ATIVOS LOCAIS PERDEM FORÇA À TARDE, MAS REAL MANTÉM GANHO ANTE DÓLAR APÓS CPI DOS EUA

Depois de uma manhã de ganhos firmes, os ativos locais apararam o otimismo ao longo desta tarde. Não houve gatilho para esta perda de fôlego, apenas aparentemente a percepção que o rali recente já embutia condições melhores para o real, a Bolsa e os juros domésticos – e que o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos abaixo do consenso apenas as chancelava. À tarde, o Livro Bege até observou avanço na atividade econômica americana, mas não mudou as projeções do mercado de que o Federal Reserve vai subir uma última vez o juro neste atual ciclo no fim do mês, à faixa de 5,25% a 5,50%. Agentes apontam que falta um fator novo para trazer mais impulso aos papéis brasileiros. Assim, seguindo a queda forte do DXY, aos 100,521 pontos (-1,19%), e a valorização de commodities como o petróleo, o dólar desceu aos R$ 4,8180 (-0,90%) no mercado à vista. O Ibovespa, que de manhã chegou a superar os 119 mil pontos na máxima, acabou subindo apenas 0,09%, aos 117.666,49 pontos. No mercado acionário, houve ainda efeito do dia de vencimento de opções sobre o índice, o que adiciona volatilidade aos negócios. Os juros futuros de prazo mais longo subiram nos contratos, se ajustando a dados e notícias que sugerem taxas mais altas à frente. Na ponta curta da curva, ficaram praticamente estáveis, com a visão mais pacificada quanto ao ciclo de queda da Selic.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

O Livro Bege, publicado à tarde pelo Federal Reserve (Fed), apontou avanço na atividade econômicas dos EUA e alta modesta nos preços do país, mas o documento não foi suficiente para alterar as perspectivas monetárias dos Estados Unidos. Assim, as bolsas de Nova York continuaram no território positivo, com Nasdaq e S&P 500 fechando no maior valor desde 2022, respectivamente, na esteira de desaceleração além do esperado da taxa anual do CPI em junho, enquanto os juros dos Treasuries mantiveram movimento de queda e o dólar seguiu caindo ante moedas fortes e emergentes. O câmbio ajudou a dar fôlego ao petróleo, com o Brent fechando acima da marca de US$ 80, e com outras commodities beneficiadas.

Funcionando como uma espécie de sumário das condições econômicas dos EUA, e podendo servir de base para as decisões de política monetária do BC americano, o Livro Bege indicou que os salários no país seguiram subindo em junho, enquanto o emprego aumentou modestamente no mês passado.

Segundo a Oxford Economics, o documento apontou para uma moderação do crescimento e da inflação, com os distritos destacando avanços mais modestos na atividade econômica. “Embora a maioria das autoridades do Fed pareça apoiar um aumento da taxa de juros em julho, esperamos um enfraquecimento da economia e uma queda da inflação no resto do ano, razão pela qual esperamos que isso provavelmente marque o aumento final deste ciclo”.

Os dados, entretanto, não tiveram muita influência no mercado, que seguia no ritmo de mais cedo, após desaceleração do CPI dos EUA na taxa anual. Nos mercados acionários, a Nvidia (+3,53%) voltava a ser destaque após investimentos para a empresa Recursion (+0,33%) para utilizar inteligência artificial em medicamentos. Hoje, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,25%, o S&P 500 subiu 0,74% e o Nasdaq teve alta de 1,15%. Segundo a Dow Jones Newswires, os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam nos maiores níveis desde 2022.

Os ganhos ainda tinham força da desaceleração do CPI que, segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, ditou o mercado acionário de Nova York hoje. Para ele, o CPI levantou possibilidade do Fed não elevar os juros novamente, após a alta de 25 pontos-base (pb) já esperada em julho. Assim, Pacheco destacou para alta do Nasdaq, na esteira do apetite de risco renovado.

Já o dólar seguiu em queda, operando no menor nível desde abril de 2022, segundo avalia a Navellier, com a diferença das expectativas entre os próximos apertos dos BCs europeus e americano favorecendo o euro e a libra ante a moeda americana. Por volta das 17h (de Brasília), o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em queda de 1,19%, a 100,521 pontos. Já o euro subia a US$ 1,1142, a libra tinha alta a US$ 1,2993 e o dólar recuava a 138,40 ienes.

Os juros dos Treasuries também mantiveram o movimento baixista e, segundo análise do BMO, a impressão do CPI reforça as expectativas de que os rendimentos seguirão em queda a partir desse momento, em meio aos toques finais do aperto monetário do Fed. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, a taxa da T-note de 2 anos caía a 4,737%, da T-note de 10 anos recuava a 3,863%, e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,954%

Todo o cenário foi benéfico ao petróleo, que subiu pelo segundo pregão consecutivo, levando o barril do Brent a operar nas máximas desde abril de 2023. O analista Craig Erlam, da Oanda, ainda destaca que o movimento sugere que esforços da Arábia Saudita e da Rússia para apertar os mercados e aumentar os preços estão funcionando. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 1,23% (US$ 0,92), a US$ 75,75 o barril, enquanto o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,89% (US$ 0,71), a US$ 80,11 o barril. (Natália Coelho – [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista caiu 0,90% em relação ao real nesta quarta-feira, 12, a R$ 4,8180, embalado pelo enfraquecimento global da divisa americana após a inflação dos Estados Unidos ficar abaixo do esperado em junho. O dado renovou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) pare de elevar os juros após a esperada alta de 0,25 ponto porcentual na sua próxima reunião, no dia 26, e inicie o ciclo de cortes de juros antes do previsto anteriormente.

O resultado foi de queda sustentada do índice DXY – que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de seis pares fortes – durante a sessão, até a mínima de 100,511 pontos, no menor nível intradia desde abril de 2022. A divisa americana também anotou perdas em relação a moedas emergentes, como o peso mexicano (-0,92%), e de exportadores de commodities, como o dólar australiano (-1,50%).

Esse cenário manteve o dólar em queda ante o real durante toda a sessão, entre máxima de R$ 4,8611 (-0,01%) – atingida minutos antes da divulgação do índice de preços ao consumidor americano (CPI) – e a mínima de R$ 4,7851 (-1,57%), vista no fim da manhã, em meio à repercussão dos dados. À tarde, o ritmo de baixa se firmou abaixo de 1%, em meio a relatos de fluxo comprador de importadores.

“O movimento de queda refletiu o CPI abaixo do esperado, que deu uma batida forte no dólar de manhã por fortalecer a aposta de que o Fed só vai aumentar os juros uma vez, em 0,25 ponto, e depois manter a taxa”, diz o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha. “Vendo o dólar cair a esse nível, o importador começa a ver oportunidade de comprar para fechar suas operações”, completa, falando sobre o movimento vespertino.

O CPI americano avançou 0,2% em junho ante maio, abaixo do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,3%), enquanto o núcleo do índice avançou 0,2% – também menos do que o previsto (0,3%). Como resultado, a maior parte do mercado (40,4%) espera que o Fed promova um corte de 25 pontos-base nos juros americanos já em março de 2024, após elevá-los à faixa de 5,25%-5,50% este mês, segundo o CME Group.

Para o especialista de câmbio da Manchester Investimentos Thiago Avallone, o desempenho do real nesta quarta-feira refletiu a combinação de expectativa de um diferencial de juros ainda atrativo para o Brasil, melhora do ambiente doméstico com o avanço da reforma tributária e fatores técnicos positivos, a exemplo dos superávits comerciais anotados pelo País ao longo dos últimos meses.

“A aprovação da reforma tributária na semana passada acaba mostrando um pouco mais de organização do cenário político interno, mostra para o mercado que as coisas estão andando, e uma desaceleração do aumento de juros nos Estados Unidos faz com que os investidores olhem mais para o Brasil, deixando a rentabilidade atuar”, afirma. “O cenário como um todo acaba influenciando para esta queda do dólar.”

Dados preliminares do Banco Central divulgados nesta quarta-feira mostram entrada líquida de US$ 706 milhões no País de 1º a 7 de julho e de US$ 2,890 bilhões em junho. Na primeira semana deste mês, o canal financeiro mostrou saída líquida de US$ 1,644 bilhão e o canal comercial, entrada de US$ 2,350 bilhões. O fluxo cambial total em 2023, até a última sexta-feira, é positivo em US$ 15,756 bilhões.

No horário de fechamento do mercado à vista, o contrato de dólar futuro para agosto cedia 0,72%, a R$ 4,8355, com giro forte, em torno de US$ 12,7 bilhões na sessão. Os contratos futuros mais líquidos do petróleo – que avançaram entre 1,23% (WTI) e 0,89% (Brent) – ampliavam os ganhos para 1,54% e 1,21%, respectivamente, nas sessões estendidas da New York Mercantile Exchange (Nymex) e da Intercontinental Exchange (ICE).

Para Avallone, o mercado de câmbio agora deve aguardar pela decisão do Fed no próximo dia 26 para calibrar as expectativas em torno dos próximos passos da política monetária e, consequentemente, do comportamento das moedas. “Se a decisão do Fed vier em linha com a ideia de parar o aumento [depois de julho], acho que a tendência é que o dólar consiga testar R$ 4,70 novamente”, afirma. (Cícero Cotrim – [email protected])

17:34

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.81800 -0.8968 4.86110 4.78510

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4841.000 -0.60569 4877.500 4801.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4862.000 -0.9776 4863.000 4856.000

BOLSA

Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o Ibovespa devolveu parte do ânimo visto pela manhã, quando a leitura comportada sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) em junho reforçou a percepção de que o ciclo de elevação dos juros na maior economia do globo esteja próximo de uma nova pausa, após a reunião do Federal Reserve no fim deste mês, quando a taxa de referência deve ser elevada em 25 pontos-base e, provavelmente, mantida até o fim do ano.

Assim, em Nova York, os ganhos da quarta-feira chegaram a 1,15% no Nasdaq – índice americano mais exposto à tendência de curto prazo dos juros -, enquanto o Ibovespa, muito comedido no fechamento, subiu apenas 0,09%, a 117.666,49 pontos, tendo chegado a 119.156,48 na máxima do dia, saindo de mínima na abertura aos 117.557,13.

Reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro subiu a R$ 55,5 bilhões na sessão. Na semana, o índice de referência da B3 ainda cede 1,04%, negativo em 0,36% no mês – em 2023, sobe 7,23%.

“O Ibovespa teve uma acomodação ao longo da tarde após o entusiasmo da manhã, com a leitura sobre a inflação nos Estados Unidos. O índice da B3 tem operado em modo de consolidação, mostrando firmeza acima dos 116 mil pontos, mas também dificuldade para superar resistência em torno dos 121 mil pontos”, diz Alex Carvalho, analista da CM Capital, mencionando topos de abril e de outubro de 2022, em que o Ibovespa também encontrou dificuldade na região dos 120,5 mil pontos como visto recentemente, em junho.

“Para buscar novas máximas, o Ibovespa precisará contar com apoio maior das commodities, especialmente do setor metálico, que ficou para trás em meio a dúvidas sobre a demanda e o ritmo de atividade na China. Segue também a expectativa de que estímulos à economia chinesa poderiam trazer impulso maior aos preços desses ativos”, acrescenta o analista.

Assim, embora tenha fechado hoje em alta de 0,71%, moderada no fim da tarde, e de avançar 2,43% na semana e 4,41% no mês, Vale ON ainda acumula perda de 22,90% no ano. Outros nomes do setor metálico também mostram retração em 2023, embora bem mais discretas, como Gerdau PN (-1,32% no ano) e CSN ON (-5,56%) – hoje, a primeira subiu 2,09% e a segunda teve alta de 1,37%.

Na B3, o desempenho negativo das ações de grandes bancos (BB ON -1,61%; Santander Unit -1,22%, mínima da sessão no fechamento) foi o contraponto ao dia relativamente favorável às de commodities metálicas, após avanço de 2,61% para o minério de ferro em Dalian, China. Por sua vez, mesmo com a alta do petróleo na sessão, Petrobras perdeu força à tarde, o que contribuiu para acomodação do Ibovespa a patamares mais baixos do que os vistos pela manhã: no fechamento, a ON da estatal cedia 0,30%, com a PN pouco acima da estabilidade (+0,07%).

Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para JBS, em alta de 9,05%, após a empresa anunciar planos para dupla listagem, na B3 e em Nova York, o que puxou também o desempenho de outro frigorífico, Marfrig (+2,03%), nesta quarta-feira. Com o enfraquecimento do dólar pós-CPI, o avanço do Brent na sessão – acima de US$ 80 por barril pela primeira vez desde maio – ajudou Prio (+2,09%), com B3 (+2,30%) e Gerdau completando a lista de destaques da sessão. No lado oposto, Pão de Açúcar (-5,82%), Méliuz (-4,42%), Azul (-4,28%), Petz (-3,39%) e Via (-2,97%).

“O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI, movimentou bastante a manhã, ao trazer um arrefecimento da inflação, a 3% no acumulado em 12 meses, abaixo das expectativas, com surpresa positiva também sobre o núcleo de preços em junho”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, destacando o fechamento bem forte na curva de juros americana e o recuo do dólar frente ao real – no encerramento do dia, a moeda americana indicava baixa de 0,90%, a R$ 4,8180.

“O indicador de inflação ao consumidor americano animou investidores no início do pregão, mas não o suficiente para reverter expectativas de que o Banco Central do país, o Fed, eleve mais uma vez as taxas de juros em sua reunião no próximo dia 26”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “Nessa linha, dados ainda fortes de atividade econômica e mercado de trabalho, divulgados hoje no Livro Bege – análise sobre o estado da economia nas diferentes regiões do país – reforçam o tom duro recente dos diretores do Fed”, acrescenta.

No front doméstico, ela observa que ações ligadas ao setor de consumo perderam força, hoje, com destaque para as empresas de varejo. Segundo Rachel de Sá, além dos dados de endividamento divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio, o desempenho positivo dos serviços em maio, divulgado hoje de manhã pelo IBGE, acima do consenso para o mês, sugere que os “preços no setor terciário da economia continuam subindo a ritmo substancialmente mais alto do que a meta do Banco Central” para a inflação. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 117666.49 0.0944

Máxima 119156.48 +1.36

Mínima 117557.13 0.00

Volume (R$ Bilhões) 5.54B

Volume (US$ Bilhões) 1.15B

17:34

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 118710 -0.41107

Máxima 120475 +1.07

Mínima 118680 -0.44

JUROS

Depois de passarem boa parte da sessão em baixa, pressionadas pela mudança na trajetória esperada para os juros dos Estados Unidos e pela queda do dólar ante o real, as taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) subiram nos contratos com vencimento mais distante, se ajustando a dados e notícias que sugerem taxas mais altas à frente, mas ficaram praticamente estáveis na ponta mais curta da curva, que cristaliza as expectativas do mercado para o movimento da Selic, a taxa básica de juros, e está menos propensa a quedas.

Segundo Carlos Hotz, planejador financeiro e sócio-fundador da A7 Capital, a movimentação das taxas de juros mais curtas é limitada pela expectativa consolidada de que o Banco Central vai cortar os juros nos próximos meses e derrubar a Selic para perto de 12,00% ao ano até o final de 2023, ante os 13,75% atuais.

“Muita coisa desta expectativa está embutida no preço. Tem pouco prêmio na curva para movimentações”, disse ele, acrescentando que as taxas de contratos de DI com vencimento mais próximo podem se movimentar com maior amplitude caso o mercado passe a ver mais chances de um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic em agosto.

Atualmente, diz ele, a precificação aponta para uma redução menos intensa, de 0,25 ponto porcentual.

A A7 Capital, porém, é uma das instituições financeiras que espera corte de 0,50 ponto porcentual da Selic em agosto, mesmo depois de dados divulgados ontem mostrarem aceleração da inflação no setor de serviços.

“Na nossa visão, a inflação de serviços pode ter um rápido ajuste, não precisa de três, quatro, cinco meses”, disse Hotz. Segundo ele, com os preços de transportes e alimentos se ajustando para baixo e a economia rodando com juros reais de aproximadamente 10%, há espaço para um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic antes mesmo de haver desaceleração na inflação de serviços.

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, cita também as expectativas de inflação mais ancoradas como fator que pode justificar o corte mais intenso da Selic em agosto, atual aposta da casa.

O mercado pode se alinhar com mais convicção a este cenário de redução mais intensa da Selic se o IPCA-15 der mais sinais de desaceleração – em particular do setor de serviços – e se o Federal Reserve, o banco central americano, indicar na próxima reunião de política monetária que vai suspender as altas de juros após o aumento previsto para este mês.

Este cenário ganhou força hoje depois da divulgação de dados mais fracos que o previsto sobre a inflação ao consumidor dos Estados Unidos. Após a publicação dos números, os investidores passaram a ver pouco mais de 20% de chances de uma segunda elevação nos juros americanos no segundo semestre. Antes, esse porcentual estava perto de 40%, segundo dados da ferramenta CME FedWatch.

“A inflação surpreendeu positivamente. Isso fez com que os Treasuries fechassem lá fora, diminuindo a probabilidade de uma alta na reunião subsequente”, disse Costa, da Monte Bravo, acrescentando que isso ajudou a deixar o mercado mais inclinado a ativos de risco, provocando a queda do dólar no exterior.

Esta inclinação maior ao risco chegou a influenciar as taxas de juros no decorrer do pregão, mas perto do encerramento da sessão ficou em segundo plano e deu lugar a um ajuste de posições relacionado a um cenário menos propenso a cortes de juros intensos no Brasil, segundo Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.

“Normalmente, com o yield das Treasuries fechando hoje, era para estar tendo desempenho melhor no mercado de juros futuros, mas aconteceram alguns eventos na semana que limitaram”, afirmou.

Na lista destes eventos, está a queda menos intensa do que a esperada nas expectativas de inflação na edição mais recente da pesquisa Focus, a frustração do mercado com a inflação do setor de serviços em junho e o avanço maior que o esperado da receita real do setor de serviços em maio.

Somando a preocupação demonstrada pelo BC com os preços no setor de serviços, o fato de a curva de juros ter precificado um ciclo de queda “bastante relevante” nas últimas sessões e o leilão de títulos do Tesouro que acontecerá amanhã, houve uma redução no apetite por risco do mercado, diz Goldenstein.

Por volta das 17h20, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2024 subia a 12,85%, de 12,83% no ajuste de ontem, enquanto a taxa para janeiro de 2025 ia para 10,83%, de 10,76%, e a taxa para 2027 avançava a 10,17%, de 10,12%. O contrato para janeiro de 2029 indicava 10,47%, de 10,46% no ajuste anterior. (Gustavo Nicoletta – [email protected])