À ESPERA DE PACOTE FISCAL E COM TRUMP, DOW JONES TEM MAIOR ALTA DESDE 1933 E PUXA IBOVESPA

Os mercados acionários globais, depois de dias em território negativo, dispararam nesta terça-feira, amparados pela expectativa de que o pacote fiscal trilionário dos Estados Unidos para combater os efeitos do coronavírus finalmente seja aprovado no Congresso e também por declarações do presidente americano, Donald Trump. Hoje, ele disse que deseja ver a economia do país voltando a funcionar o mais rápido possível e, inclusive, citou a Páscoa como data possível para que isso ocorra. Essa conjunção de fatores foi o suficiente para os agentes deixarem de lado o contínuo aumento de casos de coronavírus, incluindo nos EUA, e levarem o Dow Jones a ter o maior ganho diário, de 11,37%, em quase 90 anos, desde 1933. Com isso, o índice diminuiu as perdas no mês para 18,51%. Mas não foi apenas o Dow Jones que disparou: o S&P500 ganhou 9,38% – maior avanço desde outubro de 2008. Com tanto apetite por risco, o Ibovespa não ficou de fora e teve forte ganho de 9,69%, recuperando mais de 6 mil pontos em só um pregão, ao fechar em 69.729,30 pontos. Por aqui, blue chips como Petrobras, que reduziu o preço da gasolina em 15% hoje, e Vale avançaram dois dígitos em termos porcentuais, em um dia em que também pesou favoravelmente o fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter dito que o plano Mansueto, de assistência a Estados e municípios, pode ser aprovado ainda nesta semana. Com tanta força compradora, a B3 expandiu, a partir de 12h50, os limites de oscilação diária para os contratos futuros de Ibovespa e Mini de Ibovespa, de 10% para 15%. Assim como a Bolsa, o dólar ante o real também se alinhou ao movimento externo, ainda que o nível superior a R$ 5 tenha se mantido. A moeda dos EUA devolveu um pouco da alta recente em relação a emergentes e, no Brasil, teve desvalorização de 1,03%, a R$ 5,0820. No mês, porém, ainda acumula avanço de 13,5%. Esse alívio generalizado, que transpassou todos os ativos, chegou aos juros futuros, gerando queda de entre 30 a 40 pontos nos vencimentos longos, o que levou à desinclinação da curva. Ainda assim, as taxas longas não devolveram todos os prêmios acumulados na véspera, num claro sinal de que as preocupações com a questão fiscal brasileira seguem no radar. Os juros curtos também caíram, mas bem menos, influenciados pelo resultado negativo do varejo em janeiro, revelado logo cedo pelo IBGE.

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York dispararam nesta sessão, apoiadas pela perspectiva de um pacote trilionário nos Estados Unidos para sustentar a atividade econômica e também por declarações do presidente Donald Trump de que deseja ver a retomada da atividade o mais rápido possível, minimizando a ameaça do coronavírus e prometendo ajudar as empresas. Na Europa, a Comissão Europeia aprovou as medidas da Alemanha para apoiar a economia, em meio à pandemia, após mais cedo o G7 reafirmar seu compromisso para restaurar a confiança. Nesse quadro, os juros dos Treasuries subiram, com a menor busca por segurança, e o dólar cedeu espaço tanto para moedas fortes como de países emergentes. O petróleo, por sua vez, também teve suas compras apoiadas pelo noticiário e subiu, embora ainda com dúvidas sobre o equilíbrio nesse mercado, enquanto o ouro saltou em meio a restrições na oferta.

Lideranças no Senado dos EUA afirmavam que estaria próximo um acordo entre governo e oposição por um pacote trilionário de estímulo à economia, a fim de contrabalançar os efeitos negativos do coronavírus. “O acordo no Congresso é importante porque vamos recuperar nossa economia”, defendeu Trump nesta tarde. O BMO Capital avalia a notícia de um provável acordo como “indubitavelmente positiva”, embora pondere em relatório se a novidade não foi em grande medida já precificada pelos mercados. Caso isso seja verdade, o BMO vê o movimento forte das bolsas de hoje como resposta à postura do governo americano, com Trump falando em reativar a economia dentro de semanas – e não meses. O presidente americano falou que a mortalidade do coronavírus é “menor que 1%” e que o Covid-19 mataria menos do que a gripe sazonal – o BMO acredita que “esse é o tipo de lógica que seria empregada como justificativa para reativar a economia em breve, independentemente da recomendação dos especialistas de saúde”. Trump ainda disse que desejava retomar as atividades até a Páscoa, além de voltar a prometer apoio a empresas em dificuldade, entre elas a Boeing. “Não vamos deixar a Boeing sair do mercado”, prometeu.

A fabricante de aviões foi um dos destaque hoje, em alta de 20,89%, recuperando parte das perdas recentes. O executivo-chefe da empresa, Dave Calhoun, afirmou que não pretendia dar ao governo americano uma participação acionária, em troca da ajuda, dizendo que a empresa tem “uma série de opções” pela frente, durante entrevista à rede Fox Business.

 

As bolsas de Nova York ainda receberam um impulso, com várias máximas nos minutos finais, diante da prontidão de Trump a salvar empresas, insistindo na necessidade de evitar o desemprego. O índice Dow Jones fechou em alta de 11,37%, em 20.704,91 pontos, no maior ganho porcentual diário desde 1933, segundo a mídia americana. O S&P 500 saltou 9,38%, a 2.447,33 pontos, e teve o maior ganho diário porcentual desde outubro de 2008. Já o Nasdaq subiu 8,12%, a 7.417,86 pontos – o maior avanço desde 2013.

A LPL Financial comenta que o movimento também foi amparado por um ajuste para cima nos ativos de risco, após fortes quedas recentes, e pelas ações dos últimos dias do Federal Reserve (Fed). Há pouco, o banco central americano adiou por seis meses uma regra de provisão de crédito, por causa do coronavírus.

Entre os Treasuries, a menor busca por segurança levou os retornos para cima. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,385%, e o da T-note de 10 anos, a 0,830%. Por outro lado, o ouro teve demanda mais forte, após o Goldman Sachs avaliar que o coronavírus criou o ambiente perfeito para a compra do metal e em meio a um quadro de problemas na oferta, após o fechamento de importantes refinarias pelo mundo por causa da pandemia: o ouro para abril fechou em alta de 5,95%, a US$ 1.660,80 a onça-troy, na Comex.

Já o petróleo WTI para maio fechou em alta de 2,78%, em US$ 24,01 o barril, na Nymex, e o Brent para maio avançou 0,44%, a US$ 27,15 o barril, na ICE, embora continue a haver dúvidas sobre a demanda futura e pressão de baixa pela disputa entre dois importantes produtores, Arábia Saudita e Rússia.

No câmbio, o dólar foi pressionado pela perspectiva de injeção de dinheiro, com o pacote fiscal negociado em Washington. No fim da tarde em Nova York, a moeda americana subia a 111,72 ienes, o euro avançava a US$ 1,0755 e a libra subia a US$ 1,1737, enquanto o índice DXY caía 0,51%, a 101,961 pontos.

Fonte: Gabriel Bueno da Costa – [email protected]

 

BOLSA

Em linha com o exterior, com os ganhos no índice blue chip de Nova York (Dow Jones) acima de 11%, o Ibovespa teve um dia de recuperação, com os investidores encontrando algum ânimo para compras em meio aos sinais, aqui, de que a assistência a Estados e municípios, o plano Mansueto, será aprovada com celeridade pelo Congresso e, fora do Brasil, a bem-vinda progressão de estímulos à economia global. Nos EUA, o presidente Donald Trump reiterou hoje que a economia americana não deve ficar paralisada por muito tempo, o que significaria, no seu entender, ruína pior do que a propagação do coronavírus.

Ontem, na Casa Branca, Trump já havia sinalizado a possibilidade de rever as medidas de isolamento social ao final dos primeiros 15 dias de quarentena imposta a grande parte da população. Tendo atingido alta na casa de 12,53% na máxima do dia, o Ibovespa fechou nesta terça-feira com ganho de 9,69%, aos 69.729,30 pontos, tendo oscilado entre mínima de 63.604,42 pontos e máxima de 71.535,44 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 25,6 bilhões, assim como ontem mais próximo à normalidade após ter se intensificado depois do carnaval, quando vinha oscilando habitualmente entre R$ 30 bi e R$ 40 bilhões. No mês, o Ibovespa cede agora 33,06% e, no ano, 39,70%.

Para dar fôlego extra à recuperação observada na sessão, a B3 expandiu, a partir das 12h50, os limites de oscilação diária para os contratos futuros de Ibovespa e Mini de Ibovespa, de 10% para 15%. Mas o índice à vista acabou se afastando um pouco das máximas do dia. Na ponta positiva do Ibovespa, BTG fechou em alta de 24,82%, seguido por Magazine Luiza (+21,42%), B2W (+20,86%) e CCR (+19,76%). Do lado negativo, destaque para RaiaDrogasil (-5,81%). Favorecidas por avanço do petróleo e do minério de ferro na sessão, Petrobras PN subiu 15,22% e a ON, 15,92%, enquanto Vale ON fechou em alta de 10,38%.

“Tivemos hoje um repique, um respiro após uma correção muito profunda, com os governos levando adiante pacotes bilionários para amenizar o efeito da crise e, no limite, evitar quebradeira de empresas. Os governos terão que continuar monitorando de perto até que a economia volte. Não dá pra dizer que já chegamos ao fundo do poço”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae, que considera mais provável uma retomada em forma de U do que de V.

Um ponto destacado por analistas é o de que, enquanto na Itália, assim como observado anteriormente na China, a curva do coronavírus dá sinais iniciais de que o pior momento pode estar ficando para trás, no Brasil a evolução da doença ainda não ganhou a aceleração vista no exterior. “É preciso achatar a curva da doença, para que o problema não seja ainda pior, mas em algum momento, ao final desses primeiros 15 dias, a economia precisará começar a voltar, senão será o caos”, diz Galdi.

Contudo, a experiência mostra que conter a doença não é tarefa fácil: o número de mortes na Itália em decorrência do Covid-19 voltou a crescer, a 743 nas últimas 24 horas, após dois dias seguidos de queda nos números. Agora, são 6.820 vítimas fatais no país europeu.

Nesse contexto, a margem de recuperação do Ibovespa segue bem limitada, tendo mostrado hesitação hoje após ter superado a marca de 71,5 mil na máxima do dia, reconquistando então nível do início da semana passada – na segunda-feira, dia 16, o índice fechou aos 71.168,05 pontos, em queda de 13,92%, avançando no dia seguinte para 74.617,24 pontos (+4,85%).

“Na parte da tarde, os day traders (operadores de volatilidade) entraram um pouco mais cedo do que de costume e colocaram um pixuleco (pequeno ganho) no bolso, enquanto Nova York também perdia força naquele momento”, diz um operador. “Aqui, o mercado continua a ser movido pelo que acontece lá fora, nossas feridas ainda estão abertas”, acrescenta. “O Trump indicou que a preferência dele é pela economia. Tanto nos EUA como na Europa, estão testando bem mais (para o coronavírus) do que aqui: a curva da doença lá está mais avançada e, daqui a pouco, eles vão para o verão, enquanto estamos indo para o inverno”, observa o operador.

Dessa forma, a preocupação maior dos investidores é quanto à capacidade de sobrevivência das empresas, a resiliência do caixa a um período prolongado de exceção, no qual a atividade econômica tem sido praticamente cancelada. “A volatilidade vai persistir, não tenha dúvida, estamos ainda muito longe de alguma clareza sobre o que vem por aí”, acrescenta a fonte.

Com a recuperação observada hoje, o Ibovespa passa a acumular, em duas sessões, ganho de 3,97% na semana, após ter colhido perdas nas cinco semanas anteriores, refletindo a escalada de temores em torno de coronavírus que se impôs com especial intensidade a partir da Quarta-Feira de Cinzas (26 de fevereiro), quando o Ibovespa cedeu 7%, iniciando uma espiral negativa.

Na primeira semana de março (até o dia 6), o principal índice da B3 acumulou perda de 5,93%, evoluindo para 15,63% na semana seguinte e a 18,88% no período até o dia 20 de março – as duas últimas semanas foram as piores desde outubro de 2008. Com perda de 8,43%, fevereiro já havia sido o pior mês desde maio de 2018 – na semana até o dia 28 de fevereiro, a perda foi de 8,37%, após leve ajuste negativo de 0,61% na semana anterior, até o dia 21, antes do carnaval.

Fonte: Luís Eduardo Leal – [email protected] e Gregory Prudenciano

 

Índ. Bovespa Futuro   ÍNDICE BOVESPA   Var. %

Último 69245 8.42402

Máxima 71575 +12.07

Mínima 66675 +4.40

 

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 69729.30 9.68966

Máxima 71535.44 +12.53

Mínima 63604.42 +0.05

Volume (R$ Bilhões) 2.55B

Volume (US$ Bilhões) 5.03B

 

CÂMBIO

O dólar operou o dia todo em queda, com o mercado cambial brasileiro acompanhando o exterior. A terça-feira foi marcada por alta forte das bolsas, no mercado brasileiro, na Europa e nos Estados Unidos, em razão das crescentes medidas extraordinárias tomadas pelos governos para tentar limitar os efeitos da pandemia na atividade econômica. Em Washington, a perspectiva de aprovação ainda hoje de um pacote fiscal trilionário também ajudou a estimular a busca por ativos de risco. Com o clima um pouco mais favorável, o Banco Central interrompeu a sequência diária de leilões de dólares e hoje não fez intervenção no mercado – o real terminou o dia, no geral, em linha com outros emergentes. O dólar à vista fechou em baixa de 1,03%, a R$ 5,0820.

No mercado doméstico, as mesas de câmbio monitoraram as declarações do Congresso e do governo sobre as medidas para contornar os efeitos da pandemia, mas o maior efeito hoje nas cotações do dólar aqui foi externo. No mercado internacional, a moeda americana caiu ante divisas fortes e emergentes, com destaque para o México, onde recuou 2%.

A economista-chefe em Chicago da corretora Stifel, Lindsey Piegza, ressalta que os investidores estão impacientes com o Congresso americano, que ontem não conseguiu pela segunda vez aprovar o pacote fiscal de Donald Trump, e a expectativa é que isso ocorra o mais rápido possível, possivelmente ainda hoje. Ela observa que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de anunciar compras de ativos, sem limite de valor e sem prazo para acabar, mostra que a instituição e outros formuladores de políticas passaram a adotar a abordagem de “fazer o que for preciso”. Com isso, conseguiram ao menos momentaneamente tranquilizar os mercados.

Para o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa, no curto prazo é preciso a aprovação do pacote fiscal nos EUA, assim como uma visão mais clara da disseminação do vírus na Itália. Para ele, ainda é cedo para afirmar que estamos diante de um ponto de inflexão ou inversão de tendência e uma maior tranquilidade dos mercados viria do anúncio de alguma vacina ou de um processo de curva na Covid-19.

Em meio à pandemia do coronavírus, o banco suíço UBS afirma estar com posição “overweight” nas divisas de emergentes com potencial de retorno alto: Brasil, Indonésia e Índia. Para fazer face a esta aposta, está “comprado” em dólar australiano, na moeda de Taiwan e na coroa sueca. Para o diretor de investimento (CIO) do UBS, Mark Haefele, as medidas extraordinárias de governos e bancos centrais, e a disposição de fazer ainda mais, devem evitar uma contração severa do mercado de crédito, como em uma crise financeira mundial. A previsão da instituição é de que o pico de novos casos seja atingido em meados de abril, embora haja risco de a atividade privada ter contração de 20% a 40%.

A forte volatilidade no mercado financeiro mundial por conta da crise gerada pelo coronavírus já fez os investidores internacionais retirarem US$ 78,7 bilhões dos mercados de ações e renda fixa dos emergentes, em meio à busca de “portos seguros”, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 450 maiores bancos do mundo, com sede em Washington. Esta fuga de capital já é equivalente a tudo que esses países receberam em aportes em 2019, que somou US$ 78,8 bilhões.

Nas últimas quatro semanas os emergentes tiveram a maior saída de capital da história. Em média, as retiradas líquidas de capital têm somando US$ 30 bilhões por semana, pressionando de forma importante os mercados de câmbio da região. O dólar sobe 26% este ano no Brasil, 25% na África do Sul e 32% no México, a divisa com pior desempenho por enquanto.

Fonte: Altamiro Silva Junior – [email protected]

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.08200 -1.0264 5.09880 5.04280

Dólar Comercial (BM&F) 5.0465 0

DOLAR COMERCIAL 5100.000 -0.97087 5107.000 5045.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5092.000 -0.88564 5092.000 5077.500

 

JUROS

A melhora do apetite pelo risco nos mercados internacionais ajudou a curva de juros a desinclinar comparando as pontas curta e longa, mas as taxas que caíram com mais força foram as da parte intermediária. O varejo restrito de janeiro veio mais fraco do que apontava a mediana das estimativas e, até por ser referente ao período pré-coronavírus, corroborou as apostas de queda da Selic em maio. Enquanto isso, a expectativa de aprovação pelo Senado dos Estados Unidos do pacote trilionário proposto pelo governo Trump para o combate ao coronavírus estimulou o “risk on,” favorecendo ativos de economias emergentes.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 3,68%, de 3,771% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 encerrou na mínima de 4,99% (5,594% ontem no ajuste), pela primeira vez abaixo dos 5% desde o dia 17, véspera da decisão do Copom. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,08%, de 9,484% ontem.

O exterior deu hoje um desafogo para a curva, amparado nas apostas na aprovação do pacote de Trump, que no fim do dia ainda reforçou os ânimos após afirmar que é preciso “salvar as empresas por causa do desemprego”. Porém, a percepção é de que o alívio não é consistente. As preocupações com o cenário fiscal, após o aumento dos gastos em função da epidemia, seguem no pano de fundo, assim como o pessimismo com a agenda de reformas. “O cenário fiscal pós-crise nos próximos anos segue desafiador, mas hoje os ativos de risco vão bem”, avaliou o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. Essa cautela explica o fato de a curva longa não ter devolvido hoje todo o prêmio acumulado na sessão de ontem, marcada por expressivo ganho de inclinação.

Além disso, afirma, com as condições técnicas do mercado muito abaladas, os movimentos têm sido erráticos e de grande amplitude. “Num dia corrige muito e no outro, recupera parte”, disse.

Os vencimentos até o miolo permaneceram regidos pelas perspectivas monetárias de curto prazo. As vendas do varejo restrito, com queda de 1% em janeiro ante dezembro, mais do que apontava a mediana (-0,4%) das previsões, decepcionaram, ainda que janeiro seja considerado um mês fraco para as vendas porque as famílias priorizam o orçamento para o pagamento de impostos de começo do ano, como IPVA e IPTU. “É um dado muito ruim porque não tem nada ainda do coronavírus”, observou Marcela Kawauti, da economista-chefe do SPC Brasil.

Já o varejo ampliado, apoiado em ““veículos, motos, partes e peças”, subiu 0,6%, ante mediana negativa de 0,5%. Porém, fonte do setor automotivo informou ao Broadcast que a média diária de emplacamentos registrada em março, até ontem (23), já é 8,8% menor que o ritmo verificado em fevereiro até o mesmo dia.

Segundo o banco Haitong, a precificação da curva para o Copom de maio hoje à tarde era de -33 pontos-base,ou 70% de possibilidade de corte de 25 pontos-base e 30% de chance de redução de 50 pontos.

Diante da perspectiva de recessão à frente, e também pela distorção dos preços nas últimas semanas, a inflação implícita dos contratos de DAP (futuro de Cupom de IPCA – derivativo usado para precificação do IPCA) vem caindo sistematicamente e já aponta deflação em março, abril e maio, e IPCA em torno de 1,5% para 2020, conforme dados compilados pela Renascença DTVM. A meta de inflação para este ano é de 4%. Para 2021, a implícita apontada por tais contratos caiu de 3,96% na sexta-feira para 3,35% ontem.

A suspensão da coleta de preços presencial pela equipe do IBGE, em função da epidemia de coronavírus, anunciada na semana passada, chegou a gerar questionamento à B3 por parte das instituições, preocupadas com uma possível interrupção na divulgação do IPCA e seus impactos na precificação do DAP. Porém, segundo o IBGE, a apuração do índice não será afetada porque a pesquisa será feita on line ou por telefone. O IPCA de março teve 12 dias de coleta exclusivamente feita por estes canais.

O dado será conhecido nesta quarta-feira (25) e deve arrefecer de 0,25% em fevereiro para 0,07% em março, conforme a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Se confirmada, será a menor variação para um mês de março desde a criação do Plano Real.

Fonte: Denise Abarca – [email protected]

 

 

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 3.63

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 3.65

Over Selic (%a.a) 3.65

 

 




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