Depois que o comportamento vacilante dos ativos em Wall Street deu lugar ao apetite por risco, do começo da tarde em diante, o clima positivo acabou contaminando, ao menos parcialmente, os mercados brasileiros, sobretudo o Ibovespa. Além disso, declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, já na reta final dos negócios, contribuíram para dissipar um pouco dos riscos fiscais. Ele afirmou que não houve conversa para elevar o Bolsa Família a R$ 400 e que o teto de gastos não será furado, se depender da vontade do Legislativo. Nos EUA, os pedidos à indústria acima do previsto, no fim da manhã, foram, aos poucos, abrindo caminho para que a cautela com o avanço da variante Delta do novo coronavírus desse espaço para reações positivas a balanços corporativos, enquanto os agentes aguardam os dados do payroll, na sexta-feira. Com isso, em meio ao avanço das empresas de tecnologia, os principais índices acionários subiram em Nova York e o Ibovespa, que chegou a ceder para a casa de 120 mil pontos pela manhã, terminou o dia com ganhos de 0,87%, aos 123.576,56 pontos. O índice sofreu, até praticamente o meio da tarde, com as incertezas fiscais em relação ao Brasil, diante das propostas do governo de aumentar o valor do Bolsa Família e limitar o pagamento de precatórios, além dos ruídos político. O ritmo externo, contudo, foi tomando espaço, ainda que não tenha impedido um soluço na segunda etapa, quando o relator do projeto de reforma do IR apresentou a proposta de elevar, de 4% para 5,5%, a alíquota de compensação financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM), reduzindo o ímpeto das ações da Vale. Mas o avanço firme do minério, no exterior, garantiu ganhos de 3,41% às ações da empresa, impulsionando a Bolsa. O real e os juros não chegaram a mudar de direção, mas também absorveram uma parte da melhora externa e do alívio com as declarações de Lira. O dólar, que bateu na máxima de R$ 5,27 ante o real no pior momento do dia, terminou com avanço contido de 0,53%, a R$ 5,1927, oscilando quase de dez centavos entre a mínima e a máxima. Na renda fixa, a combinação de menor tensão fiscal com dólar um pouco mais comportado resultou em juros futuros com alta bem inferior ao verificado na primeira metade dos negócios, quando as taxas longas chegaram a abrir 30 pontos-base. Apenas uma coisa não mudou com tudo isso: a convicção do mercado de que o Banco Central elevará a Selic em 1 ponto porcentual ao fim do encontro de amanhã.
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