NY TEM ALÍVIO, MAS CAUTELA NO BRASIL INTERROMPE 3 SEMANAS DE GANHO DA BOLSA E DO REAL

Blog, Cenário
As bolsas de Nova York se consolidaram no terreno positivo na hora final do pregão, em um dia marcado pelo vaivém dos ativos no exterior depois do tombo da quinta-feira. Até o meio da tarde, certa cautela residual da véspera era ancorada em um relatório do Federal Reserve que reforçou o tom pessimista em torno dos efeitos da pandemia de covid-19 na economia dos Estados Unidos e no mundo, ressoando declarações do presidente da instituição, Jerome Powell, anteontem. Porém, também houve certo fôlego de uma parte do mercado que considerou os movimentos de ontem muito fortes. A virada de humor, contudo, veio em meio a declarações de líderes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirmaram que "não necessariamente" os países enfrentarão uma segunda onda de novos casos de novo coronavírus depois da reabertura econômica. Ao fim da sessão, o índice Dow Jones teve alta de 1,90%, o S&P 500 de 1,31% e o Nasdaq de 1,01%. Na véspera, para efeito de comparação, os mergulhos haviam sido de 6,90%, 5,89% e 5,27%. No Brasil, por sua vez, a tomada de ar de Nova York fez com que o ajuste pós-feriado fosse menos intenso. Os ativos domésticos seguiram também com um olho no exterior e outro na política local, onde o cenário se desanuviou com a aproximação do presidente Jair Bolsonaro ao Centrão na Congresso, vitaminada após a indicação do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) ao Ministério das Comunicações. De todo modo, não impediu que a Bolsa e o real interrompessem a sequência de três semanas de ganhos. O Ibovespa cedeu 2,00%, aos 92.795,27 pontos, e acumulou baixa de 1,95% na semana. O dólar subiu a R$ 5,0426, alta de 1,04% em relação à sexta-feira passada. O investidor doméstico fica de olho ainda na reabertura gradual no Brasil e nos números da pandemia. No mercado de juros, as taxas pouco se mexeram, já em compasso de espera em relação à pesada agenda da próxima semana. Além da reunião do Copom, há vendas no varejo, pesquisa mensal de serviços e IBC-Br, todos referentes a abril. Destaque ainda para o debate em torno das medidas fiscais contra a covid-19.
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  MERCADOS INTERNACIONAIS O quadro de recuperação nas bolsas de Nova York após o tombo de ontem se confirmou à tarde, com fechamento positivo e investidores atentos aos sinais de retomada econômica. O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou em entrevista coletiva que não necessariamente haverá segunda onda de casos da covid-19 nos países que tentam retornar gradualmente ao normal, mas também advertiu para os riscos no processo, além de voltar a alertar para o quadro da pandemia nas Américas e, especificamente, no Brasil. Alguns analistas também têm enfatizado os riscos no processo de reabertura, enquanto o presidente do Federal Reserve (Fed) de Richmond, Thomas Barkin, mencionou os gastos fiscais nos EUA como uma incerteza, ao lado da questão de saúde. Em relatório divulgado hoje, o BC americano voltou a se comprometer a apoiar a economia. O quadro ainda de certa cautela apoiou o dólar ante outras moedas principais, no mercado de câmbio, mas os juros dos Treasuries subiram. Entre as commodities, o petróleo mostrou volatilidade e os contratos terminaram o dia sem firmar direção única.   O JPMorgan afirma em relatório que, após a saúde pública ficar em primeiro plano em março e abril, formuladores de política alteraram suas preferências, o que para o banco tornaria uma segunda onda de infecções pela covid-19 que ocorre em alguns Estados americanos "inevitável". Agora, o JPMorgan acredita que será uma questão de "nível de tolerância", que deve variar em cada Estado do país conforme a capacidade de tratamento e outros fatores. "Se autoridades tratarem as segundas ondas com lockdowns apenas locais e se restrições de viagem limitarem a transmissão internacional, as consequências econômicas podem não ser grandes o suficiente para justificar uma estratégia defensiva de investimento", acredita a instituição financeira.   O Wells Fargo também trata do problema. Em relatório, o banco destaca que o total diário de novos casos da covid-19 tem mostrado tendência de baixa nos EUA, mas esse "achatamento da curva" não ocorre em todo o país. Mesmo considerando uma segunda onda "o maior risco a uma recuperação econômica robusta", o Wells Fargo diz que continua a esperar uma retomada gradual na atividade.   Para a Capital Economics, a recuperação global deve continuar, também com a ressalva de que uma segunda onda "não leve a renovados lockdowns disseminados". A consultoria também aponta, porém, que o apoio fiscal e monetário "excepcional" dos dias atuais continuará a fomentar um movimento de "caça aos retornos" entre investidores.   Na frente da saúde, a OMS disse que uma segunda onda de casos da covid-19 não necessariamente ocorrerá, mas voltou a defender medidas abrangentes para conter esses contágios, como testes, isolamento dos casos, rastreamento dos contatos desses doentes e tratamento. A entidade disse ainda que as empresas devem avaliar seus locais de trabalho para garantir o retorno dos funcionário com segurança, insistindo também em que a comunidade precisa estar envolvida. Já o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA afirmou que novas medidas de distanciamento podem ser implementadas, caso ocorra um salto nos contaminados, ressaltando que a pandemia "não acabou" e também as diferenças nos níveis de transmissão em distintas regiões.   Além das dúvidas sobre quando a covid-19 estará mais controlada, Thomas Barkin citou a questão fiscal como incerteza nos EUA. O presidente do Fed de Richmond se referiu ao fato de que parte da ajuda financeira atualmente oferecida deve acabar em breve, podendo ou não ser renovada, ao menos em parte. Há negociações em andamento em Washington sobre um novo pacote de estímulos, mas com divergências entre o governo de Donald Trump e a oposição democrata, que comanda a Câmara dos Representantes, sobre quais devem ser as prioridades. Na política monetária, o Fed renovou compromisso com "taxas de juros de longo prazo moderadas", em relatório hoje.   Nesse quadro, hoje as bolsas de Nova York se recuperaram após o tombo de ontem, mas em quadro de volatilidade. O Dow Jones fechou em alta de 1,90%, em 25.605,54 pontos, o Nasdaq subiu 1,01%, a 9.588,81 pontos, e o S&P 500 teve ganho de 1,31%, a 3.041,31 pontos.   Já no câmbio a cautela apoiou o dólar. No fim da tarde, a moeda americana subia a 107,44 ienes, o euro recuava a US$ 1,1244 e a libra subia a US$ 1,2510. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de divisas principais, subiu 0,61%, a 97,319 pontos.   Entre os Treasuries, os retornos subiram, mas o da T-note de 2 anos oscilou boa parte da tarde perto da estabilidade. No horário citado acima, o juro da T-note de 2 anos avançava a 0,217% e o da T-note de 10 anos subia a 0,697%.   Já o petróleo não teve direção única: o contrato do WTI para julho fechou em queda de 0,22%, a US$ 36,26 o barril, na Nymex, e o Brent para agosto subiu 0,47%, a US$ 38,73 o barril, na ICE. A Capital Economics diz que a maior parte dos preços das commodities teve certa estagnação nesta semana, "pelo menos em parte devido às preocupações sobre a escala das infecções pelo vírus". Nos EUA, os poços e plataformas em atividade recuaram 7 na semana, a 199, segundo a Baker Hughes. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])   BOLSA O Ibovespa chega ao fim da semana de forma bem distinta da que começou, esfriando o otimismo da virada de maio para junho, em série positiva de sete sessões que havia recolocado no radar a possibilidade de o índice retomar antes do que se antecipava a linha de 100 mil pontos - e, assim como na escalada, o exterior mais uma vez foi o fiel da balança. No retorno do feriado, o Ibovespa emendou hoje a terceira sessão negativa e retrocedeu ao menor nível desde 2 de junho, refletindo os temores que se impuseram ontem nos mercados globais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, quanto a uma segunda onda de Covid-19 que resulte em reversão do processo de reabertura das economias.   Tal revés é especialmente sensível para o Brasil, na medida em que o País ainda mantém curva ascendente para a doença e, nesta semana, estados como São Paulo e Rio intensificaram as medidas de flexibilização, com a reabertura do comércio em horário parcial e escalonado. Espelhando a percepção de risco desde o exterior, o CDS de cinco anos do Brasil voltou a subir de forma mais aguda, afastando-se da marca de 200 pontos recentemente reconquistada.   O principal índice da B3 fechou nesta sexta-feira em baixa de 2,00%, aos 92.795,27 pontos, enquanto os três índices de NY conseguiram recuperação parcial após o Dow Jones ter recuado 6,90% e as perdas no S&P 500 e Nasdaq terem ficado acima de 5% na quinta-feira - hoje, a alta ficou entre 1,01% (Nasdaq) e 1,90% (Dow Jones). Ao final, as perdas do Ibovespa se mostraram bem mais acomodadas do que se chegou a indicar na mínima do dia, quando o índice foi aos 90.810,98 pontos, saindo de 94.703,26 na máxima.   "Neste momento começamos a chegar em alguns suportes. Ainda é difícil saber onde parar, mas se o mercado se mantiver entre 84 e 90 mil pontos, onde começou a tendência de alta, teremos algumas oportunidades de compra", diz Fernando Góes, analista técnico da Clear. "Graficamente o mercado não apresenta um movimento de baixa, apenas uma correção natural em relação à última alta. Deve manter essa tendência de alta olhando o curto prazo", acrescenta.   "A liquidez global tende a prevalecer e isso foi o que o mercado mostrou hoje - não está com jeito de que vai realizar muito, de que vai seguir em queda", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. Na quarta-feira, "o Fed deu uma pontuada no mercado, uma baixada de bola no sentido de evitar bolhas - estava demais mesmo, dada a liquidez", que, quando muito disponível, pode resultar em excessos e distorções nos preços dos ativos, acrescenta Bevilacqua.   "Considerando o quanto Nova York caiu ontem, até que o Ibovespa resistiu bem hoje, e o fato de muito dinheiro estrangeiro já ter saído da B3 este ano acaba ajudando nessas horas", diz Matheus Soares, analista da Rico Investimentos, para quem o ajuste tende a ser um movimento de curto prazo, na medida em que ainda não há clareza, no momento, quanto a uma segunda onda da covid-19 nos EUA ou se o aumento reflete a expansão dos testes. "A evolução do coronavírus continuará a ser acompanhada de perto pelos investidores, dia a dia. Estados como Texas, Arizona e Flórida tiveram aumentos, mas é preciso seguir acompanhando", aponta Soares, acrescentando que as manifestações antirracistas resultaram em aglomerações, nos EUA e no exterior, que podem ter algum efeito sobre a curva.   "A situação de fundo ainda é a mesma: muita liquidez global disponível, e esses recursos buscam rentabilidade em ativos, como ações, em um contexto de juros a zero ou perto disso no mundo", ressalva o analista da Rico. "A volatilidade tende a ficar por um tempo. Vale lembrar que há duas semanas ninguém acreditava em Ibovespa a 100 mil pontos, o que rapidamente se mostrou uma possibilidade", acrescenta.   Assim como na quarta-feira, as perdas na B3 se disseminaram hoje pelos setores, atingindo com especial vigor o de viagens e turismo, que vinha em recuperação com a reabertura gradual das economias. Assim, CVC fechou em baixa de 9,44%, superada apenas por IRB (-11,34%) na ponta negativa do Ibovespa, com Gol (-8,40%) e Braskem (-7,77%) pouco atrás.   Ações de commodities, bancos, siderúrgicas e de infraestrutura também tiveram perdas generalizadas na sessão, mas relativamente moderadas ao fim, com destaque para Petrobras PN (-3,74%), Usiminas (-6,97%), Banco do Brasil (-2,51%) e Cemig (-4,17%). Poucas ações do Ibovespa fecharam o dia em alta, com destaque para Minerva (+2,35%) e Marfrig (+2,22%), exportadoras de proteína que se beneficiam com a apreciação do dólar, que voltou hoje a ser negociado acima de R$ 5 - em alta de 2,17% no fechamento do spot, a R$ 5,0426, acumulando alta de 1,04% na semana. Na ponta do Ibovespa, Carrefour subiu hoje 2,72%.   Mais uma vez bem elevado, o giro financeiro de hoje totalizou R$ 35,4 bilhões, em uma semana na qual permaneceu acima de R$ 30 bilhões a cada sessão. No mês, o Ibovespa limita a alta a 6,17% e na, semana, passa a terreno negativo, em baixa de 1,95% no período, após três semanas de ganhos consecutivos e ascendentes (de 5,95%, 6,36% e 8,28%) No ano, o índice cede agora 19,76%.   A América Latina se tornou o novo epicentro mundial da covid-19 e o Brasil passou a ser o país com as taxas mais elevadas de mortes e contaminações pelo coronavírus no mundo, aponta estudo do Goldman Sachs divulgado hoje. No momento, não há indicação clara de quando a curva de infecção vai atingir o pico no País, afirma o banco americano, chamando atenção para a retomada de atividades que reduzem o distanciamento social, o que dificulta ainda mais as previsões.   Nos EUA, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, chamou atenção nesta sexta-feira para o endividamento gerado pela crise no mundo, e que muitos empregos podem nunca voltar. Os comentários sobre a economia americana são apenas os mais recentes de uma serie de recentes declarações cautelosas de autoridades do Fed. Na quarta-feira, após a decisão de política monetária, o presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, ressaltou que a taxa de desemprego de maio pode ter sido subestimada em três pontos percentuais - a previsão do Federal Reserve é de que o desemprego nos EUA feche o ano em nível ainda elevado, de 9,3%, e que o PIB do país deve ter contração de 6,5% em 2020.   Neste contexto avesso a risco, o mercado financeiro voltou a ficar cauteloso quanto ao desempenho do Ibovespa no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A expectativa de que o índice ficará de lado na semana que vem (15 a 19 de junho) voltou a ser majoritária, com 47,62% do universo de 21 participantes - no levantamento anterior eram 30,00%. A percepção de ganhos, por sua vez, desabou de 60,00% para 33,33% e a de queda subiu, de 10,00% para 19,05%. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Altamiro Silva Junior e Denise Abarca)     Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 92795.27 -1.99682 Máxima 94703.26 +0.02 Mínima 90810.98 -4.09 Volume (R$ Bilhões) 3.54B Volume (US$ Bilhões) 7.03B Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 92525 -1.9135 Máxima 93375 -1.01 Mínima 90690 -3.86     CÂMBIO O dólar voltou a fechar acima de R$ 5,00 nesta sexta-feira, após encerrar quatro pregões abaixo desse patamar. A sessão foi marcada pelo ajuste das cotações à forte piora do humor no mercado financeiro ontem, feriado no Brasil, e pela continuidade do fortalecimento da moeda americana hoje no exterior. Após subir 2,17% hoje, a maior alta porcentual desde 7 de maio, o dólar fechou a semana em R$ 5,0426, acumulando valorização de 1,04%, a primeira de ganhos depois de três semanas seguidas de baixas.   O índice DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, operou hoje nos níveis mais altos de junho e a moeda americana ainda subiu na maioria dos emergentes. Alertas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre as dúvidas e riscos da retomada da atividade, ecoando discurso do presidente Jerome Powell na tarde de quarta-feira, fizeram os investidores fugirem de ativos de risco.   O diretor de moedas em Nova York da gestora BK Asset Management, Boris Schlossberg, ressalta que além do alerta do Fed ter pego o mercado vindo de dias de muito otimismo, o que fez o movimento de ajuste ser mais forte, relatos de crescimento acelerado de casos de coronavírus em estados americanos como Flórida e Texas trouxeram preocupação adicional. O mercado estava subestimando este risco, ressalta ele.   Pela manhã, dados mostrando melhora da confiança do consumidor americano chegaram a dar um impulso positivo no mercado, mas que durou pouco. Para Schlossberg, o tom mais cauteloso hoje dos mercados sugere que permanece o temor para a atividade econômica de uma nova onda de casos de coronavírus.   No mercado doméstico, o dia foi tanto de agenda como de noticiário mais esvaziado. "Após uma quinta-feira ruidosa no exterior, os mercados domésticos realinharam os preços para cima hoje", afirma economista e operador da Advanced Corretora de Câmbio, Alessandro Faganello. "As preocupações com uma segunda onda de infecções foram reacendidas."   No Brasil, sobre o coronavírus, os analistas do Goldman Sachs avaliam nesta sexta-feira que, neste momento, não há indicação clara de quando a curva de infecção vai atingir o pico. A América Latina se tornou o novo epicentro mundial da covid-19 e o Brasil passou a ser o país com as taxas diárias mais elevadas no mundo de mortes e contaminações pelo coronavírus, considerando as médias móveis dos últimos sete dias. A recuperação da atividade no Brasil e região ainda é muito moderada e, no caso da economia brasileira, há preocupações fiscais e políticas.   Os movimentos técnicos de quarta-feira dos investidores no mercado futuro, dia da reunião do Fed, já sugeriam maior cautela dos agentes com o real. Os estrangeiros elevaram posição comprada em dólar futuro, que ganha com a alta da moeda americana, em 25,1 mil contratos na quarta, ou US$ 1,25 bilhão, de acordo com dados da B3 monitorados pela corretora Renascença.   Para a próxima semana, as mesas de câmbio vão monitorar a reunião de política monetária do Banco Central, dias 16 e 17. É esperado um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica, mas o interesse dos investidores é ver o que o BC pode sinalizar de próximos passos, o que, se ocorrer, deve ter impacto nas cotações do dólar.   "Ficou claro que Brasil conquistou capacidade de ter juros mais normal, mais comparado com o resto do mundo, e de maneira sustentada", avalia o sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, em live da corretora Nova Futura. "Uma queda de atividade deste tamanho quer dizer queda de juros também." Para os juros seguirem baixos por mais tempo, Figueiredo argumentou que o Brasil vai ter que voltar a ter consolidação fiscal, mas os mercados não esperam isto este ano. "Não acho que mercado hoje espere uma pauta de reformas, talvez avançar alguma reforma mais para o final do ano." (Altamiro Silva Junior - [email protected])       Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.04260 2.17 5.11230 5.00680 Dólar Comercial (BM&F) 4.9055 0 DOLAR COMERCIAL 5051.000 1.4257 5116.500 5006.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5032.000 1.16606 5032.000 5020.500     JUROS O forte ajuste negativo que se impôs sobre o mercado doméstico nesta sexta-feira afetou de forma leve o segmento de juros, que na maior parte do dia oscilou com taxas ao redor da estabilidade. No fechamento, as taxas curtas e longas estavam de lado. A aversão ao risco a partir do exterior foi neutralizada na curva tanto pela aposta na manutenção de liquidez abundante em termos globais quanto pela contínua percepção de que o cenário político local está se distensionando. Mesmo a ponta curta hoje pouco se mexeu, com os investidores já à espera do corte de 0,75 ponto porcentual na Selic na decisão do Copom na quarta-feira.   A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,07%, de 3,08% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,68%, de 5,662% no ajuste de quarta-feira, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,60%, mesmo patamar do ajuste anterior.   Nem a escalada do dólar, de volta aos R$ 5, nem o tombo da Bolsa assustaram o mercado de juros e, nas máximas, os vencimentos mais longos subiram entre 6 e 8 pontos, alinhados aos momentos de piora mais expressiva do câmbio. Numa sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, a liquidez foi prejudicada.   O estresse nos ativos se deu num movimento de correção do mercado brasileiro ao dia tenso ontem no exterior, em função de comentários vistos como pessimistas sobre a economia americana por parte dos dirigentes do Federal Reserve e que tiveram sequência nesta sexta-feira. Além disso, cresceu o temor de uma nova onda de contágio de coronavírus no mundo na medida em que os países têm afrouxado regras de isolamento.   Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, lembra porém que o mercado de renda fixa tem uma dinâmica própria, o que favorece a blindagem em dias como o de hoje. "Os juros têm parâmetros diferentes, muito focados nos riscos de inflação e fiscal", disse. Nesse contexto, os índices de preços estão deflacionários e o risco fiscal diminuiu com a considerável melhora da relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso.   O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, elogiou ontem a escolha do deputado federal Fabio Farias (PSD-RN), genro do empresário Silvio Santos e dono do SBT, para o Ministério das Comunicações, afirmando que isso deve ajudar no diálogo com o Executivo. Disse ainda não ver risco de ruptura institucional no Brasil. "Ainda não há risco à democracia, mas há o risco dessas discussões acabarem afetando credibilidade do País com investidores estrangeiros”, afirmou, em videoconferência organizada pelo Jota.   No balanço da semana, a curva perdeu inclinação muito em função da queda de prêmios da ponta longa, uma vez que os curtos fecharam hoje praticamente nos mesmos níveis da última sexta-feira. Os vencimentos a partir de 2025 chegaram a fechar até 20 pontos-base no período. O spread entre os DIs janeiro de 2027 e janeiro de 2022 fechou hoje em 353 pontos, de 370 pontos no dia 5.   O destaque da agenda da próxima semana é o Copom, com as apostas na curva bem ajustadas para uma queda de 75 pontos-base e uma decisão diferente disso traria muito ruído. No comunicado, o mercado aguarda considerações dos diretores para 2021, que é para onde se volta agora a política monetária. "As estimativas de inflação para 2021 serão críticas, pois a incerteza maior, o tema fiscal, pode não afetar as expectativas e manter a inflação abaixo da meta no horizonte relevante. O sinal que vem daí é crítico", afirma o Banco Fator, em relatório. Os economistas do banco lembram, porém, que, os diretores vêm sinalizando que não pretendem usar os poderes do BC de comprar ativos, "o que significa evitar que a curva de juros 'empine', isto é, moderar na redução da Selic". (Denise Abarca - [email protected])     Operação CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 2.32 Capital de Giro (%a.a) 7.02 Hot Money (%a.m) 0.82 CDI Over (%a.a) 2.90 Over Selic (%a.a) 2.90              
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