A piora dos mercados americanos, à tarde, acabou contaminando os ativos brasileiros, sobretudo os juros futuros, ainda que Bolsa e real tenham perdido fôlego. Tudo porque, em Wall Street, os investidores passaram a colocar nos preços a volta do teto de gastos nos EUA e a necessidade de operações emergenciais do Tesouro, o que derrubou os yields dos Treasuries, em um movimento de busca por segurança. Ao mesmo tempo, mais um dirigente do Fed sugeriu que o aperto de juros por lá pode começar já em 2022. Com todos esses ingredientes, as bolsas abandonaram o avanço visto mais cedo, ainda que o Nasdaq tenha se segurado no azul. E sem o otimismo emanado do exterior, o mercado de juros foi o que mais sofreu ao se voltar para as questões domésticas, como inflação elevada, risco fiscal e ruídos políticos, que ainda determinam cautela antes da decisão do Copom, na quarta-feira. Assim, as taxas dos DIs, que chegaram a cair pela manhã, terminaram entre estabilidade e alta, com destaque para os vencimentos longos, o que conferiu inclinação à curva a termo. Até porque, o câmbio também deixou de ajudar tanto quanto pela manhã. Ainda que o dólar tenha recuado em nível global, inclusive em relação à moeda brasileira, terminou longe das mínimas por aqui, ao ceder 0,86%, a R$ 5,1653 no mercado à vista. Mais cedo, corrigindo uma parte da escalada de 2,57% anotada na sexta-feira e influenciado pela entrada de recursos com destino a IPOs, por exemplo, a divisa americana chegou a retroceder para R$ 5,11. No entanto, assim como no caso dos juros, o clima local segue pesado, diante dos temores de deterioração do quadro fiscal e dos ruídos políticos, com a retomada dos trabalhos da CPI da Covid e os novos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral. Essa conjunção de fatores também explica o comportamento da Bolsa neste pregão. Depois de superar os 124 mil pontos na primeira etapa de negócios, também se recuperando das fortes perdas de cerca de 3% na sexta-feira e embalada pelos pares americanos e europeus, foi perdendo fôlego junto com Nova York e restou apenas uma pequena parte da correção, uma vez que o Ibovespa subiu 0,59%, aos 122.515,74 pontos. Até porque, Petrobras não resistiu ao tombo do petróleo e ajudou na desaceleração do índice.
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