NY VIRA À TARDE COM BANCOS E BOJ, ARRASTA IBOVESPA PARA PERDA DE 2% E FAZ DÓLAR SUBIR

Uma mudança de humor no mercado internacional durante a tarde amplificou as perdas nas ações brasileiras, levou o real ao terreno negativo e pressionou ainda mais os juros dos Treasuries. Dois foram os gatilhos para essa alteração de cenário. O primeiro veio da proposta do Federal Reserve de aumentar as exigências de capital de bancos americanos com mais de US$ 100 bilhões em ativos, o que deve afetar um total de 36 instituições que operam nos Estados Unidos. A medida foi muito mal recebida pelo setor, que alega que o aperto das condições regulatórias tende a impactar a competitividade econômica do país. Como resultado, ações do setor tiveram baixa forte, como a do Bank of America (-1,42%). Mas a pressão não ficou restrita à proposta do Fed. Do outro lado do mundo, surgiram rumores de que o Banco do Japão (BoJ) pode ajustar a política de controle da curva de juros na reunião que termina nesta madrugada, marcando uma inflexão no último grande banco central a manter uma política ultra-acomodatícia. Desta forma, o índice Dow Jones caiu 0,67%, o S&P 500 cedeu 0,64% e o Nasdaq perdeu 0,55%. Dados fortes do PIB americano de mais cedo seguiram pressionando o dólar, com o DXY de volta à marca de 101 pontos, e também os juros dos Treasuries, levando o juro da T-note de 2 anos a flertar novamente com os 5%. Aqui no Brasil, a piora da cena externa levou o Ibovespa à maior queda porcentual em quase três meses, de 2,10%, aos 119.989,64 pontos. Desde cedo, o índice brasileiro vinha sendo pressionado por uma realização em Vale ON (-1,87%) e Petrobras (ON -5,63% e PN -5,19%). No câmbio, o estresse externo levou a moeda americana à vista aos R$ 4,7587 (+0,65%). Os juros futuros voltaram a ganhar fôlego de alta na segunda etapa. Agentes do mercado local citam ainda desconforto geral com indicações da ala ideológica do PT a cargos econômicos no governo, como a do economista Marcio Pochmann ao IBGE.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

As propostas para elevar a exigência de capital para grandes bancos americanos não agradaram o mercado e pesou no setor bancário, contribuindo para que as bolsas de Nova York fechassem no vermelho. Do outro lado do mundo, rumores indicavam que o Banco do Japão (BoJ) poderá realizar um aperto em sua política monetária em reunião que ocorrerá nesta noite, o que impulsionou o iene e deu força aos juros dos Treasuries. O dólar ganhou força com os sinais de resiliência da economia americana refletidos sobretudo nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pela manhã, que ajudaram a sustentar a alta do petróleo. O euro, por sua vez, perdeu força ante a moeda americana após a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sugerir que o BC poderá não elevar mais os juros em breve.

As propostas para reforma da regulação bancária nos EUA suscitaram divergências entre os dirigentes do Federal Reserve (Fed). Enquanto o presidente do BC americano, Jerome Powell, defendeu que sejam elevadas as exigências de capital para bancos com ativos entre US$ 100 bilhões e US$ 250 bilhões, apesar de alertar que haveria um risco de declínio rápido da liquidez e do acesso ao crédito. Já para Michelle Bowman e Christopher Waller, não há comprovações sobre os benefícios do aumento de capital.

O vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, por sua vez, defendeu a necessidade da aprovação da proposta, destacando a necessidade de um sistema bancário “seguro e sólido” para a saúde da economia.

A Financial Services Forum, entidade que defende o setor bancário, destacou que as instituições financeiras estão “desapontadas” com as propostas. Segundo o Moody’s, a elevação de capital para bancos americanos seria uma medida positiva para o risco de crédito no longo prazo, mas poderia funcionar como um pedágio em termos de custos.

O movimento pesou no setor bancário, com quedas em empresas como Morgan Stanley (-0,84%) e Wells Fargo (-1,44%), o que pesou nas bolas de Nova York. Hoje, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,67%, o S&P 500 cedeu 0,64% e o Nasdaq teve queda de 0,55%. As bolsas também reagiam a balanços de empresas como McDonald’s (1,18%) e Mastercard (-1,97%).

A queda também foi motivada pelo aumento da cautela diante da notícia do jornal Nikkei de que o BoJ poderá surpreender analistas e realizar um ajuste em sua política monetária, uma mudança na sua política acomodatícia, o que ampliou a pressão da venda dos títulos americanos, dando fôlego aos juros dos Treasuries. No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 4,915%, da T-note de 10 anos aumentava a 3,999% e o do T-bond de 30 anos marcava alta a 4,042%.

O iene, por sua vez, se favoreceu ante o dólar, mas a moeda americana manteve o movimento de alta ante grande parte das rivais. O movimento de alta já era visto desde a manhã, quando o PIB do país surpreendeu as projeções e subiu além do esperado pelo mercado na leitura anualizada do segundo trimestre.

Segundo o CIBC, o dado, apesar de afastar a possibilidade de recessão, valida uma alta de juros de 25 pontos-base (pb) em setembro. Já segundo a Capital Economics, o dado forte indica que os juros americanos estão tendo um “impacto pequeno” na economia americana. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 138,87 ienes, o euro recuava a US$ 1,0968 e a libra tinha baixa a US$ 1,2783. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,88%, a 101,773 pontos..

O euro, por sua vez, foi pressionado pela sugestão de Lagarde de que a alta de 25 pontos-base (pb) realizada hoje pode ser seguida de uma pausa de juros. Entretanto, a Capital Economics destaca que segue acreditando que o BC europeu irá elevar novamente as taxas mais uma vez em setembro ou outubro, e mantê-las até o fim de 2024. Entretanto, neste cenário, as bolsas da Europa tiveram alta, também favorecidas por balanços da região.

O dado forte, entretanto, ajudou a dar fôlego ao petróleo, que fechou em alta de mais de 1%. Na visão do TD Securities, entretanto, os sinais de demanda “colidem” com preocupações por um déficit “notável” na oferta. “Dito isto, é improvável que um programa de compra subsequente de petróleo bruto WTI adicione muito poder de fogo até que os preços ultrapassem US$ 83 o barril”, avalia.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em alta de 1,66% (US$ 1,31), a US$ 80,09. O Brent para igual mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 1,59% (US$ 1,32), a US$ 84,24 o barril. (Natália Coelho – [email protected])

BOLSA

Vindo de cinco altas seguidas – progressão que o alçou dos 117,5 mil no fechamento de 19 de junho para os 123 mil pontos no melhor momento intradia do intervalo, anteontem -, o Ibovespa realizou lucros nesta antepenúltima sessão do mês, em que acumula leve ganho de 1,61% após ter ficado lateralizado, com dificuldade para vencer a região de resistência dos 120 mil pontos, em boa parte de julho.

Hoje, o índice de referência da B3 conseguia conter as perdas e segurar a linha dos 121 mil pontos, mas a virada de Nova York, do positivo ao negativo no meio da tarde, contribuiu para que se acentuasse o movimento de correção na B3, levando o Ibovespa a retroceder primeiro à faixa dos 120 mil, e depois à de 119 mil pontos pouco antes do fechamento desta quinta-feira. A mudança de tom em NY, atingindo quase todos os setores, veio após reunião do Federal Reserve para discutir possível elevação dos níveis de exigência de capital de instituições financeiras.

Muito pressionado, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 2,10%, aos 119.989,64 pontos, ainda perto da mínima de 119.824,52, do fim da tarde, com máxima na sessão a 122.598,97 pontos, saindo de abertura aos 122.560,38 pontos. O giro ficou em R$ 22,9 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa zera ganho e cede agora 0,19%, mas ainda avança 9,35% no ano. A queda de 2,10% foi a pior para o índice desde 2 de maio (-2,40%) e, com a correção de hoje, foi ao menor nível de fechamento desde a última quinta-feira, 20, então aos 118.082,90 pontos.

Passado o ponto alto da agenda semanal – a deliberação sobre juros e os sinais de ontem, emitidos pelo Federal Reserve, sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos -, os investidores se debruçaram nesta quinta-feira sobre números e o noticiário corporativos, à medida que o noticiário macro vai perdendo intensidade em direção ao fim da semana.

Dessa forma, desconectado do avanço de mais de 1% para os preços do petróleo na sessão, o desempenho negativo nesta quinta-feira foi puxado pelas ações de Petrobras, em queda de 5,63% (ON) e de 5,19% (PN) no fechamento, segurando a ponta perdedora do Ibovespa, pouco atrás de Gol (-5,83%) – apesar do balanço trimestral da companhia aérea, em que saiu de prejuízo para lucro líquido de R$ 556,3 milhões entre abril e junho. Por sua vez, na noite anterior, a Petrobras divulgou dados de produção referentes ao segundo trimestre.

Em relatório nesta quinta-feira, o Itaú BBA avalia que a estatal deve entregar fortes resultados no segundo trimestre, sustentada por sólidos números operacionais e um ambiente de preços que se mantém elevado para o petróleo e derivados. Mas um fator de preocupação e incerteza, segundo o banco, é a nova política de dividendos – a instituição manteve recomendação neutra para a empresa.

A produção da Petrobras no segundo trimestre do ano ficou em linha com a previsão do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, que projeta leve queda para o segmento de Exploração e Produção (E&P) da estatal no resultado financeiro referente ao período, que será apresentado no próximo dia 3. Além da ligeira queda da produção de petróleo de abril a junho, o analista cita menores preços do petróleo na comparação dos trimestres e um real mais forte.

Segundo apurou a Coluna do Estadão, gente de peso e influente junto ao governo dá conta de que haverá mudanças “o quanto antes” na diretoria da Petrobras e que a gestão de Jean Paul Prates estaria desagradando Lula e o PT. Fontes ouvidas pelo Broadcast já falam na saída de Prates do comando da estatal – um ruído que contribui para ampliar incerteza sobre a estatal no momento em que a política de dividendos segue no foco de atenção do mercado.

Por outro lado, na ponta ganhadora do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para Assaí (+4,90%), à frente de SLC Agrícola (+3,14%) e de Magazine Luiza (+2,59%). Os investidores reagiram aos resultados trimestrais da Assaí, com lucro líquido de R$ 156 milhões entre abril e junho, uma leitura 12% acima da média das expectativas de casas ouvidas pelo Prévias Broadcast (Genial, Itaú BBA, Bradesco e XP). Na visão da XP Investimentos, o Ebitda da empresa veio 7% acima do esperado, puxado por eficiências nas despesas operacionais.

Na agenda doméstica, destaque à tarde para a divulgação dos números do Caged, sobre a geração de vagas de trabalho, com criação de postos com carteira assinada em junho abaixo das expectativas, aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research. Ainda assim, “todos os cinco grandes grupos de atividade econômica tiveram expansão no número de contratações, principalmente os setores de serviços e a agropecuária, que corresponderam a dois terços das vagas criadas”, acrescenta o economista. (Luís Eduardo Leal – [email protected], com Denise Luna e Amélia Alves)

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119989.64 -2.09753

Máxima 122598.97 +0.03

Mínima 119824.52 -2.23

Volume (R$ Bilhões) 2.29B

Volume (US$ Bilhões) 4.85B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120530 -2.16721

Máxima 123905 +0.57

Mínima 120490 -2.20

CÂMBIO

Embora o noticiário desta quinta-feira não tenha sido muito intenso, o mercado de câmbio doméstico esteve suscetível a uma série de fatores ao longo do dia, que trouxeram instabilidade ao dólar. Pela manhã, a moeda americana chegou a cair até o nível dos R$ 4,70 no mercado à vista. À tarde, a deterioração de ativos nos Estados Unidos levou a cotação do spot a subir aos R$ 4,75. Analistas afirmam que o cenário doméstico segue favorável, mas a cautela se impôs em um dia de queda forte da bolsa e alta dos juros dos títulos nos Estados Unidos.

O dólar foi às máximas pouco antes das 16h, puxado pelo estresse do mercado americano com o racha em torno de uma proposta do Federal Reserve para aumentar as exigências de capital de bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos. Em meio às discussões dos dirigentes da instituição, os índices de ações em Nova York passaram a cair e os prêmios dos Treasuries foram às máximas em todos os vencimentos.

Até então, as cotações no Brasil vinham operando descoladas da tendência internacional, que desde cedo era de apreciação da moeda americana ante divisas fortes e também ante as de países emergentes. Na mínima do dia, o spot chegou aos R$ 4,7096 (-0,32%), com operadores descrevendo fluxo positivo, otimismo com o upgrade do Brasil e expectativa de incentivos à economia chinesa e seus efeitos colaterais na demanda por matérias-primas brasileiras.

“Ao longo dos últimos dias o dólar vem refletindo o cenário doméstico mais positivo, que leva em conta fluxo, melhora do risco-país e o bom momento do setor agrícola. O mercado mostra alguma cautela com a possibilidade de o Federal Reserve continuar a elevar os juros locais, enquanto se espera o início dos cortes no Brasil. Mas a verdade é que o diferencial para arbitragem continua significativo”, afirma Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora. Segundo o profissional, a evolução do quadro doméstico mostra um aumento da credibilidade do atual governo, que se for bem administrada, poderá continuar a beneficiar o câmbio.

A piora do mercado internacional, à tarde, ocorreu em um momento em que as cotações oscilavam em torno da estabilidade, com o viés de baixa que predominava desde a abertura. Com a brusca queda do Ibovespa, para além dos 2%, as cotações galgaram máximas até os últimos minutos de negociação.

Assim, o dólar à vista fechou aos R$ 4,7587, em alta de 0,65%, pouco depois de ter atingido máxima aos R$ 4,7592 (+0,66%). No mercado futuro, o dólar para liquidação em agosto subia 0,30% às 17h05, aos R$ 4,7565. Com o resultado de hoje, o dólar à vista reduziu a queda acumulada na semana para 0,46% (-0,65% no ano).

“O dólar vem caindo ante o real e hoje oscilou perto da estabilidade em boa parte do tempo, em dia de realização de lucros na Bolsa e com o investidor atento aos movimentos do exterior. Em um dia de poucas novidades, a questão agora é saber qual será o humor para o próximo mês, quando haverá decisão de juros no Brasil”, disse Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora.

Às 17h06, o Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, tinha alta de 0,90%, aos 101,792 pontos. No confronto com divisas de países emergentes e exportadores de commodities, o dólar tinha altas mais expressivas ante o rand sul-africano (+1,50%), o rublo (+0,80%) e o dólar australiano (+0,79%). A exceção ficava por conta da lira turca, que operava praticamente estável (-0,02%). (Paula Dias – [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.75870 0.6451 4.75920 4.70960

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4749.000 0.13706 4762.000 4712.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4778.000 0.19922 4790.000 4741.000

JUROS

Os juros futuros de médio e longo prazos subiram nesta quinta-feira, pressionados pelo cenário internacional que teve hoje como destaque o PIB norte-americano acima do esperado no segundo trimestre e, à tarde, um polêmica proposta do Federal Reserve sobre aumento de capital de grandes bancos, empurrando para cima os rendimentos dos Treasuries. A ponta curta oscilou perto da estabilidade, com o mercado começando a entrar no “modo Copom” na próxima semana e com apostas em corte de 0,5 ponto porcentual em estágio já avançado. O Tesouro trouxe hoje lotes maiores em volume e em risco no leilão de prefixados, mas com demanda integral e taxas abaixo do consenso.

Às 17h16, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,600%, de 12,592% ontem, e a taxa do DI para janeiro de 2025 avançava a 10,61%, de 10,57% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 projetava 10,20%, de 10,12% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 marcava 10,60%, de 10,52%.

A curva continuou ganhando inclinação, mas, ao contrário de ontem, quando as taxas curtas cediam e as longas rondavam a estabilidade, hoje as curtas rondaram os ajustes e as demais subiram, em maior magnitude no trecho longo. “Hoje estamos seguindo os Treasuries, que têm abertura forte em função do PIB dos Estados Unidos, condizente com a avaliação do Fed, ontem, de que não vê recessão no país”, disse o economista do Banco Modal Rafael Rondinelli.

O crescimento de 2,4% no segundo trimestre, na primeira leitura do PIB, superou o consenso, que apontava desaceleração para 1,8%, de 2% no primeiro trimestre. O resultado foi divulgado quando o mercado ainda digeria o comunicado da decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar os juros em 25 pontos-base. Assim como fez ontem o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a reunião, a presidente do BCE, Christine Lagarde, evitou se dar um “forward guidance” e o futuro da política monetária também na zona do euro parece agora estar dependente dos dados, com o mercado considerando a possibilidade de uma pausa em setembro.

À tarde, o estresse aumentou com a reação negativa de bancos à proposta do Fed de aumentar as exigências de capital de instituições com mais de US$ 100 bilhões em ativos, que também estaria gerando um racha entre os dirigentes da autoridade monetária. O ambiente se deteriorou ainda com a informação do jornal Nikkei de que o Banco do Japão (BoJ), que se reúne entre hoje e amanhã, poderá ajustar sua política de controle da curva de juros.

Nos Treasuries, o rendimento da T-Note de dez anos bateu em 4,00% durante a tarde, ante nível de 3,85% ontem, enquanto o retorno do papel de 2 anos se aproximou de 5%.

Segundo Rondinelli, a pressão nas taxas da B3 não foi tão intensa como na curva americana, dado que o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, está na iminência de começar um ciclo de quedas da Selic. “O impacto aqui é menor, até porque as chances de uma redução de 0,5 ponto porcentual vêm crescendo”, disse, avaliando que “lá a atividade desacelera acelerando” e aqui os dados de atividade claramente mostram arrefecimento, citando a queda de 2% do IBC-Br em maio e os dados de hoje do Caged abaixo do consenso. Em junho, o saldo líquido foi de geração de 157.198 vagas, abaixo da mediana das estimativas (162.000).

Entre os economistas, a aposta de que o ciclo vai começar em agosto de maneira mais branda, com uma dose de 0,25 ponto, prevalece. Na pesquisa do Projeções Broadcast, esta é a estimativa de 62 entre 88 casas consultadas.

A indicação do economista Márcio Pochmann para a presidência do IBGE, pelo presidente Lula, gerou desconforto no mercado, mas, na avaliação do economista do Modal, não chegou a pesar sobre a curva, que olhou mais para o exterior. “A desconfiança é natural diante do histórico, de quando foi presidente do Ipea, mas não vi impacto. O IBGE é um órgão de perfil muito técnico”, disse.

Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu integralmente a oferta de 12,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de 3 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), com todas as taxas abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos. O risco para o mercado ficou em US$ 829 mil, ante US$ 634 mil no leilão anterior.

O especialista em renda fixa Alexandre Cabral afirma, sobre o leilão de NTN-F, que a taxa para o papel 1º/1/2029 voltou a cair em relação ao último leilão, mas ainda longe da mínima, enquanto a da 1º/1/2033 voltou a “namorar” com 11,00% ao ano, o que não ocorria desde 29 de junho. “Gringo pedindo mais prêmio para comprar Brasil”, disse. (Denise Abarca – [email protected])