MERCADOS LOCAIS SE DESCOLAM DE NY E ADOTAM CAUTELA ANTES DE FERIADO NOS EUA

Os ativos brasileiros acabaram se descolando do otimismo externo nesta quinta-feira, véspera do dia da Independência dos Estados Unidos. E é justamente porque os mercados americanos estarão fechados, o que reduz a liquidez global, que os investidores optaram pela cautela por aqui, fazendo dólar e juros subirem, enquanto o Ibovespa até terminou com leve ganho, mas bem distante do comportamento verificado em Wall Street. Por lá, apesar de o forte aumento de casos de covid em algumas regiões norte-americanas ter limitado a tomada de risco, a criação de vagas de trabalho, mostrada pelo payroll, muito acima do previsto levou os principais índices a subirem entre 0,36% e 0,52%, terminando essa semana mais curta com ganhos. O Nasdaq teve novo recorde histórico, ainda que a alta de todos os índices tenha se reduzido nos minutos finais do pregão. No Brasil, o dólar chegou a cair com os indicadores positivos da economia americana, mas o movimento foi perdendo vigor, deixou a moeda bastante volátil e se transformou em alta com temores de que, no dia da independência dos EUA, o presidente Donald Trump amplie sua retórica contra a China, ainda mais após o Senado do país ter aprovado hoje sanções contra Pequim. Assim, a divisa americana no mercado à vista terminou com alta de 0,55%, a R$ 5,3472. O enfraquecimento do real acabou ajudando a reverter também a queda dos juros, verificada mais cedo. E depois de três pregões devolvendo prêmios e de desinclinação da curva, as taxas intermediárias subiram, enquanto as longas e as curtas seguiram perto da estabilidade. O mercado de DIs teve como pano de fundo a produção industrial de maio um pouco acima do consenso e o megaleilão de 19,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com a maior oferta do ano. Na renda variável, o Ibovespa chegou a retroceder para o campo negativo no meio da tarde, mas ainda conseguiu sustentar pequeno avanço de 0,03%, terminando em 96.234,96 pontos. Esse pequeno ganho, porém, foi suficiente para que a bolsa tivesse a segunda sessão seguida no azul, algo que não se repetia desde os dias 18 e 19 de junho, quando o índice concretizava a quarta alta consecutiva.

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York, que não abrem amanhã devido a um feriado, encerraram o último pregão da semana em alta, embora com uma redução de ganhos nos minutos finais de negociação, após a criação de empregos nos Estados Unidos em junho vir acima do esperado. No entanto, ainda persiste certa cautela com o aumento dos casos de covid-19 em Estados americanos. No mercado cambial, o dólar se fortaleceu ante outras divisas fortes e, na renda fixa, os juros curtos dos Treasuries recuaram, o que sinaliza busca no mercado por ativos seguros. As tensões entre Washington e Pequim também continuam monitoradas, após o Congresso americano aprovar um projeto de lei para impor sanções contra autoridades chinesas pela aplicação da nova lei de segurança nacional em Hong Kong. O petróleo, por sua vez, seguiu impulsionado pelo otimismo e obteve ganhos na sessão.

 

“As ações dos EUA apresentaram ganhos muito fortes durante essa semana abreviada de negociação”, comentam analistas da corretora americana LPL Financial, em relatório. Nesta sexta-feira, os mercados ficam fechados em Nova York para marcar antecipadamente o feriado de 4 de julho, Dia da Independência. Com uma redução na alta nos últimos minutos do pregão, o índice acionário Dow Jones subiu 0,36%, a 25.827,36 pontos, o S&P 500 avançou 0,45%, a 3.130,01 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 0,52%, a 10.207,63 pontos, nova máxima histórica de fechamento.

 

Apesar do crescente aumento do número de novas infecções pelo coronavírus nos EUA, os investidores se mostraram otimistas hoje com o relatório de empregos (payroll) americano, que mostrou criação de 4,8 milhões de postos de trabalho em junho, levando a taxa de desemprego a 11,1%. “Claramente, ainda há muito espaço para o mercado de trabalho dos EUA recuperar os níveis pré-covid”, ponderam analistas do banco britânico NatWest, em um relatório.

 

Para a analista Simona Gambarini, da Capital Economics, enquanto a economia dos EUA continuar a se recuperar e o recente aumento dos casos de covid-19 não levar a novos bloqueios generalizados, o mercado de ações vai permanecer em alta. “Embora a alta no payroll sugira que a recuperação da atividade continua a ganhar ritmo, as preocupações renovadas com a propagação do vírus só se intensificaram [após a realização da pesquisa]”, afirma a profissional da consultoria britânica.

 

Segundo a Universidade Johns Hopkins, ontem os EUA registraram mais de 50 mil novos casos de coronavírus. “Está muito óbvio que não estamos indo na direção correta”, declarou o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas americano, Anthony Fauci, em uma entrevista. Líder da resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) à pandemia, Maria Van Kerkhove disse hoje que “ainda há um longo caminho pela frente” no combate à doença. A farmacêutica Moderna, por exemplo, atrasou os testes para uma potencial vacina, de acordo com o site Stat News, especializado em saúde.

 

A cautela que persiste em setores do mercado foi vista no câmbio e na renda fixa, com o dólar em leve alta em relação a divisas fortes e os juros dos Treasuries sem direção única. O rendimento da T-note de 2 anos recuou a 0,152%, o da T-note de 10 anos cedeu a 0,671%, e o do T-bond de 30 anos avançou a 1,431%. Já o índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis rivais, subia 0,08%, a 97,274 pontos, no final da tarde em Nova York.

 

Os conflitos entre a China e os EUA também continuam no radar do mercado. Hoje, o Congresso americano aprovou um projeto de lei que prevê sanções a autoridades, empresas e bancos chineses envolvidos na aplicação da nova lei de segurança nacional em Hong Kong. A legislação vai agora para sanção do presidente americano, Donald Trump. Nesta semana, também surgiram relatos de que Washington prepara sanções a Pequim por violação de direitos de minorias muçulmanas. “Essas duas ações podem levar a mais desafios, já que as relações azedaram com a covid-19, juntamente com a repressão de Pequim a Hong Kong”, avaliam analistas da LPL Financial.

 

No mercado de commodities, o petróleo seguiu o otimismo gerado pelos dados de emprego nos EUA e fechou o pregão com ganhos. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do WTI para agosto subiu 2,08%, a US$ 40,65 o barril. Na Internacional Exchange (ICE), o Brent para setembro avançou 2,65%, a US$ 43,14 o barril. (Iander Porcella – [email protected])

 

 

CÂMBIO

Após volatilidade nos negócios da manhã, o dólar firmou-se em alta à tarde. Operadores destacam que tesourarias e grandes investidores aceleraram as compras da moeda americana na reta final dos negócios, em busca de proteção por causa do feriado nesta sexta-feira nos Estados Unidos, que deve deixar o mercado sem liquidez. Há o temor do que Donald Trump possa falar sobre a China nos eventos da independência dos EUA e também de como vai se comportar o crescimento dos casos de coronavírus.

 

No mercado à vista, o dólar fechou com valorização de 0,55%, cotado em R$ 5,3472. No segmento futuro, o dólar para agora era negociado em R$ 5,3525 às 17h, com ganho de 0,53%.

 

Mais cedo, o dólar chegou a cair com indicadores bons da economia americana, principalmente o relatório de emprego (conhecido como payroll) de junho, que veio acima do previsto. Na mínima do dia, caiu a R$ 5,2669 no mercado à vista. Mas o crescimento de casos de coronavírus nos EUA limitou um pouco a euforia, embora as bolsas tenham fechado com ganhos em Nova York.

 

O chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, destaca que há o risco de, no feriado de independência americano, Trump fazer mais declarações contra a China. Hoje, o Senado aprovou sanções à Pequim por Hong Kong e a lei vai agora para a assinatura de Trump. O governo chinês prometeu retaliar. Internamente, disse Nagem, hoje não houve fatores que influenciaram os preços.

 

Há ainda preocupações com a continuidade do crescimento de casos de coronavírus nos EUA. O economista-chefe do banco Wells Fargo, Jay H. Bryson, observa que a expansão descontrolada de infecções em alguns estados americanos – que passaram a adiar a retomada dos negócios ou retroceder nos planos de reabertura – deve limitar a melhora do mercado de trabalho pela frente. Em junho, a taxa de desemprego caiu para 11,1% e foram criadas 4,8 milhões de vagas, enquanto se previa 3,7 milhões. “São números fortes, mas a dúvida é se esse movimento vai durar”, escreve Bryson, em relatório.

 

O dólar chegou a cair ante moedas fortes e emergentes após o relatório de emprego, mas o movimento também perdeu força à tarde. Perante divisas principais, a moeda americana passou a subir e operou toda a tarde em alta.

 

Os estrategistas de moedas do Crédit Agricole destacam nesta quinta-feira que a volatilidade das moedas emergentes tem se mantido acima do padrão de longo prazo e pode seguir alta. Algumas divisas desses países parecem atrativas, pois tiveram forte desvalorização e ficaram baratas. Mas no caso do real, das moedas de Turquia, África do Sul, Indonésia e Índia, e mesmo o peso mexicano, o cenário é mais complicado.

 

São nações, como no caso do Brasil, que tiveram forte deterioração fiscal, ou ainda que tiveram piora das contas externas, casos sul-africano e turco. Por isso, essas moedas podem ser mais penalizadas em casos de movimentos de fuga de ativos de risco. Ao mesmo tempo, em momentos de apetite por risco, elas podem ser beneficiadas.

 

Para o Brasil, o Crédit Agricole projeta o dólar a R$ 5,45 no final do ano e a R$ 5,00 no final de 2021. Com recessão, piora fiscal, casos de coronavírus em alta e juros muito baixos, a atratividade dos ativos para investidores estrangeiros fica comprometida.

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em live nesta tarde que a percepção de risco aumentou muito para emergentes e países desenvolvidos. Mas enquanto para estes últimos houve melhora, os emergentes estão mais fragilizados, com saída forte de recursos.

 

No segundo dia útil do semestre, ainda houve forte movimentação técnica dos investidores no mercado futuro de dólar da B3. O destaque foram os fundos nacionais, que elevaram posições “vendidas” (que ganham com a queda) no dólar futuro em 69 mil contratos, o equivalente a US$ 3,4 bilhões. Os estrangeiros, que no dia anterior haviam zerado posições “compradas” passando a ficar “vendidos”, voltaram a ficar “comprados” em 13,2 mil contratos, segundo dados da B3 monitorados pela corretora Renascença. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.34720 0.5472 5.36520 5.26690

Dólar Comercial (BM&F) 5.4271 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5363.500 0.73246 5374.000 5273.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5324.500 01/07

 

JUROS

Os juros fecharam a quinta-feira perto dos ajustes de ontem, com um discreto sinal de alta nos prazos intermediários. O fôlego de queda das taxas, sobretudo as longas, após três sessões seguidas devolvendo prêmios, hoje já era naturalmente menor, mas durante a boa parte do dia ainda encontraram espaço para ensaiar nova baixa, influenciadas pela reação positiva dos demais ativos aos bons números do relatório de emprego norte-americano. No Brasil, a produção industrial de maio também surpreendeu, reforçando a percepção de que a atividade está reagindo aos estímulos fiscais e monetários e que o pior momento da pandemia ficou em abril. Na última hora de negócios, porém, a deterioração no câmbio se acentuou e as taxas ensaiaram uma realização de lucros. Nos aspectos técnicos, o destaque do dia foi o megaleilão de 19,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), a maior oferta do ano.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 2,91%, de 2,892% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 5,613% para 5,63%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou estável em 6,54%.

 

A correção de baixa na ponta longa foi contida, já que o payroll de junho acima do esperado, notícias promissoras em torno das vacinas contra o coronavírus e chance de corte de impostos nos Estados Unidos para animar a economia mantiveram o apetite pelo risco nos mercados. O ânimo chegou a esfriar um pouco após a informação de que os Estados Unidos tiveram aumento de 50 mil casos num único dia, mas, no geral, o sentimento positivo prevaleceu.

 

Desde o fechamento de sexta até ontem, a ponta longa devolveu cerca de 25 pontos-base. Na avaliação do operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, a curva longa poderia estar ainda mais baixa não fosse a alta volatilidade do câmbio. “Se o dólar ajudasse, o DI para janeiro de 2027 por exemplo já poderia estar abaixo dos 6,50%”, disse, destacando que o câmbio está resistente em acompanhar a melhora dos ativos prefixados e da Bolsa. “Tudo está melhorando, temos sinais de recuperação da economia aqui e lá fora, mas nossa moeda ainda está 10% abaixo do rand, que é o segundo pior desempenho entre as moedas este ano. O real está muito fora”, afirmou.

 

Para a economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Helena Veronese, a ponta longa é o trecho do qual ainda se pode esperar alguma movimentação, já que o trecho curto tem pouco para andar. “Está tudo bem precificado, o BC já sinalizou tudo o que podia para política monetária”, disse. Nesta tarde, em live organizada pelo jornal Correio Braziliense, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou o que disseram os documentos do BC, que ainda há espaço para a queda da Selic, “mas não muito mais”.

 

Internamente, a agenda de indicadores reforçou a avaliação de que o pior momento da pandemia para a atividade foi superado, embora haja risco de novas ondas e de retrocesso no ritmo de reabertura das economias. A produção industrial de maio subiu 7% ante abril, acima da mediana das previsões de 6,15%, o que dá esperança de que os cenários mais destrutivos para o País por causa da Covid não devem se concretizar. Hoje, também saiu o Indicador de Atividade Econômica da Fundação Getúlio Vargas (IAE-FGV), com crescimento de 0,6% no mês de maio em relação a abril, segundo a primeira prévia do índice, divulgada nesta quinta-feira.

 

O novo indicador diário de atividade do Itaú Unibanco, batizado de Itaú Daily Activity Tracker (IDAT), que tem como referência o número-índice 100 na média da primeira quinzena de março, caiu para 86 pontos na segunda metade do mês. Na média de abril, o indicador atingiu o vale de 66 pontos e, depois, subiu a 73 em maio e, até agora, marca 82 pontos na média de junho.

 

Em meio à abundância de liquidez pelo mundo e também no Brasil – ontem venceram R$ 182 bilhões em LTN e houve pagamento de R$ 21,5 bilhões em cupom de NTN-F – o Tesouro conseguir colocar um super lote de 19,1 milhões de LTN, quase toda a oferta de 19,5 milhões. Vendeu integralmente o lote de 300 mil NTN-F.

 

O subsecretário da Dívida Pública, José Franco, disse hoje que, apesar do crescimento da dívida, o cenário de juros baixos é favorável para a gestão e que o aumento significativo do déficit primário neste ano será financiado com o colchão da dívida pública e novas emissões. “Estamos fazendo um mix e observando as condições de mercado. Com o mercado mais positivo, aumentamos emissões. Com mercado conservador, usamos caixa”, explicou. (Denise Abarca – [email protected])

 

 

Operação

CDB Prefixado dias (%a.a) 2.15

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 2.15

Over Selic (%a.a) 2.15

 

BOLSA

Após ter tocado terreno negativo no meio da tarde, enquanto o dólar renovava máximas do dia, o Ibovespa buscou sustentar leve alta para emendar a segunda sessão positiva, algo que não acontece desde 18 e 19 de junho, quando o índice concretizava a quarta progressão consecutiva – desde então, passou a alternar avanços e recuos diários. Assim, apesar do bom humor externo – embora também moderado no fim da sessão em Nova York -, o Ibovespa fechou praticamente no zero a zero (+0,03%), a 96.234,96 pontos, enquanto na véspera de feriado nos EUA , os ganhos ficaram entre 0,36% (Dow Jones) e 0,52% (Nasdaq), com o índice de tecnologia voltando a renovar máxima histórica de fechamento. No meio da tarde, os ganhos em NY superavam a marca de 1%.

 

“É natural a cautela antes do feriado amanhã nos EUA, o que afeta as condições de liquidez. Muita coisa pode acontecer em três dias, então se evita tomar posição”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Este patamar atual do Ibovespa, de 96 a 97 mil pontos, é muito mais condizente com a recuperação observada nos pares do que propriamente com a produtividade por aqui. Estamos ainda um passo atrás na recuperação”, acrescenta o analista, observando que dados mais recentes, como os de veículos, atividade industrial e Caged, embora não cheguem a ser motivo de comemoração, sugerem que o pior da crise pode ter ficado para trás também no Brasil.

 

Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 2,56% e nestas duas primeiras sessões de julho avança 1,24%. O giro financeiro ficou em R$ 26,9 bilhões, com o índice tendo chegado a romper a resistência dos 97,6 mil para chegar aos 97.864,16 pontos na máxima da sessão, o maior nível intradia desde 9 de março, então a 97.982,08 pontos na abertura. No ano, o principal índice da B3 mantém perdas a 16,78%. Com o desempenho de hoje, o Ibovespa mantém o maior nível de encerramento desde o último dia 19, então aos 96.572,10 pontos, com a variação de 31,76 pontos nesta quinta-feira ante o fechamento de ontem.

 

Mais uma vez, o ânimo a partir do exterior decorreu de nova leitura positiva sobre o mercado de trabalho dos EUA em junho, confirmando o entusiasmo que já prevalecia na sessão anterior com a geração de vagas no setor privado. Desta vez, o relatório oficial mostrou geração de postos acima do esperado e taxa de desemprego abaixo do projetado para o mês, corroborando a percepção de que a flexibilidade do mercado de trabalho americano contribui para uma recuperação do emprego e da renda mais rápida do que se antecipava. O foco em torno dos testes clínicos de vacinas contra a Covid-19 também sustenta o otimismo de que opção viável seja entregue até o início de 2021.

 

Ainda assim, o bom humor observado mais cedo em Nova York não foi o suficiente para segurar os ganhos na B3, observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Os 98 mil pontos vêm servindo de importante barreira desde o mês passado, e fica difícil imaginar que esse ponto, extremamente importante para o mercado brasileiro, será rompido facilmente depois de três meses consecutivos de alta, contra a tendência de baixa de curto prazo”, aponta. “O outro motivo está ligado à situação fiscal do país, e ajuda explicar também a valorização do dólar”, acrescenta o analista, observando que a dívida bruta deve fechar o ano em 98,2% do PIB – “uma melhora somente deve ser vista a partir de 2025 levando em conta as reformas”, que se tornam “ainda mais urgentes”.

 

Depois das 15h, enquanto o dólar à vista passava a renovar máximas da sessão, chegando a R$ 5,3652, o Ibovespa perdia vigor, tocando mínima a 96.051,85 pontos, levemente em terreno negativo, apesar de ganhos bem distribuídos pelos setores de commodities, siderurgia e bancos, enquanto as utilities cediam terreno – retrato que se manteve no fechamento. Na ponta negativa do Ibovespa, IRB encerrou hoje em baixa de 12,24%, seguida por Lojas Americanas (-4,27%). No lado oposto, BTG subiu 3,27%, CSN, 2,55%, e Gerdau Metalúrgica, 2,26%. Entre as blue chips, Petrobras PN subiu 1,61%, Vale ON ganhou 1,74% e Itaú Unibanco 1,72%.

 

“O dólar é o principal ponto, estressado neste patamar superior a R$ 5,30, refletindo a percepção de risco. Achamos que pode fechar o ano a R$ 4,70. O câmbio continua a ser algo a mostrar uma distorção muito grande quando comparado a pares como África do Sul, México e Rússia”, aponta Arbetman, da Ativa. Nesta quinta-feira, o dólar spot subiu 0,55%, a R$ 5,3472.

 

Ainda assim, refletindo alguma redução na percepção de risco sobre os emergentes, a bolsa brasileira encerrou o mês de junho com saldo positivo de R$ 343,030 milhões em recursos estrangeiros, o que não acontecia desde setembro de 2019. O desempenho resultou de R$ 318,668 bilhões em compras de ações por estrangeiros na B3, com vendas a R$ 318,325 bilhões no mês. Em 2020, os investidores estrangeiros já sacaram R$ 76,504 bilhões do mercado acionário brasileiro. (Luís Eduardo Leal – [email protected], com Fabiana Holtz)

 

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 96234.96 0.03301

Máxima 97864.16 +1.73

Mínima 96051.85 -0.16

Volume (R$ Bilhões) 2.69B

Volume (US$ Bilhões) 5.08B

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 96305 0.15079

Máxima 98180 +2.10

Mínima 96130 -0.03

 




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