SINAIS HAWKISH DO FED INIBEM MELHORA E PRESSIONAM DÓLAR, QUE VOLTA A BATER EM R$ 5,60

Se a perspectiva de que a PEC dos Precatórios possa andar mais rápido no Senado abriu espaço para uma correção das perdas recentes entre os ativos domésticos, declarações de dirigentes do Fed ao longo da tarde acabaram limitando a melhora. No caso do câmbio, aliás, a recuperação vista mais cedo deu espaço ao pessimismo, jogando a moeda americana novamente na casa de R$ 5,60 ante a brasileira. Dois membro do banco central dos EUA defenderam, diante dos números de atividade e inflação recentes, que comece a se discutir, em dezembro, uma aceleração do tapering por lá. Tal fato fez recrudescer temores de que, em meio à resiliência dos preços, o Fed também possa antecipar para algum momento de 2022 o início do aperto monetário. Isso fez o dólar ganhar força ao redor do mundo e, em relação ao real, acabou terminando com valorização de 0,70%, a R$ 5,6089. Na semana, impulsionado pelas incertezas fiscais domésticas, o avanço acumulado foi de 2,79%. Mas não foi apenas isso que impôs um dia majoritariamente negativo ao exterior. O avanço da Covid-19 na Europa, com a adoção de restrições pela Áustria, suscita temores sobre a interrupção da retomada global e o adiamento da normalização das cadeias produtivas. Nesse ambiente, o petróleo cedeu ao redor de 3%, enquanto Dow Jones e S&P 500 recuaram em Wall Street. A exceção foi o Nasdaq, que subiu 0,40% e renovou máxima história, acima dos 16 mil pontos, uma vez que as empresas de tecnologia tendem a sofrer menos nesse quadro de maior estresse sobre uma nova onda da pandemia. Parcialmente alheios a isso, a Bolsa subiu, enquanto os juros caíram. No caso da renda variável, o tombo acumulado na semana, até então, trouxe oportunidades de compras, ainda mais após a possibilidade de que um fatiamento da PEC dos Precatórios acelere a tramitação no Senado e ajude a reduzir, mesmo que pontualmente, as incertezas em relação às contas públicas de 2022. No fim, o Ibovespa subiu 0,59%, aos 103.035,02 pontos, o que não impediu a queda de 3,10% desde a última sexta-feira. A PEC, aliás, também foi o que ajudou a tirar prêmios dos DIs, ainda que, no acumulado da semana, os vencimentos longos tenham subido, com redução da inclinação negativa da curva a termo.

CÂMBIO

Após esboçar um alívio pela manhã, em razão da possibilidade de aprovação fatiada da PEC dos Precatórios, o dólar ganhou força ao longo da tarde e chegou a tocar na casa de R$ 5,61, em meio ao fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira de declarações duras de dirigentes do Federal Reserve. Já se cogita abertamente a aceleração do ritmo de redução da compra mensal de bônus (tapering) e, por tabela, o início de uma alta de juros nos EUA, o que diminui a atratividade de ativos emergentes.

Com mínima de R$ 5,5218 e máxima a R$ 5,6138 (+0,79%), o dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,6089, avanço de 0,70%, registrando o quinto pregão consecutivo de alta. Assim, o dólar fecha a semana com valorização de 2,79%, ameaçando zerar as perdas no mês, que passaram a ser de apenas 0,66%.

Apesar dos problemas fiscais domésticos seguirem como indutor relevante da retomada de posições defensivas no mercado doméstico, o desempenho do real ao longo da semana não foi pior que de seus pares emergentes. O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – operou hoje em alta firme, rompendo o patamar dos 96,000 pontos, com ganhos expressivos frente ao euro, abalado pelo avanço de casos de covid-19 na Europa.

Em meio à expectativa pela decisão da Casa Branca sobre eventual recondução de Jerome Powell ao comando do Federal Reserve, dirigentes regionais da instituição trataram de mostrar suas cartas. O vice-presidente do BC americano, Richard Clarida, outrora visto como uma voz moderada, afirmou que o comitê do Fed poderia começar a discutir a aceleração do tapering, dado que a economia americana se encontra em posição “muito forte” e há risco de mais pressão inflacionária. Na mesma linha, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu aceleração do ritmo de redução dos estímulos, tendo em vista a melhora do mercado de trabalho e a deterioração da inflação. Segundo Waller, se esse ritmo dobrar a partir de 2022, o BC poderia terminar o tapering em abril, o que abriria espaço para alta dos juros já no segundo semestre do ano que vem.

Para o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, dados os indicadores fortes de atividade econômica e de inflação bem elevada nos EUA, existe a possibilidade de o Fed acelerar o tapering e de alta de juros nos Estados Unidos já no segundo trimestre de 2022, algo antes esperado, majoritariamente, para o segundo semestre do ano que vem. “Com esse ciclo de inflação alta no mundo, especialmente nos EUA, existe essa expectativa, o que fortalece o dólar e deixa o cenário para os emergentes mais desafiador”, diz Miraglia, ressaltando que parte da valorização da moeda americana hoje pode ser atribuída ao desempenho do euro, que sofre com o aumento de casos de Covid-19 na Europa. “Internamente, o que faz mais preço é a discussão em torno dos precatórios. O mercado fica receoso pela falta de visibilidade.”

O alívio do dólar pela manhã veio na esteira da notícia de que o líder do governo no Senado e relator da PEC dos Precatórios, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu que pode haver fatiamento a proposta para garantir a aprovação na Câmara, já que hoje o governo teria menos do que os 49 votos necessários. A promulgação de uma parte do projeto abriria espaço para o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 400 em dezembro, tirando de cena o risco de o governo apelar para créditos extraordinários.

A ideia recebeu acolhida também do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que espera, contudo, que haja alterações mínimas no Senado. Contrariando desejo já expresso pelo presidente Jair Bolsonaro, Lira disse que não vê espaço no orçamento para reajuste do funcionalismo público. À tarde, líderes de partidos como PSDB e Podemos se manifestaram contrários a estratégia do governo de fatiar a proposta para conseguir a aprovação no Senado.

Estrategista da Davos Investimentos, Mauro Morelli considera que não está no preço dos ativos domésticos hoje o desfecho pior para a questão fiscal, que seria a rejeição da PEC dos Precatórios. Isso não significa, porém, que a aprovação da proposta traria uma diminuição aguda do risco fiscal. “A preocupação é que o governo não vai parar por aí e que pode haver um aumento mais significativo dos gastos públicos”, diz Morelli, destacando a pretensão de Bolsonaro de reajustar o salário dos servidores federais.

Para o estrategista, diante do quadro global menos favorável para emergentes e dos problemas internos, o dólar mudou de patamar. Ele não vislumbra possibilidade de uma rodada de apreciação do real e prevê aumento da volatilidade à medida que se aproximam as eleições presidenciais. “O dólar pode voltar a bater em R$ 5,70”, diz.

Em evento hoje à tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar que o descompasso entre termos de troca e taxa de câmbio afetou todas as divisas emergentes. A explicação seria o nível de dívida mais elevado. Ele disse que a atual gestão do BC é a que mais atuou no mercado, com vendas de US$ 80 bilhões em reservas internacionais, número que pode atingir US$ 90 bilhões ou US$ 110 bilhões até o fim deste ano.

Mais uma vez, Campos neto disse que o BC não quer ditar a trajetória da taxa de câmbio e que atua apenas em caso de disfuncionalidade ou falta de liquidez. “À medida que geramos credibilidade, volatilidade do câmbio tende a cair”, afirmou Campos, ressaltando que, apesar da “polêmica” envolvendo o Auxílio Brasil, o panorama fiscal do país está melhor. (Antonio Perez – [email protected])

18:30

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.60890 0.7002 5.61380 5.52180

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5621.000 0.95187 5625.000 5531.500

DOLAR COMERCIAL 5656.000 0.69432 5657.000 5578.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York encerraram a semana em tom misto, mas o Nasdaq fechou o pregão acima de 16 mil pontos pela primeira vez na história, no dia em que a Câmara dos EUA aprovou o pacote de quase US$ 2 trilhões em investimentos socioeconômicos, que ainda precisa do aval do Senado. Apesar disso, o clima geral nos mercados estrangeiros foi de cautela: os juros longos dos Treasuries recuaram, o petróleo perdeu cerca de 3% e a segurança dólar ficou mais atraente. Essa fuga do risco responde à preocupação com o agravamento da pandemia na Europa, onde os principais índices acionários caíram em bloco depois que a Áustria impôs novo lockdown para conter o coronavírus. À tarde, a moeda americana acentuou ganhos após dois dirigentes do Federal Reserve (Fed) defenderem aceleração do processo de retirada de estímulos.

“À medida que a covid-19 se espalha pela Europa e as restrições são reforçadas em alguns lugares da Alemanha e da Áustria, há um reconhecimento geral de que as coisas podem não estar indo da maneira certa”, explicou o estrategista da Nordea Asset Management, Sebastien Galy. “Isso afeta o sentimento, tanto nos mercados quanto nas famílias”, acrescentou.

Na última semana, o continente europeu concentrou 60% dos novos casos de coronavírus, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O quadro é particularmente alarmante em locais com baixa incidência de vacinação. A Áustria, que hoje endureceu restrições à circulação de pessoas, decidiu tornar a imunização obrigatório a partir de 2022. A Alemanha já tem mais casos diários da doença do que nas outras ondas e a chanceler Angela Merkel caracterizou a situação como “dramática”.

O cenário inibiu a busca por risco nos principais mercados da região. As bolsas de Madri, Lisboa e Milão perderam mais de 1%, enquanto Londres caiu 0,45%, Paris cedeu 0,38% e Frankfurt recuou 0,38%. O euro também ficou sob forte pressão e, por volta das 18h, recuava a US$ 1,1293.

Para a Capital Economics, a piora do vírus deve refletir nos indicadores econômicos europeus da próxima semana. “Esperamos que os [PMIs] da zona do euro diminuam e mostrem o impacto dos recentes surtos de casos de vírus, que provavelmente reduziram as viagens internacionais e domésticas e a demanda por petróleo”, destaca.

O ativo energético, alias, teve uma jornada prejudicada pelas incertezas da pandemia, com investidores de olho ainda no lado da oferta. O governo dos Estados Unidos voltou a afirmar hoje que conversa com outros países para articular uma possível liberação de reservas nacionais da commodity e pediu a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que avaliem a produção de forma “adequada”. Nesse ambiente, o barril do WTI para janeiro encerrou a sessão em baixa de 3,15%, a US$ 75,94, em NY, e o do Brent para igual mês baixou 2,89%, a US$ 78,89, em Londres.

Do outro lado do Atlântico, a demanda por aplicações seguras se traduziu em busca por Treasuries, o que pesou sobre os juros na ponta longa. No final da tarde, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,508%, mas o da T-note recuava a 1,538% e o da T-bond de 30 anos tinha queda a 1,908%.

Na renda variável americana, os três principais índices de ações ficaram sem direção única. O Nasdaq fechou com ganho de 0,40%, a 16.057,44 pontos, em novo recorde histórico. Por outro lado, Dow Jones perdeu 0,75%, a 35.601,98 pontos, e S&P 500 caiu 0,14%, a 4.697,96 pontos. Entre destaques negativos, Boeing despencou 5,82%, após a notícia de que a companhia voltou a atrasar a entrega de jatos do modelo 787, carro-chefe da fabricante com sede em Seattle.

À tarde, os mercados acompanharam também declarações de dirigentes do Fed. O diretor Christopher Waller defendeu que o tapering – como é conhecido a finalização gradual das compras de ativos – seja acelerado. Para ele, se o ritmo do processo dobrar em janeiro de 2022, o BC dos EUA poderia encerrá-lo em abril, o que abriria espaço para alta de juros já no segundo trimestre, caso necessário. Na mesma linha, o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, comentou que o aumento da velocidade do tapering deveria ser discutido na reunião de dezembro.

Em resposta, o dólar acelerou alta nas últimas horas. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou a sessão com avanço de 0,51%, a 96,031 pontos. Ante emergentes, o dólar manteve a trajetória ascendente ante a lira turca (11,2261 liras turcas), com a credibilidade do BC da Turquia em xeque depois que a instituição cedeu à pressão política e cortou juros, mesmo com a escalada inflacionária.

Pela manhã, a Câmara dos EUA aprovou o pacote de investimentos sociais e climáticos conhecido como Build Back Better. O presidente americano, Joe Biden, comemorou a notícia e disse que a legislação reduziria o déficit fiscal, embora o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) tenha estimado aumento de US$ US$ 367 bilhões no rombo orçamentário em uma década. (André Marinho – andre.marinho@estadao)

BOLSA

Vindo de quatro perdas diárias seguidas, o Ibovespa conseguiu fechar a sexta-feira em alta, mas não o bastante para evitar recuo de 3,10% na semana, tendo acumulado ganhos de 1,44% e de 1,28%, respectivamente, nas duas anteriores. Hoje, oscilou entre mínima de 102.143,17 e máxima de 103.975,25 pontos, encerrando a sessão em alta limitada a 0,59%, aos 103.035,02 pontos, com giro a R$ 31,9 bilhões nesta sexta-feira de vencimento de opções sobre ações. No mês, a referência da B3 ainda mostra baixa de 0,45%, com recuo a 13,43% no ano.

Após a retração ao longo de 2021 ter batido ontem em quase 14% no fechamento, a busca por descontos chegou a prevalecer hoje na B3, sem muitos catalisadores, com agenda tranquila e percepção um pouco mais favorável sobre o caminho da PEC dos Precatórios no Senado, enquanto, em Nova York, Nasdaq voltou a renovar máxima histórica de fechamento, pelo segundo dia, em sessão negativa para o Dow Jones e o S&P 500 – que ontem também havia renovado recorde no encerramento.

“Não fosse por Petrobras (ON -1,38%, PN -1,66%), em dia bem negativo para os preços do petróleo, o Ibovespa, em avanço mais forte pela manhã e arrefecendo à tarde, poderia ter mostrado alta maior, com a boa recuperação vista em mineração e siderurgia (Vale ON +2,73%, CSN ON +7,98%), ante o ganho de 5% no minério (na China) nesta sexta-feira. Com tanta incerteza, é difícil para o investidor passar o fim de semana comprado”, observa Danilo Batara, sócio-fundador e head da mesa de operações da Delta Flow Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual.

“O Ibovespa veio de uma semana anterior muito boa, recuperando os 107 mil pontos, que era a linha que delimitava o teto de baixa. Há muita discussão sobre a PEC dos Precatórios, inclusive a possibilidade de fatiamento da proposta no Senado, sem maioria para que se vote o texto conforme aprovado na Câmara. O tempo é cada vez mais curto pra decidir e evitar retomada do auxílio emergencial”, diz Batara.

Assim, na B3, apesar do ajuste pontual baseado em preço nesta última sessão da semana, a preocupação sobre a trajetória fiscal e o rumo de Brasília, em direção a mais gasto público em ano eleitoral, continua no radar do mercado. Nesta semana, a perda da linha dos 103 mil pontos abriu caminho para o índice buscar os 100 mil, ou mesmo além, ante a deterioração da perspectiva econômica, movida por juros e inflação em alta, assim como por revisões constantes nas projeções de PIB para 2022, para baixo, uma combinação temida como “estagflação”, e não apenas no Brasil.

Em palestra nesta sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse haver exagero na percepção sobre a situação fiscal doméstica e na recorrência do uso do termo “estagflação” no mundo, embora tenha reconhecido que o País mostra enorme dificuldade para reduzir gastos. “O resultado primário em 2022 ainda será bastante bom”, disse Campos Neto, em participação no evento Meeting News, organizado pelo Grupo Parlatório. “No mercado, se pagou um preço muito caro por um desvio (fiscal) que não foi tão grande”, disse também o presidente do BC.

Para o analista gráfico Igor Graminhani, da Genial Investimentos, o Ibovespa segue em “tendência de baixa forte no curto e no médio prazo e em formação de canal de baixa desde meados de julho deste ano”. Segundo ele, se o índice perder o suporte imediato em 102.030 pontos – o fundo de novembro do ano passado – pode corrigir até o patamar de 93.410 pontos, “suporte muito forte deixado no final dos meses de setembro e outubro do ano passado”.

O otimismo sobre o desempenho das ações para o curtíssimo prazo também perdeu espaço no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A maioria dos participantes (45,45%) prevê que a próxima semana será de variação neutra para o Ibovespa, ante 36,36% que esperam alta e 18,18% que preveem queda. Na pesquisa anterior, 60,00% esperavam ganhos para a Bolsa nesta semana; 20,00%, baixa, e outros 20,00%, estabilidade.

“A semana foi de alta volatilidade nas bolsas, e não apenas no Brasil. Aqui, em especial, muito ainda se discute sobre a PEC dos Precatórios e, com revisões pra cima na inflação e pra baixo no PIB, os ânimos ficam ainda mais exaltados para a próxima reunião do Copom, em que, esperamos, deve vir um aperto monetário mais forte pelo BC”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, além de CSN (+7,98%), de Telefônica Brasil (+6,81%) e TIM (+5,15%), com as ações de telecom reagindo bem à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre redução de alíquota de ICMS do setor em Santa Catarina, destaque também para Grupo Soma (+4,95%), Banco Inter (Unit +4,78%) e Cyrela (+4,06%). No lado oposto do índice, realização de lucros em Méliuz (-3,17%) após dois dias na ponta de ganhos do Ibovespa, hoje logo atrás de Locaweb (-4,26%) e de SulAmérica (-3,40%) na sessão.

A recuperação vista em mineração e siderurgia na sessão decorre de perspectiva um pouco melhor para o minério de ferro, cujos preços foram impulsionados nesta sexta-feira por “notícias positivas vindas do setor imobiliário da China”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “A Evergrande retomou a construção de 63 projetos, enquanto várias cidades chinesas, com Xangai e Nanjing na lista, anunciaram detalhes de planos de vendas de terras em dezembro, revelando um aquecimento inesperado do setor.” (Luís Eduardo Leal – [email protected])

18:29

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 103035.02 0.5946

Máxima 103975.25 +1.51

Mínima 102143.17 -0.28

Volume (R$ Bilhões) 3.18B

Volume (US$ Bilhões) 5.73B

18:30

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 103620 0.12562

Máxima 104495 +0.97

Mínima 102645 -0.82

JUROS

A sexta-feira foi de alívio nos prêmios da curva de juros, amparado na melhora sobre a percepção de risco fiscal que prevaleceu mesmo com o clima de cautela predominante no exterior. As atenções do mercado seguiram girando em torno da PEC dos Precatórios e a possibilidade de fatiamento do texto para abrir caminho na tramitação no Senado foi bem recebida pelos investidores, produzindo efeitos ao longo de toda a curva. No balanço da semana, os longos subiram, enquanto os curtos praticamente se mantiveram nos mesmos níveis da última sexta-feira, resultando em redução do nível da inclinação negativa.

No fechamento da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,05%, de 12,81% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2025, taxa de 11,93% (12,096% ontem). A taxa do DI para janeiro de 2027 ficou em 11,84%, de 11,963%. No fechamento da sessão estendida, estes vencimentos tinham taxas de 12,045%, 11,93% e 11,83%, respectivamente. O spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 ficou em -21 pontos-base, de -20 pontos ontem e -32,5 na última sexta-feira.

A melhora na perspectiva de tramitação da PEC orientou o mercado de juros durante toda a sessão e as taxas resistiram em queda mesmo com a virada do dólar para cima no começo da tarde, embora depois disso tenham reduzido o ritmo de baixa, que chegou a superar 20 pontos nos vencimentos mais longos. “O principal hoje foi a questão da PEC poder ser fatiada, o que reduziria as chances de uma solução alternativa para o pagamento do Auxílio Brasil via créditos extraordinários”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. A decretação de um novo estado de calamidade é hoje o maior temor do mercado na seara fiscal.

A ideia de desmembrar a PEC é vista como opção para contemplar as sugestões de mudanças dos senadores, angariando apoio, e, ao mesmo tempo, priorizar o tema mais urgente, que precisa sair ainda este ano, o Auxílio Brasil. Com a primeira parte do projeto promulgada em breve, o benefício de R$ 400 poderia ser pago ainda em dezembro. Já a PEC paralela, com as mudanças propostas pelo Senado, seguiria para a Câmara, com o compromisso de votação rápida.

Além de aliviar a ponta longa da curva, os curtos também reagiram com queda nas taxas na medida em que uma menor pressão fiscal reduz a necessidade de o Copom ser mais duro no ciclo de altas da Selic. Segundo Rostagno, precificação da curva apontava Selic de 12,82% no fim de 2022, ante 13,01% ontem.

Em palestra no Meeting News, organizado pelo Grupo Parlatório, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou hoje que um aumento expressivo da taxa básica num ambiente de crescimento fraco tem consequências nocivas para a dívida. “Se tivermos um juro de 12% ou 13% com crescimento de 1%, há trajetória explosiva da dívida”, reconheceu, lembrando que o BC não fala de cenário fiscal, mas que os dados são usados nos cálculos da taxa neutra de juros.

A expectativa com o fatiamento da PEC conseguiu limitar o contágio do mau humor externo, sobretudo via câmbio, na curva. As preocupações com a nova onda da pandemia na Europa em meio a pressões inflacionárias globais levou os investidores a buscarem ativos de segurança como a moeda americana e títulos do Tesouro americano. A Áustria anunciou a retomada do lockdown e a Alemanha pode seguir pelo mesmo caminho. (Denise Abarca – [email protected])

18:28

Operação   Último

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 8.43

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 7.65

Over Selic (%a.a) 7.65