BOLSA CAI NA SESSÃO, MAS SOBE 1% EM FEVEREIRO, ENQUANTO DIS CEDEM, COM ALTA NO MÊS


A última sessão de fevereiro foi de queda para a Bolsa e para os juros futuros, enquanto o
dólar terminou praticamente de lado. O índice de preços de gastos com consumo (PCE,
em inglês) nos Estados Unidos em janeiro dentro do esperado garantiu alívio às taxas
futuras, que espelharam o recuo dos yields dos Treasuries, mas no balanço do mês a
curva inclinou, com alta de cerca de 20 pontos-base nos vencimentos longos, também
alinhada às taxas americanas. O Ibovespa hoje seguiu penalizado pelas perdas nos
papéis da Petrobras, ainda repercutindo as falas de Jean Paul Prates ontem sobre
dividendos, com ajuda da realização de lucros do setor financeiro. Na contramão das
altas em Nova York, o índice caiu 0,87%, aos 129.020,02 pontos, mas com ganho de
0,99% em fevereiro, após recuar 4,79% em janeiro. O dólar, que pela manhã voltou a se
aproximar de R$ 5,00 pressionado pela formação da Ptax de fim de mês, desacelerou a
alta à tarde, favorecido pelo sinal de queda no exterior. No fechamento, marcava R$
4,9725 (+0,05%). No mês, avançou 0,7%. Wall Street monitorou à tarde discursos de
dirigentes do Federal Reserve, que destacaram os progressos desinflacionários, mas
reiteraram a necessidade de se esperar para começar a aliviar a política monetária. As
bolsas avançaram no dia e, embaladas por balanços corporativos robustos do quarto
trimestre, também no acumulado do mês, com destaque para os ganhos de 6% do
Nasdaq. S&P teve avanço de 5,17% em fevereiro e o Dow Jones, de 2,22%. O petróleo
operou a maior parte do dia de lado, mas fechou em queda, com um potencial acordo de
cessar-fogo em Gaza no radar.
•BOLSA
•JUROS
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
Depois da queda de 4,79% ao longo de janeiro, o Ibovespa encerrou fevereiro com leve
recuperação de 0,99%, aparada ao fim por perdas em torno de 1%, cada, nas últimas
duas sessões do intervalo. Hoje, o índice da B3 caiu 0,87%, aos 129.020,02 pontos, vindo
de retração de 1,16% no dia anterior, que o havia retirado do maior nível de fechamento
desde 8 de janeiro, anteontem, quando tinha subido 1,61%, então perto dos 131,7 mil.
Nesta quinta-feira, o Ibovespa oscilou dos 128.669,29 aos 130.154,84, em máxima do dia
que coincidiu com a abertura, assim como ontem. O giro foi a R$ 28,9 bilhões na sessão.
Após o tombo de mais de 5% para Petrobras ON e PN ontem, com a reponderação das
expectativas sobre dividendos – tendo em vista os sinais dados pelo presidente da estatal,
Jean Paul Prates -, as ações da empresa seguiram em baixa, hoje de 0,91% (ON) e de
0,72% (PN), no fechamento. O dia também foi negativo para as ações de grandes bancos,
com destaque para Itaú (PN -2,47%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Marfrig (+3,88%),
JBS (+2,72%) e Petz (+2,21%). No lado oposto, Pão de Açúcar (-8,62%); Ambev (-6,47%),
após resultados trimestrais, e Ultrapar (-3,86%).
Na última sessão de janeiro, o dólar havia fechado a R$ 4,9374 e, ao longo de fevereiro,
teve alta de 0,72% frente à moeda brasileira, a R$ 4,9725, Assim, ao fim de janeiro, o
índice da B3, em dólar, estava em 25.874,40 pontos, refletindo então o avanço de 1,73%
da moeda americana no mês, frente ao real, e a queda de 4,79% acumulada pelo
Ibovespa no primeiro mês do ano. Agora, na moeda americana, o Ibovespa foi um pouco
além, a 25.946,71 pontos, mas ainda bem abaixo do nível de fechamento de 2023, aos
27.647,67 pontos, quando o índice da B3 estava em suas máximas históricas nominais.
“A queda nesta última sessão do mês foi muito puxada pelas ações de bancos,
basicamente em realização de lucros – à exceção de Bradesco, que já vinha depreciado
desde o último balanço – e pelo prosseguimento do ajuste em Petrobras. Vale mostrou
leve recuperação na sessão, mas continua bem depreciado em relação a dezembro,
quando a ação estava a R$ 77 ou R$ 78. China [em meio a dúvidas sobre o nível de
atividade econômica] e a incerteza sobre a sucessão no comando da empresa pesaram,
desde então, sobre a ação da mineradora”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável
da Manchester Investimentos.
Hoje, Vale ON, a principal ação do Ibovespa, subiu 0,37%, a R$ 66,99 – no ano, a ação
ainda recua 13,23%, com perda de 1,14% em fevereiro.
Na agenda externa, destaque para a divulgação, na manhã, da métrica preferida do BC
dos Estados Unidos para monitorar a inflação ao consumidor no país, o índice PCE, que
avançou 2,4% ao ano, dentro da expectativa do mercado, assim como o núcleo (+2,8%),
em janeiro, observa a Toro Investimentos. Ambas as leituras ficaram abaixo do resultado
de janeiro, quando o índice cheio havia avançado 2,6% e o núcleo, 2,9%, em termos
anuais.
“Na parte de inflação, nos Estados Unidos veio indicador muito próximo ao que era
esperado pelo mercado, o que é um alívio, porque se trata de dado que o Fed acompanha
de perto. Uma aceleração resultaria em preocupações quanto ao início do processo de
redução de juros, aguardado para o meio do ano, quando se espera que o BC americano
terá conforto para iniciar o corte. O número de hoje corrobora essa expectativa,
resultando em um pouco de fechamento da taxa de juros de 10 anos [dos EUA, referência
do mercado em todo o mundo]”, diz Mônica Araújo, estrategista de renda variável da
InvestSmart XP.
18:47
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 129916.11 0.6823
Máxima 129916.11 +0.68
Mínima 128326.04 -0.55
Volume (R$ Bilhões) 2.82B
Volume (US$ Bilhões) 5.71B
19:11
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 132050 0.7246
Máxima 132055 +0.73
Mínima 130085 -0.77
JUROS
Os juros futuros fecharam a última sessão de fevereiro em baixa, com destaque para os
vencimentos longos que recuaram um pouco mais que os curtos. O movimento foi
comandado pelo dado de inflação nos EUA dentro do esperado, o que manteve junho
como o mês mais provável para o início dos cortes de juros pelo Federal Reserve, segundo
as apostas de mercado. Os rendimentos dos Treasuries cederam e ajudaram a puxar para
baixo os juros no Brasil, que tiveram ainda influência de fatores técnicos relacionados a
ajustes de carteiras no fim do mês.
O alívio nos prêmios se deu mesmo com dados robustos da Pnad Contínua, que
endossam o alerta do Banco Central sobre a pressão que o mercado de trabalho tem
exercido sobre a inflação de serviços.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em
9,955% (mínima), de 9,995% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de
9,83% para 9,78% (mínima). O DI para janeiro de 2027 encerrou em 9,98% (de 10,04%
ontem). A taxa do DI para janeiro de 2029 terminou a 10,42%, de 10,48%.
O índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), tanto o dado cheio quanto
o núcleo, de janeiro veio em linha com as estimativas, o que não deixa de ser uma boa
notícia considerando que outros indicadores (CPI e PPI) surpreenderam para cima. “O
principal ponto de pressão sobre a curva do DI tem sido o externo. Então, como não
tivemos surpresa negativa do PCE, as taxas acabaram fechando”, explicou o economista
da Guide Investimentos Victor Beyruti.
Na Capital Economics, a economista Diana Iovanel destaca que a leitura do índice PCE,
que é a medida de inflação que baliza as ações do Fed, de janeiro reforça as estimativas
da consultoria de que a inflação voltará à meta de 2% em meados do ano, permitindo
uma redução de juros mais cedo do que o esperado. “Ainda acreditamos que a taxa da TNote de 10 anos vá cair até o fim do ano.”
Beyruti, da Guide, diz ainda que a alta dos DIs ao longo do mês deixou espaço para uma
correção de baixa. Em relação ao fim de janeiro, a curva doméstica ganhou inclinação em
fevereiro. Enquanto as taxas curtas fecharam praticamente de lado ante o fim do mês
passado, as longas subiram em torno de 20 pontos-base. Enquanto isso, o yield da T-Note
de dez anos avançou em torno de 30 pontos, saindo de 3,90% para cerca de 4,25%. O
diferencial entre os vencimentos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 subiu de 27,7
pontos-base em 31 de janeiro para 47 pontos hoje.
O desempenho das curvas está relacionado à maior cautela sobre o ciclo de cortes de
juros nos Estados Unidos, com as apostas para o mês de março tendo sido descartadas e
as de maio perdendo força, para dar lugar a junho como cenário central. Essa migração,
acompanhada ainda de uma redução da precificação do orçamento total de quedas este
ano, foi amparada por uma combinação entre discursos hawkish do Federal Reserve e
dados fortes de inflação e do mercado de trabalho.
No Brasil, o destaque do dia foi a Pnad Contínua, que pode ter ajudado a limitar o recuo
das taxas de curto prazo. A taxa de desemprego foi de 7,6% no trimestre encerrado em
janeiro, pouco acima dos 7,4% do trimestre até dezembro. O resultado ficou abaixo da
mediana das estimativas, de 7,8%. Mais até do que o desemprego, o que chamou a
atenção foram os indicadores de salário e renda. A massa salarial subiu para nível
recorde, com alta de 6,0% ante o trimestre terminado em janeiro de 2023. A renda média
real avançou 3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os dirigentes do Banco Central têm demonstrado preocupação com os efeitos do
mercado de trabalho, salários em especial, sobre a inflação de serviços, que tem
resistido em patamares elevados. Para o economista-chefe da Nova Futura
Investimentos, Nicolas Borsoi, a leitura da Pnad, somada ao comportamento de serviços
visto no IPCA-15 nesta semana, sugere que o cenário de Selic terminal abaixo de 9% é
algo “surrealista”. “Ainda mais se o PIB amanhã mostrar atividade ainda resiliente”, disse.
Na curva, a precificação para a Selic terminal nesta tarde estava em 9,60%, ou seja, entre
9,50% e 9,75%.
Nesta sexta-feira, será conhecido o PIB do quarto trimestre e de 2023. As medianas da
pesquisa do Projeções Broadcast são de, respectivamente, estabilidade e crescimento de
3,0%.
O leilão de prefixados desta quinta-feira foi menor em termos de risco, em relação ao da
semana passada – de US$ 696 mil para US$ 371 mil, segundo a Warren Investimentos -, o
que contribuiu para não adicionar pressão aos DIs. Com este último leilão do mês, o
Tesouro fechou fevereiro com R$ 118 bilhões em emissões, valor robusto considerando
que o mês teve dez dias de período de hiato dos dealers, de acordo com a Necton
Investimentos
CÂMBIO
Após trocas de sinal e oscilações bem contidas ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou
a sessão desta quinta-feira, 29, cotado a R$ 4,9725 (+0,05%) no mercado doméstico de
câmbio. Pela manhã, operou em alta firme, na contramão da tendência de baixa da
moeda americana frente a divisas emergentes. Com a disputa pela formação da última
Ptax de fevereiro, a taxa de câmbio se aproximou do nível psicológico de R$ 5,00, com
máxima a R$ 4,9980.
Indicador mais aguardado da semana, o índice de preços de gastos com consumo (PCE,
na sigla em inglês) e seu núcleo vieram dentro do esperado em janeiro. Na comparação
anual, houve leve desaceleração, de 2,6% em dezembro para 2,4% no mês passado,
também de acordo com as estimativas. A leitura do PCE não mexeu com a expectativa de
que o Federal Reserve vai esperar até junho para começar a cortar os juros – uma aposta
que se cristalizou em fevereiro com a safra de indicadores de atividade e inflação nos
EUA.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que era de se
esperar uma alta mais pronunciada da moeda durante a disputa da Ptax, uma vez que
grandes players carregam posições compradas expressivas em dólar. “Todo fim de mês,
eles tentam puxar a taxa para cima para não tomar prejuízo. Carregar essas posições é
caro porque eles têm que abrir mão do CDI”, afirma Galhardo. “Do lado externo, o PCE
não surpreendeu. O clima ainda é de cautela. Ninguém quer arriscar muito”.
O rearranjo das expectativas ao longo de fevereiro para próximos passos do Fed, com
deslocamento de redução inicial dos fed funds de maio para junho, levou a um
fortalecimento global da moeda americana que respingou no real. O dólar à vista fechou o
mês com valorização de 0,72%, acima da exibida pelo índice DXY, que mede o
desempenho da divisa frente a pares, em especial o euro.
O real, contudo, teve desempenho superior a três de seus pares, os pesos chilenos e
colombiano e o rand sul-africano. Quem se sobressaiu foi o peso mexicano, com ganhos
de quase 1% frente ao dólar. Diferentemente de outros bancos centrais da América
Latina, o Banxico, o BC mexicano, ainda não começou a cortar os juros.
A moeda brasileira também sofreu com a saída de recursos externos ao longo de
fevereiro. À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total no mês (até dia 23)
está negativo em US$ 2,317 bilhões, graças a saídas líquidas de US$ 4,231 bilhões pelo
canal financeiro. No ano, o saldo cambial total ainda é positivo US$ 2,886 bilhões, em
razão da entrada líquida de US$ 6,543 bilhões via comércio exterior.
“O principal ‘driver’ do mercado tem sido o exterior, com a incerteza sobre a política
monetária americana direcionando os ativos global. O PCE hoje veio alto, mas já
esperado”, afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, ressaltando que
as questões domésticas não têm feito preço no câmbio.
Lima atribui a alta do dólar neste início do ano, da casa de R$ 4,80 para mais de R$ 4,90,
ao um realinhamento de preços de ativos após indicadores de atividade e inflação nos
EUA “não confirmarem” a euforia do mercado em torno de um corte inicial de juros pelo
Fed já neste primeiro trimestre.
Apesar de fechar fevereiro com ganhos, o dólar tem oscilado entre margens bem estreitas
nas últimas semanas, com oscilações inferiores a quatro centavos de real entre mínima e
máxima, o que revela falta de convicção para apostas mais contundentes. Além disso, a
taxa de câmbio tem respeito o nível psicológico no R$ 5,00 no fechamento.
Lima destaca que, apesar da incerteza sobre o início e o processo de corte de juros nos
EUA, a visão predominante ainda é de que haverá redução da taxa de juros pelo Fed neste
ano. Esse quadro contribui para manter a taxa de câmbio comportada, embora ainda
acima de R$ 4,90. “Se ficar mais claro o que o Fed vai fazer, com corte mesmo no primeiro
semestre, podemos ter uma dinâmica mais favorável para os mercados, que vai se refletir
na moeda”, afirma
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.93160 -0.6087 4.96450 4.92540
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4928.500 -0.6951 4969.500 4928.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4948.000 -0.6825 4948.000 4948.000
MERCADOS INTERNACIONAIS
Após os dados da inflação do PCE de janeiro indicando resistência da inflação, e o índice
de gerentes de compras (PMI) dos EUA menor do que o esperado, investidores
debruçaram-se sobre mais uma rodada de falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed).
Nesta tarde, o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o PCE forte
não esconde um “progresso substancial” na inflação. A chefe da sede de São Francisco,
Mary Daly, concordou com Goolsbee, mas reforçou que ainda não é hora de reduzir os
juros, enquanto o líder do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, pediu por sinais mais claros de
desinflação. Os sinais mistos sobre a política monetária acompanharam o dólar e deram
fôlego limitado às bolsas de Nova York, que conseguiram somar ganhos no fim do dia,
enquanto os retornos dos Treasuries recuaram, na esteira do PMI dos EUA mais fraco.
Entre commodities, o petróleo operou a maior parte do dia de lado, mas fechou em
queda, com um acordo de cessar-fogo em Gaza no radar.
Pela manhã, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de janeiro veio levemente
acima do esperado, seguindo a tendência vista nos índices de preços ao consumidor e
produtor (CPI e PPI) do primeiro mês do ano. O dado, segundo o Citigroup, justifica a
cautela excessiva demonstrada pelo banco central dos EUA, e indica que há um aumento
na probabilidade de recessão a partir de junho. Mais tarde, o PMI medido pelo instituto
ISM de Chicago veio abaixo do esperado. Segundo a Pantheon, a queda que levou o índice
ao seu nível mais baixo desde julho de 2023 pode ter sido puxada por menos encomendas
da Boeing, após os problemas de segurança que a companhia enfrenta.
No período da tarde, Goolsbee disse que a trajetória de queda da inflação segue no
caminho ideal, e que a alta do PCE de janeiro não muda a perspectiva de queda, embora
seja preciso tomar cuidado para a resistência vista em janeiro “não extrapolar” os dados
mensais. Daly, por sua vez, pediu calma para o primeiro corte e disse que a economia não
está no cenário ideal para as reduções, mas acrescentou que não quer ser muito lenta
para cortar, visto que isso traria “uma piora econômica desnecessária” para os Estados
Unidos. Bostic, mais cético, afirmou que ainda precisa ver sinais mais fortes de
desinflação, e considerou que a trajetória até a meta de 2% ao ano terá percalços pelo
caminho.
No acumulado do dia, os retornos dos Treasuries recuaram, na esteira do PMI mais fraco
e apesar do PCE forte. A Capital Economics escreve que a leitura da inflação de hoje
mantém a expectativa de que a alta de preços vai voltar à meta de 2% ao ano do Fed em
meados deste ano, o que forçará um corte mais acelerado nos juros e trará os retornos
dos Treasuries para baixo, fazendo o rendimento da T-note de 10 anos terminar o ano em
4,0%. Às 18h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,624%, o da T-note de 10
anos caía a 4,244% e o do T-bond de 30 anos baixava a 4,366%. Porém, no acumulado
mensal, os juros dos três títulos acumularam ganhos robustos.
Enquanto isso, o dólar ficou misto, mas o índice DXY subiu. Em destaque, o iene se
fortaleceu hoje, depois de o dirigente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) Hajime
Takata defender que ele e seus colegas comecem a discutir os detalhes de um possível
abandono da postura monetária ultra-acomodatícia. Em linha com esta visão, o
Commerzbank disse esperar que BoJ dê os primeiros passos nessa direção em breve, o
que poderia beneficiar o iene no curto prazo. A Fitch concordou com esta visão, dizendo
que espera uma normalização da política monetária japonesa já nos próximos meses.
O euro, por sua vez, chegou a operar em alta contra o dólar no período da manhã, mas o
CPI da zona do euro desacelerou ao nível mais baixo desde meados de 2021, abaixo das
expectativas, e pesou contra a moeda comum. “Isso vai agradar as autoridades do Banco
Central Europeu (BCE), mas esperamos que eles continuem cautelosos sobre relaxar a
política cedo demais”, comentou a Capital Economics. Na reunião ministerial do G20, o
dirigente do BCE Fabio Panetta pontuou que a inflação está em queda “acelerada”. No fim
da tarde em Nova York, o dólar recuava a 149,93 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0812 e a
libra caía a US$ 1,2625. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes
registrou alta de 0,17%, a 104,156 pontos, com ganho mensal de 0,85% em fevereiro.
Nas bolsas, apesar de terem operado a maior parte do dia mistas, Louis Navellier, da
gestora Navellier, escreve que o tom dos acionistas é bom. “Ultrapassamos a medida
favorita do Fed sem sofrer nenhum dano”, afirma, ao destacar que as ações seguem em
tendência de ganhos, movidas por baixo desemprego, balanços fortes e gastos fiscais
robustos. “Embora permaneçam na espera por enquanto, os cortes de juros ainda vão
acontecer e eliminar parte do risco sistêmico do mercado”, disse, em nota a investidores.
O Dow Jones Industrial Average subiu 0,12%, a 38.994,29, após três sessões em queda. O
S&P 500 e o Nasdaq também avançaram. O S&P 500 teve ganho de 0,52%, aos 5.095,88
pontos e o Nasdaq acumulou ganhos de 0,90%, fechando aos 16.091,92 pontos. No
acumulado mensal, o índice Nasdaq subiu mais de 6%, na esteira do bom desempenho
de empresas do setor de inteligência artificial e semicondutores.
Entre commodities, os preços do petróleo recuaram hoje, depois de operarem perto da
estabilidade. Traders monitoraram as falas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
de que um acordo de cessar-fogo em Gaza não deve sair até segunda-feira, como ele
havia mencionado anteriormente. Apesar disso, ele disse continuar otimista de que
avanços serão feitos em breve. Na ICE, o Brent para maio fechou em baixa de 0,29% (US$
0,24), aos US$ 81,91 por barril, e na Nymex, o WTI para abril fechou em queda de 0,36%
(US$ 0,28), a US$ 78,26 o barril. No mês, o Brent acumulou alta de cerca de 1,70% e o WTI
avançou 3,18%.