ATIVOS DE RISCO ACUMULAM PERDAS EM MÊS DE REPRECIFICAÇÃO DE PRÓXIMOS PASSOS DO FED

A última sessão de abril foi uma síntese do comportamento dos ativos no mês: alta de
rendimentos dos Treasuries, fuga do risco e pressão no câmbio. O catalisador de hoje foi
o índice de custo de emprego dos Estados Unidos no primeiro trimestre, que veio mais
forte que o previsto e cristalizou a percepção de que atividade e inflação americanas
estão mais resilientes. Ao longo do mês, vale lembrar, o CPI, o PCE e outros dados da
economia real fizeram o mercado recalcular os próximos passos do Federal Reserve,
adiando as apostas de cortes de juros. Há, aliás, agora na curva um montante de 25% das
apostas em manutenção das taxas no ano, algo impensável semanas atrás. Amanhã, o
foco estará nas pistas sobre o futuro da política monetária do Fed, em dia de feriado local
e na Europa. Nesse ambiente, o rendimento da T-note de 2 anos encerrou o mês em
5,030% e o da T-note de 10 anos avançou a 4,680%, alta de cerca de 40 pontos-base no
mês. O índice DXY subiu de 104,547 pontos em março a 106,221 pontos. O Dow Jones
caiu 1,49% na sessão e 5,00% no mês, o S&P 500 perdeu 1,57% e 4,16%,
respectivamente, e o Nasdaq, 2,04% e 4,41%. O ativos locais compartilharam a mesma
tendência, impulsionada domesticamente ainda por dúvidas na trajetória fiscal e
mudanças das metas de 2025 e 2026, que por sua vez levaram a uma mudança de
cenário para a Selic após alterações no discurso do presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto. Se antes uma taxa terminal de um dígito era consenso, agora ela está em
10,55% na precificação da curva a termo, hoje pautada por movimentos de zeragem de
vendidos. O dólar operou todo o mês acima dos R$ 5, encerrando abril em R$ 5,1923
(+1,51% no dia e +3,53% em abril). E o Ibovespa desceu aos 125.924,19 pontos, perda
diária de 1,12% e mensal de 1,70%.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•CÂMBIO
•BOLSA
MERCADOS INTERNACIONAIS
O mercado acionário de Nova York ampliou queda nesta tarde e terminou abril com o
primeiro recuo mensal desde outubro, preparando o terreno para a decisão do Federal
Reserve (Fed) amanhã e também de olho no noticiário corporativo, com balanços de
Amazon e Advanced Micro Devices (AMD) saindo no after hours. O custo de emprego mais
elevado do que a expectativa no primeiro trimestre somou-se ao tom de cautela na
véspera da decisão do Fed e manteve o retorno do título do Tesouro americano de 2 anos
no nível mais elevado desde novembro, além de dar força ao dólar, que avançou forte
contra o iene. Entre commodities, a força do dólar pesou sobre o petróleo, também em
meio às perspectivas de negociações de paz entre Israel e Hamas, apesar das ameaças
israelenses sobre uma incursão terrestre em Rafah.
Enquanto traders esperavam vendas recorde da Amazon, os papéis da companhia
recuaram 3,29%. Pela tarde, a aversão ao risco se intensificou, e Louis Navellier, da
gestora Navellier, escreve que a força atípica do dólar vista recentemente pode prejudicar
o desempenho de multinacionais americanas. O setor de energia liderou a queda entre os
11 índices que compõem o S&P 500, conforme repercutem notícias sobre negociações de
paz entre Israel e Hamas e derrubam os preços do petróleo.
Em meio à temporada de balanços, os papéis da farmacêutica Eli Lilly subiram vigorosos
6,02%, depois de registrar aumento de receita no primeiro trimestre, na esteira da venda
de seus medicamentos para perda de peso. No mês, os índices registraram o primeiro
recuo mensal do ano, com o pior mês do Dow Jones desde setembro de 2022, à medida
que dados inflacionários marcaram a redução das expectativas por cortes precoces pelo
Federal Reserve. No fechamento, o Dow Jones recuou 1,49%, aos 37.815,92 pontos; o
S&P 500 caiu 1,57%, aos 5.035,69 pontos; e o Nasdaq caiu 2,04%, aos 15.657,82 pontos.
No mês, o Dow Jones caiu 5%; o S&P 500 caiu 4,17% e o Nasdaq 4,41%. Todos os índices
tiveram a primeira queda mensal desde outubro de 2023.
Hoje, às vésperas da decisão do Fed, o dado de confiança do consumidor do Conference
Board, nos EUA, recuou pela terceira vez consecutiva – além do esperado – e atingiu o
menor nível desde julho de 2022. Também, o custo de emprego ficou mais alto do que a
expectativa no primeiro trimestre, o que, segundo a HFE, sustenta o discurso restritivo do
Fed de que os juros ficarão elevados por mais tempo.
Com isso, consolidaram-se as apostas por uma única redução de juros em 2024, segundo
acompanhamento do CME Group. Agora, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base
é de 41,4%. A chance de nenhuma redução registrou avanço hoje e aproximou-se da
chance de cortes de 50 pontos-base: são 24,5% para manutenção no ano, contra 25,8%
de probabilidade dos juros terminarem o ano entre 4,75% e 5%.
As expectativas por juros elevados por mais tempo impulsionaram os retornos dos
Treasuries, e o retorno da T-note de 2 anos voltou a renovar máximas desde novembro do
ano passado. Perto do fechamento de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a
5,030%; o da T-note de 10 anos tinha ganhos a 4,680%; e o do T-bond de 30 anos tinha
alta a 4,783%.
O dólar continuou sua trajetória ascendente, apoiado pelo diferencial de juros na zona do
euro, visto que por lá a expectativa é por redução de juros pelo Banco Central Europeu
(BCE) em junho. Hoje, o Produto Interno Bruto (PIB) preliminar da zona do euro cresceu
acima da expectativa. Segundo o Julius Baer, isso não muda a previsão por corte em
junho, mas eleva as expectativas para o crescimento anual no bloco. No fim da tarde em
Nova York, o dólar subia a 157,72 ienes, o euro recuava a US$ 1,0677 e a libra tinha baixa a
US$ 1,2503. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou
alta de 0,61%, a 106,221 pontos, com ganho mensal de 1,60%.
A força do dólar pesou contra o preço do petróleo, que caiu mais de 1% no comparativo
mensal, enquanto as tensões geopolíticas se abrandaram gradativamente. Segundo o
Commerzbank, nesta semana, novas esperanças de um cessar-fogo entre Israel e o
Hamas fizeram com que os preços recuassem. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu disse que não irá parar a guerra antes de alcançar seus objetivos em Rafah,
sinalizando uma possível investida por terra. Porém, também hoje, autoridades egípcias e
israelenses confirmaram que Israel está preparando uma delegação para discutir um
acordo de paz em Gaza. O WTI para junho fechou em baixa de 0,85% (US$ 0,70), a US$
81,93 o barril, na Nymex. O Brent para julho recuou 1,00% (US$ 0,87), a US$ 86,33 o barril,
na ICE.
JUROS
O mercado de juros cumpriu o script previsto para esta véspera de decisão do Federal
Reserve, com taxas em alta refletindo o aumento de posições de hedge, na medida em
que os ativos locais só poderão reagir ao resultado do encontro na quinta-feira, pósferiado no Brasil. Este ajuste foi ainda fomentado pelo avanço dos rendimentos dos
Treasuries e do dólar ante o real, além de dados firmes do mercado de trabalho no Brasil.
Desse modo, a curva termina abril com forte ganho de inclinação, alimentado pelo
crescimento das incertezas sobre o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos e piora de
percepção de risco fiscal.
Às 17h15, as taxas subiam perto de 20 pontos-base em boa parte da estrutura a termo. A
do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,325%, de
10,155% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, saltava de 10,39% para 10,64%.
O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,00% (de 10,76%) e o DI para janeiro de 2029,
taxa de 11,52% (de 11,30%). O spread entre os vencimentos de janeiro de 2029 e janeiro
de 2025, considerado um bom termômetro para a inclinação da curva, estava em 120
pontos-base, após terminar março em 75,3 pontos.
Já se sabia que a sessão seria difícil, em função do fechamento do mercado brasileiro
amanhã, dia de decisão do Fed, mas ainda assim o nível de ajuste promovido na curva
surpreendeu. Somado a isso, o expressivo giro de contratos – só no DI janeiro de 2025 era
de 1,36 milhão – sugere movimentos de stop loss por parte dos vendidos.
A esperada cautela antes do Fed por si só já justificaria uma postura mais defensiva, mas
acabou sendo exacerbada pelo resultado do índice de custo de emprego dos EUA, que
subiu 1,2% no primeiro trimestre, ante previsão de 0,9%. Os rendimentos dos Treasuries
dispararam, com yield da T-Note de 2 anos se firmando acima dos 5% e o da T-Note de 10
anos batendo máximas a 4,69%. Outro vetor negativo para os juros foi o câmbio, com o
dólar escalando novamente para perto dos R$ 5,20.
Esse contexto remete a declarações recentes do presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, admitindo o risco de reduzir a dose de corte da Selic, atualmente de 0,50
ponto porcentual, se o aumento da incerteza global persistir. Por volta das 16h30, em
meio à saída de posições de risco, a precificação da curva apontava Selic de 10,55% no
fim de 2024 e de 11,25 no fim de 2025. Para o Copom de maio, havia -27 pontos e de
junho, -13, segundo cálculos do Banco Bmg.
Na Kínitro Capital, o gestor de portfólio Mauricio Ferraz relata o caráter bastante técnico
da sessão desta sexta-feira, pautado pelos ajustes antes do Fed. “A expectativa é de um
tom bastante duro, com o Fed reforçando a ideia de que não deve começar a reduzir juro
enquanto os dados não confirmarem que a inflação está convergindo para as metas”,
disse. O fato de não haver desta vez a divulgação do gráfico de pontos aumenta a
subjetividade das interpretações da mensagem do Fed, o que também eleva a cautela.
Ferraz destaca que as turbulências externas afetam demais os ativos emergentes,
sobretudo o câmbio, o que somado ao risco fiscal e dados de atividade forte no Brasil,
acabam limitando o espaço de atuação do BC. “A inflação está ok, mas o BC tem adotado
uma postura mais hawkish, indicando que o orçamento de cortes que tinham parece
estar mudando”, disse.
A agenda doméstica foi carregada de dados indicando um mercado de trabalho
fortalecido, o que serve de alerta para a inflação de serviços. A Pnad Contínua mostrou
que a taxa de desemprego foi de 7,9%, abaixo da mediana de 8,1% e perto do piso da
projeções (7,8%), com aumento tanto na renda média quanto da massa salarial. Já o
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou criação de 244.315
carteiras assinadas em março, acima da mediana das estimativas, de 190 mil postos.
CÂMBIO
O dólar à vista subiu com força na sessão desta terça-feira, 30, e voltou a se aproximar do
nível de R$ 5,20. Dados acima do esperado de custo de emprego nos EUA, na véspera da
decisão de política monetária do Federal Reserve, levaram a um fortalecimento global da
moeda americana e à alta firme das taxas dos Treasuries.
O real amargou o terceiro pior desempenho entre as divisas emergentes e de
exportadores de commodities mais relevantes. Operadores afirmam que a busca por
dólares foi turbinada pelo fato de o mercado local estar fechado amanhã, em razão do
feriado do Dia do Trabalho. Eventuais sinais do Fed sobre os rumos dos juros americanos
serão absorvidos pelos ativos domésticos apenas na quinta-feira, 2.
Com máxima a R$ 5,1938 à tarde, em sintonia com o exterior, o dólar à vista encerrou a
sessão em alta de 1,51%, cotado a R$ 5,1923 – nível mais alto de fechamento em dez
dias. A moeda encerra abril com ganhos de 3,53%, maior valorização mensal desde
agosto do ano passado (4,69%). Com isso, a divisa já avança 6,98% no ano.
Pela manhã e no início da tarde, houve também pressão provada por questões técnicas,
com a rolagem de posições no segmento futuro na virada de mês e a disputa pela
formação da última taxa ptax de abril entre comprados (que apostam na alta do dólar) e
vendidos (apostam na queda). O contrato de dólar futuro para junho, o mais líquido a
partir de hoje, apresentou giro forte, acima de US$ 18 bilhões.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes,
em especial o euro e o iene, o índice DXY voltou a supera os 106,000 pontos, com máxima
aos 106,229 pontos. A taxa da T-note de 2 anos, mais ligada às expectativas para o rumo
dos juros neste ano, superou a barreira de 5% e atingiu o maior nível em cinco meses.
Segundo o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o clima de tensão na
véspera da reunião de política monetária do Fed se exacerbou após a divulgação de
dados mostrando aumento de custo de mão de obra nos EUA, o que sugere pressões
inflacionárias à frente. “As taxas dos Treasuries subiram com o mercado precificando
apenas um corte de 25 pontos até dezembro”, afirma Weigt, ressaltando que a moeda
brasileira sofre juntos com seus pares latino-americanos.
O tesoureiro observa que o real vinha até nos últimos dias se valorizando em relação ao
peso mexicano, com a perspectiva de menos cortes da taxa Selic após declarações mais
duras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao longo de abril. “Mas o
comportamento do real volta agora a ficar muito atrelado ao movimento dos Treasuries.
Vamos ver como será o tom do Fed amanhã”, afirma Weigt.
É dado como certo que o Banco Central americano vai anunciar a manutenção da taxa
básica na faixa entre 5,25% e 5,50%. As atenções se voltam ao comunicado da decisão e,
sobretudo, à entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell. Não haverá revisão
das projeções dos dirigentes do BC americano para a taxa de juros. Em março, a maioria
projetava três reduções de 25 pontos-base em 2024.
Monitoramento do CME Group mostrou que as chances de corte de juros em setembro
passaram a ficar abaixo de 50% hoje. O quadro mais provável é de apenas uma redução
de 25 pontos-base neste ano, mas a possibilidade de manutenção da taxa básica em
2024 subiu para 25%.
Pela manhã, o Departamento de Trabalho americano informou que o índice de custo de
emprego dos EUA subiu 1,2% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de
2023, acima das previsões (0,9%). O temor de aumento das pressões inflacionárias fez
investidores deixarem em segundo plano a queda da confiança do consumidor americano
em abril e dados abaixo do esperado do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em
inglês) dos Estados Unidos medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em
inglês) de Chicago.
“Esse dado do custo de emprego é um banho de água fria na expectativa de
desaceleração da inflação neste ano e fez o dólar ganhar força no mundo todo”, afirma o
chefe de renda variável da Criteria, Thiago Pedroso, ressaltando que os indicadores
sugerindo perda de força da atividade nos EUA acabaram não tendo peso na formação
dos preços. “Outro ponto que aumentou o estresse aqui foi o fato de o mercado está
fechado aqui amanhã, com muita gente antecipando ajuste de posições hoje
17:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.19330 1.5248 5.19380 5.11590
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5172.000 1.0058 5175.500 5116.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5209.000 1.4411 5211.000 5129.000
Volta
BOLSA
A expectativa para a reunião de política monetária do Federal Reserve em dia de feriado
no Brasil, amanhã, resultou em cautela para os negócios com ativos domésticos nesta
última sessão de abril, com câmbio e juros futuros em alta, e Bolsa em baixa. Enquanto o
dólar à vista subiu 1,51%, a R$ 5,1923 no fechamento, o Ibovespa caiu 1,12%, a
125.924,19 pontos, entre mínima de 125.855,79 e máxima de 127.351,62 nesta terça, em
que saiu de abertura a 127.351,57, quase idêntica ao ponto mais alto do dia. Na semana,
o índice recua agora 0,48% e, no ano, cede 6,16%. O giro financeiro subiu um pouco na
sessão, para R$ 23,7 bilhões.
Em abril, o Ibovespa acumulou perda de 1,70%, após recuo de 0,71% em março. Desde
fevereiro e março de 2023, o índice não emendava duas perdas mensais. Nos quatro
primeiros meses de 2024, conseguiu acumular ganho apenas em fevereiro, de 0,99%,
vindo de mergulho de 4,79% em janeiro. Em dólar, o Ibovespa chega ao fim de abril a
24.252,10 pontos, com o dólar à vista em forte avanço no mês, de 3,53%. No fim de
março, na moeda americana, o Ibovespa estava em 25.542,54 pontos, vindo de 25.946,71
pontos e de 25.874,40 pontos, respectivamente, em fevereiro e janeiro.
Dentre as ações de maior peso no índice, Vale e Petrobras conseguiram acumular ganhos
em abril: no intervalo, Vale ON avançou 4,04%, enquanto Petrobras ON e PN subiram,
respectivamente, 18,66% e 15,60%. Hoje, a ação da mineradora fechou em baixa de
0,95% e as da petroleira – no dia seguinte ao relatório de produção -, com perda de 0,63%
e 0,31%, pela ordem. Entre os grandes bancos, apenas Santander, que trouxe resultados
trimestrais hoje, conseguiu fechar abril no positivo, com avanço de 2,63% no mês e de
2,74% na sessão. No setor, destaque para a queda de 9,42% acumulada em abril por Itaú
PN, uma das ações de maior peso no Ibovespa – e que hoje fechou em baixa de 1,88%, na
mínima do dia, assim como BB (ON -0,47%).
Na ponta da carteira teórica nesta última sessão do mês, além de Santander, destaque
para Cemig (+2,03%) e Eletrobras (PNB +0,82%, ON +0,61%), com os investidores
optando por migrar recursos para alguns papéis mais “táticos” e “defensivos”, como os de
empresas do setor de utilities, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos,
destacando a cautela em véspera de deliberação e de novos sinais do Fed,
eventualmente mais “duros”. No lado oposto do Ibovespa, nomes associados ao ciclo
doméstico ou sensíveis a juros, como Magazine Luiza (-6,21%), Casas Bahia (-6,16%) e
Yduqs (-4,95%).
Na agenda interna nesta véspera de feriado do Dia do Trabalho, dados referentes à
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, mostraram taxa de
desemprego a 7,9% no primeiro trimestre de 2024, resultado abaixo da mediana das
expectativas do mercado, observa Inácio Alves, analista da Melver.
A leitura da Pnad Contínua, segundo ele, indica um aquecimento da economia, com
possível impacto para a expectativa de inflação. O efeito imediato se refletiu hoje nas
taxas de juros, acrescenta o analista, destacando a alta em todos os vértices da curva, o
que contribuiu para a pressão sobre o Ibovespa na sessão.
A curva de juros nos Estados Unidos também avançou nesta véspera de deliberação e de
comunicação do Fed sobre a taxa de referência americana. Os rendimentos dos
Treasuries ganharam novo fôlego após a divulgação de aumento do custo do emprego no
relatório ADP, o que contribuiu para reforçar a cautela do mercado global, pré-Fed, aponta
Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.
“O catalisador foi o índice de custos do emprego nos Estados Unidos, que aumentou 1,2%
no primeiro trimestre e 4,2% na base anual, superando estimativas. Adicionou cautela e
contribuiu para reavaliação das chances de flexibilização monetária” na maior economia
do mundo, acrescenta Jung, destacando que o relatório da ADP – tido como uma ‘proxy’,
ainda que frouxamente correlacionada aos dados oficiais, do payroll – surge na semana
seguinte a dados que mostraram “aquecimento das pressões sobre os preços no primeiro
trimestre”.
17:31
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 125924.19 -1.1210
Máxima 127351.62 -0.00
Mínima 125855.79 -1.17
Volume (R$ Bilhões) 2.36B
Volume (US$ Bilhões) 4.58B
17:32
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127320 -1.0723
Máxima 128610 -0.07
Mínima 127115 -1.23