Índice de inflação mais observado pelo Federal Reserve, o PCE subiu 0,4% em dezembro, enquanto o núcleo (que exclui itens voláteis como alimentos e energia) avançou 0,5% no período – ambos em linha com as expectativas. Já os gastos com consumo recuaram 0,6% em dezembro, ante previsão de -0,7%. As apostas para um aumento de 50 pontos-base da taxa básica de juros pelo Fed em março caíram de 16,3% para a casa de 8%, segundo levantamento do CME Group. Mesmo assim, ainda se espera uma sequência de pelo menos quatro elevações da taxa ao longo deste ano.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que, com a mudança nas expectativas para a política monetária nos EUA, investidores passaram a garimpar oportunidades em mercados que estavam muito descontados, caso do Brasil. Esse movimento veio em paralelo a uma alta das commodities, em meio a cortes de juros na China, e ao aumento das operações de ‘carry trade’.

“O real estava muito depreciado. Era difícil de entender aquela piora do começo de janeiro, com o dólar a R$ 5,60, R$ 5,70. Estamos vendo uma correção agora com fluxo”, diz Lima, ressaltando que o fato de a moeda brasileira ter apanhando anteriormente mais que outras divisas emergentes ajuda a explicar o desempenho superior do real agora. “Pelos nossos modelos, o câmbio está mais ajustado agora. O real pode até se apreciar ainda, mas não muito mais”, diz

Entre os indicadores domésticos divulgados hoje, destaque para o resultado do Governo Central, que, graças à forte arrecadação de tributos, apresentou no ano passado o menor déficit primário desde 2014. Em 2021, o rombo ficou em R$ 35,073 bilhões, abaixo da mediana de projeções Broadcast (-R$ 40,20 bilhões). Isso equivale a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), após um déficit de 10% do PIB em 2020.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou para bater o bumbo. Ele classificou o resultado como “extraordinário” e disse que as críticas e acusações de que o governo praticava uma política fiscal populista estavam todas equivocadas. “Tivemos coragem de controlar o Orçamento, sem reajustes de salários”, afirmou.

O economista da Western Asset alerta que, a despeito do fluxo estrangeiro positivo, os fundamentos locais ainda inspiram cuidados. O quadro fiscal ainda é fonte de preocupação, apesar dos números de curto prazo das contas públicas “serem bons”. É preciso também atenção ao momento em que as eleições presidenciais vão ter mais peso na formação dos preços dos ativos domésticos. “O problema do fluxo é que tem hora que ele desaparece”, afirma Lima. (Antonio Perez – [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.39000 -0.6232 5.43290 5.37690

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5367.000 -0.80399 5434.500 5367.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5403.000 -0.71665 5474.500 5403.000

JUROS

O mercado de juros chega ao fim da semana acumulando mais prêmios na parte curta da curva e redução nas taxas no trecho longo. Nos vértices menores, o movimento é fruto da resiliência da inflação doméstica – atestada pelo IPCA-15 – e de um discurso mais duro por parte do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Nos maiores, decorre da assimilação do quadro fiscal, com números bons, ainda que com perspectiva acidentada. Com isso, o diferencial entre as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro para janeiro 2023 e janeiro 2027 passou de -58,5 pontos na sexta-feira passada a -92,0 pontos hoje.

O juro do DI para janeiro de 2023 subiu de 12,233% no ajuste de ontem para 12,245% (regular e estendida). Há uma semana, ele estava em 11,887%, um aumento de mais de 35 pontos-base.

O janeiro 2025 passou de 11,318% ontem a 11,35% (regular e estendida). Na sexta-feira passada, a taxa era de 11,188%. Por sua vez, o janeiro 2027 foi de 11,327% na véspera a 11,325% (regular) e 11,315% (estendida). Há uma semana, o juro era de 11,302%.

O dia foi de ajustes moderados na curva de juros, a despeito da agenda cheia. A inflação medida pelo IGP-M de janeiro (1,82%) veio menos intensa do que a projetada pelo mercado (2,00%). A taxa de desemprego apurada na Pnad Contínua do trimestre encerrado em novembro veio em linha com o consenso (11,6%). Os indicadores foram absorvidos pela manhã pelo mercado de juros, sem maiores efeitos.

Já as contas do Governo Central – que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – ficaram positivas em R$ 13,824 bilhões em dezembro, o melhor desempenho para o mês desde 2013, quando houve superávit de R$ 23,093 bilhões.

O primário ficou quase no teto do intervalo do Projeções Broadcast, que era de R$ 14,5 bilhões. Enquanto analistas veem que o impulso no resultado veio da inflação, que amplia a arrecadação, o governo nega essa relação. Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a alta dos preços apenas ajuda as contas públicas se houver coragem dos administradores públicos de segurarem as despesas.

“Esse resultado não é porque o governo fez a lição de casa, de reduzir despesa, mas pelo aumento da receita, que impulsionou o IPI, IOF, os dividendos e participações”, disse o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. “Quem fez o trabalho ‘sujo’ foi o aumento de preços, a inflação de dois dígitos.”

A notícia levou os contratos dos DIs às mínimas, mas a tensão no mercado doméstico levou as taxas para perto do ajuste da véspera. O movimento ocorreu em meio à queda de braço entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes, após o ministro do Supremo Tribunal Federal determinar que o presidente deveria prestar depoimento presencial à Polícia Federal, após suspeitas de vazamento de um inquérito sigiloso.

De todo modo, o mercado se prepara para a semana em que o Banco Central vai definir o novo nível da Selic. A curva precifica um aumento de 1,50 ponto porcentual, opinião unânime das casas ouvidas pelo Projeções Broadcast. Mas é esperada uma indicação de até onde os juros irão – e se haverá redução no ritmo de alta.

Os juros embutem uma Selic de 12,40% no fim de 2022, o que significa 60% de chance de taxa a 12,50% e 40%, a 12,25%. A mediana do Projeções Broadcast é de 12%.

Para o Itaú Unibanco, a desaceleração da atividade econômica e o reconhecimento dos efeitos defasados da política monetária deverão levar o BC a encerrar o ciclo de aperto monetário em março, com juros em 11,75%.

“No entanto, as condições correntes e projeções de inflação podem pressionar na direção de manutenção do ritmo de 1,5 p.p. em março e/ou sinalização de continuidade do ciclo”, afirmou hoje, em relatório, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.

O mercado acompanhou ainda os desdobramentos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para zeragem dos impostos federais aos combustíveis e à energia elétrica. Mais cedo, houve reação à notícia do Valor Econômico de que o governo teria desistido da criação de um fundo estabilizador aos preços. O repórter Eduardo Gayer, do Broadcast Político, confirmou com fontes do Planalto, que disseram ainda que a ideia de cortar o PIS/Cofins seguia de pé. (Mateus Fagundes, com Cícero Cotrim – [email protected])

18:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 10.36

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15