SERRA APAGA APOSTA EM SELIC ALÉM DE 13,5%, ENQUANTO BOLSA VOLTA A TER GANHO NO MÊS

A semana começou com o investidor – tanto no exterior quanto no Brasil – de olho nas indicações dos bancos centrais sobre os próximos passos para debelar a persistente inflação alta. Enquanto lá fora os dirigentes parecem caminhar a um consenso sobre uma elevação de 50 pontos-base do Fed fund em junho, aqui o mercado observa minuciosamente os recados do BC quanto ao fim do ciclo de alta da Selic. Alguns deles vieram na participação do diretor de Política Monetária, Bruno Serra Fernandes, em evento do Goldman Sachs. Falas como a de que “a taxa de juros parada por mais tempo é melhor, mas nem sempre possível” e que a “preferência é por menos flutuação” deram a senha para o mercado retomar a ideia de que o ciclo deve se estender menos do que se esperava e que a taxa básica tende a permanecer em patamar elevado por um período prolongado antes de começar a cair. Na prática, na curva, o DI seguiu projetando 0,50 ponto porcentual mês que vem, mas apagou essa aposta em agosto, que tem agora como consenso uma elevação de 0,25 ponto. Assim, a Selic encerraria o atual ciclo em 13,50%, e não além, como os preços do mercado chegaram a sugerir na semana passada. O surpreendente superávit do setor público em março também deu fôlego à queda das taxas nos vértices mais longos, com a preocupação fiscal, por ora, em segundo plano. Nos Estados Unidos, o discurso do presidente da distrital de Nova York do Federal Reserve, John Williams, favorável a mais 0,50 ponto no Fed fund em junho (e não 0,75 ponto, como chegou-se a especular) tirou um pouco de pressão sobre ativos de risco e o dólar. Mas o mau desempenho de papéis ligados ao empresário Elon Musk – Tesla (-5,88%) e Twitter (-8,18%) – penalizou o setor de tecnologia. Assim, enquanto Dow Jones subiu 0,08%, S&P 500 cedeu 0,39% e Nasdaq recuou 1,20%. Houve momentos no meio da tarde que os dois primeiros chegaram a ajudar adicionalmente o Ibovespa. A Bolsa brasileira foi embalada em toda a sessão pela valorização das commodities e das ações correlatas – em especial Petrobras (PN +0,99% e ON +2,81%) e Vale (ON +2,99%). O índice terminou em 108.232,74 pontos, ganho de 1,22% na sessão. Assim, a referência da B3 voltou a exibir alta no mês, de 0,33%. O sinal positivo das ações impulsionou o real hoje, a despeito dos dados fracos da China durante a madrugada. O dólar à vista terminou a segunda-feira cotado a R$ 5,0516, queda de 0,12%.

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

JUROS

Os juros futuros começaram a semana em queda firme, especialmente nos contratos do miolo da curva, relacionada à movimentação das apostas para a Selic após declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, em evento esta manhã. Falas como a de que “a taxa de juros parada por mais tempo é melhor, mas nem sempre possível” e que a “preferência é por menos flutuação da taxa” deram a senha para o mercado retomar a ideia de que o ciclo deve se estender menos do que se esperava e que a taxa básica permanecerá em patamar elevado por um período prolongado antes de começar a cair. Na curva, não houve alteração no quadro das expectativas para o Copom de junho, mas para agosto a aposta de alta de 0,25 ponto porcentual agora é consenso – na sexta-feira dividia espaço com a de 0,50 ponto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caiu de 13,445% para 13,39%, e a do DI para janeiro de 2024 fechou a sessão regular em 13,07%, de 13,201% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2025 encerrou a 12,465%, de 12,57%. A do DI para 2027 passou de 12,33% para 12,195%.

O mercado girou hoje um volume de contratos atípico para segundas-feiras, de mais de 500 mil tanto no vencimento para janeiro de 2023 como no janeiro de 2024, que também supera a média diária dos últimos 30 dias para ambos. Em boa medida, o movimento reflete o ajuste nas apostas a partir da avaliação de que a precificação da Selic na curva estava exagerada vis-à-vis a sinalização do BC.

Ainda que tenha dito que, conceitualmente, no regime de metas de inflação “não há limite para a taxa de juros”, Serra indicou, em evento do Goldman Sachs, desconforto do BC em ficar puxando a Selic sob o risco de trazer volatilidade, mostrando preferência por esperar um tempo maior para cortar após ter terminado o ciclo. Até porque disse também que os efeitos do aumento de juros devem ser sentidos na economia a partir do segundo semestre.

Nesse contexto, como lembra a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, a despeito das revisões altistas para o PIB feitas recentemente, é preciso ter cautela. “O impacto da Selic mais alta ainda deve ser sentido pelos setores ligados ao consumo, a defasagem (da política monetária) está maior que o usual, a atividade está mais resiliente e a inflação, também”, afirmou no Podcast “Comentário de Mercado”.

O Copom já havia indicado para junho um aumento “de menor magnitude” para a Selic ante o de 1 ponto aplicado em maio, mas havia dúvidas sobre se o ciclo terminaria por aí. Diante do IPCA de abril mais salgado, riscos de um Federal Reserve mais agressivo e alta nas commodities e, ainda, da distância entre as expectativas de inflação e as metas, a curva passou a embutir prêmios para altas também em agosto e setembro. “O mercado hoje redistribuiu as apostas, mantendo a expectativa de 0,5 ponto em junho e um prêmio residual de 0,25 ponto para agosto”, afirmou Marcello Negro, gestor de multimercado da Fator Administração de Recursos.

A curva, nesta tarde, manteve a distribuição de 60% de chance de aumento de 0,5 ponto e 40% de chance de 0,75 ponto para o Copom de junho, mas para agosto a probabilidade de alta de 0,25 ponto, que na sexta-feira era de quase 50%, hoje era de praticamente 100%. Para o Copom de setembro e outubro, os 8 pontos precificados no fim da semana passada caíram para apenas 2, indicando manutenção da Selic naquelas reuniões. Os cálculos são da Greenbay Investimentos.

Os DIs continuam apontando queda da Selic a partir do segundo semestre de 2023, e na avaliação de Negro, da Fator, o ciclo de baixa não deve começar com 0,25 ponto e sim com 0,5 ponto. “O mercado está entendendo que o Copom pode iniciar com um corte mais firme”, afirmou.

A fala de Serra acabou prevalecendo ante o ambiente externo hoje mais volátil, que começou com dados fracos da economia da China, mas melhorou depois que o vice-presidente do Federal Reserve, John Williams, reforçou a ideia de altas de 50 pontos-base no juro americano. No Brasil, o Banco Central anunciou superávit primário do País em R$ 4,312 bilhões em março, muito melhor que a mediana das estimativas, que era de déficit de R$ 3 milhões, mas segundo Negro, os dados fiscais melhores “já estão nos preços de mercado”. (Denise Abarca – [email protected])

17:36

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.77

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

BOLSA

O Ibovespa levou a recuperação um pouco mais além, tendo chegado a contar à tarde com alguma melhora de humor em Nova York, esfriada ao fim para Dow Jones (+0,08%) e S&P 500 (-0,39%), que chegaram a ensaiar descolamento do Nasdaq, ao final mergulhado em queda de 1,20%. Com bom impulso das ações de commodities (Vale ON +2,99%, Petrobras ON +2,81%), favorecidas por Brent a US$ 114 por barril e minério em alta de 2,19% em Cingapura, bem como das ações de bancos (Unit do Santander +2,57%, Bradesco ON +2,17%), a referência da B3 subiu 1,22%, a 108.232,74 pontos, entre mínima de 106.851,58 e máxima de 108.794,91, saindo de abertura aos 106.924,87. O giro foi de R$ 28,9 bilhões na sessão.

O quarto ganho consecutivo – melhor sequência desde as oito altas seguidas, entre 16 e 25 de março -, cada um dos quais superior a 1%, tirou hoje o Ibovespa do vermelho no mês: em maio, sobe agora 0,33%, colocando os ganhos do ano a 3,25%. No intradia, passa a mirar marca vista em 29 de abril, a última sessão do mês passado, quando chegou a 111.819,21 mas fechou a 107.876,16. No encerramento, a marca de hoje foi a melhor desde 4 de maio, então aos 108.343,74 pontos.

Na ponta do Ibovespa, destaque nesta segunda-feira para Méliuz (+6,25%), SLC Agrícola (+5,42%) e Eztec (+5,22%). No lado oposto, Locaweb (-3,11%), Embraer (-3,03%) e Hapvida (-2,24%).

Na hora final, declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL), acenando para a possibilidade de mais mudanças na Petrobras, contribuíram para limitar os ganhos na ação preferencial (PN) da estatal, que se estendem agora ao pós-mercado (no começo do after market, em alta de 0,96%). “Tem mais coisa pra acontecer na questão da Petrobras. Já sabem o que está acontecendo. Não vou entrar em detalhes, está (sic) sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa”, declarou o chefe do Executivo a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

No quadro mais amplo, “o enfraquecimento da atividade na China ainda é um fator de preocupação para o Brasil, pelo efeito sobre as commodities. Assim, a recuperação de preços vista nas matérias-primas hoje foi determinante para o desempenho do Ibovespa na sessão, superior ao das referências em Nova York”, diz o professor Rodrigo Simôes, da FAC-SP, especialista em finanças e economia. Hoje, dados de produção industrial na China, em queda de 2,9% em abril, e retração de 11% para as vendas do varejo, ambos bem piores do que o antecipado, reverberaram. Como em maio espera-se recuperação de atividade após o que pode ter sido o pior momento da retomada de lockdown na China, tais dados foram vistos, em parte, como retrovisores, ante relativa melhora do quadro da Covid no país.

Por outro lado, “os preços do petróleo ajudaram empresas brasileiras ligadas à commodity, em meio a expectativas de redução de produção por parte de países da Opep. Com menor produção, e guerra na Ucrânia ainda vigente, os preços da commodity ficam ainda mais pressionados – empurrando a inflação por aqui e no mundo, do outro lado da moeda da alta de produtos básicos”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

A situação da inflação no Brasil e nos Estados Unidos, e o diferente estágio no ajuste das respectivas políticas monetárias, pode estar entre os motivos do relativo descolamento dos dois mercados de ações, observado em certos momentos das últimas sessões, de recuperação mais consistente por aqui do que lá fora – considerando também os diferentes níveis de precificação dos ativos. Em maio, os três índices de Nova York ainda acumulam perdas entre 2,29% (Dow Jones) e 5,45% (Nasdaq), enquanto, na Europa, Londres cede 1,06% e Paris, 2,85%. Na Ásia, Hong Kong perde 5,40% no mês.

“Tanto Brasil quanto os EUA tiveram expressiva elevação da inflação esperada para os próximos cinco anos a partir da primeira onda do Covid-19, no início de 2020. O interessante é que o atual choque monetário, aliado aos problemas de oferta (reflexos do Covid-19 nas cadeias de suprimento global + conflito na Ucrânia), levou a expectativa de inflação americana a quase três desvios-padrão acima da média histórica. No Brasil, país que historicamente tem vivido com inflação mais alta, estamos a ‘apenas’ um desvio-padrão acima da média histórica”, aponta em relatório a Âmago Capital, destacando que, nos Estados Unidos, o “ciclo de alta da taxa de juros de curto prazo mal começou”.

A excepcionalidade da situação americana quando comparada a um quadro mais próximo ao que se conhece de Brasil, além do grau de ajuste da Selic já executado desde o começo de 2021 pelo Copom, ajuda a entender a inquietação que paira em torno do eventual grau de ajuste na política monetária da maior economia do mundo, mesmo com os recentes sinais tranquilizadores que o próprio presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, buscou emitir. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108232.74 1.22382

Máxima 108794.91 +1.75

Mínima 106851.58 -0.07

Volume (R$ Bilhões) 2.89B

Volume (US$ Bilhões) 5.72B

17:36

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109095 1.22477

Máxima 109805 +1.88

Mínima 107620 -0.14

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único hoje, enquanto a postura do Federal Reserve (Fed) sobre o aperto monetário seguia sendo monitorada, em uma semana marcada por uma série de declarações de dirigentes da autoridade. Uma alta de juros de 50 pontos-base em junho é vista como o cenário quase consensual, ao mesmo tempo em que analistas e investidores observam outras sinalizações sobre a postura do banco central. Entre as ações, um destaque foi a queda no Twitter, que caiu mais uma vez na medida em que persistem os desdobramentos de sua potencial aquisição pelo CEO da Tesla, Elon Musk. Enquanto isso, o dólar recuou ante rivais, depois de altas recentes, e os rendimentos dos Treasuries ficaram sem sinal único. Já o petróleo teve alta, em uma sessão que chegou a contar com o WTI em Nova York ultrapassando o valor do Brent.

As ações tiveram quadro misto, conforme investidores avaliam dados modestos da China e dos EUA e o potencial para riscos de estagflação e uma recessão muito mais cedo do que antes esperado, avalia Edward Moya, analista da Oanda. O S&P 500 tenta manter o nível de 4 mil pontos, já que a mínima em seis semanas batida recentemente parece exagerada, na opinião do analista. “Há muito valor na mesa agora e alguns investidores estão começando a olhar para um fluxo constante de dados econômicos mais fracos do que o esperado como um provável catalisador que forçará os banqueiros centrais a aliviar a conversa agressiva”, afirma Moya.

Entre os dirigentes do Fed, John Williams, presidente da distrital de Nova York, afirmou que a inflação é o principal problema neste momento e disse defender alta de 50 pontos-base nos juros na próxima reunião do Fed, em junho. O índice Empire State registrou hoje uma queda surpreendentemente grande em maio, o que, na visão do analista, anula alguns dos fortes ganhos observados nos meses anteriores. Este conjunto de dados tem sido bastante imprevisível e, devido aos recentes problemas da cadeia de suprimentos, muitos traders aceitaram a leitura negativa com bons olhos, avalia.

Sobre o Twitter, após suspender a aquisição da empresa para conferir o número real de perfis falsos, Musk afirmou que a equipe jurídica da rede social o acusa de violar o acordo de US$ 44 bilhões. Com as incertezas sobre a continuidade do processo de aquisição, as ações da empresa caíram 8,18%. Já Tesla, também volátil por conta das atividades de seu CEO, caiu 5,88%. Outro destaque foi McDonald’s, que recuou 0,58% após anunciar hoje que abandonará em definitivo seus negócios na Rússia. Segundo Moya, a saída custará à gigante do fast food 9% de sua receita e inclui uma baixa de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,4 bilhão para a transição, mas grande parte do cenário já estava precificado pelos investidores. Neste quadro, o Dow Jones subiu 0,08%, a 32.223,42 pontos, o S&P 500 caiu 0,39%, a 4.008,01 pontos, e o Nasdaq recuou 1,20%, a 11.662,79 pontos. Na Europa, os principais índices também ficaram sem sinal único, com o FTSE 100 subindo 0,63% em Londres, o DAX perdendo 0,45% em Frankfurt e o CAC 40 recuando 0,23% em Paris.

Entre os Treasuries, não houve sinal único. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,590%, o da de 10 anos recuava a 2,887% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,102%. Já o dólar teve queda ante os principais rivais. Ao final da sessão, o euro subia a US$ 1,0434 e a libra tinha alta a US$ 1,2316, enquanto o DXY, índice que mede o dólar ante seis competidores, registrou baixa de 0,36%, a 104,187 pontos. O Barclays, porém, destaca a força recente da moeda dos EUA e revisa em relatório algumas projeções no câmbio, prevendo agora o euro mais fraco e o dólar mais forte também frente ao yuan da China. Para o DXY, o banco projeta 106 pontos no fim do segundo trimestre, com queda a 105 no fim do terceiro e a 102 no fim deste ano.

A possível adesão de Finlândia e Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aumenta a incerteza sobre as ações da Rússia durante a guerra na Ucrânia, o que sustentou a alta do barril hoje. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou responder em caso de expansão da infraestrutura militar da Otan. O país não se opôs, no entanto, à inclusão das duas nações. “As tensões entre Otan e Rússia aumentarão, mas Moscou não está em posição de interromper o processo”, comenta a Eurasia. A consultoria também vê com ceticismo a possibilidade de a Turquia barrar a entrada dos países no bloco devido à questão curda, algo que Ancara vem ameaçando fazer nos últimos dias. Assim, O WTI com entrega prevista para junho fechou em alta de 3,76% (US$ 3,71), a US$ 114,20 o barril, e o Brent para o mesmo mês avançou 2,41% (US$ 2,69), a US$ 114,24. (Matheus Andrade – [email protected])

CÂMBIO

Depois de uma manhã e início de tarde de instabilidade, o dólar se firmou em baixa, ainda que moderada, nas últimas horas da sessão desta segunda-feira (16). Segundo operadores, o aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e a alta firme do Ibovespa abriram espaço para realização de lucros intraday e leve desmonte de posições compradas (que apostam na alta do dólar) no mercado futuro.

A divisa até ensaiou uma alta mais acentuada logo após abertura dos negócios, quando correu à máxima de R$ 5,1042, em meio à preocupação com a atividade global após dados fracos da economia da China. Mas o movimento comprador rapidamente perdeu força e o dólar não apenas trocou de sinal como desceu até a mínima de R$ 5,0318 (-0,51%) no fim da manhã.

A moeda recuperou fôlego no começo da tarde e passou boa parte da etapa vespertina alternando entre leves altas e baixas, até que se firmou em queda nas últimas horas do pregão sob influência externa. No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,0516, em baixa de 0,12%. Com isso, a valorização acumulada em meio passou a ser de 2,20%.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – renovou mínimas no fim da tarde, aos 104,138 pontos. A moeda americana também recuou em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real como o peso mexicano e o chileno.

A despeito do tombo da atividade na China, as commodities agrícolas e metálicas tiveram um dia positivo, o que acabou dando suporte às divisas de emergentes. Além disso, consolida-se a leitura de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não vai acelerar o passo do ajuste da política monetária americana.

O presidente do Fed de Nova York, John Willians, disse hoje que a inflação é “o problema número 1” da instituição e que é necessário subir os juros rapidamente. Willians afirmou, contudo, esperar uma aumento de 50 pontos-base na taxa dos Fed funds em junho – ou seja, não autorizou apostas em uma elevação de 75 pontos-base, que já foi aventada por boa parte do mercado.

“O comportamento do dólar esteve hoje muito ligado ao cenário externo. A sinalização de que o ajuste da taxa de juros nos EUA seguirá uma trajetória menos agressiva trouxe alívio para a taxa de câmbio”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, que atribui a alta do dólar pela manhã à cautela provocada pelos dados ruins na China e pela tensão geopolítica na Europa, na esteira da possível entrada da Finlândia e da Suécia na Otan. “O patamar do dólar ainda é bastante elevado e a volatilidade deve continuar alta.”

Na China, as vendas no varejo em abril caíram 11,1% na comparação anual, bem acima do esperado (-6,6%), enquanto a produção industrial cedeu 2,9%, ante expectativa de alta de 0,5%. Esses dados foram em parte contrabalançados pela informação de que Xangai está próxima de exibir números compatíveis com a política de ‘covid zero’, o que abre espaço para flexibilização das medidas restritivas. Além disso, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês), reduziu taxa de hipoteca para compradores de primeiro imóvel e injetou 100 bilhões de yuans (cerca de US$ 14,7 bilhões) de liquidez no mercado.

Em evento organizado pelo banco Goldman Sachs, o diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou hoje que “o dólar novamente acima de R$ 5 parece estar mais ligado à China do que aos juros dos Estados Unidos”. Serra avaliou que, apesar do impacto do lockdowns chineses e da política monetária americana, o cenário para “câmbio hoje é mais saudável”.

Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, os sinais de desaceleração da economia chinesa inibiram o apetite por risco e deixaram o mercado sem convicção para apostas mais contundentes. “O dólar teve dificuldade em firmar uma tendência. No fim do dia, acabou se alinhando ao movimento do índice DXY”, diz Gusmão, que vê a taxa de câmbio oscilando em uma faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,10 nas próximas semanas. “Estamos vendo dificuldade de o dólar superar a resistência de R$ 5,10.”

Segundo operadores, declarações do presidente Jair Bolsonaro hoje à tarde foram monitoradas, mas não tiveram impacto relevante na formação da taxa de câmbio. Bolsonaro voltou a criticar a política de preços da Petrobras, que precisaria “colaborar” e “exercer sua função social”. O presidente acenou com a possibilidade de mudanças na petroleira. “Tem mais coisa pra acontecer na questão da Petrobras. Já sabem o que está acontecendo. Não vou entrar em detalhes, está (sic) sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa”, disse. (Antonio Perez – [email protected])

17:36

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05160 -0.1167 5.10420 5.03180

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5082.000 -0.11792 5128.000 5055.000

DOLAR COMERCIAL 5153.000 0.56993 5153.000 5153.000