DI LONGO E DÓLAR SOBEM NO PÓS-COPOM COM TENSÃO POLÍTICA MAIOR POR QUEIROZ E WEINTRAUB

A saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, anunciada no fim da tarde, acabou amplificando as tensões políticas na reta final dos negócios, fazendo dólar e juros longos acelerarem a alta que já se estendia desde o começo do dia, ao passo que reduziu o avanço do Ibovespa. Os gatilhos do dia, contudo, foram mesmo a prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e o comunicado que acompanhou a decisão de ontem do Copom. Enquanto a curva de juros ganhou inclinação e o dólar engatou a sétima alta consecutiva, diante do aumento do risco político, o Ibovespa reagiu mais à possibilidade de um corte adicional da Selic, conforme sinalizado ontem pelo Copom. Como pano de fundo de tudo isso, esteve a instabilidade externa, onde os investidores se dividiram entre o otimismo com uma recuperação rápida da economia e a cautela com o aumento dos casos de covid-19 na China e em estados americanos. Assim, ao fim do pregão, os juros futuros de curto prazo exibiam viés de queda, indicando apostas praticamente divididas entre um corte de 0,25 ponto da Selic e a manutenção da taxa básica, na reunião de agosto. Os vencimentos longos, porém, subiram, de olho no aumento do risco político e impulsionado pelo dólar, que registrou valorização de 2,09%, a R$ 5,3708 no mercado à vista – nos últimos sete pregões, a divisa acumula avanço de 10%, elevando a alta no ano para 34%. O desempenho do real, contudo, também teve a contribuição da possibilidade de novo afrouxamento monetário, o que torna a divisa ainda menos atrativa, e do cenário externo, negativo para moedas emergentes. Já o Ibovespa, amparado pelo avanço de varejistas e construtoras – setores beneficiados pela queda dos juros – voltou a se descolar da cautela local e verificada em Nova York, ao subir 0,60%, aos 96.125,24 pontos, engatando a terceira alta consecutiva e acumulando até aqui ganho de 3,59% na semana. Por fim, em Wall Street, depois de muita oscilação durante o pregão, o Dow Jones fechou com perdas de 0,15% e o Nasdaq, com alta de 0,33%.

 

 

JUROS

Bom termômetro da piora de percepção de risco político, os juros longos subiram durante toda a quinta-feira. Primeiramente em reação à notícia, logo cedo, da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e filho do presidente Jair Bolsonaro. E, no fim da sessão regular, ampliaram a trajetória ascendente até às máximas, com alta em torno de 20 pontos-base, com o anúncio do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que está deixando a pasta. Tudo isso mantidos os receios vindos do exterior com relação a uma segunda onda de contágio da Covid-19, num dia em que o dólar disparou de volta aos R$ 5,37.

 

Os juros curtos, por sua vez, caíram marginalmente, com ajustes ao comunicado do Copom ontem, que deixou a porta aberta, mas não muito, para o que seria um último e residual corte da Selic na próxima reunião. Com isso, a precificação na curva mostra um mercado dividido entre apostas de queda de 0,25 ponto porcentual e manutenção da Selic no Copom de agosto.

 

O dia de noticiário movimentado e de pós-Copom foi de forte volume de contratos, com a ponta curta em destaque. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou na mínima de 2,05%, de 2,089% ontem no ajuste, com 660 mil contratos, ante média diária de 241 mil dos últimos 30 dias. A taxa do DI para janeiro de 2022 subiu de 3,05% para 3,10% e a do DI para janeiro de 2025, de 5,662% para 5,86% (máxima). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa na máxima, a 6,82%, de 6,622% ontem no ajuste.

 

A reação ao comunicado foi moderada, na medida em que as chances de mais uma redução da Selic já se traduziam parcialmente na curva nos últimos dias. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o texto foi “cautelosamente dovish”. A curva projeta queda de 13 pontos-base da Selic em agosto, contra 7 pontos ontem, o que seria o “meio do caminho” entre um corte de 0,25 ponto e estabilidade.

 

Além disso, a repercussão também foi limitada pelo “evento Queiroz”. “Se não fosse pelas questões externas e políticas, o ajuste ao Copom teria sido maior”, afirmou Rostagno. Na medida em que o comunicado afirma que as medidas emergenciais para o combate à pandemia adicionam assimetria ao balanço de riscos, a prisão do ex-assessor é vista como mais um fator com potencial para atrasar a agenda de reformas e elevar o risco fiscal. “Contribuiu para elevar as tensões entre os Bolsonaros e o STF, mas ainda não o suficiente para causar uma ruptura institucional. O mercado não está precificando isso ainda”, disse Rostagno. Caso estivesse, a inclinação da curva de juros estaria muito maior e assim como o nível do dólar.

 

Porém, o fim da tarde ainda reservava a saída de Weintraub, que não chega a ser uma surpresa para o mercado, uma vez que o ministro estava muito enfraquecido. Mas, de todo modo, ao ocorrer no mesmo dia da prisão de Queiroz, reforça o sinal negativo ao mercado do ponto de vista da governabilidade.

 

Nesse contexto, a curva ganhou mais inclinação, com o spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2021, por exemplo, fechando em 477 pontos-base, maior nível desde 22 de maio (493 pontos).

 

Na avaliação da Eleven Financial, os juros de curto e médio prazos já atingiram o piso e não devem mais seguir atrativos, dadas as perspectivas negativas relacionadas ao “iminente e inevitável” aumento dos gastos decorrentes das políticas para combater o Covid-19. Em meio ao choque negativo de demanda maior do que o de oferta no curto prazo, a inflação e as expectativas futuras devem manter-se comportadas, mas na medida em que a demanda volte a crescer, ainda que parcialmente, há risco de aceleração dos preços com resposta do Banco Central.

 

Em relatório, a instituição afirma ter optado por zerar suas posições em prefixados com risco soberano, “especialmente nos papéis vincendos entre janeiro de 2021 e janeiro de 2025”. “Neste momento, é preferível manter a cautela, preservar a lucratividade das posições e migrar, de maneira gradual, para alocações indexadas à inflação com vencimentos mais longos (superiores a cinco anos para papéis de crédito corporativo e acima de dez anos para papéis soberanos)”, explica a equipe da instituição, que, no caso dos títulos públicos demonstra preferência pelas NTN-B. (Denise Abarca – [email protected])

 

 

Operação

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 2.15

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 2.15

Over Selic (%a.a) 2.15

 

 

CÂMBIO

O dólar engatou nesta quinta-feira a sétima alta seguida, período em que acumulou valorização de 10%. A quinta-feira teve amplo noticiário negativo para a moeda brasileira, interno e externo. Lá fora, a cautela com indicadores fracos da economia americana e o aumento do temor com uma segunda onda de coronavírus fizeram o dólar subir ante divisas fortes e de emergentes. O travamento da renegociação da Argentina com credores internacionais, que ontem à noite chegou a novo impasse, também contribuiu para o desempenho ruim das moedas da América Latina.

 

No noticiário doméstico, o clima de incerteza após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), se somou no meio da tarde à saída do governo do ministro da Educação, Abraham Weintraub. As máximas do dia foram renovadas logo após o anúncio da saída do ministro, visto como mais uma derrota para o governo. Para pressionar ainda mais o câmbio, houve a sinalização do Banco Central de mais queda de juros. Tudo isso contribuiu para o real ter um dos piores desempenhos hoje no mercado internacional, junto com os pesos mexicano e chileno.

 

O dólar à vista fechou com valorização de 2,09%, cotado em R$ 5,3708, o maior valor desde o dia 1º. No mercado futuro, o dólar para julho subia 2,78%, para R$ 5,3760 às 17h.

 

“Neste momento não está claro se e como a prisão de Queiroz vai afetar o presidente Jair Bolsonaro e sua família, mas deve ser um argumento adicional para uma nova escalada na tensão corrente entre o governo e o judiciário”, avaliam os estrategistas do Citibank em Nova York.

 

Para o Citi, mesmo que o corte do BC já estivesse embutido nos preços do câmbio, o real é prejudicado pelo fato de ter se transformado em uma moeda de financiamento e de hedge para períodos de fortalecimento do dólar, como no momento atual. Por isso, a moeda segue com risco de ter desempenho pior que seus pares. O real passou a ser usado como moeda de financiamento justamente por conta dos juros muito baixos no Brasil, o que reduz o custo das operações e permite que a moeda brasileira seja usada, por exemplo, como proteção em apostas com divisas de outros emergentes.

 

“O conjunto do noticiário hoje não foi nada favorável para o real”, disse o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele observa que mesmo o Banco Central sinalizando “corte residual” de juros, há peso negativo para o câmbio, porque a avaliação é que a taxa básica a 2,25% já está baixa demais, com o juro real chegando em níveis negativos. Sobre Weintraub, Nagem destaca que é mais uma perda para o governo, em dia que a Polícia Federal mostrou força ao prender o ex-assessor do filho do presidente.

 

A analista de moedas do Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que a própria melhora recente do real, caindo de R$ 5,60 para a casa dos R$ 5,10, foi um fator que abriu espaço para o corte de juros ontem de 0,75 ponto porcentual. Ao mesmo tempo, ao não fechar a porta para novo corte, o BC abre caminho para a depreciação adicional do real. Isso em um quadro de recessão e incerteza política elevada, enquanto crescem os casos de coronavírus no país.

 

Movimentos técnicos no mercado futuro de dólar da B3 mostram que fundos nacionais já reforçaram apostas contra o real ontem, se antecipando à decisão do BC, movimento que prosseguiu hoje, de acordo com operadores. Os fundos reduziram posição vendida em dólar futuro, que ganha com a queda da moeda americana, em 11 mil contratos ontem, o equivalente a US$ 550 milhões. O saldo da posição vendida dos fundos caiu ao menor valor desde o dia 3 deste mês, segundo dados da B3 monitorados pela corretora Renascença. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.37080 2.0909 5.38830 5.29250

Dólar Comercial (BM&F) 5.2075 0

DOLAR COMERCIAL 5377.500 2.78096 5391.000 5295.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5389.000 2.90243 5414.500 5339.000

 

BOLSA

 

A Selic em nova mínima histórica, a 2,25% ao ano – e com a possibilidade, mantida ontem aberta pelo Copom, de novo corte de juros – colocou o Ibovespa em terreno positivo pela terceira sessão consecutiva, em alta de 0,60%, a 96.125,24 pontos, apesar do desempenho lateralizado ou negativo das bolsas do exterior nesta quinta-feira, marcada também por avanço do dólar no Brasil em meio à ressurgência do risco político, após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. Investigado no inquérito que apura a prática de ‘rachadinhas’ na Alerj, Queiroz foi detido no início da manhã em Atibaia (SP), em casa de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.

 

Para abrandar as chamas em outra frente, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta tarde, em vídeo ao lado de Abraham Weintraub, que o ministro da Educação deixará o cargo para ocupar uma diretoria no Banco Mundial. Um dos mais emblemáticos integrantes da ala ideológica do governo, o ministro estava sob pressão desde que veio a público o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, na qual se referiu a ministros do Supremo Tribunal Federal como “vagabundos” que, no seu entendimento, deveriam estar presos. Ontem, o STF decidiu manter Weintraub no inquérito sobre as fake news – o ministro da Justiça, André Mendonça, tinha apresentado pedido de habeas corpus para que ele fosse excluído do processo.

 

Enquanto os índices de Nova York se mantinham em baixa moderada, o Ibovespa limitou um pouco os ganhos após o anúncio feito por Bolsonaro – antes, apontava ganho de 0,77%, oscilando para baixo de 0,5% após o vídeo presidencial.

 

No entanto, o fluxo para a B3, assim como ontem, contribuiu para o avanço do índice de referência, que se reaproximou hoje, um pouco mais, dos níveis de encerramento dos dias 9 (96.746,55) e 8 de junho (97.644,67 pontos), os dois melhores desde 6 de março (97.996,77), quando o Ibovespa fechou pela primeira vez abaixo dos 100 mil pontos no ano.

 

Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 3,59%, elevando o do mês a 9,98%, enquanto no ano limita agora as perdas a 16,88%. Em um mês, o avanço é de 18,39%.

 

O giro financeiro desta quinta-feira totalizou R$ 27,7 bilhões, com o índice tendo oscilado entre mínima de 94.697,53 e máxima de 97.109,54 pontos. Assim, no intradia, o Ibovespa voltou a testar hoje a linha de 97 mil pontos, tendo encontrado resistência na casa de 97,6 mil em três sessões consecutivas, entre os dias 8 e 10 de junho, após ter chegado aos 97,355 mil no intradia de 5 de junho.

 

“O mercado continua resiliente aqui – a política teve muito pouco efeito pela manhã, um ruído. Teremos mais um corte na Selic – como dito, residual, ou seja de 0,25% -, provavelmente na próxima reunião, em um mundo com liquidez absurda, a gente com juro real zerado e ainda com espaço para um corte. Temos um fluxo de pessoas chegando na Bolsa, e isso tem crescido fortemente”, diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, chamando atenção para uma situação global, de “valuation versus fluxo”, considerando precificações em certos casos já esticadas – quando “o fundamento já começa a não justificar preços muito mais altos” em Bolsa. “O fluxo deve continuar a comandar nos próximos meses e anos”, acrescenta.

 

“O que chamou a atenção (ontem), no comunicado feito logo após o anúncio do corte da taxa de juros, foi que o Banco Central colocou 2,25% como uma taxa adequada para esse momento, mas não se fechou em relação a novas mudanças”, aponta Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora. “O comunicado traz a mensagem de que o Copom está satisfeito, mas se manterá aberto à possibilidade de realizar novos ajustes, de forma residual, dependendo da conjuntura econômica e dos impactos da pandemia nos próximos meses.”

 

“O que a gente mais olha a partir de agora, com o juro a 2,25%, é qual o custo de oportunidade do investidor brasileiro. Em alguns ativos de renda fixa ainda pode ter algum retorno interessante, mas quem quiser ter melhor rentabilidade vai ter que investir na Bolsa ou se tornar um empreendedor e investir na economia real”, acrescenta.

 

A percepção dos analistas é de que, se ainda não se tornou negativo, o juro real está muito próximo a zero, o que obriga gestores e mesmo poupadores a buscar alternativas que envolvam maior exposição a risco. “Acabou a zona de conforto, e não é de ontem. O caminho já estava traçado pelo Copom, que tem entregado o que promete. O fluxo tende a continuar desempenhando papel importante, embora exista grande incerteza sobre a economia e o que as empresas poderão apresentar, em termos de resultados”, diz um operador.

 

Entre as empresas, em dia negativo para quase todo o setor de bancos, destaque para Itaú Unibanco, em alta de 3,92% no fechamento – o quinto melhor desempenho entre os componentes do Ibovespa, superado apenas por BTG (+9,12%), Cielo (+8,69%) e SulAmérica (+4,55%). As ações do Itaú reagiram a relatório do BTG Pactual no qual se avalia que a XP corresponde a 51% do que seria o valor do banco, embora este seja detentor de 46% da empresa – e sobre a qual tem uma opção de compra de mais 12,5% em 2022. O BTG destacou também que o valor da XP se multiplicou por dez desde a compra feita pelo Itaú, em 2017.

 

As ações de commodities também tiveram desempenho misto ao final da sessão, com Petrobras ON em alta de 1,57% e a PN, de 0,75%, enquanto Vale ON cedeu 0,05%. Na ponta negativa do Ibovespa, Multiplan caiu 3,45% e Cemig, 3,07%. (Luís Eduardo Leal – [email protected], com Maria Regina Silva)

 

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 96125.24 0.60488

Máxima 97109.54 +1.64

Mínima 94697.53 -0.89

Volume (R$ Bilhões) 2.77B

Volume (US$ Bilhões) 5.18B

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 96410 0.83673

Máxima 97390 +1.86

Mínima 94005 -1.68

 

ERCADOS INTERNACIONAIS

Em um pregão marcado pela volatilidade, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única. Os investidores oscilam entre o otimismo com uma recuperação rápida da economia e a cautela com o aumento dos casos de covid-19 na China e em Estados americanos, que pode significar um atraso na retomada. Os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que vieram em um número maior que o esperado, colocaram mais dúvidas sobre a primeira hipótese. Presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester prevê que a economia do país levará de um a dois anos para voltar ao nível anterior à pandemia. Nos mercados de câmbio e renda fixa, prevaleceu a aversão ao risco: os juros dos Treasuries recuaram e o dólar se fortaleceu ante outras divisas fortes. Já o petróleo encontrou espaço para ganhos, após um comprometimento do Iraque com os cortes na produção da Opep+. Na Argentina, o risco-país atingiu máximas desde maio, em meio a um impasse na renegociação da dívida do país com credores privados.

 

“As manchetes continuam a destacar um cabo de guerra entre os casos crescentes de covid-19 e a preocupação de que as ações podem ter ido longe demais, por um lado, e dados melhores, estímulos e perspectivas de tratamento para o coronavírus, de outro”, comentam analistas da corretora americana LPL Financial. Depois de terem oscilado entre altas e baixas durante o pregão, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única. O índice acionário Dow Jones caiu 0,15%, a 26.080,10 pontos, o S&P 500 registrou leve alta de 0,06%, a 3.115,34 pontos, e o Nasdaq avançou 0,33%, a 9.943,05.

 

Na visão de analistas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH), a possibilidade de uma segunda onda de infecções por covid-19 está “ganhando terreno”. Em Pequim, um novo surto surgiu na semana passada e levou a novas restrições. Hoje, no entanto, o epidemiologista chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, disse que a situação está “sob controle”. Estados americanos como Flórida e Arizona também viram um aumento no número de infecções pelo novo coronavírus, o que coloca em xeque a expectativa por uma recuperação em forma de “V” da economia, tese também enfraquecida pela alta maior do que se previa dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana passada.

 

O presidente americano, Donald Trump, no entanto, demonstrou confiança na retomada econômica. Em uma reunião com governadores, ele relembrou o recorde histórico de alta alcançado pelo Nasdaq recentemente. “Estamos buscando um recuperação econômica em ‘V’ e parece que é isso que teremos”, afirmou. Já o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que também participou do encontro, disse que os programa do governo “têm sido um sucesso”, especialmente para as pequenas empresas. Diretor do Conselho Econômico Nacional, Larry Kudlow declarou que o país pode compensar as perdas na economia até o primeiro trimestre de 2021

 

Mester, presidente do Fed de Cleveland, acredita que só daqui a um ou dois anos os EUA retornarão ao nível anterior à pandemia, em termos econômicos. Em evento virtual, a dirigente reforçou hoje a necessidade de uma política monetária acomodatícia “por um bom tempo”. Já o presidente da distrital de Saint Louis do Fed, James Bullard, disse que uma crise financeira foi evitada, “pelo menos por enquanto”.

 

No câmbio e no mercado de renda fixa, a cautela foi maior. No final da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos recuava a 0,193% e o da T-note de 10 anos cedia a 0,700%. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais, avançou 0,27%, a 97,421 pontos, com a busca pela segurança do dólar. Perto do horário de fechamento em Nova York, a libra recuava a US$ 1,2425, após o Banco da Inglaterra ter ampliado seu programa de relaxamento quantitativo (QE), embora menos do que o esperado pelo mercado.

 

No horário citado acima, o dólar avançava a 69,7578 pesos argentinos. De acordo com o jornal Ámbito Financiero, as tratativas da Argentina para a renegociação da dívida com credores privados estão travadas, o que elevou o risco-país a 2.626 pontos na medição do JPMorgan, maior nível desde o fim de maio.

 

O petróleo, por sua vez, fechou com ganhos, após o Iraque ter apresentado uma proposta para compensar o excesso de produção da commodity em maio e ter se comprometido com o acordo de cortes na oferta, em uma reunião do Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto (JMMC, na sigla em inglês) da Opep+. Na Nymex, o WTI para agosto subiu 2,20%, a US$ 39,05 o barril. E, na ICE, o Brent para o mesmo mês avançou 1,97%, a US$ 41,51 o barril. (Iander Porcella – [email protected])

 

 

 

 

 

 




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