INVESTIDOR LOCAL VÊ VAREJO LIMITAR JURO E TOMA RISCO COM SINAIS SOBRE AVANÇO DE PEC

O apetite por risco, que já permeava os ativos diante da perspectiva de que a PEC dos Precatórios também avance no Senado, ganhou reforço nesta quinta-feira. E, curiosamente, de um dado negativo. A queda nas vendas do varejo em setembro, muito mais intensa do que indicava o consenso, trouxe a leitura de que o ritmo do aperto monetário pode não ter espaço para aumentar, ainda mais se houver, de fato, maior clareza sobre as contas públicas até a reunião de dezembro. Esse quadro, num dia em que o mercado ainda reverberou uma série de balanços corporativos, muitos considerados bons, criou uma espiral positiva entre os ativos. Os juros futuros de curto prazo recuaram, o que favoreceu empresas da bolsa afetadas pela política monetária. Essas compras na renda variável, inclusive de estrangeiros, enfraqueceram o dólar, que, por sua vez, ajudou a tirar ainda mais prêmios dos juros. No fim, as taxas dos DIs longos ficaram perto dos ajustes, mas os de prazo curto não apenas caíram, como passaram a precificar um pouco mais de chances de a Selic continuar subindo ao passo de 1,5 ponto porcentual. Até porque, a diretora de Assuntos Internacionais do BC, Fernanda Guardado, disse hoje que o ritmo “ainda parece adequado”. Enquanto isso, ajudado pela melhora das perspectivas fiscais, o dólar queimou gordura ante o real, que teve a melhor performance do dia entre moedas emergentes. Tanto que a divisa americana acabou na menor cotação desde 1º de outubro, ao registrar desvalorização de 1,74%, a R$ 5,4042. A Bolsa, por sua vez, chegou a retomar o nível de 108 mil pontos no melhor momento do dia, em parte favorecida pelo desempenho de companhias de varejo, bastante dependentes do custo do crédito e que ainda divulgam resultados hoje. Mas não é só: siderúrgicas e mineradoras também dispararam após o avanço do minério de ferro na China, onde a Evergrande pagou juros de bonds e dissipou os temores de calote. No fim, mesmo que num patamar abaixo, o Ibovespa garantiu a terceira alta consecutiva, desta vez de 1,54%, aos 107.594,67 pontos. Em Wall Street, a liquidez ficou mais enxuta devido ao feriado do Dia do Veterano, que manteve o mercado de Treasuries fechado. Mas as bolsas funcionaram e terminaram sem direção única, ainda refletindo incertezas com o rumo da inflação, tanto nos EUA quanto em outras partes do mundo.

JUROS

A quinta-feira foi de alívio nos prêmios de risco da curva de juros. A queda nas taxas curtas foi destaque em função dos ajustes na precificação de Selic, após a surpresa negativa com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e declarações da diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, reforçando a ideia de manutenção do ritmo de aperto de 1,5 ponto porcentual. Sobre os longos, continuou reverberando o efeito positivo da aprovação da PEC dos Precatórios, com melhora nas expectativas de tramitação no Senado. Além disso, o fato de o mercado de Treasuries hoje estar fechado contribuiu para evitar maior volatilidade, considerando a escalada dos yields nos últimos dias. No fechamento, porém, o recuo dos longos perdeu fôlego, com o mercado realizando lucros após quatro sessões seguidas de baixa neste trecho. Por fim, o Tesouro elevou os lotes de prefixados no leilão de títulos, mas que ainda estão bem abaixo do padrão.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 8,45% (regular e estendida), de 8,507% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 12,216% para 11,96% (regular) e 11,955% (estendida). A do DI para janeiro de 2025 saiu de 11,835% ontem no ajuste para 11,79% (regular) e 11,75% (estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,69% (regular) 11,64% (estendida), de 11,673%.

Um dia após o IPCA de outubro superar o teto das estimativas, os dados do varejo decepcionaram ao mostrarem quedas nas vendas mais fortes do que a mediana das projeções, em setembro ante agosto. No conceito restrito, o recuo foi de 1,3% (mediana era de -0,6%) e no ampliado, de 1,1% (mediana zero). Com inflação surpreendendo para cima e a atividade, para baixo, o cenário de estagflação parece ganhar corpo, mas a tendência é que caminhe para uma recessão caso o Banco Central tenha de apertar muito o juro para recolocar a inflação na meta.

As explicações para o desempenho fraco do varejo passam pela pressão inflacionária que reduz o poder de compra, mas analistas veem também uma mudança no padrão do consumo. Com a reabertura gradual da economia, estaria havendo transferência da aquisição de bens para serviços, o que pode ser preocupante na medida em que a inflação de serviços tende a ser bem mais resiliente. O tira-teima virá amanhã, quando sai a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de setembro. A mediana das expectativas indica avanço de 0,5% na margem.

“Os números do varejo sugerem que o BC pode optar por um ciclo mais longo em vez de acelerar o ritmo de alta da Selic para 2 pontos. Mas no meio do caminho tem o risco de o Federal Reserve antecipar o aumento de juros”, afirmou o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, destacando a trajetória altista da T-Note de dez anos. Hoje o mercado de Treasuries não funcionou por causa de feriado nos Estados Unidos.

A leitura do varejo provocou ajustes nas apostas de Selic para dezembro na curva e nas opções digitais na B3, com aumento da expectativa de manutenção do compasso de alta de 1,5 ponto, mas a de elevação de 2 pontos mantendo-se ainda como amplamente majoritária. Pela manhã, no DI, a precificação apontava 14% de chance para 1,5 ponto, de 4% ontem, e 86% de probabilidade de alta de 2 pontos, de 96% ontem. À tarde, esse quadro se acentuou com os comentários da diretora do BC, com a probabilidade de 1,5 ponto avançando a 26% e a de 2 pontos, recuando a 74%. Os cálculos são do Banco Mizuho.

Durante participação em evento do Itaú, Guardado mostrou confiança no plano de voo do BC para colocar a inflação de 2022 na meta de 3,5% e indicou que o ritmo de 1,5 ponto ainda está valendo, dado o conjunto de informações que a autoridade monetária tem atualmente. “Boa parte dos impactos de todo esse aperto que fizemos desde março e que sinalizamos para dezembro vai ocorrer ao longo de 2022 e em 2023, em parte”, completou. Concordou ainda com a avaliação de que a política monetária parece ser mais robusta hoje do que foi no passado, devido até mesmo ao maior aprofundamento financeiro da economia. Uma semana depois da ata do Copom defender o ritmo de 1,5 ponto sinalizado para dezembro é algo natural, mas o mercado acabou vendo pretexto para aparar ainda mais os prêmios na esteira da PMC.

Os longos ainda estiveram sob o impacto da PEC dos Precatórios durante boa parte do dia, mas na última hora da sessão regular o fôlego de baixa se esvaiu com ajustes técnicos de posição, com a inclinação negativa se acentuando bastante desde o fim da semana passada.

Com o mercado mais calmo, o Tesouro conseguiu elevar os lotes de prefixados – 3,5 milhões de LTN e 2 milhões de NTN-F – vendidos integralmente, mas volumes e risco para o mercado ainda são insuficientes para provocar estresse na curva. “Percebe-se que o Tesouro deu peso ao movimento de flattening ocorrido nas últimas semanas. Como o segmento curto e intermediário estava mais pressionado, a decisão foi de concentrar o DV01 nas NTN-F (US$ 157 mil), em detrimento das LTN (US$ 94 mil). Com isso, abre mão de emitir um volume financeiro maior, mas evita pressão adicional naquele segmento”, avalia o estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sergio Goldenstein. (Denise Abarca – [email protected])

18:30

Operação   Último

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 8.13

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 7.65

Over Selic (%a.a) 7.65

CÂMBIO

O real exibiu de longe o melhor desempenho entre as divisas emergentes na comparação com dólar nesta quinta-feira (11), dia marcado por forte valorização do Ibovespa e recuo dos juros futuros. Segundo analistas, a perspectiva de que a PEC dos Precatórios passe no Senado, após ser aprovada por boa margem em segundo turno na Câmara dos Deputados, diminui a incerteza no campo fiscal e, por tabela, os prêmios de risco embutidos nos ativos domésticos. Também contribui para a apreciação do real a alta de commodities como o minério de ferro, na esteira dissipação de temores de uma crise no setor imobiliário chinês após a incorporadora Evergrande honrar pagamento de bônus e Pequim sinalizar que pode relaxar a regulação setorial.

A moeda brasileira, que havia sido muito castigada ao longo de outubro, auge das preocupações com o furo do teto dos gastos, agora se sobressai entre seus pares. Por aqui, o dólar à vista trabalhou em queda superior a 1% durante quase todo o pregão e, no início da tarde, chegou a romper o piso de R$ 5,40, descendo até a mínima de R$ 5,3926 (-1,95%). No fim do dia, encerrou em baixa de 1,74%, a R$ 5,4042 – menor valor de fechamento desde 1º de outubro, quando encerrou a R$ 5,3691.

Operadores destacam que o fluxo cambial foi pequeno devido ao feriado do Dia dos Veteranos nos Estados Unidos (com o mercado de Treasuries fechado), o que não tira a representatividade da recuperação do real. O fato é que, com a queda de hoje, o dólar já perde 2,15% na semana. Em novembro, a moeda americana acumula um tombo de 4,28%, esboçando interromper uma sequência de dois meses de valorização (3,67% em outubro e 5,40% em setembro).

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, classifica a apreciação do real como um movimento natural de correção no curto prazo, estimulado pela redução das incertezas no campo fiscal. “O fato de a PEC passar na Câmara trouxe um alívio de curto prazo, porque significa que não vai se perder totalmente o controle das despesas, como poderia ocorrer sem a PEC”, afirma Miraglia, que vê uma “boa possibilidade” de a proposta ser aprovada no Senado. “Estão tirando cenários piores dos preços, mas o real ainda tem um desempenho pior que seus pares em janelas mais longas”.

O estrategista da Davos, Mauro Morelli, vê a recuperação recente do real não como um sintoma de otimismo dos investidores com a política fiscal, mas como uma redução gradual do pessimismo após a aprovação da PEC dos Precatórios. Ele lembra que o dólar chegou a toca R$ 5,70 e era de se esperar um recuo da taxa de câmbio à medida que diminuísse um pouco a percepção de risco. “Não vejo esse movimento como uma tendência de melhora. É mais um ajuste. A moeda brasileira ainda é uma das mais desvalorizadas do mundo e a volatilidade tende a continuar”, diz Morelli, chamando a atenção para as incertezas que devem ser provocadas pela aproximação do processo eleitoral.

Em evento realizado pelo Itaú, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Guardado, pontuou que houve quebra na relação entre termos de troca e formação da taxa de câmbio no Brasil e em outros países produtores de commodities – fenômeno que poderia ser explicado pela deterioração fiscal provocada pelos gastos com a pandemia. Guardado acredita que essa descorrelação pode ser atenuada com a normalização das políticas monetárias. Em todo caso, o ‘modus operandi’ do BC no mercado de câmbio não muda. “Só atuamos em cenários de fluxo que não consegue ser digerido por mercado, ou quando há disfuncionalidade”, afirmou.

Em relação à política monetária, Guardado sinalizou que o ritmo de alta da taxa Selic em 1,5 ponto porcentual por reunião – adotado em no encontro do Copom em outubro – “ainda parece adequado”, dado o conjunto de informações que o BC tem no momento. Não faltou a tradicional ressalva de que o BC pode adotar mudar de ideia caso as condições econômicas se alterem.

O principal indicador do dia deu força a quem aposta que o Copom não vai acelerar o passo em dezembro. Pela manhã, o IBGE informou que as vendas no varejo caíram 1,3% em setembro em relação a agosto (com ajuste sazonal), enquanto a mediana de Projeções Broadcast era negativa em 0,6%. Em relação a setembro de 2020 (sem ajustes sazonal), o tombo foi de 5,5%, também acima da mediana (-4%).

Na B3, às 18h15, o dólar futuro para dezembro recuava 1,68%, a R$ 5,41850, com volume negociado de US$ 10,8 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

18:31

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.40420 -1.7436 5.47550 5.38920

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5408.500 -1.85992 5508.500 5406.500

DOLAR COMERCIAL 5540.000 10/11

BOLSA

Em sessão com forte queda do dólar à vista (-1,74%), de volta agora a R$ 5,40, e de recuperação de 4,13% no minério de ferro na China (Qingdao), que ontem havia retrocedido ao menor nível desde maio de 2020, o Ibovespa conseguiu emendar a terceira alta, de 1,54%, aos 107.594,67 pontos, alcançando nesta quinta-feira o maior nível de fechamento desde o último dia 25, então aos 108.714,55 pontos. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 105.987,86 para chegar na máxima da sessão aos 108.669,18 pontos, com giro financeiro a R$ 36,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 2,64% e, no mês, 3,96%, ainda cedendo 9,60% no ano.

Apesar da timidez da recuperação observada nessas últimas sessões, foi a mais longa série positiva do Ibovespa desde o intervalo de quatro pregões entre 5 e 8 de outubro, na qual o índice de referência da B3 já mostrava lateralização.

“O mercado seguiu repercutindo hoje a passagem da PEC dos Precatórios, da Câmara para o Senado. Embora nem tudo esteja resolvido, houve avanço, vitória em primeiro momento, aliviando a tensão e o risco fiscal que vinham pesando sobre os ativos brasileiros. Trouxe algum alívio também à curva de juros, com um pouco mais de previsibilidade depois da piora vista nas últimas semanas”, diz João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.

“Com a aprovação da PEC, o mercado deixou um pouco de lado a incerteza sobre o fiscal e volta a olhar para o micro, os resultados das empresas, com muitas reportando números acima do esperado, como Azul (+9,83%, segunda maior alta do Ibovespa na sessão), e algumas outras, não, como Via (-12,48%, maior perda da carteira Ibovespa nesta quinta-feira)”, observa Julio Pinelli, especialista em renda variável da Delta Flow Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual.

“Houve uma aversão a risco mais forte ontem no exterior, um dia mais pessimista pelo ‘driver’ da inflação americana acima do esperado, com a ponta longa da curva de juros precificando alta para o ano que vem (na taxa de referência dos EUA). Hoje, do cenário externo, veio notícia positiva sobre pagamento de dívida pela Evergrande, com efeito para os preços de commodities, especialmente o minério de ferro”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. Nesta quinta-feira, o desempenho foi misto no fechamento de Nova York, com o blue chip Dow Jones em baixa de 0,44% e o tecnológico Nasdaq em alta de 0,52%.

Com muitas ações e setores acumulando gordos descontos no ano, como as de varejo e bancos, é natural alguma acomodação em segmentos ainda um pouco melhor posicionados em 2021, como parte das commodities, com rotação para os papéis expostos à economia doméstica, aponta Pinelli, da Delta Flow. Contudo, o dado macro do dia, sobre as vendas do varejo, não favoreceram o desempenho do segmento. A queda de 1,3% registrada pelo varejo em setembro ante agosto foi a mais acentuada para o mês na série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em 2000 pelo IBGE. O resultado sucede retração de 4,3% em agosto. Nos dois meses, a perda é de 5,6%.

“Parte dos bancos já mostra ganhos interessantes no mês inclusive pelos balanços positivos, assim como as de varejo, ambos ainda bem descontados no ano”, diz Pinelli. Assim, Banco do Brasil ON avança 5,96% no mês e 3,11% na semana, ainda acumulando perda de 18,38% no ano – hoje, fechou em baixa de 1,92%, na mínima da sessão.

Com a recuperação do minério na China nesta quinta-feira, o setor de mineração e siderurgia puxou os ganhos do Ibovespa na sessão, em que Vale ON avançou 3,53%, Gerdau PN, 5,99%, CSN ON, 7,46%, e Usiminas PNA, 6,24%. Na ponta do índice da B3, além de Azul e CSN, destaque também para Méliuz (+10,34%) e Banco Pan (+7,39%), à frente de Banco Inter (PN +6,33%) e Usiminas. Na ponta oposta, além de Via, destaque para Braskem (-2,94%), Taesa (-2,40%) e Raia Drogasil (-2,39%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])

18:21

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 107594.67 1.53553

Máxima 108669.18 +2.55

Mínima 105987.86 +0.02

Volume (R$ Bilhões) 3.69B

Volume (US$ Bilhões) 6.81B

18:31

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 108585 1.68563

Máxima 109320 +2.37

Mínima 107485 +0.66

MERCADOS INTERNACIONAIS

O feriado do Dia dos Veteranos nos Estados Unidos, além de manter o mercado de Treasuries fechado, esvaziou a agenda macroeconômica no exterior e reduziu o volume de transações em Wall Street. As bolsas de Nova York fecharam o pregão em tom misto, com o setor financeiro em destaque em meio a expectativas por juros mais altos, um dia após dado de inflação salgado nos Estados Unidos. O cenário dos preços também levou o dólar ante rivais às máximas em 15 meses, ajudado ainda pelo enfraquecimento da libra, na esteira de indicadores fracos no Reino Unido. As commodities metálicas capitalizaram o alívio com a crise imobiliária da China, mas o petróleo ficou volátil, à medida que países exportadores mantêm compromisso com aumento gradual da oferta, apesar das pressões contrárias dos americanos. No mundo emergente, o BC mexicano anunciou aumento da taxa básica de juros, de 4,75% para 5% ao ano, nesta tarde.

“Hoje, [no mercado] ainda é tudo sobre inflação, com investidores tentando extrapolar o que ela significa”, explicou o diretor de investimentos do FlowBank, Esty Dwek, em referência à divulgação ontem do CPI americano, que avançou no ritmo mais acentuado desde 1990. “Esta leitura não é uma surpresa, mesmo que seja mais alta do que o esperado. Não acho que mude a trajetória do Federal Reserve (Fed)”, avalia o analista.

Ainda assim, nos mercados acionários, operadores foram em busca de oportunidades nos setores que mais se beneficiariam de uma eventual elevação dos juros. Entre eles, os bancos estiveram em destaque: a ação do Bank America avançou 0,55%, acompanhado por Goldman Sachs (+0,81%) e Citi (+0,97%). Com isso, o índice S&P 500 fechou em alta de 0,06%, a 4.649,27 pontos, enquanto o Nasdaq avançou 0,52%, a 15.704,28 pontos. Por outro lado, o Dow Jones cedeu 0,44%, a 35.921,23 pontos, puxado sobretudo por Walt Disney (-7,04%), que ontem informou lucro e receita abaixo do esperado.

Participantes do mercado cambial também continuaram digerindo os efeitos da inflação elevada. Segundo o analista Joe Manimbo, do Western Union, o quadro sustentou a busca por dólar. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, encerrou a sessão com ganho de 0,34%, a 95,178 pontos, no nível mais alto desde agosto de 2020.

Perto do fechamento dos negócios em NY, o euro recuava a US$ 1,1446 e a libra, a US$ 1,3363. A divisa britânica foi penalizada pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido mais fraco do que esperado – expansão de 1,3% no terceiro trimestre -, além da queda de 0,4% na produção industrial do país em setembro ante agosto. “O crescimento mais fraco validou a mão firme do Banco da Inglaterra (BoE) em manter taxas de juros na semana passada”, disse Manimbo.

Ainda no câmbio, o dólar subia a 1,2582 pesos mexicanos, depois que o Banco do México (Banxico) anunciou a elevação de seu juro básico, citando pressões inflacionárias. A divisa dos EUA se apreciava ainda a 100,195 pesos argentinos, poucas horas após o governo argentino informar que o índice de preços no país avançou em ritmo anual de 52,1%.

Apesar do dólar firme, as commodities metálicas conseguiram driblar o movimento e avançaram hoje, sustentadas pela percepção de que a China deve superar a recente crise de liquidez no mercado imobiliário. Isso porque, ontem, vários credores informaram terem recebido pagamento de títulos da endividada incorporadora Evergrande. O país asiático é o principal consumidor de metais básicos e, portanto, tende a ter grande influência no setor. Em NY, o cobre para dezembro subiu 1,77%, a US$ 4,3995 por libra-peso.

Na contramão, o petróleo oscilou entre ganhos e perdas durante toda sua jornada, de olho na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O cartel cortou a previsão para a expansão da demanda pelo ativo energético este ano, a 5,7 milhões de barris por dia (bpd). Já o ministro de Energia do Iraque disse que o grupo e aliados seguirão comprometidos com o plano de elevar a oferta em 400 mil bpd até o fim de 2021.

Com isso, o barril do WTI para dezembro avançou 0,31%, a US$ 81,59, em NY, e o do Brent para janeiro ganhou 0,28%, a US$ 82,87, em Londres. “Com poucas perspectivas de um aumento significativo na produção fora da Opep no curto prazo, continuamos a esperar que os preços do petróleo se mantenham razoavelmente bem até o final do ano”, prevê a Capital Economics.

No noticiário da COP26, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Mercosul fixou compromisso por trabalhar junto nos esforços pela mitigação do aquecimento global, conforme já havia sido adiantado pelo Broadcast. (André Marinho – [email protected]).