O petróleo teve mais um dia de forte baixa no mercado internacional nesta terça-feira, à medida que os investidores procuram um ponto de equilíbrio entre a demanda e a oferta da commodity diante da crise gerada pela pandemia do coronavírus. Especialistas apontam que o corte de produção anunciado pela Opep e seus aliados no fim de semana é incapaz de reverter a trajetória de queda contínua do consumo do óleo e seus derivados. Assim, o WTI teve um tombo de mais de 10%, para US$ 20,11, enquanto o Brent cedeu 6,7%, para US$ 29,60. O derretimento dos preços do barril limitou o fôlego nos mercados acionários americano e brasileiro. O sinal positivo nas ações foi garantido pelo debate em torno da abertura gradual, em breve, da economia da Europa e dos Estados Unidos, bem como por dados menos negativos do comércio exterior na China. Aqui no Brasil, em especial, o Ibovespa fechou longe da máxima dos 81.667,81 pontos, mas garantiu o maior nível de fechamento desde 13 de março, ao encerrar em 79.918,36 pontos (+1,37%). A Petrobras ON terminou com queda de 0,58% e a PN, de 1,06%. Além da questão do petróleo, operadores de renda variável pontuaram que outro fator que limitou os ganhos na Bolsa brasileira foi o recrudescimento da tensão entre o Congresso e o Executivo. Contrariando o governo e mesmo sob ameaça de veto de Jair Bolsonaro, ontem à noite, os deputados aprovaram o pacote de ajuda de quase R$ 90 bilhões aos Estados e municípios, sem cobrar contrapartidas dos governadores e prefeitos. A equipe econômica busca, agora, um entendimento com os senadores para tentar diminuir o impacto do projeto nas contas públicas. O noticiário fiscal ruim, em especial a aprovação do pacote de socorro aos Estados ontem na Câmara, considerada uma derrota para a equipe econômica, foi ignorado pelo mercado de juros, com as taxas tendo passado o dia em queda, principalmente as longas. O mercado se apegou na expectativa de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, a ser votada amanhã no Senado, que inclui autorização para que o Banco Central negocie títulos públicos e privados. Os DIs também refletem as perspectivas para a economia cada vez mais sombrias, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) informando que prevê retração de 5,3% do PIB do Brasil em 2020 e de 3% no global (a maior desde a Grande Depressão de 1929). No câmbio, em um dia de liquidez limitada, o dólar teve uma sessão volátil e fechou em alta de 0,13%, aos R$ 5,1901.
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