O mercado já vinha incorporando uma série de sinais sobre a prorrogação do auxílio emergencial, como declarações de parlamentares e as dificuldades do governo em fazer andar o processo de vacinação no Brasil. Mas a decisão do Estado de São Paulo de endurecer as restrições de circulação diante da disparada recente de casos de covid, uma vez que a imunização está longe de trazer qualquer impacto na contenção da doença, fez com que as apostas em novas medidas de suporte à economia ganhassem ainda mais corpo. Até porque as pressões dos entes da União vão aumentar. Perto do fechamento dos negócios, secretários de fazenda estaduais assinaram uma carta em que pedem prorrogação de calamidade e do orçamento de guerra por seis meses, com extensão do auxílio emergencial às famílias. E isso tudo significa, em última instância, risco de deterioração adicional das contas públicas. O resultado não poderia ser outro: venda de Brasil. Assim, o real teve o pior desempenho global do dia e da semana, a curva de juros voltou a inclinar e o Ibovespa chegou a retroceder para a casa de 116 mil pontos, mas se recuperou um pouco. A sexta-feira também foi levemente negativa ao redor do mundo, em um processo de realização de lucros diante dos recordes recentes em Wall Street. Mas todos os pares tiveram desempenho melhor do que os ativos brasileiros. O dólar disparou 2,14% ante o real no mercado à vista, cotado a R$ 5,4790, com a valorização no ano indo para 5,59%. As taxas dos DIs subiram em bloco, tanto por conta da perspectiva de piora fiscal como devido ao câmbio, o que fez a curva fechar a semana com os maiores níveis de inclinação desde o começo de dezembro. O Ibovespa, que caiu nas última quatro sessões, emendou a pior série desde o fim de outubro e, ao recuar 0,80%, para 117.380,49 pontos, teve perdas de 2,47% na semana e agora registra baixa de 1,38% no ano. Em Nova York e na Europa, apesar da queda da maioria das bolsas hoje, todos os índices ainda têm ganhos em 2021. Nesta sexta, além do avanço da covid, os investidores também ponderaram o caminho legislativo para aprovar o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão do novo presidente americano. De acordo com analistas, a proposta não deve passar no Congresso antes de março. Mesmo assim, o Nasdaq virou no fim e renovou recorde.
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