FED CONCRETIZA MELHORA DE HUMOR E ATIVOS DOMÉSTICOS SEGUEM, TAMBÉM COM AJUDA DO CAGED

Algumas informações conhecidas na segunda metade do dia firmaram a direção positiva dos mercados, depois de uma manhã de instabilidade, com os ativos ponderando ora o aumento de casos de covid-19 nos EUA, ora a esperança por uma vacina contra a doença e alguns indicadores positivos sobre a economia americana. Mas no meio da tarde, quando o Federal Reserve anunciou que começará a comprar novos títulos de dívida corporativa no mercado primário, as bolsas em Nova York, que já subiam, aceleraram a alta e assim prosseguiram até o fim do pregão. O Dow Jones avançou 2,32%, puxado por Boeing (+14,40%), com perspectivas para testes de voos para certificação do modelo 737 MAX. Os ativos brasileiros pegaram carona nesse otimismo externo e contaram ainda com a ajuda do Caged, que mostrou corte de vagas inferior às projeções no mês de maio. Tal quadro abriu espaço para que o Ibovespa recobrasse uma parte das perdas registradas na sexta-feira, terminando com avanço de 2,03%, aos 95.735,35 pontos, na máxima do dia. Vale notar que amanhã, dia 30 de junho, será fechamento de mês, trimestre e semestre, o que sempre causa ajustes nas carteiras. E esse encerramento tríplice acabou permeando o mercado de câmbio, que além de devolver parte da alta da sexta-feira, já teve alguma disputa por investidores para a definição do referencial Ptax de junho, usado em balanços e contratos cambiais. No fim, o dólar à vista teve queda de 0,62%, a R$ 5,4265, e o real teve o melhor desempenho em uma cesta de 34 moedas mais líquidas. O bom humor externo e local também contaminou os juros, cujas taxas de médio e longo prazos caíram, ao passo que os vencimentos curtos ficaram perto da estabilidade, mantendo a divisão de apostas entre corte de 0,25 ponto porcentual e manutenção da Selic em 2,25%, em agosto.

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

O anúncio do Federal Reserve de que começará a comprar novos títulos de dívida corporativa no mercado primário deu impulso adicional às bolsas de Nova York, que já mantinham ganhos e fecharam o pregão em alta, com a Boeing em destaque. O mercado acionário aposta na recuperação econômica, mas analistas alertam para o crescente número de novos casos de covid-19 nos Estados Unidos, que bateram recordes no fim de semana e podem retardar a retomada da atividade. O otimismo que prevaleceu nos mercados internacionais também beneficiou o petróleo, que fechou em alta. Na renda fixa, no entanto, houve mais cautela e os juros dos Treasuries não mostraram direção única. No câmbio, o dólar reverteu as perdas ante outras moedas fortes e se valorizou, principalmente devido à fraqueza da libra em meio às negociações para um acordo comercial pós-Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia.

 

“A mais recente onda de casos de covid-19 não está incomodando os mercados dos EUA nesta manhã, mesmo que algumas reaberturas nos Estados do sul e do oeste tenham sido suspensas”, escreveram analistas da corretora americana LPL Financial no começo do pregão. À tarde, as bolsas de Nova York mantiveram o movimento e receberam um impulso da autoridade monetária americana. O Fed vai comprar títulos de dívida corporativa recém emitidos por grandes empresas, em um programa de estímulos em parceria com o Departamento do Tesouro que havia sido anunciado no começo da pandemia.

 

Com isso, o índice acionário Dow Jones avançou 2,32%, a 25.595,80 pontos; o S&P 500 subiu 1,47%, a 3.053,24 pontos; e o Nasdaq registrou alta de 1,20%, a 9.874,15 pontos, depois de ter começado o pregão em baixa, pressionado pelas ações do Facebook. A rede social enfrenta uma onda de boicotes publicitários por parte de empresas que exigem respostas sobre a disseminação de discursos de ódio nas plataformas. Mesmo assim, os papéis do Facebook ganharam 2,11% hoje, revertendo parte da queda de 8,32% da sexta-feira. Já a Boeing subiu 14,40%, após a informação de que autoridades reguladoras dos EUA estão prontas para iniciar os testes de sua aeronave 737 MAX.

 

“Os mercados globais de ações se estabilizaram hoje, mas a maioria caiu cerca de 5% desde seus picos recentes em 8 de junho”, comenta o analista Olive Allen, em um relatório da Capital Economics. Na avaliação da consultoria britânica, a composição do mercado de ações americano, com grande peso de empresas de tecnologia, tem ajudado os índices acionários, mas novas ondas de covid-19 podem representar um risco para o desempenho de longo prazo. Para analistas do banco NatWest, a alta de hoje das ações indica que o aumento das infecções por coronavírus nos EUA no fim de semana já estava precificado na queda de sexta-feira. Ajudaram também os dados de vendas pendentes de imóveis nos EUA, que subiram 44,3% em maio ante abril, bem acima da previsão de avanço de 15%.

 

Em uma coletiva de imprensa, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse hoje que a pandemia “está longe de acabar” e que “o pior ainda está por vir”. Já a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que a perspectiva para o mercado de trabalho e a economia em geral é “muito incerta”.

 

Na renda fixa, ainda houve um pouco de cautela e os juros dos Treasuries ficaram sem direção única. No final da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 0,156%, o da T-note de 10 anos cedia a 0,635% e o do T-bond de 30 anos subia a 1,391%.

 

No mercado cambial, o índice DXY, que mede a variação do dólar ante outras seis divisas fortes, iniciou o pregão em baixa, mas operava em alta de 0,06%, a 97,493 pontos, no final da tarde em NY, com a fraqueza da moeda britânica. “As negociações comerciais do Brexit foram retomadas nesta semana, um assunto delicado e espinhoso para a libra”, comenta o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union. O euro, por outro lado, se fortaleceu em meio a tratativas para a aprovação de um fundo de recuperação proposto pela Comissão Europeia. “Vamos fazer de tudo para convencer nossos parceiros”, escreveu em sua conta oficial do Twitter o presidente da França, Emmanuel Macron, depois de uma reunião com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

 

O petróleo, por sua vez, foi beneficiado pelo otimismo global e fechou em alta, com perspectivas de retorno da demanda. Na Nymex, o WTI para agosto subiu 3,14%, a US$ 39,70 o barril. Na ICE, o Brent para setembro avançou 2,25%, a US$ 41,85 o barril. (Iander Porcella – [email protected])

 

BOLSA

 

Após perda de 2,24% na sessão anterior, que elevou o ajuste negativo da semana passada a 2,83%, o Ibovespa retomou a linha de 95 mil pontos nesta segunda-feira, encerrando o dia na máxima da sessão, em alta de 2,03%, aos 95.735,35 pontos, saindo de mínima a 93.825,27. Assim, este início de semana mantém as idas e vindas que têm caracterizado os negócios na B3 desde o último dia 19, intercalando altas e baixas em base diária, as quais têm deixado o Ibovespa praticamente no mesmo ponto, sem fôlego para seguir muito adiante neste fim de junho e de segundo trimestre, e, ao mesmo tempo, insulado de uma realização mais forte que colocaria em jogo o terceiro avanço mensal consecutivo, desde o tombo de março.

 

No dia 19 de junho – quando fechou em alta de 0,46%, emendando a quarta alta após quatro perdas seguidas -, o Ibovespa estava a 96.572,0 pontos. Na sessão seguinte, no dia 22, caiu 1,28%, para 95.335,96, nível ao qual superou no fechamento de hoje. O giro financeiro, assim como na semana passada, esteve mais acomodando nesta segunda-feira, a R$ 22,4 bilhões. No mês, o índice de referência da B3 acumula alta de 9,53%, ainda cedendo 17,22% em 2020.

 

Após a preocupação com o teto de gastos na sexta-feira, em dia também negativo no exterior, o Ibovespa também andou na mesma direção de Nova York nesta segunda-feira, animados pelos sinais favoráveis sobre a vacina contra Covid-19 em desenvolvimento na China e por novos sinais do Fed de que continuará apoiando a recuperação econômica. O índice da B3 ganhou algum fôlego a partir do meio da tarde, com a divulgação do Caged. Apesar de ter sido a pior leitura para maio desde o início da série histórica, que retrocede a 1992, a destruição de empregos no mês ficou abaixo das projeções, com mediana a -900 mil – o saldo líquido negativo em maio foi de 331.901 vagas.

 

“O dado do Caged foi positivo na medida em que as projeções econômicas vinham sendo muito rebaixadas e, caso os números macro e sobre a atividade venham a se mostrar menos ruins do que se temia, algo pode se desenhar para o segundo semestre”, diz o economista Renato Chain, da Parallaxis Economia. Ele, como muitos no mercado, considera que o momento na B3 tem sido condicionado mais pelo fluxo do que pelos fundamentos, com a ampla disponibilidade de liquidez provida por BCs ao redor do mundo, em esforço conjunto contra a pandemia, e os juros em mínima histórica no Brasil.

 

“Mas, como se observou também após a crise em 2008, chega o momento em que se forma uma bolha nos preços dos ativos, com tanta liquidez disponível. Neste fim de mês e de trimestre, o que se vê é cautela, com uma alternância entre compras e vendas moderadas em um horizonte mais curto, diante das incertezas”, aponta. Como pano de fundo, o mercado continuará a olhar na “vírgula” a possibilidade de uma segunda onda de Covid-19, e o que significará para a reabertura das economias, bem como a viabilidade de uma vacina em breve.

 

“O Ibovespa está hoje 17,5 vezes o valor das empresas, ante média histórica de 11 vezes – com piso a 8,5 vezes e topo a 14,2 vezes na série de 10 anos”, diz Chain, que considera que uma realização mais forte, ainda que em julho, quando vierem os balanços do segundo trimestre, contribuiria para o índice ganhar força e deixar para trás o padrão lateralizado que tem sido observado nas últimas sessões. “Aos 85 mil, eu estaria comprando”, acrescenta o economista, que não vê o Ibovespa além de 95 ou 97 mil pontos no fechamento de 2020.

 

Nesta segunda-feira, Petrobras PN subiu 3,93%, com as ações de bancos mostrando ganhos entre 2,51% (Santander) e 5,09% (BB ON). Na ponta do Ibovespa, Via Varejo avançou 7,63%, seguida por Embraer (7,54%) e Pão de Açúcar (5,94%). No lado oposto do índice, BRF cedeu 2,70%.

 

“A alta do petróleo, que impulsionou a Petrobras, foi motivada pela notícia de que as quatro gigantes estatais chinesas (China Petroleum & Chemical, PetroChina, Cnooc e Sinochem) vão formar um grupo para ir ao mercado à vista e comprar em bloco petróleo, a fim de aumentar seu poder de barganha e, por consequência, diminuir a concorrência”, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Do lado dos bancos, o novo adiamento da votação do projeto do teto de juros gera especulações de que o plano não deve sair do papel, pelo menos este ano, o que favorece o setor como um todo na Bolsa”, acrescenta. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 95735.35 2.02576

Máxima 95735.35 +2.03

Mínima 93825.27 -0.01

Volume (R$ Bilhões) 2.23B

Volume (US$ Bilhões) 4.10B

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 96045 2.76589

Máxima 96170 +2.90

Mínima 93950 +0.52

 

 

CÂMBIO

O dólar firmou queda nos negócios da tarde, após uma manhã de oscilações. Profissionais das mesas de câmbio ressaltam que, além de devolver parte da alta da sexta-feira, quando subiu 2,4%, começaram a pesar nos negócios fatores técnicos, principalmente a disputa por investidores para a definição do referencial Ptax de junho, trimestre e semestre, usado em balanços e contratos cambiais, que será conhecido nesta terça-feira (30). Por conta desta disputa, o dólar futuro teve queda mais pronunciada que o mercado à vista, com o real tendo o melhor desempenho hoje em uma cesta de 34 moedas mais líquidas.

 

O dólar à vista encerrou em baixa de 0,62%, cotado em R$ 5,4265. No mercado futuro, o dólar para julho recuava 1,07%, a R$ 5,4270 às 17 horas.

 

Além da Ptax, traders destacam que os negócios de hoje e, principalmente amanhã, vão ser marcados por ajustes técnicos e mudanças de portfólios de carteiras de fundos e outros investidores internacionais, por concentrar o final de vários períodos, de mês a semestre. Por isso, a expectativa é de volatilidade ainda mais alta.

 

O dólar que chegou a cair em junho mais de 5%, agora caminha para terminar o mês em alta. Até o fechamento de hoje, subia 1,64%. Assim, deve encerrar o semestre com valorização de 41,30%. Com isso, o real é em 2020 a moeda com pior performance mundial perante o dólar, considerando as 34 principais moedas.

 

Estrategistas de moedas do Bank of America destacam que o aumento do risco político no Brasil, investidores estão “claramente preferindo” o peso do México ao real. No ano, o dólar sobe 22% ante o peso mexicano.

 

Nesta segunda-feira, o dólar foi de R$ 5,47 na máxima a R$ 5,39 na mínima. “É a guerra pela formação da Ptax entre os bancos, em meio a uma pitada de correção da forte alta da sexta-feira, mas também de dados que mostraram melhora da confiança na indústria e as vendas de moradias nos EUA”, afirma o economista e operador da Advanced Corretora de Câmbio, Alessandro Faganello. Nos indicadores domésticos, o Caged mostrou corte de vagas em maio abaixo do esperado.

 

Nos EUA, as vendas pendentes de imóveis saltaram 44,3% em maio ante abril, enquanto Wall Street previa expansão de 15%. “É a mais recente evidência de que o setor imobiliário está totalmente no caminho da recuperação”, avaliam os economistas do banco Wells Fargo. Já o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou que vai começar a comprar ativos privados, o que ajudou a dar fôlego adicional aos mercados, sobretudo as bolsas, ao mesmo tempo em que o crescimento de casos de coronavírus segura um pouco o otimismo.

 

Neste ambiente, o dólar teve comportamento misto hoje nos emergentes e ante moedas fortes, primeiro caiu, depois passou a subir. O euro teve dia de valorização, após dados mostrarem inflação mais alta que o previsto na Alemanha, sinalização de que a economia, a maior da zona do euro, pode estar se reaquecendo.

 

O euro passou a ser uma das moedas preferidas nas apostas dos especuladores na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CME, em inglês), que vêm reforçando estratégia comprada na divisa europeia, sinal de que acreditam na sua valorização. O saldo líquido comprado em euro é o maior desde maio de 2018.

 

Já no dólar, as apostas dos especuladores atingiram os níveis mais pessimistas em quase cinco anos e sinalizam chance de a moeda americana se enfraquecer ainda mais no mercado internacional no curto prazo, influenciado pela elevada liquidez injetada no mercado pelo Fed.

 

Estudo do grupo financeiro ING afirma que as apostas evidenciam uma “grande fuga do dólar”. Os especuladores passaram, na semana encerrada em 16 de junho, a ficar vendidos em dólar, ou seja, apostando na queda da moeda. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde maio de 2018. O movimento prosseguiu na semana encerrada no último dia 23, mostra levantamento do grupo financeiro holandês Rabobank.

 

Com o real, os movimentos dos especuladores foram mais discretos na semana passada em Chicago. A posição ficou vendida em 11,3 mil contratos na semana encerrada no dia 23, de 13 mil do período anterior, segundo o relatório da CFTC. Estas apostas ganham com a queda do real ante o dólar.

 

No mercado futuro de dólar da B3, fundos reduziram em 11 mil contratos suas posições vendidas na sexta-feira, para 271,5 mil (dólar futuro e cupom cambial), o equivalente a US$ 13,6 bilhões, de acordo com dados da B3 monitorados diariamente pela corretora Renascença. Já os estrangeiros estão comprados em dólar em 524,2 mil contratos, ou US$ 26,2 bilhões, nível alto na comparação histórica, semelhante, por exemplo, a momentos de elevada incerteza, como antes das eleições de 2018. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.42650 -0.6208 5.47130 5.39470

Dólar Comercial (BM&F) 5.3362 0

DOLAR COMERCIAL 5396.000 -1.62261 5473.000 5394.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5403.000 -1.44108 5476.000 5397.000

 

 

JUROS

Os juros começaram a semana captando a melhora do humor nos mercados internacionais, o que colocou para baixo as taxas de médio e longo prazo enquanto as curtas rondaram os ajustes durante toda a sessão. Os investidores retomaram as esperanças no lançamento de vacinas que possam conter a expansão do coronavírus no mundo, favorecendo o apetite pelo risco, além de dados acima do esperado da economia americana e novo anúncio de estímulo pelo Federal Reserve. No Brasil, o dia também foi indicadores que surpreenderam e reforçaram a percepção de que a economia já deve ter saído do fundo do poço, embora o quadro de apostas para a Selic em agosto não tenha se alterado ante os últimos dias, permanecendo dividido entre corte e manutenção.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 2,95%, de 2,972%, no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,823% para 5,76%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 6,73%, de 6,813% no ajuste de sexta-feira.

 

No fechamento dos negócios, a curva mostrava redução da inclinação ante a sessão passada, mas os volumes eram modestos. Na ponta longa, o DI para janeiro de 2027 girou em torno de 36 mil contratos, ante média diária de 44,4 mil dos últimos dias 30. Nos curtos, o DI para janeiro de 2022 movimentou 196 mil contratos, ante média diária de 312 mil.

 

Em boa medida, quem deu o rumo para as taxas durante o dia foi o câmbio, embora não na mesma intensidade da queda do dólar ante o real. No começo da tarde, a moeda americana chegou a zerar as perdas, ameaçando alta, o que levou as taxas futuras também a irem à estabilidade. Depois, tudo voltou a cair, com o apetite ao risco ganhando algum fôlego com a informação de que o Federal Reserve passará a comprar títulos novos de dívida corporativa. De manhã, o salto de 44% no dado de venda e imóveis pendentes em maio nos Estados Unidos, ante expectativa de alta de 15%, já animava os investidores.

 

Um gestor de renda fixa lembra que, normalmente, em períodos de fim de mês e de trimestre os ativos ficam mais sujeitos a fatores técnicos relacionados a ajustes de carteiras, o que pode fazer com que o noticiário e mesmo alguns indicadores sejam relativizados.

 

De todo modo, no Brasil, a agenda da segunda-feira, se não chegou a trazer impacto direto sobre os preços, ao menos reforçou a ideia de que a economia não deve piorar mais daqui em diante. Porém, como os números de abril e maio são muito ruins, o mercado também tem a consciência de que a economia deve demorar a ter melhora consistente, com a recuperação do País mais para um “U” do que para “V” como diz acreditar o ministro Paulo Guedes.

 

O dia começou com o IGP-M de junho (1,56%) acima da mediana das estimativas (1,47%), seguida pelo resultado primário do Governo Central de maio, com déficit de R$ 126,609 bilhões. Ainda que tenha sido o pior desempenho da série histórica – iniciada em 1997 – para qualquer mês, o mercado esperava saldo negativo maior, déficit de R$ 131,4 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast. À tarde, vieram os números do Caged, também não tão ruins quanto se previa. Em maio, o saldo líquido foi negativo em 331.901 empregos, quando o piso da estimativas apontava para o fechamento de 417 mil postos. A pandemia do coronavírus levou ao fechamento de 1,487 milhão de vagas com carteira assinada entre março, quando foi registrado o primeiro caso de covid-19 no País, e maio.

 

Para o gestor citado mais acima, a curva começa a ficar “com cara” de fim de ciclo da Selic. “A economia não foi o desastre que se imaginava. Tenho a impressão de que o mercado vai reforçar a percepção de que o BC não vai cortar mais. A curva ensaia um flattening típico de períodos de encerramento de ciclo”, comentou.

 

Na curva, a precificação para o Copom de agosto era de queda de 12 pontos da Selic, ou 52% de chance de manutenção e 48% de probabilidade de corte de 0,25 ponto porcentual. (Denise Abarca – [email protected])

 

Operação

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.15

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 2.15

Over Selic (%a.a) 2.15

 

 

 

 

 

 

 




Leave a Reply

Your email address will not be published.


Comment


Name

Email

Url