ATIVOS LOCAIS TÊM SESSÃO NEGATIVA POR PRESSÃO EXTERNA, MAS ACUMULAM GANHOS NA SEMANA

Cenário

Os mercados no Brasil e em Nova York encerraram o dia na defensiva, com queda das bolsas e alta nos juros, enquanto o dólar fechou sem sinal único ante as demais moedas. Na China, os indicadores positivos da economia e nova medida para aliviar o mercado monetário divulgados não foram suficientes para estimular o apetite ao risco. A escalada das commodities e seus efeitos sobre a inflação global preocupam, a poucos dias das decisões de política monetária do Copom e Federal Reserve na quarta-feira (20). O petróleo registrou mais uma sessão de alta, acumulando avanço superior a 3% na semana. A sexta-feira teve ainda recado de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) corrigindo a leitura de que o ciclo de aperto monetário na zona do euro acabou e dados mistos na economia americana. Apesar do bom desempenho das matérias-primas, o Ibovespa terminou em queda com realização de lucros após quatro pregões de ganhos, aos 118.757,53 pontos (-0,53%). No câmbio, o dólar mostrou oscilação restrita durante o dia e liquidez moderada, terminando quase estável, aos R$ 4,8712 (-0,03%). Os juros na B3 subiram junto com os rendimentos dos Treasuries e com peso adicional da piora do risco fiscal no fim da tarde, na ponta longa. Se o desempenho dos ativos locais decepcionou no dia, na semana houve ganho, de 2,99% no caso da Bolsa, enquanto o dólar teve desvalorização de 2,2% ante o real. Os DIs devolveram prêmios no acumulado da semana, mas ainda assim com ganho de inclinação para a curva. Em Wall Street, Dow Jones (-0,83%), Nasdaq (-1,56%) e S&P 500 (-1,22%) caíram na sessão e com queda na semana, exceto o S&P, que ficou de lado. Os yields dos Treasuries subiram e terminaram a semana acima dos 5% no caso da T-Note de 2 anos e a taxa de 10 anos foi a 4,33%. Merece destaque o potencial impacto da greve de trabalhadores da United Auto Workers, ainda que o dia tenha sido de ganhos para as ações de Stellantis e GM.

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

BOLSA

Aqui e em Nova York, investidores evitaram tomar risco na última sessão de semana que antecede decisões sobre a Selic e a taxa de juros de referência dos Estados Unidos, ambas na próxima quarta-feira. Assim, o Ibovespa permaneceu em faixa relativamente estreita esta sexta-feira, de mínima a 118.666,46, no fim da tarde, à máxima de 119.780,20, em variação de pouco mais de 1,1 mil pontos até o fechamento aos 118.757,53, em baixa de 0,53%. O giro financeiro subiu a R$ 29,6 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. Em Nova York, as perdas ficaram entre 0,83% (Dow Jones) e 1,56% (Nasdaq) na sessão.

Na semana, com a alta nas quatro sessões anteriores, o Ibovespa obteve ganho de 2,99% até a sexta-feira, no que foi o melhor desempenho desde o intervalo entre 5 e 9 de junho, quando havia avançado 3,96%. Dessa forma, mais do que reverteu a baixa de 2,19% da semana passada, que havia sucedido ganhos de 1,77% e 0,37%. O índice progrediu em três das últimas quatro semanas, vindo de perdas nas quatro anteriores, no intervalo iniciado em 24 de julho e que se estendeu a 18 de agosto. No mês, o Ibovespa sobe 2,61% e, no ano, 8,22%.

Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, as projeções dos analistas sobre as decisões de juros da próxima semana estão bem próximas de “consenso”, mas há “divergência” sobre o que pode emergir nos comunicados, como indicação para os próximos passos na condução das políticas monetárias. “Mais do que as justificativas que embasarão as decisões, analistas e operadores estarão interessados nos sinais do que poderá vir pela frente”, enfatiza. Além do Fed e do Copom, haverá a decisão do Banco da Inglaterra, no dia seguinte, quinta-feira.

Para o Copom, “existe amplo consenso de que na próxima semana haverá mais um corte de 0,5 ponto porcentual [na Selic] e as dúvidas recaem sobre se já será revelado que o Comitê considera a possibilidade de acelerar [o ritmo de redução] para 0,75 ponto porcentual ainda este ano”, acrescenta o economista, ressalvando que o cenário-base continua a ser de manutenção do ritmo de cortes, com a Selic encerrando 2023 a 11,75% ao ano.

Por sua vez, nos EUA, os dados de inflação divulgados nesta semana que antecede a deliberação sobre os juros "vieram um pouco mais pressionados", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. "Mas quando olhamos para a abertura do indicador, o que fez essa inflação ficar um pouco mais alta, tanto no CPI [ao consumidor] quanto no PPI [ao produtor], foram itens voláteis, como passagem aérea, combustíveis e veículos usados. O núcleo, que exclui esses itens mais voláteis e sazonais, continuou desacelerando", acrescenta a economista, que considera que os juros de referência nos Estados Unidos serão mantidos na reunião.

Com a cautela que prevaleceu nesta véspera de fim de semana, as ações de maior liquidez na B3, que ontem haviam subido em bloco, hoje tiveram desempenho majoritariamente negativo, em variações que ganharam impulso perto do encerramento da sessão. Assim, Vale ON cedeu 0,83%, na mínima do dia no fechamento; Petrobras ON e PN, que mostravam perdas inferiores a 1% mais cedo, encerraram o dia sem sinal único, com a ON em queda de 1,47%, na mínima do dia no fechamento, e a PN, em leve alta de 0,06%. As ações de grandes bancos tiveram variação negativa nesta sexta-feira, entre -0,20% (Bradesco PN) e -3,63% (Unit do Santander, piso do dia no encerramento). BB ON se desgarrou, em leve alta de 0,34% nesta sexta-feira.

Na semana, contudo, o desempenho foi positivo para as principais ações do Ibovespa, com Petrobras (ON) e Vale (ON) mostrando ganhos na casa de 6,8% em setembro - na semana, destaque para Vale, que avançou 4,24%. Entre os grandes bancos, destaque na semana para Bradesco PN, em alta de 3,76% no intervalo - apenas Unit do Santander (-1,81%) não avançou no período, entre as maiores instituições financeiras.

Aparando os ganhos na semana, as ações da Petrobras não acompanharam hoje o desempenho moderadamente positivo do petróleo, com o Brent subindo mais um degrau, agora a US$ 94 por barril, após uma nova sequência de dados reanimadores sobre a economia chinesa, nesta sexta-feira. Na China, a produção industrial subiu 4,5% em agosto, e as vendas do varejo, 4,6%, números bem acima do esperado. O único dado que veio abaixo da expectativa foi o de investimento em ativos fixos, que cresceu 3,2% {na comparação ano a ano]", observa em nota a Guide Investimentos.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão desta sexta-feira, Energisa (+4,90%), Azul (+3,36%) e São Martinho (+3,00%), com Via (-15,56%) - ainda na esteira da precificação do 'follow on' -, IRB (-7,24%) e Carrefour Brasil (-7,04%) no canto oposto.

O mercado financeiro mantém-se otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 57,14% acreditam que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa e 42,86% preveem variação neutra para o índice, sem respostas indicando baixa. No levantamento anterior, 60,00% disseram que a Bolsa teria alta nesta semana e 40,00%, estabilidade, também sem projeções de queda. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118757.53 -0.53104

Máxima 119780.20 +0.33

Mínima 118666.46 -0.61

Volume (R$ Bilhões) 2.96B

Volume (US$ Bilhões) 6.08B

17:51

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120005 -0.32393

Máxima 120975 +0.48

Mínima 119760 -0.53

JUROS

Os juros futuros encerraram a sessão desta sexta-feira, 15, com alta leve na ponta curta e mais intensa no trecho longo, refletindo principalmente aumentos nos rendimentos dos Treasuries às vésperas da próxima "super quarta", no dia 20 - quando o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil decidem sobre suas taxas de juros. Na última hora do pregão, o temor fiscal voltou à tona e ampliou o ganho das taxas longas.

A incerteza fiscal surgiu com mais força após o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), ter dito que é "quase impossível" zerar o déficit primário no ano que vem. Conforme informação divulgada inicialmente pela coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, Forte ainda afirmou em audiência na Alerj ter "dó" do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estabeleceu a meta.

Às 17h20, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mais longos avançavam mais de 12 pontos-base na comparação com o ajuste anterior: o DI para janeiro de 2029 passava de 10,801% para 10,930% e o para janeiro de 2031, de 11,119% para 11,240%. O DI para janeiro de 2024 subia de 12,280% para 12,290%; o contrato para janeiro de 2025, de 10,393% para 10,440%; e o para janeiro de 2027, de 10,244% para 10,345%.

"É significativo pelo fato de ser o relator da LDO, é alguém que tem o pulso político em torno da proposta de Orçamento. Para ele vocalizar esse tipo de coisa, é sinal de que ele sabe que, dentro do governo ou entre os congressistas, há pouco apoio para a proposta de déficit zero do Haddad", diz o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, comentando as declarações de Forte.

Antes, os juros futuros já operavam em alta, seguindo os ganhos dos Treasuries, entre 3 pontos-base, no caso da T-Note de dois anos, e 4 pontos-base, no T-Note de dez anos. A alta de 0,4% na produção industrial dos Estados Unidos em agosto - acima do consenso do mercado, de 0,1% - amparou o movimento, apesar de números da Universidade de Michigan terem mostrado queda nas expectativas de inflação no país.

Para o gestor de multimercados da Neo Investimentos, Mario Schalch, o movimento dos juros americanos explicou boa parte do comportamento da curva doméstica. Mas ele destaca que a pressão externa não foi suficiente para levar a um ganho expressivo das taxas nos trechos curto e intermediário da curva, que ainda refletiram o fortalecimento das apostas em aceleração dos cortes da Selic após o IPCA de agosto abaixo do esperado.

"Um número bom de inflação na terça-feira permitiu a queda das taxas mais curtas, e não tem motivo para as taxas mais longas caírem na mesma proporção", afirma Schalch. "O que segura as taxas longas é a combinação da incerteza fiscal e das taxas lá fora, porque tem um cenário bastante dividido entre a manutenção dos juros nos Estados Unidos nos patamares atuais e uma nova alta de 25 pontos-base [este ano]."

A curva teve ganho de inclinação na semana, com o diferencial entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 subindo a 49 pontos-base no horário mencionado, de 42,5 pontos no ajuste da última sexta-feira, 8. Na quinta-feira, 14, o spread entre os contratos era de 40,8 pontos.

Para o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira, a maior parte da alta dos juros domésticos nesta sexta-feira é explicada pelo movimento internacional, mas o pano de fundo de incerteza fiscal pesa. "O fiscal vem pesando desde o resultado primário do governo central em agosto. De lá para cá, aumentaram as dúvidas com relação à dinâmica fiscal, ao cumprimento de metas", afirma.

Oliveira avalia que o movimento dos juros, domésticos e americanos, vai responder principalmente à "super quarta" na semana que vem. Embora as decisões do Fed e do Copom já estejam precificadas pelo mercado - que espera manutenção da taxa dos Fed Funds e corte de 0,5 ponto porcentual da Selic -, ele destaca que observar a comunicação dos bancos centrais será importante para ajustar posições.

"Acho que vai ter muita tensão com o comunicado do Copom e, no caso do Fed, com a fala do presidente [Jerome Powell] no pós-reunião. Não pela decisão em si, mas pela sinalização, que, no caso do Copom, pode abrir espaço para possivelmente acelerar o ritmo de corte, que não é nosso cenário. E, no caso do Fed, o mercado vai olhar se há uma sinalização de nova alta de juros em novembro, que também não é nosso cenário", afirma. (Cícero Cotrim - [email protected])

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

Wall Street operou no vermelho neste pregão, com os olhares já se voltando para a próxima decisão monetária do Federal Reserve (Fed) na semana que vem. A principal aposta do mercado segue sendo de manutenção da taxa, ainda que dados mais fortes do que o esperado da economia dos Estados Unidos divulgados hoje tenham alimentado dúvidas sobre uma possível última elevação de juros nos próximos meses e até quando a política monetária seguirá restritiva. Os yields dos Treasuries subiram, enquanto o dólar operou misto. Investidores também ponderaram o potencial impacto da greve de trabalhadores da United Auto Workers (UAW), ainda que o dia tenha sido de ganhos para as ações de Stellantis e GM. Já o petróleo avançou mais uma vez e acumulou alta de 3% na semana, acompanhando o aperto do mercado da commodity.

Com as atenções já se direcionando para a decisão do Fed da semana que vem, o ING reforça a expectativa de manutenção das taxas na quarta-feira, mas destaca que preocupações com a inflação, assim como a resiliência da economia dos Estados Unidos, sugerem que o BC americano irá seguir sinalizando o potencial de uma última elevação da taxa - apesar de destacar que essa possibilidade não faz parte de seu cenário-base.

Já a Oxford Economics destaca que a expectativa é que o presidente do BC americano, Jerome Powell, reitere sua mensagem de que aumentos adicionais de juros estariam condicionados a um aperto do mercado de trabalho ou à reaceleração da inflação ou de aumentos salariais. A consultoria ainda destaca que espera uma trajetória mais lenta de corte de taxas de juros, com o risco de que a "taxa de juro neutra possa ser ligeiramente elevada no curto prazo".

Neste contexto, as bolsas de Nova York fecharam em queda, com baixas em especial da Meta (-3,66%), Amazon (-2,99%) e Microsoft (-2,50%). Segundo a Oanda, as ações também cediam devido ao anúncio da greve da UAW, com dúvidas sobre quanto tempo as paralisações anunciadas nesta madrugada seguirão. Entretanto, mesmo com a movimentação, as ações da GM e Stellantis fecharam em alta de 0,86% e 2,18%, enquanto a Ford caiu 0,08%, respectivamente. A Disney, por sua vez, se manteve resiliente e subiu xxx%, após receber oferta de US$ 10 bilhões pela ABC. Assim, o índice Dow Jones caiu 0,83%, o S&P 500 cedeu 1,22% e o Nasdaq teve queda de 1,56%.

Os retornos dos Treasuries, por sua vez, permaneceram em alta, "à medida que os investidores aguardam as decisões políticas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e do Banco do Japão (BoJ) durante a próxima semana", avalia a Oxford Economics. Já o BMO alerta que, mesmo que não haja aumento de juros nos EUA na quarta-feira, é possível que o posicionamento de Powell mantenha os rendimentos da T-note de 10 anos em alta. No fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 5,028%, o da T-note de 10 anos avançava a 4,332% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,416%.

O dólar, por sua vez, caiu ante o euro, após a moeda comum da zona do euro ter se recuperado da forte queda ontem, mas ainda assim o índice DXY subiu na semana. Entretanto, a Capital Economics alerta que a rodada de ganhos do dólar não deve durar muito tempo. "Os dados contínuos e robustos da atividade nos EUA e o Banco Central Europeu (BCE) sinalizando o fim do seu ciclo de subida das taxas são responsáveis pela recuperação renovada do dólar nos últimos dois dias". O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,08%, a 105,405 pontos. Na comparação semanal, ele avançou 0,22%. No horário, o dólar subia a 147,83 ienes, a libra cedia a US$ 1,2385 e o euro avançava a US$ 1,0665.

O petróleo subiu quase 1% e, segundo a Oanda, a não ser que haja uma deterioração de dados econômicos, será possível que o barril chegue a US$ 100 "mais cedo do que tarde". "Cortes Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), junto com as restrições voluntárias de oferta da Arábia Saudita e da Rússia, criaram um mercado muito apertado", avalia a análise. O contrato do WTI para outubro fechou em alta de 0,67% (US$ 0,61), em US$ 90,77 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro avançou 0,24% (US$ 0,23), a US$ 93,93 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

CÂMBIO

Em sessão morna e de liquidez moderada, o dólar à vista encerrou o pregão desta sexta-feira, 15, em baixa de 0,03%, cotado a R$ 4,8712. Houve oscilação de pouco menos de dois centavos entre mínima (R$ 4,8599) e a máxima (R$ 4,8794). Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para outubro movimento pouco mais de US$ 10 bilhões.

Segundo operadores, após a desvalorização de 1,61% da divisa nos últimos dois pregões, investidores preferiram adotar uma postura mais cautelosa à espera da decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos, na chamada "super quarta", 20. A recuperação recente dos preços das commodities, após sequência de dados mais animadores da economia chinesa e de estímulos monetários pelo Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês), já estaria incorporada à taxa de câmbio.

Após se aproximar do teto psicológico de R$ 5,00 na semana passada, o dólar encerrou esta semana em baixa de 2,24%, voltando a se situar em níveis vistos no fim de agosto. Novas rodadas de apreciação do real dependeriam, segundo operadores, de anúncio de mais estímulos à economia chinesa e recuo das taxas dos Treasuries. Por aqui, investidores aguardam sinais de que o governo vai conseguir aprovar no Congresso projetos que ampliem a receitas para se aproximar da meta de resultado primário neutro em relação ao PIB no ano que vem.

Lá fora, o índice DXY trabalhou em leve baixa e rondava os 105,300 pontos no fim da tarde, com moderada recuperação do euro, que ontem desceu ao menor nível em relação ao dólar desde março na esteira de sinalização do Banco Central Europeu (BCE) que o processo de alta de juros na região já se encerrou. Na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar apresentou comportamento misto, incluindo pares do real.

"O real vem se valorizando por conta da melhora aparente que vem ocorrendo na economia da China. O país asiático é um grande comprador de commodities e puxa o Brasil, com nossa balança comercial", afirma o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, ressaltando que há também um panorama "mais previsível em relação às taxas de juros no exterior".

Ontem à noite, o PBoC que reduziu a taxa de juros de contratos de recompra (repos) e injetou 34 bilhões de yuans (US$ 4,67 bilhões) no mercado para manter a liquidez. É a primeira vez desde janeiro que a autoridade monetária chinesa adota tal medida. Nesta semana, o BC chinês já havia reduzido o compulsório bancário. Além disso, dados de produção industrial e vendas na China, em agosto, superaram as estimativas dos analistas. Embora ainda haja dúvidas entre economistas sobre a capacidade do governo chinês de atingir as metas de crescimento, as ações recentes trouxeram um ambiente mais favorável para commodities.

O analista de investimentos Alex Martins, da Nova Futura, observa que, além dos estímulos monetários tradicionais, a China tem adotado outras medidas relevantes para impulsionar a econômica, como o afrouxamento de regras para seguradoras investirem em ações e facilitação para tomada crédito imobiliário, o que contribui para aumento recente de concessão de empréstimos.

"O fato de a China ter aumentado um pouco a abrangência dos estímulos trouxe a percepção de que o governo pode adotar medidas para outros segmentos, o que favoreceu as commodities", afirma Martins. "Combinado com o sinal de fim de ciclo do BCE e a possibilidade de que o Fed (Federal Reserve, o BC americano) não eleve mais os juros, a alta das commodities levou à queda do dólar".

Monitoramento da CME mostra que são que são praticamente unânimes as apostas de que o Fed vai anunciar na próxima quarta-feira manutenção da taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50%. Além disso, são de cerca de 60% as chances de que não haja nova elevação dos FedFunds ainda neste ano. Leituras de inflação ao consumidor e produtor nos EUA divulgadas nesta semana vieram praticamente em linha com o esperado.

Martins, da Nova Futura, observa que, além da melhora das perspectivas para a China, o real se beneficiou de relatório de um grande banco americano recomendando operações de carry trade com a moeda brasileira. A perspectiva é que o Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, anuncie nova redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano. Mesmo com a trajetória de baixa do juro básico, as taxas reais locais ainda são muito atraentes e o diferencial de juros interno e externo, expressivo. (Antonio Perez - [email protected])

17:51

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