O dilema fiscal brasileiro seguiu dando o tom no mercado doméstico hoje, somando-se ao mal-estar que já perdurava nos ativos externos desde cedo. O investidor local seguiu acompanhando no detalhe os lances das negociações no Senado em torno da PEC dos Precatórios. E nem mesmo com vozes como a do líder do governo da Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), negando a relação direta entre a proposta e o aumento dos servidores públicos deu alívio. Isso porque, de outro lado, circulou a informação de que o governo estuda usar brechas na lei para ampliar o salário do funcionalismo. A percepção é de que quanto mais se demora para definir um cronograma realista de tramitação da PEC no Senado, mais ganham terreno soluções pouco ortodoxas para que governo e Congresso consigam distribuir benesses em ano eleitoral, podendo usar para isso, inclusive, a provável rediscussão do texto na Câmara. Neste cenário de incerteza, o Ibovespa mergulhou ao menor nível desde 12 de novembro do ano passado, com perdas generalizadas na carteira teórica. Ao fim, o índice marcou 102.948,45 pontos, queda de 1,39%. A aversão não ficou restrita ao mercado de ações doméstico, com elevação das taxas futuras dos juros e o dólar à vista tendo emplacado máxima nos R$ 5,53 à tarde - ao fim, a alta foi um pouco mais tímida, a R$ 5,5242 (+0,45%). A tomada de risco também foi inibida na cena externa. As preocupações são com a resiliência da inflação no hemisfério Norte, após os índices de preços ao consumidor no Reino Unido e na zona do euro baterem o maior nível da última década. Destaque ainda para a queda forte do petróleo, próxima a 3%, com o pedido de investigação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de empresas por causa do alto preço da gasolina. Falando em Biden, a iminente decisão dele sobre o comando do Federal Reserve também pôs apostas mais arriscadas em suspenso. O nome de Jerome Powell é o favorito do mercado e das bolsas de apostas, mas a ala mais à esquerda do Partido Democrata tenta emplacar a diretora Lael Brainard no cargo.
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