Os investidores passaram o dia em compasso de espera pelo que o presidente dos EUA, Donald Trump, falaria sobre a China, em coletiva convocada desde ontem. Mas quando ele, pouco antes das 16h, não anunciou nenhuma sanção econômica, os mercados mostraram alívio. As bolsas, tanto aqui quanto em Nova York, chegaram a migrar para o terreno positivo, ao passo que o dólar aprofundou a queda diante do real. A moeda, que subiu pela manhã, em meio à disputa pelo fechamento da Ptax, terminou o dia com desvalorização de 0,82%, a R$ 5,3389, alcançando um feito inédito em 2020: encerrar um mês em baixa, ao exibir recuo de 1,83% em maio. Mesmo assim, o dólar ainda sobe 33,08% no ano, o que mantém o real entre as divisas com pior retorno. Mas não foi apenas o câmbio que alcançou uma marca importante neste fechamento de mês. O Ibovespa registrou ganho de 8,57%, o melhor maio desde 2009 para a Bolsa. Hoje, terminou com alta de 0,52%, alcançada no leilão de encerramento, aos 87.402,59 pontos. Logo após Trump, que "apenas" criticou Pequim e anunciou um processo para retirar o tratamento especial que Washington concede a Hong Kong, o Ibovespa chegou a bater máximas, alinhada à virada das principais bolsas de Nova York. A instabilidade acabou prevalecendo tanto lá quanto cá, ainda que o Nasdaq e o S&P 500 tenham conseguido sustentar ganhos em Wall Street, após passarem o dia majoritariamente em baixa. Por fim, os juros futuros, que já vinham em baixa mas que já caminhavam para o encerramento do pregão regular quando Trump falou, continuaram da mesma forma na sessão estendida. Mas o principal gatilho para o movimento veio das declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que em eventos virtuais, ontem e hoje, teve suas palavras consideradas dovish. Tanto que as apostas em corte de 0,75 ponto da Selic no Copom de junho voltaram a ser majoritárias, com 70% de probabilidade. No mês, assim como no caso do real e da Bolsa, os juros também tiveram comportamento positivo, com devolução de prêmios. Em todos os casos, o alívio teve relação mais forte com o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, que parece não ter comprometido tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto se temia.
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