RISCO POLÍTICO MAXIMIZA AVERSÃO GLOBAL, PUXA DÓLAR E JUROS, ENQUANTO BOLSA RETROCEDE

Blog, Cenário
A aversão ao risco global encontrou no conturbado ambiente brasileiro o cenário ideal para prosperar e causar venda generalizada de ativos. E com o feriado no Estado de São Paulo que vai manter os mercados fechados amanhã, o investidor evitou qualquer posição mais firme em Brasil. Até porque, se lá fora o aumento de casos de covid com a variante Delta e sinais de política monetária acomodatícia na Europa e na China colocam em xeque a percepção sobre o ritmo firme de retomada da economia mundial, por aqui as incertezas políticas que tomaram conta de Brasília nos últimos dias exacerbam os movimentos. Não por acaso, o dólar engatou o oitavo pregão consecutivo de alta em relação ao real. E só não foi pior porque o Banco Central fez um leilão inesperado de swap e tirou a divisa de perto das máximas, a R$ 5,31. No fim, a moeda americana encerrou com valorização de 0,29%, a R$ 5,2554, acumulando alta de 4,16% na semana e de 4,39% no mês. A piora do câmbio e o clima de 'risk off' global puxou os juros futuros para cima desde o começo do dia, a despeito do IPCA de junho abaixo do previsto. E, ao contrário da lógica, a intervenção do BC que desacelerou o avanço do dólar serviu de combustível adicional para as taxas, por sinalizar a preocupação da autoridade monetária com os efeitos do câmbio na inflação. Assim, as apostas em um aperto monetário de 1 ponto porcentual em agosto voltaram a ganhar terreno. Já o Ibovespa seguiu os pares em Wall Street e foi além, num dia em que apenas sete papéis do índice não caíram. No fim, terminou com baixa de 1,25%, aos 125.427,77 pontos, totalizando perdas de 1,72% na semana e passando a ceder 1,08% no mês até agora. Em Nova York, após os recordes recentes, o movimento de correção foi intenso e os principais índices acionários chegaram a cair mais de 1%, ainda que tenham terminado com baixas um pouco inferiores a isso.
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CÂMBIO Em mais um dia de extrema volatilidade, marcado por aversão ao risco no exterior e preocupações com agravamento da crise interna - após atritos entre a CPI da Covid e as Forças Armadas, além de perda de capital político do presidente Jair Bolsonaro -, o dólar subiu mais um degrau e fechou em alta pelo oitavo pregão consecutivo. Pela manhã, uma combinação de zeragem de posições "vendidas", busca por proteção (hedge) e movimentos especulativos levou o dólar a romper a barreira de R$ 5,30 e atingir a máxima de R$ 5,3133. A sangria do real só foi estancada pela intervenção do Banco Central com uma oferta de 10 mil contratos de swap cambial (US$ 500 milhões), completamente absorvida pelos investidores. Com a descompressão no mercado de dólar futuro, a moeda americana perdeu força, virou para o terreno negativo e registrou sucessivas mínimas no início da tarde, descendo até R$ 5,2198. O movimento coincidiu com a perda de força do dólar em relação a divisas pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano. Mas o sentimento de cautela, à véspera do feriado de 9 de julho em São Paulo, que vai deixar a B3 fechada, e uma piora das divisas emergentes levaram o dólar a subir novamente, embora de forma mais modesta, para encerrar o pregão em alta de 0,29%, a R$ 5,2554 - maior valor de fechamento desde 26 de maio (R$ 5,3133). Na B3, o dólar futuro para agosto avançava 0,46%, a R$ 5,2700, com giro forte, na casa de US$ 15,7 bilhões. "O BC interveio porque houve uma busca muito forte por proteção, com desconforto de que quem estava 'vendido', e um movimento muito grande de especuladores, que se aproveitaram do dia ruim lá fora e dessa questão da CPI da Covid", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Esses US$ 500 milhões [de swap cambial] foram suficientes para eliminar distorções e mostrar que o BC está atento para qualquer tentativa de puxada mais forte do dólar". Analistas destacam que o agravamento das tensões políticas veio justamente em um momento de correção mais forte dos mercados globais, provocada por preocupações com o ritmo de recuperação da econômica mundial em meio à disseminação da variante Delta do novo coronavírus. Ao tom menos "hawkish" do Fed ontem se somaram a postura mais complacente do Banco Central Europeu com a inflação (a meta passou de ligeiramente inferior a 2% ao ano) e o anúncio de estímulos de monetários na China. "O mercado começa a ver que talvez haja um atraso na recuperação da economia global, com essa questão da variante delta, e isso levou a um movimento de realização de lucros lá fora, já que as bolsas estavam bem esticadas", diz Galhardo, ressaltando que o real costuma sofrer mais que outras moedas emergentes, ainda mais em meio ao agravamento das tensões política. "Se não fosse a questão política, o dólar estaria mais baixo. A tendência mais estrutural ainda é de queda, com juros mais altos e muitas captações". Ontem, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, determinou a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias (solto após pagamento de fiança) e afirmou que "fazia muitos anos que o Brasil não via membros das Forças Armadas envolvidos em falcatruas". O Ministério da Defesa reagiu com uma nota de repúdio, assinada pelo ministro Walter Braga e pelos os comandantes das três forças. Aziz respondeu dizendo que não aceita "intimidação". O presidente da CPI da Covid enviou hoje carta a Bolsonaro cobrando posição sobre acusações feitas pelo deputado Luiz Miranda (DEM-DF) contra o governo a respeito da proposta de compra da vacina indiana Covaxin. Bolsonaro, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, acusou Aziz de ter desviado R$ 260 milhões no Amazonas. Por ora, não se trabalha com a perspectiva de que a crise deságue no impeachment de Jair Bolsonaro. Mas a elevação da temperatura na CPI pode desgastar ainda mais o presidente, que está com a popularidade em baixa e aparece atrás de Lula nas pesquisas para a eleição de 2022. Pesquisa XP/Iespe divulgada hoje mostrou o petista com 38% das intenções de volto, e o Bolsonaro, com 26%. Há temores também que Bolsonaro radicalize e adote uma postura populista para tentar se recuperar no pleito. Em nova defesa do voto impresso, o presidente hoje disse "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições". O responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, afirma que, a despeito do arrefecimento do ímpeto do dólar à tarde, a perspectiva ainda é de alta, dada a aversão ao risco lá fora e os problemas políticos internos. Ele ressalta também que já se houve falar de movimento de empresas adiantando remessas para evitar uma futura tributação de dividendos, já que o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, parece não abrir mão da medida. "Pode ter refrescos pontuais com a entrada do BC no mercado, mas a tendência ainda é de dólar para cima", diz Nagem. "O dólar pode vir a buscar novamente R$ 5,30. E, se houver mais dois ou três dias de turbulência na semana que vem, pode ir até R$ 5,40 ", afirma. (Antonio Perez - [email protected]) 17:35 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.25540 0.2882 5.31330 5.21980 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5266.500 0.39077 5327.000 5232.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5265.296 06/07 JUROS Nem o IPCA de junho nem a melhora do câmbio à tarde foram capazes de inverter trajetória altista dos juros nesta quinta-feira. Em meio ao risk off nos mercados internacionais e à turbulência no cenário político, a intervenção do Banco Central (BC) no câmbio acabou pressionando ainda mais a curva, sob a leitura de que o avanço do dólar preocupa a autoridade monetária, alimentando as apostas de elevação da Selic em 1 ponto porcentual. O dia ainda teve a pressão tomadora do leilão do Tesouro, com quantidade e risco um pouco maiores para o mercado do que na operação anterior. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 5,815%, de 5,773% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,228% para 7,29%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,30% (8,245% ontem) e o DI para janeiro de 2027 em 8,70%, de 8,673% ontem. O IPCA de 0,53% em junho, abaixo da mediana das estimativas (0,59%) e perto do piso no intervalo entre 0,52% e 0,79%, teve impacto limitado, apenas no começo da sessão e na ponta curta, com os demais trechos contaminados pelo mau humor externo e alta do dólar. Depois que a moeda bateu na máxima de R$ 5,31, o BC chamou um leilão de contratos de swap cambial no valor de US$ 500 milhões, o que aliviou a pressão sobre o real, com o dólar chegando a inverter o sinal positivo. Nos juros, porém, o efeito foi contrário, com as taxas renovando máximas. Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Renascença DTVM, explica que nessas intervenções, o mercado acaba fazendo uma relação mecânica com a política monetária. "Ou seja, se demonstrou preocupação com a taxa de câmbio, isso aumentaria a chance de 100 bps no próximo Copom", disse. Além disso, quem está aplicado em DI com hedge em dólar vê esse hedge ficar menos eficiente e, na medida em que essas intervenções ocorrerem, uma posição tomada em DI seria um hedge mais interessante do que comprada em dólar, para outras alocações. Um gestor de renda fixa confirma essa percepção, mas vê exagero. "A intervenção foi no meio de um risk off global e foi uma medida acertada para dar liquidez, tanto que o dólar passou a acompanhar os pares depois disso. A curva acaba sentindo, mas deve acalmar nos próximos dias", disse, lembrando que o fato de amanhã ser feriado em São Paulo quando os demais mercados no mundo funcionam normalmente também pode ter pesado. Na curva, a precificação de Selic para o Copom de agosto subiu de 91 pontos-base ontem para 95 pontos hoje. Ou seja, a probabilidade de aperto de 1 ponto cresceu de entre 65% e 70% para 80%, enquanto a de 0,75 ponto caiu de entre 35% e 30% para 20%. O IPCA de junho não serviu de alívio para as preocupações com o cenário inflacionário na medida em que mais pressões sobre energia e combustíveis para o índice em julho já estão encomendadas pelos reajuste na bandeira 2 vermelha que vigora este mês e anúncios de aumento de gasolina e gás de cozinha pela Petrobras. "Apesar do último ajuste, o preço doméstico da gasolina continua abaixo da paridade externa em cerca de 10%, representando um risco adicional para cima para a inflação caso a Petrobras decida agir novamente", escreve o economista do Barclays Roberto Secemski, em relatório. Desse modo, as instituições do mercado financeiro continuam piorando suas expectativas para a inflação e Selic. O Itaú Unibanco atualizou seu número para o IPCA em 2021, de 5,6% para 6,1% e de 2022 de 3,6% para 3,7%. O JPMorgan elevou sua projeção de 2021, de 6,1% para 6,5%, e passou a esperar que a taxa Selic chegue ao nível de 7,5% no fim do ciclo, em fevereiro de 2022, de 6,5% antes. Do exterior, a rápida expansão da variante Delta do coronavírus pelo mundo, gerando hoje alertas de autoridades de saúde nos Estados Unidos, continua afetando a percepção sobre o crescimento global, com a China agora sinalizando cortes de compulsórios para sustentar a economia e postura mais dovish do Banco Central Europeu (BCE) ao revisar sua estratégia de política monetária. As bolsas sucumbiram e a T-Note de dez anos já é negociada com taxa abaixo de 1,30%. O clima externo de aversão a ativos de risco é potencializado no Brasil pela tensão política, vinda da CPI da Covid, denúncias de corrupção na compra de vacinas e da queda da popularidade do governo e do presidente Jair Bolsonaro, que, na visão do mercado, afetam em cheio a expectativa sobre o andamento das reformas. Hoje mais uma pesquisa mostrou que a avaliação negativa de governo atingiu o piso desde o início do atual mandato. Segundo pesquisa da XP/Ipespe, desde outubro do ano passado, a proporção de brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo tem crescido mês a mês e chegou a 52% no início de julho. Há nove meses, no menor nível recente, o índice era de 31%. Na gestão da dívida, o Tesouro foi bem-sucedido hoje na oferta de 11,5 milhões de LTN e 1 milhão de NTN-F, vendida integralmente. Os volumes foram maiores do que no leilão da semana passada, assim como o risco (DV01), que passou de R$ 2,15 milhões para R$ 2,68 milhões, segundo a Renascença DTVM. (Denise Abarca - [email protected]) 17:35 Operação   Último CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 4.33 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 4.15 Over Selic (%a.a) 4.15 BOLSA Pelo terceiro dia, o Ibovespa voltou a registrar variação superior a 1% no fechamento, alternando perda e ganho nestas últimas sessões, nas quais chegou a buscar âncora na relativa melhora de dados econômicos, como os de varejo e em menor medida o IPCA, em um cenário político que tem se mostrado mais acidentado, com a ofensiva da CPI da Covid sobre tentativas de intermediação de vacinas no Ministério da Saúde, envolvendo até reverendo e cabo da PM. Hoje, o índice fechou em baixa de 1,25%, a 125.427,77 pontos, entre mínima de 124.310,06, a menor para o intradia desde 28 de maio (124.284,00), e máxima de 127.012,57 pontos, da abertura. O giro financeiro ficou em R$ 33,6 bilhões e, na semana, o Ibovespa acumulou perda de 1,72%, após leve ganho de 0,29% na anterior, que havia interrompido três perdas semanais em sequência. No mês, o Ibovespa cede 1,08%, com ganhos no ano a 5,39%. O dia também foi negativo no exterior, com perdas mais concentradas na sessão asiática, mas que se espraiaram ao longo desta quinta-feira para os mercados europeus e, depois, aos dos Estados Unidos. Em Nova York, as perdas atingiram 0,86% (S&P 500) no fechamento, com a elevação do VIX, considerado a métrica do medo em Wall Street, refletindo o avanço da volatilidade. "Logo na madrugada, veio este sinal do BC da China de que não vai elevar, pelo contrário, pode mesmo cortar os juros, em indicação de que a economia talvez não esteja em recuperação tão acelerada quanto deseja o governo de lá. Aqui, o IPCA de junho levou os juros de curto prazo a fecharem um pouco pela manhã, mas isso se perdeu ao longo do dia, em que os ruídos políticos assumem agora aspecto de crise institucional com o posicionamento das Forças Armadas", diz Thomás Gibertoni, analista da Porto Fino Multi Family Office. Ele acrescenta que Bolsa e câmbio têm reagido a cada fala e desdobramento relacionados tanto à nova fase da reforma tributária - recebida pelo mercado como aumento de carga para as empresas - quanto aos ruídos políticos domésticos e à orientação sobre os estímulos monetários, desde o exterior, onde se acompanha também a evolução da variante Delta do coronavírus. Assim, com a passagem do mês, o dólar à vista saiu em pouco tempo de nível inferior a R$ 5 para o de R$ 5,31 visto na máxima de hoje, enquanto o Ibovespa teve correção de 5 mil pontos, saindo dos 130 mil em junho para os 125 mil, observa Gibertoni. "Dia estranho para os mercados financeiros. Pela manhã, o VIX tinha alta de 27,1%, a 20,59 pontos, acima daquela linha sempre monitorada, de 20 pontos, em tom bem ruim. Os planos do BC chinês de injeção de recursos em bancos locais são um sinal de desaceleração da segunda maior economia do mundo. A variante Delta não é nenhuma novidade para o mercado, mas também continua produzindo efeito, pelo potencial para afetar a retomada econômica", observa Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "A variante Delta ainda preocupa, principalmente em países menos vacinados, pelo que pode significar como impacto para a economia", diz Thiago Raymon, head de estratégia da Wise Investimentos. No Brasil, principal dado do dia, o IPCA mostrou em junho avanço de 8,35% em 12 meses, o maior desde setembro de 2016. Ainda assim, houve desaceleração na leitura de junho (0,53%) ante a de maio (0,83%) - contudo, junho teve a maior leitura para o mês desde 2018 (1,26%), refletindo então a greve dos caminhoneiros. "O número (de junho) reforçou as apostas de um aumento de 1 ponto porcentual na próxima reunião (do Copom), em agosto, ao passo que o mercado já precifica na curva de juros que a Selic chegará em 7% ainda este ano, lembrando que essa previsão era apenas para o ano que vem", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Para além dos dados econômicos, os ruídos políticos ganharam novo tom desde ontem à noite, com o envolvimento do Ministério da Defesa no entrevero entre a CPI da Covid e o presidente Jair Bolsonaro, que começa a respingar em militares com atuação recente em cargos no Ministério da Saúde, por onde também transita o Centrão. Nesta tarde, o comando da CPI entregaria uma carta ao presidente Bolsonaro em que pediria manifestação do Planalto sobre as acusações apresentadas pelos irmãos Miranda à comissão - Bolsonaro tem se mantido em silêncio sobre a questão, que suscitou abertura de investigação sobre eventual crime de prevaricação. A temperatura entre o presidente Bolsonaro e o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), continuou elevada hoje: Bolsonaro acusou Aziz de ter desviado R$ 260 milhões do Amazonas, com base na investigação "Maus Caminhos", de 2016, feita pelo Ministério Público sobre desvios da Saúde no Estado; Aziz respondeu que não há fatos que comprovem nada contra si. "Não misturei Forças Armadas com alguns que estão a serviço desse governo", disse também o senador, nesta quinta-feira, após ter se referido a "banda podre" das Forças Armadas no dia anterior, em sessão na qual decretou a prisão de um ex-diretor de logística no Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse hoje não ter dúvida de que Elcio Franco, coronel que foi secretário-executivo do Ministério da Saúde durante a gestão do general Eduardo Pazuello, será um dos primeiros indiciados da comissão. Em meio à ebulição política, Bolsonaro afirmou hoje que publicará três novas portarias para flexibilizar o acesso da população a armas de fogo. "Eu fui até o limite da lei. O que queremos cada vez mais é o Estado se afastando de vocês", disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Ele voltou a associar a liberação do porte de armas à liberdade e insinuou que a população armada poderia se insurgir contra autoridades locais que promoveram medidas de isolamento social e lockdown. Mais do que o isolamento político de Bolsonaro, teme-se a consequência da ofensiva dos "7 da CPI" para a governabilidade, o que resultaria em custo maior para a manutenção do apoio do Centrão ao Planalto, com efeito direto sobre gastos públicos no momento em que o mercado começava a celebrar alguma recuperação observada nos dados fiscais. "Em português claro, o governo descambará para o populismo fiscal, que tende sempre a ocorrer em algum grau antes e durante ano eleitoral?", diz uma fonte de mercado. Assim como nas duas sessões anteriores, refletindo as modulações sobre a percepção de risco, a correção de hoje nas ações ocorreu em bloco, com apenas sete ações do Ibovespa sendo poupadas do movimento, em alta no fechamento, com destaque para shoppings: Iguatemi (+1,74%), BR Malls (+0,50%), Lojas Renner (+0,34%), BR Distribuidora (+0,21%), Multiplan (+0,13%), Suzano (+0,05%) e JBS (+0,03%). Na ponta negativa, CSN fechou em baixa de 4,42%, à frente de Sul América (-3,92%), WEG (-3,69%) e Locaweb (-3,56%). As empresas e setores de maior peso também fecharam o dia no vermelho, como Petrobras (PN -2,00%, ON -1,98%), apesar da alta do petróleo na sessão, e Vale ON (-0,39%). Entre os grandes bancos, as perdas chegaram hoje a 1,42% (Bradesco ON). (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 125427.77 -1.25252 Máxima 127012.57 -0.00 Mínima 124310.06 -2.13 Volume (R$ Bilhões) 3.35B Volume (US$ Bilhões) 6.38B 17:35 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 125830 -1.22459 Máxima 126435 -0.75 Mínima 124730 -2.09 MERCADOS INTERNACIONAIS A aversão ao risco dominou os mercados no exterior nesta sessão, mantendo as bolsas de Nova York no vermelho durante toda a sessão e os juros dos Treasuries em baixa. O dólar perdeu espaço para o euro, mas avançou sobre moedas emergentes, com o mercado recalculando o possível impacto de uma nova onda de covid-19 pelo mundo e as mudanças sinalizadas pelos principais bancos centrais do mundo entre ontem e hoje. Com ajuda do câmbio e menor oferta no mercado, o petróleo subiu e voltou a se aproximar de US$ 75 por barril. Depois de uma queda firme nas bolsas da Europa, que chegou a ultrapassar 2% nos casos de Paris e Milão, o mercado acionário americano fechou em queda de quase 1%: Dow Jones recuou 0,75%, o S&P 500 caiu 0,86% e o Nasdaq perdeu 0,72%. O movimento ocorre depois da renovação dos recordes históricos de fechamento do S&P 500 e do Nasdaq ontem, após a publicação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve. O documento teve "alguns detalhes dovish e claramente descartou qualquer anúncio de redução em julho", avalia Edward Moya, da OANDA, sobre a retirada de estímulos. "Se os próximos dois meses de dados não apoiarem o alcance de um progresso substancial na recuperação do mercado de trabalho, eles podem ter que esperar até depois de Jackson Hole", projeta sobre as declarações sobre aperto monetário. Todos os setores fecharam no negativo, mas a queda foi mais pronunciada no segmento financeiro, com destaque para Citigroup (-1,77%), Bank of America (-2,44%) e Goldman Sachs (-2,40%). As ações da Alphabet baixaram 1,13% com a notícia de que vários estados americanos processaram a controladora do Google em virtude de um suposto monopólio ilegal em sua loja de aplicativos. A aversão ao risco desencadeou uma corrida pela segurança dos Treasuries. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 0,192%, o da T-note de 10 anos caía a 1,292% e da T-bond de 30 anos cedia a 1,915%. Com o questionamento sobre o futuro dos juros, a BMO Markets antecipa um período de consolidação com rendimentos de 10 anos em uma zona de 1,25% a 1,30%. Sobre os movimentos recentes, a consultoria reconhece que a "ausência de um gatilho óbvio por trás deixou muitos investidores questionando sua sustentabilidade". O recuo dos juros ainda ajudou o dólar a operar em baixa ante a maioria de suas moedas rivais. O euro teve alta importante ante o dólar, cotado a US$ 1,845 no fim da tarde, impulsionado uma queda no DXY. A moeda comum ficou de olho na revisão da estratégia do BCE, que decidiu adotar meta de inflação a 2% no médio prazo. Antes, a entidade buscava inflação "ligeiramente abaixo" de 2%. De acordo com a presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, a decisão foi tomada de forma unânime e uma nova revisão deve ser feita em 2025. Durante a tarde, a Bloomberg, citando fontes próximas, publicou que no encontro recente do Conselho do BCE, os dirigentes não trataram especificamente quando e sob que circunstâncias poderão estar prontos para apertar a política monetária após as mudanças nas metas. Já ante ao iene, segundo maior componente do DXY, o dólar sofreu uma desvalorização firme, caindo a 109,82 ienes, o que o BBH avalia ser um reforço da visão do ativo japonês como reserva de segurança. Por sua vez, a libra se desvalorizava a US$ 1,3777. Outra autoridade monetária sobre a qual recaiu atenção foi o PBoC, que na visão do ING deve fazer "em breve" um corte no compulsório para apoiar pequenas e médias empresas, após governo chinês não descartar medidas para ajudar essas companhias. Segundo o banco holandês, as pressões sobre os custos de pequenas e médias empresas vêm em sua maioria dos altos preços de commodities. Mais tarde, a publicação da inflação ao consumidor e ao produtor no país serão observadas. O petróleo seguiu na contramão da cautela e fechou em alta. O relatório semanal do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) nos EUA apresentou que, na última semana, os estoques de óleo no país recuaram 6,866 milhões de barris, bem mais do que a queda de 3,9 milhões prevista por analistas. Como resultado, o WTI para agosto fechou em alta de 1,02% (+US$ 0,74), e o Brent para setembro subiu 0,94% (+US$ 0,69), a US$ 74,12 o barril. (Matheus Andrade - [email protected])
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