Os mercados locais voltaram a se descolar do exterior, desta vez positivamente, com fatores domésticos se sobrepondo aos que vem de fora. Assim, enquanto a Bolsa experimentou forte ganho, se contrapondo às perdas em Nova York, dólar e juros futuros se retroalimentaram. A queda expressiva do dólar, que encontrou espaço para corrigir os exageros recentes depois que diversas instituições passaram a prever um Copom menos 'dovish' na próxima semana, diante da crise política recente, fez os juros futuros caírem, sobretudo os de longo prazo. Ou seja, ainda que a deflação mostrada pelo IPCA-15 tenha trazido algumas apostas em corte de 0,75 ponto porcentual para a Selic, tanto o mercado de juros quanto os analistas enxergam chances maiores de um afrouxamento de 0,50 ponto, bem abaixo de projeções anteriores, que chegaram a indicar redução de 1 ponto porcentual para a taxa básica brasileira. Com a manutenção de algum diferencial entre o juro doméstico e o externo, o dólar à vista no balcão cedeu 2,55%, a R$ 5,5151. E a desvalorização da moeda ajudou alguns contratos longos de DI a cederem perto de 90 pontos-base, revertendo uma parte da deterioração recente da curva. E ainda que o risco político não tenha saído completamente do radar, a visão é de que, por ora, a tempestade que se abateu sobre o País na sexta-feira, após a saída de Sérgio Moro do governo, ficou para trás. Assim, o Ibovespa subiu 3,93%, aos 81.312,23 pontos, com a boa reação do mercado ao balanço do Santander, bem como à assimilação tranquila dos agentes à indicação do presidente Jairo Bolsonaro para o Ministério da Justiça. Com o avanço de ontem e hoje, a Bolsa já acumula ganho de 11,36% em abril. Em Wall Street, apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentar transmitir otimismo sobre a perspectiva futura para a economia americana, os balanços estiveram em foco e pesaram, sobretudo no Nasdaq, devido ao recuo de papéis de tecnologia. Mas o petróleo voltou a cair, com a demanda fraca e pouco espaço para armazenagem, o que também limitou o apetite por risco nesta véspera de decisão do Federal Reserve.
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