A indefinição quanto ao Auxílio Brasil seguiu permeando os negócios na tarde desta quarta-feira e nem mesmo um pronunciamento do ministro da Cidadania, João Roma, conseguiu clarear o cenário aos agentes. O ministro informou que haverá um reajuste linear de 20% em todos os benefícios, que pretende zerar a fila até o fim do ano e que a parcela deve ser de R$ 400. Mas ele não informou de onde virão os recursos, ainda que tenha ponderado que tem compromisso com a “responsabilidade fiscal”. “Não estamos aventando que o pagamento desses benefícios se dê por créditos extraordinários”, disse Roma. Já no fim do pregão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que uma parte dos R$ 400 será transitória e que o “enorme esforço fiscal” é discutido dentro da estrutura das regras do governo. Assim, a comunicação do governo segue desencontrada quanto ao método de financiamento e a estrutura do pacote social, o que acabou favorecendo tanto apostas mais pessimistas com Brasil (nomeadamente, no DI) quanto as mais otimistas (na Bolsa e no câmbio). Desta forma, os vencimentos intermediários e longos do DI terminaram com avanço mais expressivo, ainda que um pouco longe das máximas do dia, quando chegaram a abrir 10 pontos de alta. Além de um leve otimismo, ações e real refletiram também um movimento de recuperações das fortes perdas de ontem, ancorados no desempenho do exterior também. O Ibovespa chegou até a flertar com os 112 mil pontos no começo do pronunciamento de Roma, mas fechou em leve alta de 0,10%, aos 110.786,43 pontos. Entre a mínima de R$ 5,5213 e a máxima de R$ 5,5938, a moeda terminou em R$ 5,5608(-0,59%). No exterior, a pressão inflacionária, inclusive sublinhada no Livro Bege do Federal Reserve, foi deixada de lado pelo investidor, que focou nos bons números de companhias que divulgaram balanços entre ontem e hoje. O índice Dow Jones terminou em alta de 0,43% e o S&P 500, de 0,37%.
- JUROS
- BOLSA
- CÂMBIO
- MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
Mantidas as incertezas sobre o desenho do Auxílio Brasil, os juros tiveram um dia de volatilidade. O sinal de alta prevaleceu na maior parte da sessão, com algumas tentativas de alívio. A demora em se oficializar o programa tem trazido angústia aos investidores, em meio à queda de braço entre a área política e econômica. O mercado já se conformava com a ideia de que as despesas com o programa que ficarão fora do teto de gastos seriam de R$ 30 bilhões, mas o risco de o valor ser maior cresceu de ontem para hoje, dada a pressão da ala política. Peça fundamental nessa engenharia, a situação da PEC dos Precatórios também continua emperrada, cancelada a reunião da comissão especial da Câmara que analisa o texto. Desse modo, o mercado manteve as apostas num Copom mais agressivo na reunião da próxima semana, em meio à expectativa de aumento da pressão fiscal sobre a inflação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 9,852%, ontem no ajuste, para 9,90%, e a do DI para janeiro de 2025, de 10,896% para 10,90%. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 11,27%, de 11,194%. Foi a quinta sessão consecutiva de fechamento em alta para as taxas e nesse intervalo, nos principais contratos, acumulam ganho em torno de 90 pontos-base.
“Com a inflação rodando alta, o BC atrás da curva, a perspectiva ruim para o fiscal e com uma eleição pela frente, o mercado tem mesmo de botar prêmio”, disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.
O cancelamento do anúncio do Auxílio Brasil, ontem, deixou o mercado na esperança de que o governo pudesse, após as pesadas críticas, repensar o desenho que previa ao menos R$ 30 bilhões em despesas fora do teto, referentes a uma das parcelas de R$ 100 do auxílio emergencial. Desde ontem à noite, porém, circularam informações de que a ala política defendia R$ 200 no extrateto, o que logo foi associado à suspensão do anúncio.
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse, no entanto, que o adiamento deveu-se ao desenho exato do programa e a uma tentativa de melhorar a comunicação da medida, mas “não sobre o montante”. Segundo ele, os R$ 30 bilhões seriam a “solução final”. O presidente Jair Bolsonaro confirmou os R$ 400 e disse que “ninguém vai furar teto” ou fazer “estripulia no Orçamento”, mas não detalhou a origem dos recursos.
Desse modo, pouco antes do ministro da Cidadania, João Roma, no meio da tarde, começar sua fala sobre “estratégias e rumos” do Auxílio Brasil, o mercado chegou a se animar, com as taxas zerando a alta e ensaiando queda. Mas o movimento durou pouco, na medida em que as declarações, no entender os agentes, foram inconclusivas. “O mercado melhorou um pouco antes do Roma na esperança que viesse algo, mas foi frustrante”, disse um trader.
Roma disse que o governo está atualizando informações sobre programas de transferência de renda e que o Auxílio Brasil será lançado em novembro e que nenhuma das famílias receberá menos que R$ 400. Mas não revelou aquilo que mais o mercado quer saber: quais serão exatamente as fontes de receitas. Disse apenas que tudo será feito com responsabilidade fiscal. “Não estamos aventando que o pagamento desses benefícios se dê por créditos extraordinários”, afirmou, sem explicar como isso será possível. O ministro da Economia, Paulo Guedes, no fim da tarde, também garantiu que tudo será feito dentro da estrutura fiscal.
Para o diretor-executuivo do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, o teto de gastos pode ser abalado pelo desenho do auxílio e pelos precatórios e, dados os riscos fiscais, a chance de crescimento muito baixo em 2022 é cada vez maior. “Já alertamos em setembro de 2020 de risco evidente de desmonte do teto”, afirmou.
Simultaneamente à pressão fiscal na inflação, o cenário para preços vai piorando com risco de novos aumentos de combustíveis e de desabastecimento de produtos. Segundo informou o Broadcast Agro, transportadores de combustíveis da Região Sudeste afirmam que vão paralisar suas atividades a partir da meia-noite de hoje.
A curva a termo segue mostrando apostas majoritárias de alta de 1,25 ponto na Selic para o Copom da próxima semana, em torno de 80%. Para o Banco Fator, do economista-chefe José Francisco Lima Gonçalves, o sinal para a aceleração da alta é o viés no balanço de riscos do Copom: o regime fiscal. “Não há alternativa a elevar a Selic em 125 pontos, para 7,50% e sugerir mais 125 pontos em dezembro, antecipando o ciclo que se esperava para 2022 e fechando o ano a 8,75%”, destaca o economista, em relatório.
Nesse clima, a expectativa é que o Tesouro, no leilão de prefixados amanhã, não deve ter margem para grandes ofertas de prefixados, como visto na semana passada, e a tendência é repetir a postura vista no leilão de NTN-B na terça-feira, de lote pequeno. “E tem de fazer isso mesmo para não adicionar volatilidade”, afirma Nepomuceno, para quem o cenário para a rolagem da dívida ainda é tranquilo. “O Tesouro vai conseguir emitir, só que não mais com as taxas tão baixas como antes”, disse. (Denise Abarca – [email protected])
17:33
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 6.99
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 6.15
Over Selic (%a.a) 6.15
BOLSA
O Ibovespa manteve recuperação parcial nesta quarta-feira, vindo de perda acima de 3% no dia anterior, refletindo em ambos os casos os persistentes temores sobre a situação fiscal doméstica, às vésperas de definição do auxílio social para 2022, ano em que o governo Bolsonaro jogará as últimas cartas em busca da reeleição. Com o blue chip Dow Jones em nova máxima histórica intradia, a referência da B3 buscou reduzir o atraso na semana em relação a Wall Street, ainda que de forma tímida, com o dólar em baixa na sessão, mas a R$ 5,56, após ter chegado a R$ 5,61 na máxima de ontem.
Ao final, o Ibovespa mostrava leve alta de 0,10%, aos 110.786,43 pontos, entre mínima de 110.175,64 e máxima de 112.023,13, à tarde, saindo de abertura aos 110.677,48 pontos. O giro ficou em R$ 34,6 bilhões nesta quarta-feira e, na semana, as perdas estão em 3,37% – comparadas a ganho de até 1,51% em Nova York (Nasdaq), em meio à positiva temporada de resultados trimestrais. Após ter virado para o negativo ontem no mês, o Ibovespa parecia que retornaria para o positivo, mas a perda de fôlego no fim da sessão manteve as perdas em outubro a 0,17% – no ano, cede 6,92%.
Pouco depois de o dólar ir à mínima do dia, em baixa de 1,30%, a R$ 5,5213, o Ibovespa levou um pouco adiante a máxima do dia, retomando os 112 mil pontos, em alta acima de 1% na sessão, vindo de perda de 3,28% no fechamento de ontem. A oscilação, contudo, se mostrou pontual, com o dólar rapidamente voltando aos R$ 5,54, antes de fechar a R$ 5,56, e o Ibovespa se acomodando abaixo dos 112 mil, enquanto o ministro da Cidadania, João Roma, falava sobre o Auxílio Brasil, que deve ser finalizado em outubro para que seja executado a partir de novembro.
Perto do fechamento da sessão, durante fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que reiterou que “quem tem voto é a política”, a recuperação do Ibovespa encolheu ainda mais, saindo de 111 mil para os 110 mil pontos, colocando o índice não muito distante do zero a zero no fechamento e mantendo o índice no negativo no mês.
Antes disso, “a referência de Roma a que o aumento de gastos na passagem do Bolsa Família para o Auxílio Brasil seria de 20%, portanto dentro do teto, chegou a animar o mercado, com efeito para o câmbio e a Bolsa. Mas essa animação durou pouco: há muito barulho, muita surpresa na forma como o governo tem feito as coisas, então acaba prevalecendo cautela até que se conheça o resultado da reunião de Guedes com Lira”, diz Danilo Batara, sócio-fundador e head da mesa de operações da Delta Flow Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual.
“Não tem ainda uma contrapartida (para esses gastos), lembrando que a PEC dos Precatórios foi adiada (possivelmente) para amanhã (na comissão especial da Câmara, que votaria hoje o parecer do relator, Hugo Motta), o que ajuda a entender a devolução rápida vista no Ibovespa”, acrescenta Batara, observando um elemento positivo que emergiu na tarde de ontem, com o adiamento de última hora da cerimônia de lançamento do Auxílio Brasil, que havia sido programada para as 17h no Palácio do Planalto.
“A equipe econômica não vai assinar da forma como estava sendo sinalizado, o que, se viesse a ocorrer, seria uma indicação ruim para o futuro com relação a gastos e à situação fiscal”, diz Batara.
Assim, o mercado segue atento à queda de braço entre as alas política e econômica do governo sobre o volume de recursos que eventualmente venha a ficar fora do teto para financiar o auxílio mensal de R$ 400 a ser concedido até o fim de 2022: a princípio, a equipe econômica queria limitar a R$ 30 bilhões o volume “extrateto”, mas a ala política defendeu desembolso maior.
Ontem, em live do JPMorgan à qual o Broadcast teve acesso, o secretário especial do Tesouro e do Orçamento, Bruno Funchal, havia dito que os R$ 30 bilhões fora do teto já seriam uma “solução final”. Agora, a equipe econômica estaria trabalhando para limitar o montante fora da regra fiscal e evitar aumento do número de beneficiários, disse também o secretário.
Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou todos os compromissos que teria em São Paulo para ficar em Brasília, apenas com despachos internos na sede do ministério, segundo a assessoria de imprensa. Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que planeja pagar R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil até dezembro de 2022, como revelou o Broadcast na segunda-feira à noite.
Entre os componentes da carteira teórica do Ibovespa, a recuperação das ações de Petrobras (ON +1,70%, PN +1,43%) contribuiu para equilibrar nova correção em Vale ON (-3,28%). “A Petrobras reiterou que não está deixando de cumprir contratos, ante reclamações de algumas distribuidoras. Segundo essas empresas, a Petrobras estaria impondo cotas de fornecimento de gasolina e diesel para o mês que vem, o que é refutado pela Petrobras”, aponta Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.
Por outro lado, o ajuste negativo em Vale, assim como o observado no setor de siderurgia nesta quarta-feira (Usiminas PNA -3,98%), mesmo com estabilidade para o preço do minério de ferro na China, refletiu forte queda, chegando ao limite diário de variação, nos contratos futuros de carvão metalúrgico e coque, com indicação, por produtores chineses, de que haverá aumento da oferta de carvão neste inverno e na próxima primavera [do hemisfério norte], independente dos custos, explica a analista da Toro.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para Banco Inter (Unit +6,95%, PN +5,17%), Locaweb (+5,19%) e B3 (+4,71%). Na ponta oposta, realização de lucro em Getnet (-8,24%), à frente de Petz (-4,51%) e Minerva (-4,06%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 110786.43 0.10271
Máxima 112023.13 +1.22
Mínima 110175.64 -0.45
Volume (R$ Bilhões) 3.45B
Volume (US$ Bilhões) 6.22B
17:34
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 110870 -1.09723
Máxima 113130 +0.92
Mínima 110615 -1.32
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira em queda firme, devolvendo parte dos ganhos expressivos de ontem, quando chegou a tocar na casa de R$ 5,61 na máxima intradia. Segundo operadores, o clima externo de apetite ao risco, com avanço das divisas emergentes, abriu espaço para ajustes de posições e realização de lucros, enquanto se espera uma definição do formato final do Auxílio Brasil.
Além do ambiente positivo no exterior, operadores também citaram como fatores que contribuíram para recuo dólar hoje as intervenções do Banco Central pela manhã, via swaps cambiais, e a perspectiva de que haja uma aceleração do aperto monetário no encontro do Copom neste mês (como precificado no mercado de juros futuros), justamente para se contrapor aos efeitos deletérios da deterioração fiscal sobre as expectativas de inflação.
O dólar até ensaiou uma queda mais acentuada à tarde e registrou mínima de R$ 5,5213 (-1,30%) em meio a declarações do ministro da Cidadania, João Roma, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto sobre o Auxílio Brasil. Roma disse que haverá um reajuste linear permanente de 20% em todos os benefícios sociais até dezembro e reiterou o compromisso de pagamento de R$ 400 no Auxílio Brasil de forma temporária, até o fim de 2022. “Não estamos aventando que o pagamento desses benefícios se dê por créditos extraordinários”, disse o ministro, acrescentando que o governo tem compromisso com “a responsabilidade fiscal”.
O alívio foi, contudo, pontual. Logo a moeda americana reduziu o ritmo de perdas e se afastando das mínimas. No fim do pregão, o dólar à vista era negociado a R$ 5,5608, em queda de 0,59%. Mesmo com a queda de hoje, a moeda ainda acumula ganhos de 1,95% na semana e registra avanço de 2,10% em outubro.
O sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, avalia que ainda faltam definições sobre a estrutura de financiamento do programa social e que o governo parece querer ganhar tempo para acalmar os ânimos. “Parecem dizer que vão respeitar a regra fiscal ao estabelecer que a as despesas com precatórios e as emendas parlamentares ficam dentro do teto e o gasto com o Auxílio Brasil pode ficar de fora, porque é transitório”, diz Velho, ressaltando que há sinais de que o valor extrateto pode ficar em R$ 30 bilhões, limite aceito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em evento agora no fim da tarde, Guedes afirmou que contava como a PEC dos Precatórios e a reforma do Imposto de Renda para financiar o novo programa. “Mas como o projeto do IR não avança no Senado, o governo “tem que tomar uma atitude”. “Em vez dos R$ 300 sustentáveis que o IR permitiria, fizemos número maior [referência ao valor de R$ 400 do Auxílio Brasil). Não temos fonte para que programa seja permanente, então uma parte é transitória”, disse Guedes, ressaltando que o “compromisso fiscal continua”.
A despeito do alívio hoje na taxa de câmbio, Velho não vislumbra possibilidade de uma melhora significativa dos ativos domésticos, com o dólar recuando para a casa de R$ 5,40, dado que o governo dá sinais reiterados de que vai praticar uma política fiscal mais expansionista. “O governo Bolsonaro e o presidente da Câmara (Arthur Lira) estão juntos e vão buscar a reeleição. Isso está claro com várias medidas que estão tomando, como o vale gás, a mudança no ICMS e a pressão para mudar a bandeira tarifária”, diz Velho.
A economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli atribui a queda do dólar hoje a dois motivos principais: o avanço dos juros futuros, que precificam aumento do ritmo de alta da Selic, e a bateria de leilões de swap cambial realizada pelo Banco Central. “A autoridade monetária deixou claro que vai utilizar os instrumentos que tem uma variação atípica do dólar”, diz Quartaroli. “A volatilidade, contudo, deve continuar, já que as incertezas sobre o Auxílio Brasil e, consequentemente, com o teto dos gastos continuam no radar dos mercados”, afirma.
Pela manhã, o Banco Central realizou três leilões de swaps cambiais, no valor total de US$ 1,950 bilhão, dos quais US$ 1,2 bilhão (US$ 500 milhões extras e US$ 700 milhões para demanda de overhedge) representam injeção de recursos novos no sistema. Embora não sejam capazes de ditar o rumo da taxa de câmbio, as intervenções do BC, dizem operadores, ajuda a modular as oscilações mais abruptas por conta de demandas pontuais.
Na B3, o dólar futuro para novembro recuava 0,44%, a R$ 5,5730, com giro na casa de US$ 14,9 bilhões. (Antonio Perez)
17:34
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.56080 -0.5899 5.59470 5.52130
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5587.500 -0.18757 5604.000 5529.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5575.000 -1.15248 5590.000 5575.000
MERCADOS INTERNACIONAIS
A temporada de balanços nos EUA, que tem surpreendido positivamente investidores e analistas, mais uma vez deu impulso às bolsas de Nova York e deixou os temores de inflação em segundo plano. O índice acionário Dow Jones renovou a máxima histórica intraday e chegou perto de atingir novo recorde de fechamento. O S&P 500 encerrou com ganhos, também próximo ao recorde, mas o Nasdaq teve leve recuo após a divulgação do balanço da própria bolsa da qual carrega o nome. Outros mercados oscilaram. O dólar caiu ante os pares, mas os juros longos dos Treasuries subiram. O Livro Bege do Federal Reserve não fez preço, mas mostrou pressões inflacionárias, aumentos de salários e restrições na produção. O petróleo, por sua vez, avançou após uma queda dos estoques nos EUA.
No fechamento, o Dow Jones subiu 0,43%, a 35.609,34 pontos, e o S&P 500 avançou 0,37%, a 4.536,19 pontos. As ações da Verizon, que divulgou balanço pela manhã, tiveram alta de 2,41%. Nem mesmo as preocupações inflacionárias foram capazes de reduzir o apetite por risco. Para o analista de mercado Edward Moya, da Oanda, o que também impulsionou o sentimento do mercado foi a percepção de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve conseguir aprovar pelo menos parte de sua agenda econômica no Congresso.
“O Nasdaq teve um desempenho inferior, uma vez que as empresas de tecnologia de mega capitalização enxergaram uma certa fraqueza após os lucros da Netflix e as perspectivas de chips da ASML”, ressalta Moya, da Oanda, ao dizer que muitos investidores reorganizaram suas carteiras de ativos hoje. No caso da Bolsa Nasdaq, que também informou resultados do terceiro trimestre, alguns analistas enxergaram fraqueza na unidade de tecnologia de mercado da empresa. O índice acionário que reúne as big techs fechou com perda de 0,05%, a 15.121,68 pontos.
Publicado nesta tarde, o Livro Bege, um sumário de percepções de empresários sobre a economia dos EUA feito pelo Fed, indicou preços “significativamente elevados”, corte de horas e de produção nas empresas por falta de pessoal, além de aumento da incerteza. Todos esses fatores apontam para um cenário de pressão inflacionária.
Durante um evento virtual, o diretor do Fed Randal Quarles evocou essas preocupações. Ele disse que atribuir à inflação o conceito de “transitória” não significa, necessariamente, que ela terá “vida curta”. Segundo o dirigente, há riscos de que os preços ao consumidor continuem altos por mais tempo do que se espera. Quarles frisou que monitora, ainda, até que ponto os pacotes fiscal do governo Biden podem impulsionar a inflação.
Na renda fixa, os juros ficaram sem direção única, com os longos em alta. No final da tarde em NY, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 0,379%, mas o da T-note de 10 anos avançava a 1,647% e o do T-bond de 30 anos subia a 2,128%. No mercado cambial, o índice DXY que mede a variação do dólar contra seis rivais, registrou baixa de 0,19%, a 93,558 pontos, pressionado para baixo principalmente pela libra, que tem se valorizado diante das apostas de que o Banco da Inglaterra (BoE) vai elevar a taxa básica de juros ainda neste ano.
No mercado de commodities, o petróleo voltou a encerrar com ganhos. O catalisador foi um recuo de 431 mil barris nos estoques da commodity nos EUA na semana passada, segundo o Departamento de Energia (DoE). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para dezembro fechou em alta de 1,19%, a US$ 83,42 o barril, e o Brent para o mesmo mês subiu 0,87%, a US$ 85,82 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
A crise energética global, que tem impulsionado os preços do petróleo, também continuou no radar. O ministro do Petróleo do Iraque, Jabar Ali Al-Luaibi, avaliou hoje que os preços do barril da commodity podem chegar aos US$ 100 no primeiro semestre de 2022, pela primeira vez desde 2014.
O bitcoin, por sua vez, ultrapassou a marca de US$ 66 mil hoje, em recordes históricos após o lançamento ontem do primeiro fundo negociado em bolsa (ETF), em NY, de contratos futuros da criptomoeda. (Iander Porcella – [email protected])