ALERTA DE CAMPOS NETO AFETA DI, PETROBRAS PESA NA BOLSA E DÓLAR CAI COM EXTERIOR

Se mais cedo a tendência dos mercados domésticos caminhava em uma direção mais única a partir de um arrefecimento dos juros dos Treasuries, na etapa da tarde os ativos brasileiros passaram a operar cada um com uma força distinta. Nos juros futuros, por exemplo, a tendência inverteu e se tornou de alta à medida que movimentos técnicos se somaram a declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento do Estadão e da B3. O banqueiro central mais uma vez destacou o movimento de subida dos Treasuries nas últimas semanas e chamou a atenção para os efeitos disso na diminuição da liquidez global. Salientou ainda que, dado o cenário, a lição de casa para países emergentes fica mais difícil. “A barra ficou mais alta, agora tem que fazer melhor”, disse. Na Bolsa, além de uma perda de ímpeto dos índices americanos, a pressão da baixa de mais de 6% da Petrobras se impôs. E a prova disso é que mesmo com 67 ações em alta na sessão, o índice terminou em queda, aos 112.784,52 pontos (-0,33%). O papel da companhia é penalizado pela proposta de mudança de estatuto, vista como um afrouxamento das regras atuais pelos agentes de mercado. Por fim, no mercado de câmbio, o dólar à vista cedeu aos R$ 5,0169 (-0,29%), menor nível desde 26 de setembro, acompanhando o exterior, onde a moeda andou junto com a desaceleração dos rendimentos dos Treasuries. Depois da máxima superior a 5% do yield da T-note de 10 anos pela manhã, a taxa chegou ao fim do dia aos 4,842% com o mercado recalibrando a rota.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O fôlego de baixa dos juros futuros se esvaiu a partir do meio da tarde, com as taxas zerando a queda e passando a exibir viés de alta. O movimento começou com ajustes técnicos e ganhou força com declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a área fiscal e condições de liquidez no exterior, que tornam mais difícil a “lição de casa” de países emergentes. Com isso, as taxas se desviaram do comportamento dos Treasuries, até então a principal referência para a curva local, cujos rendimentos seguiram em baixa, e do recuo dos preços do petróleo.

Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 11,045%, de 11,034% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,97%, de 10,96%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,15% (11,14% no ajuste) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,56%, de 11,58%.

As taxas estiveram em alta firme pela manhã, acompanhando o avanço dos retornos dos Treasuries de longo prazo, com o da T-Note de 10 anos tendo furado brevemente a barreira dos 5%. Ainda na primeira etapa, porém, os yields passaram a cair, em movimento atribuído à atuação de Bill Ackman, gestor dos fundos da Pershing Square, na ponta compradora. De acordo com ele, os investidores tendem a elevar sua posição nos Treasuries longos em função do aumento dos riscos geopolíticos pela guerra Israel-Hamas. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,84%.

O petróleo em baixa também ajudava a descomprimir a curva local. A commodity fechou em queda de mais de 2%, dada a percepção de que o conflito do Oriente Médio não deve escalar. O mercado considera bom sinal o fato de Israel estar adiando uma incursão por terra em Gaza e vê como positivos os relatos de que o Hamas deve liberar pelo menos 50 reféns com dupla cidadania ainda nesta segunda-feira, em troca de combustível.

Após aproveitar a melhora externa para buscar parte dos prêmios embutidos na curva, o investidor, em meados da tarde, recolheu suas fichas, o que reduziu o fôlego dos DIs. “Os players de juros estão bem ‘machucados’ e sem grande espaço de risco para fazer alocações adicionais”, explicou o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein.

Num segundo momento, as taxas efetivamente zeraram a queda e passaram a mostrar discreta alta, repercutindo o discurso de Campos Neto. Em evento organizado pelo Estadão, com apoio do Broadcast, em parceria com o B3 Bora Investir, ele alertou que o aperto da liquidez global, em meio aos juros mais altos pagos nos Estados Unidos, pode afetar economias emergentes de “forma mais severa”. “A barra ficou mais alta, agora tem que fazer melhor”, comentou o presidente do BC, que pediu a aprovação no Congresso do pacote enviado pelo governo para elevar receitas, em busca da reversão do déficit das contas primárias.

Na leitura do economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, Campos Neto pareceu estar com dúvida sobre fatores que podem fazer a inflação cair e, consequentemente, parece um cenário difícil o da convergência da inflação para a meta. “Ele tem falado bastante sobre a influência do ‘higher for longer’ para o ambiente de países emergentes e dado bastante atenção a esse ponto e, dado o caráter não-transitório, parece que vai ser um limitador para o ciclo de cortes do BC”, afirmou.

A fala do presidente do BC acabou se sobrepondo não somente à influência positiva vinda do exterior como também relegou a segundo plano a melhora da percepção sobre a aprovação das pautas econômicas no Congresso. Há expectativa de que seja votado na Câmara nesta semana o projeto que tributa fundos offshore e exclusivos. No Senado, a pauta é a das apostas eletrônicas, além da apresentação do relatório da reforma tributária.

Na agenda do dia, a pesquisa Focus confirmou a nova queda na mediana das estimativas de IPCA para 2023 após a redução nos preços da gasolina anunciados pela Petrobras na semana passada. A projeção recuou para 4,65%, já abaixo do teto da meta de 4,75%.

“Para o próximo ano, no entanto, permanecem incertezas quanto aos efeitos dos impulsos à demanda em um contexto de menor ociosidade e a dinâmica dos preços dos combustíveis. Nesse sentido, a expectativa de mercado para 2024 foi marginalmente reduzida para 3,87% (de 3,88%)”, observam os economistas Silvio Campos Neto e João Leme, da Tendências.

BOLSA

Com a Petrobras em acentuação de perdas bem acima da correção da commodity na sessão, o Ibovespa resistiu em parte do dia, não o suficiente para mostrar sinal positivo no fechamento desta segunda-feira, apesar do suporte proporcionado pela maioria das ações de primeira linha. Além do mergulho da Petrobras (ON -6,03%, PN -6,61%), Vale também fechou abaixo da superfície, embora discretamente (ON -0,19%). Assim, sem o apoio das duas gigantes das commodities, o Ibovespa oscilou entre 112.164,36 e 113.679,63, encerrando o dia aos 112.784,52 pontos, em baixa de 0,33% nesta abertura de semana, com giro a R$ 21,2 bilhões na sessão. No mês, o índice da B3 cai 3,24%, limitando ganho a 2,78% no ano.

Nas últimas cinco sessões, o Ibovespa mantém fechamento negativo, permanecendo hoje no menor nível de encerramento desde 5 de junho, então aos 112.696,32 pontos.

“O Ibovespa oscilou em torno dos 113 mil pontos na maior parte do dia, com Petrobras inclinando o índice para baixo em diversos momentos da sessão. Foi um movimento importante que se viu nas ações da empresa, e o que pesou foi a proposta do Conselho, de mudança na política de indicação para a área de governança. Foi o que mais fez preço hoje, com a percepção de que há ameaça aos dividendos e à própria governança da companhia”, diz Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, referindo-se à notícia de que o Conselho aprovou proposta para revisão da política de indicação de membros da alta administração e do conselho fiscal.

“O temor é o de que se possa ver novamente o que aconteceu em governos passados: uma gestão muito mais alinhada aos interesses do governo do que a uma condução técnica, fundamental às decisões da estatal. E o mercado precificou isso, em grau muito negativo hoje, o que pautou a Bolsa como um todo em grande parte do dia”, acrescenta a analista da Blue3.

A Petrobras anunciou que o Conselho aprovou a apresentação da proposta de revisão do Estatuto Social. “A proposta de retirar as proibições previstas na Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais) pode ser vista como um retrocesso na governança corporativa. Além disso, o texto fala sobre a criação de uma reserva de remuneração de capital, o que poderia afetar a distribuição de proventos da companhia por facilitar o não pagamento de dividendos extraordinários acima da política mínima, caso esse seja o caminho tomado pela companhia”, observa Júlia Aquino, analista da Rico Investimentos.

No quadro mais amplo, o mercado monitorou também o resultado do primeiro turno da eleição na Argentina e os desdobramentos do conflito no Oriente Médio, assim como a escalada dos juros de mercado nos EUA, que hoje, mais cedo, superaram o limiar de 5% para o vencimento de 10 anos. “No começo do dia, a taxa do Treasury de 10 anos avançou para o patamar de 5% pela primeira vez desde 2007. A alta dos rendimentos [de renda fixa] geralmente reduz a atratividade dos ativos de maior risco, como as ações, por desequilibrar a relação risco-retorno”, diz Júlia, da Rico.

Ao participar de abertura de evento do Estadão nesta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que começa a se consolidar uma interpretação menos benigna, e mais estrutural, para a elevação dos juros nos Estados Unidos, referência para o resto do mundo. “Em sendo estrutural, existe a pergunta de por quanto tempo os juros seguirão mais altos”, acrescentou Campos Neto, que espera mais uma alta da taxa de juros do Federal Reserve, na reunião de política monetária do BC americano em dezembro.

Campos Neto observou também que a reversão dos estímulos fiscais concedidos na pandemia para evitar uma depressão econômica não se deu de forma sincronizada. As condições fiscais, destacou, seguem bem frouxas tanto nos Estados Unidos como em parte da Europa, pressionando os juros de todo o mundo, reportam os jornalistas Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis, do Broadcast.

Nesse contexto amplo, apesar da cautela que ainda mantém na defensiva o apetite global por risco, alguns papéis da carteira Ibovespa conseguiram andar bem na sessão, com CVC (+9,20%), Gol (+5,51%) e MRV (+5,28%) à frente. “O que está subindo forte nesse momento são, na média, justamente os ativos que vinham sofrendo nas últimas semanas: cíclicos locais, small caps, companhias endividadas e similares”, diz Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.

Na ponta perdedora do Ibovespa nesta primeira sessão da semana, além das duas ações de Petrobras no topo da lista, destaque também para Magazine Luiza (-1,95%), Prio (-1,73%) e Suzano (-0,91%).

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112784.52 -0.32766

Máxima 113679.63 +0.46

Mínima 112164.36 -0.88

Volume (R$ Bilhões) 2.11B

Volume (US$ Bilhões) 4.22B

17:35

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114490 -0.22658

Máxima 115370 +0.54

Mínima 113795 -0.83

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 23, em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,0169, acompanhando o comportamento da moeda americana no exterior. É o menor valor de fechamento desde 26 de setembro (R$ 4,9871). No início dos negócios, a divisa até ensaiou uma alta mais firme e superou o nível de R$ 5,05 na máxima (R$ 5,0543), em meio a uma arrancada dos juros longos nos EUA que levou a taxa da T-note de 10 anos a tocar pontualmente a marca psicológica de 5%. Ainda pela manhã, com as taxas longas americanas trocando de sinal, o dólar perdeu força por aqui e chegou a romper o piso de R$ 5,00 na mínima (R$ 4,9963).

Com a desvalorização de 1,12% na semana passada e o recuo de hoje, o dólar à vista – que chegou a superar o nível de R$ 5,20 em máxima diária na primeira semana de outubro – agora passa a acumular leve baixa no mês (-0,20%). No ano, a moeda recua 4,98%. Entre as divisas emergentes mais relevantes, o real apresenta o terceiro melhor desempenho em 2023, apenas atrás dos pesos colombiano e mexicano.

Segundo analistas, o quadro externo continua a ter papel preponderante na formação da taxa de câmbio. A tramitação da agenda econômica no Congresso – com destaque para a reforma tributária no Senado e os projetos de lei para tributar fundos exclusivos e offshore na Câmara – é monitorada de perto, mas não tem conseguido ditar o rumo do dólar por aqui.

As atenções dos investidores seguem voltadas ao andamento do conflito no Oriente Médio e aos indicadores econômicos nos EUA, base para as apostas em torno dos próximos passos do Federal Reserve. Esta semana traz uma agenda carregada, com divulgação da primeira leitura do PIB americano no terceiro trimestre, na quinta-feira, 26, e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), na sexta-feira, 27.

“A semana começa com o dólar perdendo valor mundialmente. Não houve nenhuma agenda econômica relevante, a impressão é de respiro do mercado. É um daqueles dias em que a falta de notícias parece uma boa notícia”, diz o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni, destacando que duas commodities relevantes que subiram coma eclosão da guerra no Oriente Médio – petróleo e ouro – hoje estão em queda. “Na semana, temos que ficar atentos principalmente a dados de inflação nos EUA e ao mercado de Treasuries”.

Lá fora, o índice DXY – referência do comportamento do dólar frente a seis moedas fortes – operou em queda firme e trabalhava no nível de 105,641 pontos no fim da tarde. A taxa da T-note de 10 anos, que registrou máxima a 5,0209%, orbitava os 4,85%. As cotações internacionais petróleo recuaram e voltaram a ficar abaixo de US$ 90 o barril, em meio a redução e temores de que a guerra entre Israel e Hamas envolva diretamente outros atores relevantes da região. Houve adiamento da invasão terrestre de forças israelenses à Faixa de Gaza, que recebe nova leva de ajuda humanitária.

O economista e sócio da Valor Investimentos Gabriel Meira observa que a virada dos Treasuries para o campo negativo hoje se deu em meio à afirmação do gestor e fundador da Pershing Square Capital Management, Bill Ackman, de que deixou de apostar na contra os títulos longos dos EUA, dado o nível elevado das taxas e um provável aumento de demanda por papéis, vistos como refúgio em momentos de aversão ao risco. “Vimos essa mudança de um megainvestidor em relação aos Treasuries. Os juros longos americanos podem não continuar nos níveis atuais, o que ajudou o mercado”, diz Meira, acrescentando que não houve também um agravamento das tensões geopolíticas ao longo do fim de semana.

Por aqui, investidores acompanham a tramitação da agenda econômica no Congresso. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que os esforços são para que seja cumprido acordo de votar nesta semana o projeto de taxação de fundos offshore e exclusivos na Câmara. Padilha também disse que a expectativa do governo é de que o relatório da reforma tributária seja lido na quarta-feira, 25, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, como já sinalizado pelo relator, Eduardo Braga (MDB-AM).

À tarde, em evento na sede do Estadão, realizado com apoio do Broadcast, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o aperto da líquidas global, em razão de juros mais altos nos EUA, pode afetar economias emergentes de “forma mais severa”. Campos Neto pediu ao Congresso que aprove medidas para reversão do déficit das contas primárias. “O dever de casa ficou um pouco mais difícil porque a liquidez está mais apertada”, afirmou o presidente do BC, ao lembrar que, com a redução dos fluxos de capital em direção a emergentes, o mercado está mais exigente em relação ao ajuste das contas públicas

17:35

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.01690 -0.2862 5.05430 4.99630

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5024.000 -0.51485 5060.500 5002.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5041.000 -0.40502 5067.500 5030.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dúvidas sobre a escalada do conflito do Oriente Médio, a perspectiva de libertação de reféns estrangeiros na Faixa de Gaza e incertezas sobre quando Israel poderá iniciar uma incursão por terra pressionaram os preços do petróleo, o que levou o barril do Brent a fechar abaixo de US$ 90. Na contramão da commodity, as bolsas de Nova York operaram em alta durante grande parte do dia, em uma segunda-feira de agenda fraca, com início do período de silêncio dos dirigentes do Federal Reserve (Fed) e alívio dos retornos dos Treasuries. Entretanto, perderam parte do fôlego e fecharam mistas, fazendo com que o índice Dow Jones voltasse a cair no acumulado de 2023. No câmbio, o dólar cedeu ante moedas rivais, apesar do dólar blue ter mostrado força no mercado paralelo, com cautela e volatilidade após o primeiro turno presidencial de ontem na Argentina.

Na visão da CMC Markets, os preços do petróleo foram pressionados pelo adiamento da incursão por terra de Israel, que indicou que estaria esperando a liberação de mais reféns pelo grupo extremista Hamas. Entretanto, a análise pleiteia que a mudança de planos pode ser devido à necessidade de mudanças estratégicas, considerando também os ataques contra o grupo Hezbollah na fronteira com o Líbano.

Assim, na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em queda de 2,94% (US$ 2,59), a US$ 85,49 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em baixa de 2,53% (US$ 2,33), a US$ 89,83 o barril.

As bolsas de Nova York, por sua vez, chegaram a operar em alta durante grande parte do dia, mas acabaram sem sinal único, pressionadas por empresas de energia que iam na esteira da fraqueza do petróleo. O setor, inclusive, foi o que teve pior performance entre os 11 subíndices do S&P 500 nesta segunda-feira (-1,62%). Enquanto a ConocoPhillips caiu 2,19%, a Chevron cedeu 3,69%, também após notícia de que iria adquirir sua concorrente local Hess, em um acordo estimado em US$ 53 bilhões e que envolverá apenas ações. O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,58%, o S&P 500 caiu 0,17% e o Nasdaq avançou 0,27%.

Segundo o City Index, o Nasdaq foi favorecido pela queda dos rendimentos dos Treasuries. Na visão da análise, o aumento das taxas de juros pesa sobre as perspectivas econômicas a longo prazo. “Os economistas começam a notar o risco de uma maior emissão de dívida a taxas mais elevadas. A dada altura, o Fed deverá estar preocupado com a possibilidade de taxas de longo prazo mais elevadas prejudicarem a economia”. No fim da tarde de Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos cedia a 5,054%, o da T-note de 10 anos tinha queda a 4,842% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 5,003%.

O dólar, por sua vez, caiu ante divisas rivais fortes. Entretanto, a Convera destaca que a moeda está se beneficiando de seu status de moeda de alto rendimento e de porto seguro, apesar de estar “lutando para construir de forma convincente os seus ganhos, o que é surpreendente, dadas as crescentes tensões no Oriente Médio”. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 149,65 ienes, o euro avançava a US$ 1,0666 e a libra tinha alta a US$ 1,2242. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,59%, a 105,536 pontos.

Já no mercado paralelo da Argentina, o dólar blue disparava mais de 20%, a 1.100 pesos argentinos, segundo o jornal local Ámbito Financiero, seguindo o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, que garantiu vaga para o segundo turno para o ultradireitista Javier Milei e o atual ministro da Economia, Sergio Massa, que surpreendeu ao ficar em primeiro lugar entre os candidatos.

Para a Oxford Economics, a expectativa inicial era de forte venda de ativos, o que se confirmava hoje. “Será um segundo turno apertado entre duas visões de país dramaticamente divergentes. Milei quer derrubar o atual sistema político e econômico. Massa, apesar de ser considerado mais centrista que os líderes do governo em exercício, representa em grande parte a continuidade das políticas”, avalia a consultoria.

Já o Goldman Sachs destaca a elevação das incertezas, devido ao histórico das pesquisas eleitorais. “Como tal, é provável que as pressões financeiras permaneçam intensas e a pressão sobre a bolsa persista. A dinâmica dos depósitos a prazo denominados em pesos, na nossa opinião, será crítica para a estabilidade financeira