ATIVOS DOMÉSTICOS DRIBLAM RUÍDOS E TÊM SEMANA DE GANHOS, DE OLHO EM FED E CHINA


Política industrial incentivada pelo BNDES. Pressão para indicar Guido Mantega ao comando da
Vale. E, por fim, divulgação de dados do IPCA-15 uma hora antes do previsto. Estresse não foi o
que faltou nesta semana aos investidores, receosos de que políticas dos primeiros governos
petistas voltassem a aflorar. Mas, mesmo assim, os ativos domésticos conseguiram terminar
com ganho o acumulado dos últimos cinco dias. Primeiro porque o governo tem insistido que o
Tesouro não vai irrigar os cofres do banco de fomento, Mantega teria desistido de cargo na
mineradora e o vazamento do índice inflacionário aparenta ser um apenas um erro
tecnológico. Segundo, e principalmente, porque a cena externa ajudou na tomada de risco.
Dados atestaram que a economia dos Estados Unidos segue crescendo e, agora, sem grande
pressão inflacionária, o que abrirá espaço para a redução em breve dos juros pelo Federal
Reserve. Na China, a fraqueza da atividade deu espaço para novas políticas de estímulo, como
a redução do compulsório, o que ajudou as commodities. Ao fim, o Brasil, emergente mais
líquido, surfou no ambiente mais favorável. O Ibovespa terminou a sessão desta sexta-feira em
alta de 0,62%, aos 128.967,32 pontos, acumulando salto de 1,04% na semana – quase igual ao
do S&P 500 (+1,06%), este perto de máximas históricas. Nos juros, o DI para janeiro de 2025
fechou pela primeira vez neste ano em um dígito (9,96%) e a curva fechou. E o dólar à vista
cedeu 0,24% hoje, aos R$ 4,9110, baixando 0,32% ante a sexta-feira passada.
•BOLSA
•JUROS
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
Com boa contribuição de Vale (ON +1,67%) e Petrobras (ON +2,19%, PN +1,73%), o Ibovespa
acentuou alta à tarde e chegou a retomar a linha dos 129 mil pontos, que não é vista em
fechamento desde o último dia 16. Por volta das 14h, o Ibovespa tocou máxima da sessão,
então aos 129.145,74 pontos, com a notícia de que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega
abriu mão de qualquer cargo na Vale, o que deu impulso às ações da mineradora, até então
com desempenho discreto nesta sexta-feira. Nos últimos dias, a possibilidade de o governo
insistir com Mantega para o conselho de administração ou mesmo tentar alçá-lo à presidência
executiva trouxe volatilidade à ação de maior peso no Ibovespa – ou seja, cerca de 14,1% do
índice.
Ao fim, o índice da B3 mostrava alta mais acomodada, de 0,62%, aos 128.967,32 pontos, e
ganho de 1,04% na semana – o primeiro avanço semanal deste começo de 2024, após perdas
consecutivas nos três intervalos iniciais do ano, que aproximavam o Ibovespa de 5% de queda
no agregado. Com a recuperação parcial nesta quarta semana de janeiro, o Ibovespa limita a
perda do mês a 3,89%. O giro financeiro ficou em R$ 17,9 bilhões nesta sexta-feira, em que o
índice da B3 saiu de abertura aos 128.195,76 e, na mínima, foi aos 127.868,80 pontos. Na
máxima, renovada no fim da tarde, foi um pouco além do ‘efeito Mantega’, aos 129.252,15
pontos (+0,85%).
“A Vale se tornou uma corporation, uma empresa de capital pulverizado e com vários sócios.
Seria muito difícil o governo interferir, e o Mantega não era um nome bem visto pelo mercado.
De qualquer forma, as ações reagiram à tarde, de forma positiva, embora fosse muito difícil
[para o governo] emplacar o Mantega”, diz Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou nesta sexta-feira que elogios feitos a
Guido Mantega tenham relação com eventual indicação para o comando da Vale. Silveira
afirmou que mantém contato com Mantega, e reforçou que tem grande admiração pela
história do ex-ministro. E ressaltou que o governo não tem que indicar nomes e, muito menos,
interferir na governança da empresa, reporta de Brasília a jornalista Marlla Sabino, do
Broadcast.
A declaração foi dada por Silveira em entrevista a jornalistas no início da tarde – nos últimos
dias, circularam relatos na imprensa de que o ministro, a pedido do presidente Lula, teria feito
contatos com acionistas de referência para buscar vaga para Mantega na Vale. Ao falar sobre o
tema, o ministro negou que o presidente tenha tratado de indicação para a mineradora, e
classificou as recentes notícias como injustas. “Foram 48 horas de notícias sérias que
comprometem a empresa, de capital aberto”, acrescentou.
No quadro mais amplo, desde a manhã, o Ibovespa operou em boa parte da sessão em terreno
positivo, reagindo de forma moderada ao principal dado macroeconômico doméstico desta
sexta-feira, o IPCA-15 A leitura da prévia da inflação oficial de janeiro foi favorável, embora com
nuances qualitativas não tão boas, como o avanço do índice de difusão, métrica que monitora
o espalhamento das altas de preços.
“O IPCA-15 – com medição entre 16 de dezembro a 15 de janeiro – teve alta de 0,31%, depois
de ter subido 0,40% em dezembro, mostrando desaceleração. E o número veio bem abaixo do
esperado”, aponta Inácio Alves, analista da Melver, acrescentando que a leitura desta manhã –
divulgada antes da hora marcada pelo IBGE, por falha técnica – deu apoio à queda do dólar
frente ao real e também dos juros futuros, conferindo sustentação ao Ibovespa nesta última
sessão da semana.
“Apesar do número geral mais fraco que o consenso, e trazendo revisão para baixo na projeção
do ano, a leitura qualitativa seguiu ruim. Serviços subjacentes acelerou e foi destaque pela
terceira leitura seguida. Este grupo está mais alto do que em 2023 e próximo a 2021, quando
rodou a 5,5% anualizado”, observa Andréa Angelo, estrategista de inflação na Warren
Investimentos.
Para além da leitura macro do dia, na B3, além do impulso proporcionado por Vale e Petrobras,
as ações de grandes bancos também foram bem na sessão, com destaque para Itaú (PN
+1,48%) e Bradesco (ON +0,36%, PN +1,04%). Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, além de
Petrobras ON (+2,19%), apareceram Usiminas (+5,20%), CSN Mineração (+2,40%) e Suzano
(+2,04%). Na semana, Vale ON subiu 2,06%, mas ainda cede 9,97% em janeiro. Petrobras ON e
PN, por sua vez, avançam na semana (+7,73% e +6,47%, pela ordem) e também no mês
(+7,64% e +7,30%).
Na ponta perdedora na sessão, destaque para Gol (-8,07%), CVC (-4,36%) e Localiza (-3,63%). A
S&P Global Ratings rebaixou hoje a nota global da Gol Linhas Aéreas, de “CCC-” para “D”, após
a empresa protocolar pedido de reestruturação pelo Chapter 11 do Código de Falências dos
Estados Unidos, aceito nesta sexta-feira. O rating em escala nacional também foi cortado, de
“brCCC-” para “D”.
As expectativas do mercado financeiro para as ações no curtíssimo prazo mantiveram-se
equilibradas no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, as
previsões de alta, de queda e de estabilidade para o Ibovespa na próxima semana têm fatia de
33,33%, a exemplo do que já havia sido registrado na pesquisa anterior.
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128967.32 0.62308
Máxima 129252.15 +0.85
Mínima 127868.80 -0.23
Volume (R$ Bilhões) 1.78B
Volume (US$ Bilhões) 3.63B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 129430 0.59066
Máxima 129800 +0.88
Mínima 128375 -0.23
JUROS
Os dados de inflação divulgados hoje conduziram a trajetória dos juros, promovendo queda em
toda a extensão da curva. Com um headline muito abaixo do esperado e leitura ruim dos
preços de abertura, o IPCA-15 de janeiro melhorou apenas marginalmente a percepção sobre o
ritmo da Selic. Lá fora, o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) nos EUA de
dezembro veio em linha com o esperado, mas outros recortes do dado, como a sequência de
desaceleração da inflação nos últimos meses, agradaram, reforçando a ideia de que o Federal
Reserve poderá abrir o ciclo de corte de juros em maio. Apesar da semana turbulenta para o
governo Lula, as taxas devolveram prêmios em relação à sexta-feira passada, graças ao
ambiente internacional favorável.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 voltou a ficar abaixo
de 10%, fechando aos 9,96%, de 10,01% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 encerrou
com taxa de 9,62% (9,67% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 9,83% para
9,79%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 10,23%, de 10,28%.
O IPCA-15 contrariou o consenso de aceleração ante dezembro (0,40%) e arrefeceu para 31%,
ficando não somente abaixo da mediana das estimativas (0,47%), como também do piso de
0,38%. O descasamento entre as estimativas e o indicador efetivo veio de passagens aéreas,
cujos preços desabaram 15,24%, com impacto de 0,16 ponto porcentual no índice.
Para contrabalançar a surpresa positiva, os preços de abertura decepcionaram, com salto de
mais de 10 pontos porcentuais no índice de difusão (55,8% para 67%). Houve também pressão
de serviços subjacentes, que têm atenção especial do Banco Central na política monetária,
acelerando de 0,39% em dezembro para 0,68%, ante mediana de 0,50%, com taxa anualizada
perto de 5%.
“Se alguém tinha esperanças de o Copom acelerar (o ritmo de corte da Selic) para 0,75 ponto
porcentual, me parece muito improvável agora. Selic terminal abaixo de 9% também”, afirma o
economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. Ele diz ainda que mesmo uma
taxa terminal de 9% “começa a perder probabilidade”. O Copom decide na quarta-feira sobre a
Selic, com apostas unânimes de nova redução de 0,5 ponto. No entanto, Borsoi acredita que
haverá reprecificação para baixo nos cenários de inflação de curto prazo.
Para Marianna Costa, economista-chefe do TC, o IPCA-15 não altera as expectativas com
relação à Selic, seja sobre o ritmo de queda de 0,50 ponto, seja sobre a taxa terminal.
Tampouco deve mudar algo no discurso do Banco Central. “O mercado já vinha recuando da
ideia de uma taxa abaixo de 9%, sobretudo pela questão fiscal”, afirma.
Na curva do DI, o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, informou que a precificação
nesta tarde era de taxa terminal de 9,25%, ante a faixa de 9,25% e 9,50% ontem. Para as três
próximas reuniões, a curva segue apontando 0,5 ponto.
Nos Estados Unidos, o índice PCE, medida preferida de inflação do Federal Reserve, de
dezembro veio dentro do esperado, tanto o dado cheio quanto o núcleo, mas o mercado
valorizou a tendência de desaceleração que a inflação vem apresentando nos últimos meses.
Em bases anualizadas, a inflação cheia roda a 2,6% e o núcleo a 2,9%, de 3,2% em novembro.
“A trajetória inflacionária segue benigna com o índice cheio se aproximando da meta do Fed. A
divulgação corrobora a ideia de que a inflação, embora elevada, continua a ceder, criando as
condições para o Fed começar a cortar as taxas de juro ainda este ano”, afirma William Castro
Alves, estrategista-chefe da Avenue.
O mercado de juros encerra a semana acumulando alívio nos prêmios de risco ante a semana
anterior e superando uma sequência de ruídos nos últimos dias, cujo impacto foi neutralizado
pelo otimismo sobre os juros globais e estímulos anunciados pela China. As taxas curtas
recuaram cerca de 15 pontos-base; as intermediárias, em torno de 10 pontos; e as longas,
aproximadamente 5 pontos.
A semana começou com reação negativa ao anúncio do programa Nova Indústria, que do total
de R$ 300 bilhões, terá R$ 250 bilhões do BNDES. A ideia foi sendo mais bem digerida
posteriormente, quando se viu que o banco teria condições de arcar com os custos sem
contratar novos riscos fiscais. Depois, vieram os rumores de que o presidente Lula queria
emplacar a todo custo o ex-ministro Guido Mantega na presidência da Vale, o que foi hoje
negado pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Por fim, a semana termina com o vazamento do IPCA-15 no Sistema IBGE de Recuperação
Automática (Sidra). O dado, previsto para as 9h, já estava disponível no sistema às 8h. O IBGE
citou um problema “técnico computacional de horários” em seus equipamentos. Segundo o
instituto, sua área técnica do responsável está verificando o ocorrido para tomar as “devidas
providências”.
De todo modo, a antecipação involuntária pode ter favorecido participantes do mercado, que
bem antes da abertura teriam tido tempo razoável para deixar posições engatilhadas, ainda
mais vindo tão abaixo do esperado.
A despeito de o IBGE ter informado tratar-se de um “erro técnico”, o economista Bruno
Imaizum, da LCA, disse que, para uma instituição como o IBGE, que é sempre alvo de críticas, é
preciso pensar na credibilidade e na estabilidade, ressaltando a última troca na presidência.
Atualmente, quem está a cargo do posto é Marcio Pochmann, que substituiu Cimar Azevedo.
“Vale ressaltar que a integridade do mercado depende da igualdade de informações entre
todos os participantes, e um erro interno do IBGE como este pode afetar essa premissa”,
avaliou
CÂMBIO
Em um pregão morno, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 26, em baixa de
0,24%, cotado a R$ 4,9110, acompanhando o sinal predominante de baixa da moeda
americana lá fora. Apesar da agenda carregada aqui e no exterior, a taxa de câmbio pouco se
mexeu, com oscilação de menos de dois centavos entre a mínima (R$ 4,9025) e a máxima (R$
4,9205), ambas pela manhã.
Leitura comportada de índice de inflação nos EUA em dezembro manteve inalterada a
expectativa de que o Federal Reserve inicie um ciclo de corte dos juros ainda no primeiro
semestre, com apostas majoritárias voltadas para maio. Por aqui, o avanço de 0,31% do IPCA15 de janeiro – abaixo do piso expectativas de analistas ouvidos por Projeções Broadcast
(0,38%) – reforça a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha o
ritmo de redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião.
Após o avanço de 1,23% na última segunda-feira, 23, diante de temores de que a nova política
indústria do governo Lula agravasse a situação das contas públicas, o dólar recuou nos quatro
pregões seguintes no mercado doméstico de câmbio, para encerrar a semana em leve baixa (-
0,32%). Lá fora, pares do real, como o peso mexicano e o colombiano, amargaram perda
semanal frente ao dólar. Em janeiro, contudo, a moeda ainda acumula valorização de 1,19%
ante o real.
“A nova iniciativa econômica, chamada ‘Nova Indústria Brasil’, pegou muitos no mercado de
surpresa, gerando preocupações entre os investidores de que isso possa prejudicar as contas
fiscais, com significativa desvalorização do real em apenas uma sessão”, afirma especialista em
gestão de risco cambial da Deaglo, Matheus Zani, acrescentando que o real, contudo,
conseguiu recuperar terreno ao longo da semana.
Embora esclarecimentos do vice-presidente Geraldo Alckmin de que não haverá aportes do
Tesouro ao BNDES para sustentar a nova política industrial tenham contribuído para arrefecer
os ânimos, a queda do dólar nos últimos quatro pregões foi atribuída em grande parte ao
quadro externo. Apesar de a primeira leitura do PIB americano no quatro trimestre ter vindo
forte, o processo de desinflação nos EUA segue em curso, diminuindo os temores de que o Fed
possa adiar o ciclo de cortes para o segundo semestre. Houve também anúncio de redução de
depósito compulsório na China e alta das commodities, como minério de ferro e, sobretudo, do
petróleo.
O Departamento do Comércio do EUA informou pela manhã que o índice de preços de gastos
com consumo (PCE na sigla em inglês) – medida de inflação preferida pelo Fed – e seu núcleo
subiram 0,2% em dezembro, em linha com as expectativas. Na comparação anual, o índice
cheio avançou 2,6%, como esperado, ao passo que o núcleo subiu 2,9%, levemente abaixo das
expectativas (3,0%).
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que os índices de inflação, como
o PCE divulgado hoje, têm mostrado convergência da inflação para a meta de 2%, mas chama a
atenção para a resiliência dos preços de serviços. Além disso, os dados de atividade mostram
que a economia americana segue forte, o que deixa o BC americano mais confortável em
postergar um pouco o início da redução de juros. “Se a economia estivesse desacelerando,
talvez o Fed antecipasse o corte para março baseado na inflação. Mas o primeiro corte ainda
deve vir ainda no primeiro semestre, em maio ou junho”, diz Lima.
Para o economista, o real ainda tem espaço para se apreciar, uma vez que segue “bastante
depreciado em ternos reais” e conta com dois pontos favoráveis: termos de troca muito fortes
e diferencial entre juros interno e externo ainda elevado, apesar do ciclo de queda da taxa
Selic. A questão fiscal doméstica, diz Adauto, tem influenciado apenas esporadicamente e de
forma muito pontual a formação da taxa de câmbio, uma vez que os investidores já embutiram
nos preços a perspectiva de que haverá déficit primário neste ano, provavelmente em uma
faixa entre 0,5% e 1% do PIB.
“O fiscal não está fazendo preço no câmbio. Seria um risco se realmente houve a sensação de
que o arcabouço fiscal está sendo desmantelado e que vão abandonar tudo. Mesmo com
déficit neste ano, alguma coisa será preservada”, afirma Lima, acrescentando que o real
poderia se depreciar caso houvesse uma reviravolta na expectativa em torno da política
monetária americana, com o Fed optando por manter os juros inalterados por período mais
prolongado. “Mas o que está se discutindo é o ‘timing’, e não a direção dos juros nos EUA.
Podemos ter um pouco mais de apreciação do real”.
18:28
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.91100 -0.2417 4.92050 4.90250
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4920.000 -0.01016 4924.000 4906.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4926.500 -0.23289 4934.000 4922.500
MERCADOS INTERNACIONAIS
Com o fim de uma semana marcada por leituras de Produto Interno Bruto (PIB) e inflação nos
EUA, os investidores agora se posicionam para outra que contará com decisão de juros do
Federal Reserve (Fed) e anúncio de plano trimestral de emissão de dívidas do Tesouro
americano. Em meio aos ajustes, os mercados internacionais andaram sem direção única nesta
tarde. As bolsas de Nova York fecharam mistas, com o índice S&P 500 encerrando a sequência
de cinco pregões consecutivos de renovação de máximas históricas. O dólar também não
firmou um único sentido ante rivais e, embora os retornos dos Treasuries tenham subido nesta
sessão, o da T-note de 2 anos terminou mais baixo do que na semana passada. Já o petróleo se
valorizou, com perspectiva de aperto no mercado, diante de sinais de força da economia
americana e de tensões contínuas no Oriente Médio.
“O mercado está andando meio de lado, porque existem diversas forças atuando neste
momento”, observou o analista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
“Nada muito agudo, mas diversas forças hoje, depois do impacto do PIB norte-americano, que
foi acompanhado por um resultado inflacionário relativamente benigno.”
O consenso é de que o Fed optará por deixar os juros inalterados na quarta-feira que vem, 31.
A curva de juros dos EUA revela que o cenário de relaxamento só aparecia como o mais
provável, neste fim de tarde, a partir de maio, de acordo com o monitoramento do CME Group.
O mercado de títulos estará de olho na reunião dos dirigentes do Fed, mas a divulgação do
planejamento do Tesouro dos EUA para os leilões dos próximos meses também será um ponto
importante da quarta, como aponta o BMO em relatório. O plano dará novas perspectivas para
a dinâmica de oferta e demanda de Treasuries no curto prazo. “Há boas razões para acreditar
que [a secretária do Tesouro, Janet] Yellen continuará a aumentar a oferta de títulos de longo
prazo no próximo trimestre”, prevê o banco. O BMO espera que os leilões de Treasuries com
maturidade de 10 anos sejam ampliados em US$ 2 bilhões por trimestre, e os de títulos que
vencem em 30 anos, em US$ 1 bilhão. O tamanho dos certames de títulos de 20 anos devem
permanecer inalterados, na projeção do BMO.
Por volta das 18h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,348%, o da T-note de 10
anos avançava a 4,142% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,372%. Os yields de 2 anos
caíram em relação à semana passada, e os de longo prazo subiram. Para a Oxford Economics, o
movimento de hoje sugere que os rendimentos ficarão oscilando perto da estabilidade pelos
próximos dias, até a reunião do Fed.
Também de olho nos desdobramentos de política monetária e nos diferenciais de juros, o dólar
subia a 148,09 ienes, o euro subia a US$ 1,0858 e a libra ficava estável a US$ 1,2704. O índice
DXY fechou em queda de 0,14%, a 103,433 pontos.
Em Wall Street, as bolsas de Nova York terminaram o dia mistas. A temporada de balanço
continua movimentando as ações, hoje sendo responsável pelo tombo da Intel (-11,91%) e pela
alta da Visa (xxxx). O Dow Jones subiu 0,16%, aos 38.109,43 pontos; e o Nasdaq cedeu 0,36%,
aos 15.455,36 pontos. O S&P fechou em baixa de 0,07%, aos 4.890,97 pontos, depois de cinco
dias renovando máximas históricas.
Entre commodities, o petróleo conseguiu se recuperar das perdas da manhã e fechou em alta,
apoiado em riscos geopolíticos. Os houthis hoje atacaram com míssil um navio de guerra
americano que patrulhava o Golfo do Adem, na região do Mar Vermelho.
“Não fique surpreso se durante a próxima crise no Oriente Médio os preços do petróleo bruto
atingirem os US$ 80 dólares por barril”, alertou o CEO da Navellier, Louis Navellier. “Devido ao
caos no Oriente Médio e às perturbações nas rotas marítimas, os embarques e a produção de
petróleo poderão ser interrompidos nos próximos meses. Além disso, ainda existe a ameaça
iminente de que o oleoduto de petróleo bruto da Rússia possa ser bombardeado, o que
também poderá fazer subir os preços do petróleo bruto.”
O WTI para março fechou em alta de 0,84% (US$ 0,65), a US$ 78,01 o barril, na New York
Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para abril avançou 1,21% (US$ 0,99), a US$ 82,95 o
barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, os contratos subiram 6,50%
e 5,59%, respectivamente.