O apetite por risco no Brasil foi limitado, do meio da tarde em diante, pela notícia sobre a possível demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O Ibovespa perdeu quase 2 mil pontos após a informação, enquanto o dólar, até então negociado abaixo de R$ 5,25, voltou a superar R$ 5,30 e os juros longos tiveram um acúmulo instantâneo de quase 20 pontos. Com os mercados fechando, outra informação veio a tona: o presidente Jair Bolsonaro teria sido convencido por militares a desistir da demissão. Defensor dos argumentos técnicos e, portanto, da quarentena como forma de minimizar a escalada dos casos de coronavírus, o ministro tem sido confrontado pelo presidente Jair Bolsonaro, que pede um relaxamento nas regras de isolamento social, para evitar impactos mais profundos sobre a economia. Como Mandetta tem taxa de aprovação elevada, os ativos reagiram ao possível ruído político que uma eventual demissão possa gerar, bem como aos impactos que isso teria na estratégia de combate à doença. Ainda assim, o avanço forte das bolsas globais, bem como o recuo generalizado do dólar ante emergentes, acabou garantindo o comportamento positivo dos mercados no Brasil. Lá fora, aliás, a notícia de que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi internado na UTI, diante da piora de seu quadro de saúde, em função do coronavírus, levou a libra a se desvalorizar, ainda que não tenha reduzido os ganhos em Nova York. A forte alta dos principais índices em Wall Street, ao redor de 7%, garantiu o avanço de 6,52%, do Ibovespa, aos 74.072,98 pontos - afastado das máximas, mas também distante do ponto em que chegou após os rumores sobre Mandetta. O dólar, por sua vez, acabou o dia longe das mínimas registradas pela manhã, na casa de R$ 5,22, ao cair 0,65%, a R$ 5,2926 no mercado à vista de balcão. Nesse ambiente, os juros futuros de curto prazo mantiveram o sinal de alta, diante da leitura de que o presidente do Banco Central, em Live neste fim de semana, teria se mostrado mais cauteloso em relação a um novo corte da Selic. Ainda assim, as taxas curtas precificam chances majoritárias de redução de 0,50 ponto do juro básico na próxima reunião do Copom. Os vencimentos longos caíram, apesar de terem ficado longe das mínimas, mas também se afastado um pouco do pico atingido após os rumores envolvendo a saída de Mandetta.
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