Se a deterioração fiscal já vinha incrementando apostas em um aperto monetário mais rápido e maior, o IPCA-15 de outubro, o maior em 26 anos e bem acima do consenso captado pelo Projeções Broadcast, fez o mercado migrar de forma quase unânime para um Banco Central mais agressivo. Afinal, a autoridade monetária precisa lidar, concomitantemente, com dois problemas: a mudança do regime fiscal, que naturalmente pressiona a política de juros, e a inflação elevada, que não dá trégua. Não por acaso, um bloco de instituições reviu seu cenário para os juros hoje, a maioria apostando em um aperto de, pelo menos, 150 pontos da Selic amanhã, com a taxa em dois dígitos no fim do ciclo. O investidor em juros foi mais longe, adicionou muito prêmio na ponta curta e intermediária da curva, passou a precificar chance majoritária de alta de 1,75 ponto para a taxa básica e ainda colocou algumas fichas num arrocho maior, de 2 pontos porcentuais. O efeito desse novo quadro para a renda variável brasileira foi bastante negativo. Afinal, juros maiores afetam as ações de diversas maneiras: concorrem como alternativa de investimento e, mais importante, têm efeito negativo sobre o consumo e o crédito. Como resultado, num dia de novos recordes de S&P 500 e Dow Jones, o Ibovespa terminou com baixa de 2,11%, aos 106.419,53 pontos. Em Wall Street, aliás, os ganhos voltaram a ser conduzidos pelos balanços positivos das empresas norte-americanas, ainda que o Nasdaq tenha sido limitado pela queda das ações do Facebook. Enquanto isso, o dólar ficou dividido entre as expectativas de piora para a economia brasileira, com algumas instituições enxergando a possibilidade de recessão no próximo ano, e o "efeito atratividade" que juros maiores podem ter para investidores interessados em operações de carry trade, uma vez que o diferencial entre as taxas internas e externas deve aumentar bastante. No fim, a moeda dos EUA terminou com valorização de 0,32%, a R$ 5,5734.
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