JUROS DESCOLAM DE MELHORA DO REAL E DAS BOLSAS E VOLTAM A INDICAR SELIC AINDA MAIOR

O dólar em queda diante do real ou o apetite por risco visto na Bolsa foram insuficientes para impedir nova rodada de acréscimo de prêmios nos juros futuros, sobretudo de curto prazo. Como resultado, as chances precificadas para a reunião do Copom, na próxima semana, já se concentram entre um aperto de 1 ponto porcentual (80%) ou 1,25 ponto (20%), apagando, pelo menos na curva a termo, apostas na manutenção do ritmo de 0,75 ponto adotado pelo Banco Central até agora. Tudo porque, depois do IPCA-15 acima do previsto na sexta, houve deterioração da mediana das estimativas para a inflação em 2022, segundo o Boletim Focus. Para piorar o quadro de preços, a nova massa de ar polar prevista para chegar ao País nesta semana pode comprometer as lavouras e, portanto, os preços dos alimentos. Além disso, os agentes estão em compasso de espera pela decisão do Federal Reserve, nesta semana. E ainda que os índices acionários americanos tenham encerrado com leves ganhos, o dia for marcado pela cautela no exterior, antes de eventuais novos sinais do BC americano, de balanços de grandes empresas nesta semana e com os investidores de olho nas tensões entre EUA e China. A Bolsa brasileira, no entanto, operou descolada dos pares em NY – e, desta vez, para melhor. O Ibovespa subiu 0,76%, aos 126.003,86 pontos, movimento atribuído, basicamente, a uma correção das quedas recentes, sobretudo na semana passada, diante de uma série de variáveis que resultaram em aumento do risco político por aqui. No mercado de câmbio, o dólar operou em baixa ante a maioria das moedas, inclusive em relação à brasileira. Em pregão de liquidez enxuta, foi notado algum fluxo de entrada para ofertas de ações na B3, o que também propiciou correção ao avanço da divisa na semana passada. Assim, o dólar encerrou o dia com desvalorização de 0,70%, a R$ 5,1742 no mercado à vista.

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

O mercado de juros começou a semana dando sequência ao movimento anterior, com taxas curtas e intermediárias em alta, pressionadas pela piora nos cenários de inflação e Selic. Na esteira da leitura negativa do IPCA-15 de julho na sexta-feira, o mercado embutiu mais prêmios hoje em função da deterioração da mediana de IPCA 2022 na Pesquisa Focus e de possíveis efeitos que os eventos climáticos – em especial a onda de frio prevista para chegar ao Sul e Sudeste nesta semana – terão na oferta de alimentos. A curva voltou a precificar chances de aperto de 1,25 ponto porcentual na Selic no Copom do dia 4, enquanto a aposta de 0,75 ponto, que aparecia até o fim da semana passada, foi zerada. Com isso, os longos fecharam em leve baixa, num dia em que o cenário externo não atrapalhou e o câmbio esteve bem comportado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a 6,17%, de 6,067% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,479% para 7,57%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,35%, de 8,345% no último ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 8,733% para 8,70%.

Logo cedo, o Boletim Focus mostrou que, na esteira do IPCA-15 de julho, a mediana de Selic para o fim de 2021 passou de 6,75% para 7,00%, o que não evitou aumento da mediana do IPCA para 2022, de 3,75% para 3,80%. A meta central de inflação no ano que vem é de 3,5%. “Agora todo mundo tem certeza que o BC está atrás da curva”, disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, lembrando que a inflação corrente em 12 meses roda acima de 8%. Na Focus, a mediana de IPCA para este ano saltou de 6,31% para 6,56%.

Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, após cinco semanas de relativa estabilidade, o avanço da mediana para a inflação em 2022 no Focus surpreendeu e foi a “pá de cal” sobre a possibilidade de elevação da Selic de 0,75 ponto na semana que vem. “Acho difícil agora não vir um aumento do juro de 1 ponto. As expectativas pioraram e o mercado já está precificando 1 ponto. Agora, é igual caminhão na ladeira: deixa descer, tentar parar no meio é pior”, argumenta o economista.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a curva a termo precificava nesta tarde 20% de chance de aperto de 1,25 ponto na taxa básica no Copom de agosto, contra 80% de probabilidade de alta de 1 ponto. Para o fim de 2021, apontava nível de 7,59%.

A equipe da Levante Investimentos afirma que “na cabeça dos agentes econômicos” o fim de 2021 terá uma política monetária contracionista. “Caso o BC decida não contrariar a narrativa dessa entidade chamada mercado, é quase certo que isso fique claro em algum momento neste trimestre. Em breve, em alguma das reuniões do Copom, a palavra ‘estimulativa’ deixará de ser aplicada à política monetária”, afirmam os profissionais.

Mesmo com uma política monetária mais agressiva, a instituição acredita que a alta dos juros deve demorar um pouco para fazer a inflação retornar ao centro da meta, tornando aplicações de renda fixa com rendimentos vinculados ao CDI e a índices de inflação “mais atrativas do que foram durante os últimos trimestres”.

Até porque, não bastasse a crise hídrica, novos riscos climáticos para os preços estão entrando nos cenários, com destaque hoje para a onda de frio que se aproxima e deve afetar colheitas de in natura. Estão previstas temperaturas negativas não só no Sul como também no Sudeste. “Se incorpora agora ao rol dos problemas questões climáticas no Brasil onde a seca e a geada fizeram estragos relevantes em diversas lavouras, além da alta do preço de fertilizantes”, afirma o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

A alta dos vértices curtos e intermediários ganhou força na etapa vespertina, quando bateram as máximas do dia, mas sem um gatilho específico. A agenda dos diretores do Banco Central Fabio Kanczuk e Bruno Serra previa uma série de reuniões com executivos do mercado financeiro nesta tarde. (Denise Abarca – [email protected])

17:30

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 4.81

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 4.15

Over Selic (%a.a) 4.15

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em semana na qual o mercado aguarda com ansiedade a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o período de silêncio dos dirigentes da autoridade e o número reduzido de indicadores relevantes colocou as atenções dos investidores especialmente na China. As tensões do país asiático junto aos Estados Unidos e a intervenção de Pequim em uma série de setores foram observadas. Em Nova York, a temporada de balanços ganha atenção, em semana que conta com publicação de grandes empresas de tecnologia. Além disso, a disparada do bitcoin, que avançou mais de 20% na sessão, teve impacto em papéis como os da Coinbase, que subiram perto de 10%. Neste cenário, os principais índices renovaram recordes históricos de fechamento. Já o dólar operou em baixa ante a maioria das moedas, enquanto na renda fixa, o leilão de US$ 60 bilhões em T-notes de 2 anos não movimentou o mercado e os juros curtos chegaram ao fim do dia estáveis.

Investidores seguem evitando marcar posições mais arrojadas às véperas da decisão de política monetária do Fed. Sem expectativas de mudança nos juros, as atenções se voltam para as sinalizações que podem surgir na comunicação. Na visão da Stifel, embora seja improvável que qualquer mudança significativa na posição do Fed, os comentários do presidente Jerome Powell podem oferecer uma visão adicional sobre o pensamento em uma série de questões. A consultoria destaca a percepção sobre inflação, os riscos para a retomada econômica, incluindo o impacto da variante delta, a reversão da compra de títulos e o potencial dos trilhões em gastos que o governo vem planejando.

Neste cenário, o dólar recuou ante a maioria das moedas. Na visão da Western Union, os “investidores estão inclinados a tirar algumas fichas da mesa, já que a alta do dólar enfrenta risco na reunião do Fed”. Segundo a consultoria, “é provável que o BC avance nas negociações sobre a reversão do estímulo, mas não delineie um prazo para quando tal movimento ocorrerá”. Hoje, o euro avançou sobre o dólar, contornando os dados que mostraram uma queda surpreendente na confiança dos empresários alemães em julho. No fim da tarde, a moeda comum era cotada a US$ 1,1803, pressionando o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, e tinha queda de 0,28%. A libra avançava a US$ 1,3816 e o iene se valorizava, com o dólar sendo cotado a 110,41 ienes.

A piora na confiança empresarial alemã também pressionou a Bolsa de Frankfurt, onde o DAX fechou em queda de 0,32%. Em Londres, o FTSE 100 fechou com leve baixa, perdendo 0,03%. Do outro lado do Atlântico, com as expectativas para as divulgações de resultado nesta semana, Apple (+0,29%), e Facebook (+0,72%) avançaram. A Tesla, com resltados previstos para após o fechamento dos mercados, subiu 2,21%. Outra empresa que divulga números nos próximos dias é a Amazon, que subiu 1,18%, estando envolvida ainda com um dos principais movimentos de investidores durante a sessão.

A companhia deu sinalizações de interesse por criptomoedas ao anunciar uma vaga de emprego para a área de “moedas digitais e liderança de produto blockchain”. A questão foi observada como um dos principais elementos para a disparada do bitcoin, que chegou a subir perto de 25% na sessão, recuperando o nível simbólico dos US$ 40 mil. Investidores citavam ainda a liquidação de posições vendidas como em parte responsável pelo movimento. Especialmente ligadas ao ativo, as ações da Coinbase tiveram alta de 9,13% em Nova York. O Dow Jones fechou em alta de 0,24%, o S&P 500 subiu 0,24% e o Nasdaq avançou 0,03%, após renovarem recordes históricos de fechamento.

Na renda fixa, os juros longos avançaram, em uma sessão volátil. No começo da tarde, o Departamento do Tesouro dos EUA informou que um leilão de US$ 60 bilhões em T-notes de 2 anos registrou yield (retorno) de 0,213%. Já a demanda pelos títulos, ficou em 2,47 vezes, abaixo da média recente, em 2,55 vezes, de acordo com dados da BMO Capital Markets. Ao fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos ficava estável a 0,202%, o da T-note de 10 anos subia a 1,292% e o da T-bond de 30 anos avançava a 1,941%.

Também no radar, a Casa Branca expressou preocupação com o recente avanço no número de casos de covid-19 nos EUA, mas reiterou que a maioria dos diagnósticos positivos da doença tem ocorrido em pessoas que não se vacinaram. As preocupações com a imposição de restrições em virtude da doença tiveram impacto no preço do petróleo, que fechou sem sinal único. O barril do WTI para setembro recuou 0,22% (US$ 0,16), a US$ 71,91, e o do Brent avançou 0,54% (US$ 0,40), a US$ 74,50.

A porta-voz da casa Branca, Jen Psaki, repercutiu as reuniões que a vice-secretária de imprensa de Estado dos EUA, Wendy Sherman, teve com autoridades chinesas. Segundo ela, há “preocupações” por parte dos EUA quanto a China, incluindo a questão de Hong Kong e supostas violações de direitos humanos. (Matheus Andrade – [email protected])

BOLSA

Buscando recuperar parte do terreno perdido em relação a Nova York na última semana, com os três índices de referência em renovação de máximas históricas de fechamento – estendidas nesta segunda-feira por Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq -, o Ibovespa obteve hoje ganho de 0,76%, a 126.003,86 pontos, com giro financeiro mais uma vez enfraquecido, a R$ 22,8 bilhões – pela quinta sessão consecutiva abaixo dos R$ 30 bilhões. No mês, o índice da B3 ainda cede 0,63%, limitando os ganhos do ano a 5,87%. Com os protestos convocados por caminhoneiros se mostrando um não evento, e uma agenda doméstica, inclusive política, relativamente esvaziada, o Ibovespa se reconectou a Nova York nesta abertura de semana.

Os mercados da China tiveram uma segunda-feira difícil, com saída de recursos e queda nos índices de ações, após sinais de endurecimento do governo com relação a empresas de educação e tecnologia, mas o movimento não resultou em aversão a risco, nem na Europa, nem nos Estados Unidos. Aqui, o mercado já precifica Selic a 7% no fechamento de 2021, o que, combinado ao fluxo associado a operações de IPO em andamento, como as de TradersClub e Raízen, tende a contribuir para recuperação do real, entre as moedas emergentes mais punidas desde a primeira onda de Covid, bem como do Ibovespa, observa Viviane Vieira, Equity Sales trader da B.Side Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual.

“A semana tem a decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, e, na sexta, o PIB dos Estados Unidos. Aqui a agenda de balanços tem empresas como Vale, Usiminas e CSN. A depender do que vier, há muito fator para fazer preço na semana, começando por essa correção natural que tivemos hoje”, acrescenta Viviane. “A perspectiva ainda é positiva, com sistema hospitalar descomprimido, refletindo o progresso da vacinação, sem que a ameaça de nova onda com variante Delta tenha se consumado até agora.”

“Hoje, TIM e EDP divulgam balanços depois do fechamento. A Hypera apresentou sólidos resultados no segundo trimestre, com receita líquida 43,5% superior à do mesmo período de 2020. A semana deve ser bastante agitada, com Fed e resultados trimestrais, lá fora e aqui”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Com reiteração da recomendação de compra, o BTG Pactual elevou o preço-alvo de Hypera de R$ 42 para R$ 45 após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2021. Nesta segunda-feira, a ação ON virou perto do fim da sessão e fechou em leve baixa de 0,06%, a R$ 36,25.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Usiminas (+3,56%) e CSN (+3,54%), um pouco à frente de Embraer (+3,51%) e de Bradespar (+3,51%). Na face oposta, Americanas ON (-5,18%), Eztec (-2,59%) e Lojas Americanas (-2,56%). Entre as blue chips, desempenho majoritariamente positivo, em especial Vale ON (+2,17%), a R$ 116,60, e Petrobras PN (+2,73%, na máxima do dia no fechamento, a R$ 27,47), com a Unit do Santander (+2,25%) liderando os ganhos do dia entre os grandes bancos.

“Com o auxílio do setor de commodities, o Ibovespa começou a semana em alta e se sustentou acima de 125 mil pontos, mas para ganhar força de compra no curtíssimo prazo será preciso romper 126.500 pontos, tendo como alvo inicial o topo intermediário na faixa de 128 mil pontos”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “A recuperação do minério de ferro impulsionou o mercado brasileiro e, em especial, o setor siderúrgico, com destaque de alta para Usiminas, além das ações da Vale, que estão próximas da máxima histórica de R$ 118,13.”

Assim, o índice da B3 tenta recuperar parte do terreno perdido na semana passada, quando se desconectou dos ganhos em Wall Street, com uma combinação doméstica de inflação acima do esperado pelo IPCA-15 – que reforça a expectativa por Selic mais alta no fim do ano – e ruídos políticos.

O otimismo segue pautando as expectativas do mercado para o desempenho das ações no curtíssimo prazo. De acordo com o Termômetro Broadcast Bolsa de sexta-feira, 75,00% dos participantes disseram acreditar que esta semana será de alta para o Ibovespa e os demais 25% esperam variação neutra. Nenhum deles prevê queda no período, a exemplo da edição anterior, na qual a percepção de ganhos era de 66,67% e de estabilidade, de 33,33%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 126003.86 0.76054

Máxima 126213.96 +0.93

Mínima 125006.47 -0.04

Volume (R$ Bilhões) 2.28B

Volume (US$ Bilhões) 4.40B

17:30

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 126290 1.04008

Máxima 126575 +1.27

Mínima 125060 +0.06

CÂMBIO

Em uma sessão de liquidez reduzida, o dólar chacoalhou pela manhã, mas acabou se firmando em terreno negativo ao longo da tarde e encerrou o pregão em queda, refletindo em grande parte o enfraquecimento global da moeda americana. Operadores também notaram fluxo de entrada para ofertas de ações na B3 e alinhamento de posições diante do aumento das expectativas de uma elevação mais intensa e pronunciada da Selic.

O dólar até ensaiou uma alta nas primeiras horas de negócio e correu até a máxima de R$ 5,3101, na esteira de certa aversão externa ao risco provocada por medidas chinesas de regulação do setor de tecnologia e educação, mas perdeu fôlego assim que a moeda americana começou a ceder em relação ao euro e a divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano.

No início da tarde, o dólar à vista chegou a tocar na casa de R$ 5,15, descendo até a mínima de R$ 5,1527. No fim do dia, a moeda americana era negociada a R$ 5,1742%, recuo de 0,70%. Em julho, o dólar ainda acumula valorização de 4,04%.

A despeito da perda de fôlego do dólar nesta segunda-feira, analistas não veem espaço para uma rodada mais forte de apreciação do real nos próximos dias, que podem ser marcados por solavancos mais fortes no mercado de câmbio – por causa da agenda externa carregada e pela disputa em torno da formação da taxa do fim do mês, na sexta-feira.

Investidores vão acompanhar de perto o comunicado da reunião de política monetária do Federal Reserve (quarta-feira), e a divulgação do resultado do PIB americano no segundo trimestre (quinta-feira) para calibrar as apostas sobre eventual início da redução de compra de bônus (tapering) nos Estados Unidos ainda neste ano.

Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o mercado está apreensivo em relação à postura do Fed em um momento no qual o pico de crescimento da economia americana parece ter ficado para trás, mas a inflação permanece pressionada. “Parece que o Fed quer apertar o discurso, mas existe o medo de o crescimento ser mais baixo. A expectativa é que o ‘tapering’ venha, grosso modo, na virada do ano”, diz Júnior, ressaltando que ainda tem a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) de junho nos EUA na sexta-feira, dia 30, e na próxima semana, dia 6, do relatório de emprego nos EUA (payroll), o que pode mudar trazer muita volatilidade para o mercado de câmbio.

Para Júnior, enquanto o índice DXY – que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes – seguir na casa de 92,5 pontos, com “risco de ir para 94 ou 95 pontos”, não é possível vislumbrar um dólar “abaixo de R$ 5,15”. “Existe muito pouco para o real ganhar quanto o DXY não vir abaixo de 91”, diz Júnior, para que a perspectiva de alta mais forte da Selic até desestimula a compra de dólares, mas ainda não autoriza apostas em queda mais forte da moeda americana em relação ao real.

Hoje, o Boletim Focus trouxe elevação da expectativa para a Selic no fim deste ano de 6,75% para 7%. Após a alta surpreendente de 0,72% do IPCA-15 de julho, divulgado na sexta-feira, aumentaram as apostas um aperto monetário maior e mais intenso, com alta da Selic em 1 ponto porcentual no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem (3 e 4 de agosto), para 5,25% ao ano.

Para Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, a despeito de uma Selic mais elevada, existe um conjunto de riscos que apontam para uma tendência de depreciação do real no curto e médio prazo. “Existe dúvida até onde o Banco Central pode apertar a política monetária sem prejudicar tanto a atividade, que ainda está se recuperando”, diz Netto, que também chama a atenção para o risco político. “A eleição é o ano que vem, mas as conversas já começaram. Os dois candidatos principais, o presidente (Jair) Bolsonaro e o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva), estão com uma postura populista, e o investidor estrangeiro não gosta disso”, acrescenta, lembrando que ainda pairam dúvidas sobre o desenlace da reforma do Imposto de Renda, o que assusta o mercado.

Segundo Netto, pode haver “movimentos pontuais de alívio” na taxa de câmbio como vistos hoje, por causa do exterior e da entrada de recursos para IPOs, mas não é possível imaginar o dólar sendo negociado abaixo de R$ 5 nas próximas semanas. “A perspectiva é de ver o dólar rodando numa faixa entre R$ 5,10 e R$ 5,20, e com muita volatilidade”, diz.

No noticiário do dia, destaque para a divulgação de superávit de US$ 1,869 bilhão da balança comercial na quarta semana de julho (19 a 25), o que levou o saldo acumulado no mês a US$ 6,939 bilhões. Em 2021, a balança comercial é superavitária em US$ 43,670 bilhões.

Na B3, o dólar futuro para agosto era negociado em queda de 0,46%m a R$ 5,17950, com giro reduzido, cerca de US$ 10 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

17:30

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.17420 -0.6967 5.23010 5.15270

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5178.000 -0.49005 5233.500 5155.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5201.000 -0.51645 5239.500 5185.500