Em um dia de aversão global ao risco, os ativos brasileiros se descolaram e tiveram correção positiva, amparados por uma série de fatores locais. O primeiro deles é que, a despeito das tensões geradas pela troca de comando das Forças Armadas, a reforma ministerial relâmpago feita ontem pelo governo trouxe a leitura de aproximação entre Executivo e Legislativo, o que pode apaziguar conflitos momentaneamente, ainda que possa significar uma abertura maior para políticas populistas mais adiante, segundo alguns analistas. Hoje, contudo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Tesouro Nacional reforçaram a necessidade de um ajuste no Orçamento, de forma a torná-lo factível, e nas contas públicas. Ainda no âmbito de declarações, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a ideia de que o aperto monetário deve ser mais célere para que o orçamento total seja menor. Por fim, déficit do governo central veio menor do que o consenso das estimativas. Como resultados, os juros futuros tiveram queda firme ao longo de toda a curva e as taxas curtas zeraram a aposta de alta de 1,25 ponto porcentual da Selic no Copom de maio. O Ibovespa se descolou completamente dos pares americanos e subiu 1,24%, aos 116.849,67 pontos, num dia de recuperação dos papéis ligados à atividade doméstica, sob o argumento de que há perspectivas positivas para retomada da atividade com a aceleração da vacinação aqui e no mundo. Enquanto isso, no câmbio, ainda que o real tenha se destacado ante os pares emergentes nesta véspera de fechamento da Ptax mensal, o dólar caiu apenas 0,08% em relação à moeda brasileira, a R$ 5,7619, enquanto o CDS do País voltou a subir, num sinal de que ao menos o investidor estrangeiro guarda alguma reticência em relação ao País. Em Wall Street, com a desaceleração da alta dos yields dos T-notes longos, as bolsas de Nova York reduziram as perdas à tarde, o que colaborou como impulso adicional ao Ibovespa, mas terminaram em território negativo antes do anúncio, previsto para amanhã, de medidas adicionais de estímulos nos Estados Unidos.
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