ALÍVIO GLOBAL PÕE BOLSA NO AZUL EM OUTUBRO, LEVA DÓLAR A R$ 5,05 E TIRA PRESSÃO DO DI

CENÁRIO-2: ALÍVIO GLOBAL PÕE BOLSA NO AZUL EM OUTUBRO, LEVA DÓLAR A R$ 5,05 E TIRA PRESSÃO DO DI

A forte queda dos juros dos Treasuries seguiu fornecendo subsídio para uma corrida para o risco nesta terça-feira. Mesmo com a fala do presidente da distrital de Minneapolis do Federal Reserve, Neel Kashkari, favorável à retomada do aumento de juros nos Estados Unidos, a renda fixa americana permaneceu queimando forte os prêmios acumulados nas últimas semanas. Há, contudo, a percepção de que o colegiado do Fed pode manter as taxas nos já altos níveis atuais. Isso fez com que o rendimento da T-note de 2 anos perdesse o nível de 5%, chegando ao fim da tarde em queda aos 4,965%. Já o yield da T-note de 10 anos baixou a 4,654%. As bolsas de Nova York subiram e o dólar caiu ante os pares fortes. Aqui no Brasil, com a agenda interna fraca, os ativos emularam o comportamento externo. Com ganho bem distribuído na carteira (somente 7 ações do índice caíram), o Ibovespa subiu aos 116.736,95, ganho de 1,37%, maior porcentual desde 1º de setembro. O dólar à vista teve forte descompressão, caindo aos R$ 5,0562 (-1,44%). Os juros futuros tiveram o mesmo caminho de devolução de prêmios, nesta véspera de IPCA de setembro. A guerra entre Israel e o Hamas ficou em segundo plano para as cotações mundo afora, sob a visão de que o conflito terá escala regional diante da ausência de evidências de participação do Irã nos atentados do fim de semana. Assim, o petróleo teve leve queda.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, comentou hoje à tarde que a instituição possivelmente terá que subir mais os juros à frente. Ainda assim, o mercado manteve a expectativa pelo fim do ciclo de aperto monetário, em repercussão a comentários de outros dirigentes do BC americano. O resultado foi um alívio firme nos rendimentos dos Treasuries, que consolidou o tom negativo do dólar no exterior e permitiu um pregão de ganhos às bolsas de Nova York. A moeda americana, no entanto, disparou ante dólar blue disparava ante o peso argentino, avançando a 1.050 pesos argentinos na alta intraday. Também em correção, o petróleo devolveu parte do salto de 4% da véspera, à medida que investidores apostam que o conflito entre o Hamas e Israel deve ter impacto mais regional do que a nível global.

Mesmo com um direcionamento mais rígido sobre a trajetória das taxas de juros por parte de Kashkari, o mercado pareceu se apoiar no discurso de mais cedo do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, de que os juros já estão suficientemente restritivos para que os Estados Unidos atinjam a meta de 2% a médio prazo da inflação.

Kashkari, porém, alertou que a força dos rendimentos dos títulos do Tesouro poderá deixar menos trabalho para a autoridade monetária americano em relação ao ciclo de aperto, apesar da desaceleração vista hoje nos yields dos Treasuries, em consonância com a fraqueza vista ontem à noite, no retorno do feriado do Dia de Colombo dos Estados Unidos. De acordo com a Capital Economics, a fraqueza dos juros deverá continuar, com pressão pela redução contínua das expectativas da taxa dos Fed Funds. A consultoria britânica, entretanto, alerta que os prêmios de prazos mais elevados devem, entretanto, limitar essas quedas nos yields. Por volta das 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,965%, depois de ter batido 4,927% na mínima do dia – o patamar mais baixo em um mês. O da T-note de 10 anos recuava a 4,654%. O do T-bond de 30 anos tinha baixa a 4,833%.

Da mesma forma, o dólar desacelerou ante divisas fortes. Entretanto, o Brown Brothers Harriman (BBH) dúvida que a trajetória descendente da moeda americana continue, visto que os dados do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos confirmam que a economia americana necessita de mais aperto. Apesar da fraqueza da moeda americana, o dólar blue renovou recorde de alta e chegou a operar a 1050 pesos argentinos

 No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 148,68 ienes, o euro subia a US$ 1,0608 e a libra tinha alta a US$ 1,2287. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,24%, a 105,825 pontos.

Assim, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,40%, o S&P 500 subiu 0,52% – e todos seus 11 subíndices encerraram em alta – e o Nasdaq ganhou 0,58%, com destaque para as ações da PepsiCo (1,88%), após balanço apontar que a empresa superou expectativas de lucro e receita. Segundo avalia a Oanda, a “dose constante de discursos dovish” convenceu os investidores que o ciclo de aperto do BC americano terminou. Ainda, investidores prestaram atenção na possibilidade de mais estímulos econômicos por parte da China, que também contribuiu para a alta das bolsas.

Apesar do apetite de risco nos mercados acionários, o petróleo fechou em leve queda hoje, com investidores menos preocupados com a expansão do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas pelo Oriente Médio, em movimento de correção após forte alta ontem. O barril do petróleo WTI para novembro fechou com baixa de 0,47% (US$ 0,41), a US$ 85,97, enquanto o do Brent para dezembro caiu 0,56% (US$ 0,50), a US$ 87,65, na Intercontinental Commodity Exchange (ICE).

Entretanto, investidores seguiam acompanhando novidades sobre a crise entre Israel e o grupo extremista Hamas. Hoje, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que seguirá garantindo ajuda a Israel, apesar de negar que esteja considerando mandar tropas ao país no momento. A Casa Branca disse que o Irã é “cúmplice” do Hamas, mas que não tem evidências de um envolvimento direto nos ataques recentes. Na visão do Wells Fargo, o conflito tem potencial para afetar os mercados.

Também hoje, o grupo de países emergentes G24 apelou por uma série de medidas para aumentar o financiamento para nações em desenvolvimento, durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que contou com a participação de diversas autoridades mundiais.

BOLSA

Em alta pelo terceiro dia, o Ibovespa conseguiu mudar de sinal no mês, passando a acumular leve ganho de 0,15% em outubro. Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima de 115.157,90 e máxima de 116.899,51 pontos, para fechar em alta de 1,37%, aos 116.736,95 pontos, no maior nível de encerramento desde 20 de setembro, então perto dos 118,7 mil pontos, e com o maior ganho, em porcentual, desde 1º daquele mesmo mês, há 40 dias, quando havia avançado 1,86%.

Na semana, o Ibovespa avança 2,25% e, no ano, ganha 6,38%. O giro financeiro desta terça-feira ficou em R$ 20,1 bilhões. Na B3, o dia foi de avanço bem distribuído pelas ações de maior peso e liquidez, de Vale (ON +0,60%) e Petrobras (ON +1,03%, máxima do dia no fechamento; PN +0,74%) às de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN -0,11%) e de BB (ON -0,16%), com destaque para Bradesco (ON +0,79%, PN +1,12%) e Santander (Unit +1,20%) no encerramento da sessão.

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, CVC (+16,48%) – que chegou a superar oscilação máxima permitida e foi à leilão durante o pregão -, à frente de Pão de Açúcar (+9,33%), Azul (+7,41%), Gol (+7,26%) e Magazine Luiza (+6,99%). No lado oposto, apenas sete dos 86 papéis da carteira Ibovespa, com Alpargatas (-4,34%) bem à frente de Klabin (-0,81%), BB Seguridade (-0,78%), Suzano (-0,44%) e Prio (-0,41%), além de Banco do Brasil e Itaú.

A acomodação dos rendimentos dos Treasuries, com o de 10 anos hoje a 4,65% – bem mais perto da mínima (4,61%) do que da máxima (4,80%) do dia – contribuiu para que os principais índices de ações em Nova York mostrassem alta entre 0,40% (Dow Jones) e 0,58% (Nasdaq) no fechamento da sessão desta terça-feira.

“Bolsa subiu hoje mais de 1%, em bela recuperação, muito atrelada à retomada nos Estados Unidos, com a reabertura do mercado de Treasuries que esteve fechado ontem em razão de feriado”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, em meio a falas de autoridades do Federal Reserve, entre ontem e hoje, consideradas de forma favorável pelo mercado, em tom interpretado como suave, ‘dovish’.

“O mercado começa a entender, por essas falas de ‘Fed boys’, que poderá não haver mais aumento de juros por lá este ano, embora alguns deles [dirigentes do BC americano] tenham reiterado que continuam de olho na inflação”, acrescenta Moliterno. “O ânimo mais positivo lá fora se refletiu aqui em fechamento da curva de juros, impulsionando também a Bolsa, com os setores de consumo e varejo ‘performando’ bem”, acrescenta. Ele chama atenção também para o efeito de novas medidas anunciadas na China – um pacote bilionário para o setor de infraestrutura -, o que contribuiu para o avanço de Vale e do setor metálico na sessão.

“O mercado foi bem hoje, dando sequência à recuperação desde a última sexta-feira, depois de um período bem negativo, que vinha refletindo preocupações externas, especialmente na curva de juros americana. Afora isso, era difícil justificar uma performance tão negativa da Bolsa considerando a melhora que se teve, com o arcabouço fiscal e a redução da Selic, entre outros fatores, no plano doméstico”, diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

“Estávamos muito à mercê desta abertura na curva de juros nos Estados Unidos e ao que parece, passado o pior momento, as bolsas também se recuperam por lá”, acrescenta o analista. Ele avalia que, após os primeiros efeitos do conflito no Oriente Médio, os preços dos ativos rapidamente convergiram a padrão mais próximo à normalidade, com a “acalmada” observada também na curva de juros americana.

“No petróleo, ainda é muito cedo para saber os efeitos que o conflito produzirá na oferta e demanda”, diz Moura, de maneira que, nesta terça-feira, os preços da commodity devolveram parte, ainda que pequena, do forte avanço observado no dia anterior, quando se teve a reação inicial do mercado aos ataques do Hamas.

Hoje, o barril da referência americana, o WTI, fechou em queda de 0,47%, um pouco abaixo de US$ 86 nos contratos para novembro. A referência global, o Brent, caiu 0,56% nesta terça-feira, a US$ 87,65 por barril, nos contratos para dezembro.

“Uma notícia positiva, que contribuiu para essa retirada de pressão sobre os preços do petróleo, foi o sinal de que o Irã [considerado o principal aliado estatal do Hamas, e grande produtor da commodity] não pretende se envolver no conflito. Portanto, não há uma pressão iminente sobre o fornecimento global de petróleo”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Além dos juros futuros americanos, o câmbio tem sido outro canal de transmissão da maior aversão a risco no exterior, que precedia o recente conflito no Oriente Médio, com as atenções ainda concentradas na extensão do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e os efeitos decorrentes para a precificação de ativos, especialmente nos emergentes, e para a atividade econômica global como um todo.

Neste contexto, a depreciação do real em relação ao dólar, em função da menor diferença entre os juros brasileiros e americanos, impõe o risco de que o Banco Central tenha menos espaço para reduzir a taxa Selic, afirma o Bradesco, em relatório. O banco reiterou a expectativa de redução da taxa básica doméstica a 11,75% no fim de 2023 e a 9,25% ao término do ciclo de cortes, mas reconhece riscos na projeção, para cima, reporta o jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast.

“O menor diferencial de juros pode desafiar nossa projeção para a taxa de câmbio e obrigar o Banco Central a praticar uma Selic terminal superior àquela que antevemos”, diz o relatório do Bradesco assinado pelo economista-chefe, Fernando Honorato Barbosa. “Por ora, preferimos manter essa possibilidade nos cenários de riscos, sem alterar o cenário-base”, acrescenta.

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 116736.95 1.37282

Máxima 116899.51 +1.51

Mínima 115157.90 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.00B

Volume (US$ Bilhões) 3.95B

17:34

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 116880 1.03734

Máxima 117175 +1.29

Mínima 115730 +0.04

CÂMBIO

O dólar à vista fechou em queda firme nesta terça-feira, 10, abaixo da linha de R$ 5,10, acompanhando o enfraquecimento da moeda americana no exterior e a queda das taxas dos Treasuries. Novos sinais de dirigentes do Federal Reserve de que pode não haver alta adicional dos juros neste ano abriram espaço para valorização dos ativos de risco, favorecidos também pela possibilidade de estímulos econômicos na China. Após subir mais de 4% ontem, as cotações internacionais do petróleo apresentaram recuo moderado hoje, em meio a apostas de que a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas não vai ter impactos severos na oferta da commodity.

Afora um alta pontual e restrita na abertura, a divisa operou em baixa ao longo do dia. Com mínima a R$ 5,0552 na última hora de negócios, em meio a máximas do Ibovespa, o dólar à vista fechou em baixa de 1,44%, cotado a R$ 5,0562, voltando a níveis vistos no fim de setembro. Depois de subir 2,69% na semana passada, que abrangeu os cinco primeiros pregões de outubro, a moeda já acumula desvalorização de 2,05% nas duas última sessões. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para novembro teve bom giro, acima de US$ 14 bilhões.

No exterior, o índice DXY – referência do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes – recuou e voltou a ser negociado abaixo da linha dos 106,000 pontos. A moeda americana caiu em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o peso colombiano e o real. A taxa da T-note de 10 anos desceu do nível de 4,80% para operar ao redor de 4,65%.

“As moedas emergentes se valorizam hoje com a queda dos juros dos Treasuries, depois de dirigente do Fed dizer que não vê necessidade de subir mais os juros. O real, por ser mais líquido, foi uma das divisas emergentes que mais se destacou, assim como havia sido uma das que mais sofreu na semana passada, com a pressão dos Treasuries”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Após o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, dizer ontem que o núcleo de inflação pode desacelerar mais e que estará atento ao aperto financeiro promovido pela escalada dos yields dos Treasuries em suas próximas decisões, outro dirigente do BC americano acenou com a possibilidade de manutenção da taxa básica em novembro. Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic disse que os juros já estão em níveis “suficientemente restritivos” para garantir o retorno da inflação à meta de 2% nos EUA.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ao dizer que os yields ainda elevados dos Treasuries podem “fazer o trabalho sujo do aperto monetário”, o Fed sinalizou que os juros não precisam ser elevados em novembro. “Isso foi ótimo para a bolsa e o dólar, revertendo o impacto negativo do conflito no Oriente Médio”, diz Velho, para quem ainda resta saber se a “questão Irã” ainda entrará nos preços do mercado, em referência à possibilidade de novas sanções econômicas e bloqueio das exportações de petróleo do Irã, tido como financiador do Hamas.

À tarde, o porta-voz do Departamento dos Estados Unidos, Matthew Miller afirmou que o Irã provavelmente estava ciente da intenção do grupo palestino Hamas de atacar alvos em Israel, mas não sabia o cronograma nem os detalhes da ofensiva iniciada no sábado.

O Bradesco aumentou a projeção para o dólar no fim de 2023, de R$ 4,80 para R$ 5,0, mas reiterou a expectativa de fortalecimento do real ao longo do ano que vem, a R$ 4,80 no fim de 2024. A estimativa já incorpora uma elevação nas estimativas para a taxa básica de juros americanas no ano que vem, da faixa de 3,25% a 3,5% para a de 4,25% a 4,5%.

“Ainda que sujeito a um menor diferencial de juros em nossas novas projeções, a queda prevista para a Selic ainda mantém uma distância para os juros dos EUA compatível com alguma apreciação do real, especialmente quando o movimento de corte de juros pelo Fed ficar mais claro”, afirmou o economista-chefe do banco, Fernando Honorato

17:34

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05620 -1.4386 5.14180 5.05520

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5065.500 -1.65033 5157.500 5065.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5104.500 -1.3051 5104.500 5103.000

JUROS

Os juros futuros acompanharam de perto a dinâmica do mercado de Treasuries, que operou com yields em baixa firme nesta volta do feriado do Dia de Colombo nos EUA. Com o recuo também do dólar e dos preços do petróleo, a curva local pode aparar excessos de prêmios embutidos na semana passada, especialmente na ponta longa, trecho que mais responde ao ambiente internacional.

Como ontem, a busca por risco foi hoje avalizada por novas indicações do Federal Reserve de que o aperto monetário nos EUA feito até agora pode ser suficiente para desinflacionar a economia. Além disso, houve uma melhora na percepção sobre os conflitos em Gaza, sem sinais concretos de envolvimento do Irã. No Brasil, o dia foi novamente de agenda e noticiário esvaziados nesta véspera da divulgação do IPCA de setembro.

Às 17h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,745%, de 10,833% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 recuava de 10,66% para 10,54%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,76% (10,89% ontem) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,25%, de 11,38%. O spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 estava em 50 pontos-base, menor desde o último dia 2 (49,7 pontos).

A trajetória baixista foi proporcionada pelo alívio na curva dos Treasuries, segmento que havia provocado o “sell off” nos bônus globais na semana passada. Logo cedo, os yields se ajustavam às declarações de ontem do vice-presidente do Federal Reserve, Philip Jefferson, ressaltando o impacto do aumento das taxas longas sobre as condições financeiras e admitindo que isso será levado em conta em suas próximas decisões.

Mais tarde, na mesma linha de Jefferson, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, sem direito a votar nas reuniões deste ano, afirmou que os juros estão em níveis “suficientemente restritivos” para garantir o retorno da inflação à meta de 2% nos EUA, mas que ainda há um caminho até lá. Ainda, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, que vota este ano, admitiu que a alta nos juros dos Treasuries pode deixar “menos trabalho para o Fed”.

“É justamente pelos exageros da semana passada que os diretores do Fed agora estão com discurso mais dovish, deixando os mercados mais tranquilos. E hoje ainda teve China”, afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, referindo-se às informações de que o país asiático está considerando elevar seu déficit orçamentário para 2023 para lançar uma nova rodada de medidas de estímulo para ajudar a economia.

No fim da tarde, o rendimento da T-Note de 2 anos se matinha abaixo dos 5% e o do papel de 10 anos, abaixo de 4,65%, depois de ter rompido 4,80% na semana passada. O desempenho dos Treasuries e a perspectiva sobre a China favoreceram moedas de economias emergentes e o câmbio no Brasil fechou em baixa de mais de 1%, aos R$ 5,0562.

Nas commodities, o petróleo teve baixa moderada, longe de devolver a escalada de 4% ontem. De todo modo, houve melhora no sentimento com relação ao conflito Israel-Hamas, dada a falta de sinais de apoio de outros países do mundo islâmico ao grupo extremista. Em especial, a ausência de evidências de envolvimento do Irã, grande produtor de petróleo, sugere que o confronto não deve se espalhar pelo Oriente Médio.

“Não vimos evidência de que o Irã tenha apoiado ou esteja por trás deste ataque”, afirmou, em coletiva de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller. Foi bem recebido também o reforço da Arábia Saudita ao compromisso em tentar evitar uma escalada da guerra em Israel, para além da Faixa de Gaza.

O alívio nos prêmios de risco nos DIs ontem e hoje estancou o avanço da precificação de apostas mais conservadoras para o ciclo da Selic visto na semana passada. De acordo com o banco Bmg, as taxas voltaram a projetar Selic em 11,75% no fim deste ano e para o fim de 2024 já indicam juro básico perto de 10,00%. Para o Copom de dezembro, as chances de desaceleração do ritmo de corte de 0,5 ponto porcentual para 0,25 ponto, que chegaram na semana passada a avançar a 30%, hoje, no meio da tarde, estavam em 15%.

O quadro das expectativas pode mudar a depender de como vier amanhã o IPCA de setembro. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,32%, acima da variação de 0,23% em agosto. Para os preços de abertura, a avaliação é de arrefecimento para núcleos, bens industriais e administrados.