IBOVESPA CAI 5% EM AGOSTO, NA 1ª QUEDA MENSAL DESDE MARÇO, E DÓLAR SOBE 4,69% NO MÊS

O mercado doméstico encerrou a quinta-feira acumulando perdas em agosto, mês marcado pela piora da percepção fiscal e incertezas no ambiente externo, especialmente em relação à política monetária nos EUA e temor sobre a economia da China. Nos últimos dias, enquanto as apostas em torno da manutenção do juros pelo Federal Reserve ganharam força, aliviando a pressão sobre os ativos, no Brasil a tensão com as contas públicas recrudesceu. O Ibovespa acumulou queda de 5,09% no mês, com apenas cinco pregões em alta, perdendo o nível dos 116 mil pontos. Na sessão, caiu 1,53%, aos 115.741 pontos, na mínima do dia no fechamento. Foi o primeiro revés mensal desde o recuo de 2,91% em março. O dólar avançou 4,69% no mês, fechando aos R$ 4,9511, com valorização de 1,68% no dia, espelhando ainda o comportamento no exterior e a disputa pela Ptax de fim de mês. A curva de juros teve forte ganho na inclinação desde o fim de julho, com as taxas hoje todas em alta, sobretudo na ponta longa. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024 foi apresentado, mas não dissipou a desconfiança sobre o cumprimento da meta zero, dada a elevada necessidade de obtenção de receitas, que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhece ser um desafio. Nem a vitória do governo na aprovação do voto de qualidade do Carf, ontem no Senado, animou os investidores, ofuscada pela prorrogação até 2027 da desoneração da folha de pagamentos aprovada pela Câmara e pelo déficit acima do esperado do setor público consolidado. Os mercados em Wall Street se mantiveram relativamente sob controle nesta véspera de divulgação do relatório de emprego nos EUA, ainda amparados pela expectativa de manutenção de juros pelo Fed. As bolsas em Nova York fecharam sem direção única, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq apurando quedas de 2,36%, 1,77% e 2,17% no mês. Os retornos dos Treasuries sustentaram queda. Já o dólar subiu ante moedas rivais, mas não evitou o avanço do petróleo, de olho em possíveis novos cortes de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

O Ibovespa fechou este 31 de agosto na mínima do dia, em baixa de 1,53%, aos 115.741,81 pontos, um mês pautado a princípio pelos temores em torno da desaceleração chinesa – que afetam diretamente a B3 pela exposição a commodities – e também pela incerteza em torno dos juros nos Estados Unidos, se poderão subir mais ou se ficarão perto dos níveis em que já estão, em meio a um mercado de trabalho ainda sólido na maior economia do mundo. Aqui, nas últimas sessões, as preocupações sobre o cenário externo têm dado algum espaço ao olhar doméstico, especialmente à perspectiva fiscal, com as soluções encontradas pelo governo na proposta de orçamento para atingir a meta de déficit zero em 2024.

Nesse contexto de incertezas, nas últimas oito sessões, desde o dia 22, o Ibovespa tem mostrado simetria de ganhos e perdas, alternando avanços e recuos duplos, com o passo à frente em geral superando por pouco o recuo que lhe sucede. Dessa forma, chegou ao fim de agosto acumulando perda de 5,09%, o primeiro revés mensal desde a queda de 2,91% em março, que havia sucedido recuo maior, de 7,49%, em fevereiro. Na série histórica de 13 perdas entre os dias 1º e 17 de agosto, a maior desde 1968, o Ibovespa cedia 5,71% no mês, o que limitava o ganho acumulado em 2023 a 4,78% – agora, sobe 5,47% no ano. Neste agosto que ora chega ao fim, foram apenas cinco altas em 23 sessões.

Assim, finaliza o mês abaixo dos 116 mil pontos, após ter fechado julho bem perto dos 122 mil. Desde cedo, o índice da B3 encontrou dificuldade para evitar a ré em sessão na qual apenas Vale, e por muito pouco (ON +0,15%), conseguiu sustentar alta no fechamento, entre as ações de maior liquidez e peso no Ibovespa. Petrobras ON e PN acentuaram perdas à tarde e encerraram o dia, respectivamente, em baixa de 2,70% e 2,08%, aparando os ganhos acumulados no mês a 2,46% e 6,36%, pela ordem. No mês, Vale ON cedeu 3,50%.

Com giro na B3 a R$ 26,0 bilhões nesta última sessão do mês, apenas sete ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta no fechamento desta quinta-feira, tendo à frente Petz (+5,18%), em meio a rumores sobre a possibilidade de fusão com o principal concorrente, a Cobasi. Destaque também para 3R Petroleum (+2,24%) e Prio (+1,33%), em dia positivo para o minério e o petróleo. Em Dalian, na China, o minério de ferro subiu 3,54% nesta quinta-feira, cotado a US$ 116,47 por tonelada no contrato mais negociado. Por sua vez, em Londres, o petróleo Brent para novembro subiu 1,86%, a US$ 86,83 por barril, enquanto o WTI de outubro avançou 2,45%, a US$ 83,63, em Nova York.

“O minério de ferro tem mostrado recuperação nas últimas três semanas, o que é positivo para Vale e o setor metálico, com o peso que o segmento de commodities tem na Bolsa brasileira. As preocupações com China e os juros americanos deram o tom aos negócios na passagem para agosto, o que resultou em diminuição de fluxo para Brasil e naquela série de 13 perdas na abertura do mês”, diz Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos.

Por outro lado, “nas últimas sessões de agosto, a atenção tem se voltado ao fiscal, ao cenário doméstico. E há duas questões aí: primeiro, se o governo conseguirá chegar à meta que está sendo traçada [de déficit zero em 2024]; segundo, o que será feito, com relação à receita, para que se atinja esse objetivo”, acrescenta Faust, destacando que o fim da dedutibilidade de juros sobre capital próprio para todos os setores, a partir do ano que vem, tem pesado em especial no desempenho das ações do setor financeiro, conhecido por realizar distribuição de JCP em “maior proporção e frequência”.

Assim como ontem, as ações de grandes bancos fecharam esta quinta-feira em bloco no vermelho, ainda que em grau semelhante de ajuste ao visto no Ibovespa na sessão. No mês, as perdas acumuladas nos papéis das maiores instituições chegaram à casa de 10% no caso do Bradesco (ON -10,78%, PN -10,16%), que hoje fechou em baixa entre 1,19% (ON) e 1,39% (PN). Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, destaque hoje para CVC (-9,49%), Alpargatas (-6,56%) e Pão de Açúcar (-6,44%).

“Há dúvidas sobre a capacidade do governo cumprir a meta de déficit zero para o próximo ano, estabelecida no arcabouço fiscal. Hoje foi apresentado o projeto de lei orçamentário para 2024, e as declarações dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) não amenizaram o comportamento do mercado, avesso a risco na sessão, com a questão fiscal e a possibilidade de aumento de gastos”, diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. O dólar fechou hoje em alta de 1,68%, a R$ 4,9511.

Na moeda americana, o Ibovespa fechou este mês de agosto a 23.376,98 pontos, refletindo a queda de 5,09% para o índice de ações nominal e avanço de 4,69% para o dólar frente ao real no mês. Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e, no fim de junho, chegou aos 24.654,87 pontos. Com o dólar em queda de 1,25% ante o real em julho, e ganho pouco acima de 3% para o Ibovespa, o índice da B3, na moeda americana havia subido a 25.783,48 pontos no mês passado. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115741.81 -1.52575

Máxima 117636.62 +0.09

Mínima 115741.81 -1.53

Volume (R$ Bilhões) 2.60B

Volume (US$ Bilhões) 5.28B

17:44

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 117560 -1.38411

Máxima 119565 +0.30

Mínima 117385 -1.53

JUROS

Os juros futuros emendaram a segunda sessão consecutiva de alta firme nesta quinta-feira, 31, puxados novamente pela piora das expectativas do mercado para a situação fiscal do País. À véspera da divulgação do payroll americano e do PIB brasileiro nesta sexta-feira, 1º, as atenções dos investidores continuaram voltadas para o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, que foi divulgado na última hora da sessão.

Com isso, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) ignoraram o sinal de baixa dos Treasuries e passaram a sessão em alta, mais concentrada nos vencimentos longos, o que levou a um forte ganho de inclinação da curva. Às 17h16, o diferencial entre as taxas dos DIs para janeiro de 2029 avançava a 29,5 pontos-base, ante 18,3 pontos no ajuste da véspera. No fim de julho, o spread era negativo em 7 pontos.

No horário mencionado, o DI para janeiro de 2025 subia de 10,433% no ajuste para 10,555% e o para janeiro de 2029, de 10,616% para 10,850%. Também tinham alta os contratos para janeiro de 2024 (12,367% para 12,395%) e janeiro de 2027 (10,135% para 10,365%). Nos Estados Unidos, a taxa da T-Note de dois anos cedia de 4,8714% para 4,8463% e a da T-Note de dez anos, de 4,1110% para 4,1023%.

A sessão foi marcada pela continuidade do processo de incorporação de prêmios de risco na curva visto desde o pregão da véspera, devido à incerteza quanto à capacidade do governo de cumprir a meta estabelecida no arcabouço fiscal e zerar o déficit primário no ano que vem. Além de pressionar a ponta longa da curva, esse cenário favoreceu ainda uma reprecificação da trajetória para a taxa Selic embutida nos DIs mais curtos.

“O mercado tem incorporado aos preços dos ativos a percepção de maior risco fiscal, tendo em vista as dificuldades do governo em ajustar receitas e despesas a fim de entregar déficit primário nulo em 2024 ou, pelo menos, sinalizar trajetória mais benigna para as contas públicas”, diz o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, em relatório. “Mesmo com o recuo dos yields dos papéis do Tesouro norte-americano, a curva de juros doméstica tem se ajustado, retirando parte do ‘exagero’ na precificação de cortes da Selic em 2024.”

Nas contas do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, a chance de aceleração do ritmo de cortes da taxa Selic a 75 pontos-base em setembro caiu de 20% ontem para entre 10% e 15% em meados da tarde de hoje, conforme a precificação da curva de juros. A precificação para a taxa básica no fim de 2023 se manteve entre 11,5% e 11,75%, mas, para o fim de 2024, subiu de 9,25% para 9,50%.

Os temores fiscais foram acentuados por uma série de acontecimentos durante a sessão. O principal deles foi a divulgação, por volta das 17h15, do texto da PLOA 2024 no site da Câmara dos Deputados, que levou a uma leve aceleração do ritmo de alta dos DIs na reta final da sessão. O texto sinalizou o cumprimento da meta fiscal no ano que vem, com superávit primário de R$ 2,841 bilhões (0,0% do PIB), e relação dívida/PIB de 77,3%.

Antes, o déficit primário mais forte do que o esperado nas contas do setor público consolidado de julho – de R$ 35,809 bilhões, maior do que a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (R$ 31,850 bilhões) – já havia levado a uma disparada das taxas futuras. Os agentes ainda digeriram a aprovação do projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de salários para 17 setores da economia até 2027.

O economista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que a combinação desses fatores ajudou a colocar pressão sobre os DIs, diante do ceticismo do mercado sobre a possibilidade de o governo produzir superávits primários recorrentes. Ele acrescenta que ainda são fonte de preocupação as informações de que alguns ministros têm pressionado por um déficit primário maior no ano que vem.

“O meu receio, e acho que o do mercado, é de que ter essa discussão em agosto de 2023 é muito ruim. O que vai acontecer no ano que vem, quando chegarmos perto das eleições?”, questiona.

Nesta sexta-feira, as atenções do mercado devem ficar voltadas para a agenda de dados. Para Cruz, se o payroll americano mostrar uma criação de empregos menor, em linha com os últimos indicadores do mercado de trabalho dos EUA, é possível que cresça a expectativa por uma pausa no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), com impacto positivo para a curva brasileira. (Cícero Cotrim – [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 31, em alta de 1,68%, cotado a R$ 4,9511 com máxima a R$ 4,9601 pela manhã. À onda de valorização da moeda americana no exterior, em especial em relação a divisas emergentes, somou-se o aumento da percepção de risco fiscal em dia de apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024. Analistas comentam que é grande o ceticismo no mercado em torno da possibilidade de o governo cumprir a meta de zerar o déficit primário no ano que vem, dada a necessidade de ampliar a receita bruta em R$ 168 bilhões, segundo estimativas oficiais.

Operadores notam que houve fatores técnicos que ajudaram a turbinar o dólar hoje, como a disputa pela formação da última taxa ptax de agosto, pela manhã e início da tarde, e a rolagem de posições no segmento futuro na virada do mês. O contrato de dólar futuro para outubro apresentou giro forte, movimentando mais de US$ 17 bilhões. Com a arrancada hoje, o dólar à vista sobe 1,55% na semana e 4,69% em agosto. No ano, a divisa ainda perde 6,23%.

Lá fora, os principais pares do real, à exceção do peso colombiano, também apresentaram perdas em relação ao dólar. Peso mexicano recuava mais de 1,80% no fim da tarde, ao passo que o peso chileno tinha baixa mais modesta, ao redor de 0,20%. Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, o índice DXY operou em alta firme, e voltou a superar os 103, 500 pontos, em meio ao enfraquecimento do euro. Em sua ata, o Banco Central Europeu (BCE) deixou a porta aberta para eventual pausa no aperto monetário em setembro. Nos EUA, tanto o índice de preços de gastos com consumo (PCE) quanto seu núcleo vieram em linha com o esperado, revelando aceleração da inflação na comparação anual. Já o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial superou as expectativas.

“Hoje foi um dia de dólar forte no mundo mesmo. Foi mais o mercado de juros no Brasil que voltou a sofrer com as preocupações fiscais”, afirma o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, que ainda mantém uma visão construtiva para a moeda brasileira. “As taxas dos Treasuries estão caindo e as bolsas americanas seguem fortes. O ambiente de risco me parece ok. Obviamente estou um pouco mais cauteloso. Se o mercado resolver ficar pessimista mesmo com o fiscal, tudo pode piorar, inclusive o real”.

Nas mesas de operações, pairam dúvidas sobre a capacidade do governo de zerar o déficit em 2024, uma vez que não há perspectiva de cortes de gastos. Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos e reduz a contribuição previdenciária de municípios, o que tende a drenar alguns bilhões dos cofres públicos. De outro lado, o Senado aprovou a volta do voto de qualidade no âmbito do Carf, uma das principais apostas da Fazenda para ampliar a arrecadação.

“O mercado local tem incorporado aos preços dos ativos a percepção de maior risco fiscal, tendo em vista as dificuldades do governo em ajustar receitas e despesas a fim de entregar déficit primário nulo em 2024 ou, pelo menos, sinalizar trajetória mais benigna para as contas públicas”, afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.

Em apresentação do PLOA à tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o potencial de arrecadação com o projeto de lei do Carf é “muito maior do que o mercado estima”. Ontem, o Broadcast mostrou que o PL do Carf traria receitas adicionais de R$ 54,7 bilhões em 2024, um terço do necessário para zerar o déficit no ano que vem.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, esclareceu que as medidas para arrecadar R$ 168 bilhões em 2023 consideram também receitas compartilhadas com Estados e municípios. A parcela do governo federal é de R$ 124 bilhões, próximo do ventilado inicialmente pela Fazenda. “Não houve aumento de despesas por parte da União. Para garantir os gastos públicos igualmente a 2023, eu preciso de R$ 124 bilhões”, afirmou.

“As declarações dos ministros Haddad e Tebet não minimizaram a aversão ao risco por conta da questão fiscal. Existe uma preocupação com aumento de gastos. O câmbio ficou bastante pressionado muito por conta disso”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. (Antonio Perez – [email protected])

17:44

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.95110 1.682 4.96010 4.86500

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4921.500 0.58246 4928.500 4865.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4977.500 1.37475 4981.500 4885.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

O mercado seguiu precificando chance majoritária de manutenção de juros pelo Federal Reserve (Fed) após a divulgação de uma sequência mista de dados da economia americana divulgados pela manhã, mas analistas levantam a possibilidade de mais aperto monetário antes do ano terminar diante da aceleração do índice de preços de gastos com consumo (PCE). A expectativa é por mais posicionamentos ‘hawkish’ à frente por parte dos dirigentes, embora não tenham aparecido nas falas de hoje. As bolsas de Nova York fecharam mistas, mas os retornos dos Treasuries se mantiveram em queda, enquanto o dólar subiu ante moedas rivais. O euro e a libra ficaram sob pressão após dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) se mostrarem menos rígidos em sua postura sobre política monetária. Apesar da pressão cambial, o petróleo avançou na sessão, de olho em possíveis novos cortes de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

Apesar de ter subido como previsto, o PCE dos EUA ainda veio “forte”, conforme indica a Oxford Economics. Já o Citigroup aponta para uma “força subjacente” que implica que a medida preferida da Fed de inflação abrandará apenas “muito gradualmente”. “Revisões agressivas das previsões de crescimento sugerem que as autoridades do Fed ainda poderão considerar mais um aumento das taxas como uma garantia útil contra os riscos de inflação ascendente. Ainda esperamos um aumento de 25 pontos-base nas taxas em novembro”.

Agora, investidores devem voltar as atenções para o relatório de empregos (payroll) de agosto, a ser publicado amanhã. O Projeções Broadcast espera criação de 175 mil vagas e que a taxa de desemprego se mantenha em 3,5% o que, para o Citi, o que deve levar a dirigentes a manterem uma postura “hawkish”.

Neste cenário, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única, seguindo particular deterioração do setor financeiro, com JPMorgan cedendo 1,24%, Goldman Sachs caindo 0,26% e Bank of America em queda de 0,45%. Assim, o Dow Jones caiu 0,48%, o S&P 500 cedeu 0,16% e o Nasdaq teve alta de 0,11%.

Os juros dos Treasuries, por sua vez, caíram na sessão. Segundo o BMO, investidores estão comprando títulos do Tesouro a “qualquer sinal” de fraqueza do mercado de trabalho americano. “No entanto, tendo em conta o que tem sido um mercado de trabalho resiliente e a mensagem consistente da Fed de que os dados de um único mês não constituem uma tendência, mesmo o esperado ritmo mais lento de contratações desde Dezembro de 2020 não seria suficiente para tirar da mesa outro aumento este ano”. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T_note de 2 anos caía a 4,838%, da T-note de 10 anos baixava a 4,097% o do T-bond de 30 anos recuava a 4,203%.

O dólar, entretanto, manteve o fôlego ante rivais fortes, com o euro sob pressão diante riscos de “estagflação”, segundo avalia o Brown Brothers Harriman (BBH), após inflação da zona do euro e da ata da última decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que manteve a decisão de setembro em aberto. Já a libra ficou sob pressão após o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill, argumentar por uma abordagem mais cautelosa da política monetária.

Na visão do ING, a ata do BCE confirma a “rigidez” dos dirigentes, com preocupações maiores sobre a inflação não voltar à meta do que sobre a possibilidade de uma recessão na zona do euro. O Nordea, por sua vez, destaca que a ata não revelou o próximo passo da política monetária do BC. Entretanto, o banco segue apostando que as altas de juros já terminaram. Por volta das 17h (de Brasília), o euro caía a US$ 1,0850, a libra cedia a US$ 1,2669 e o dólar recuava a 145,49 ienes. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,45%, a 103,619 pontos, e avanços 1,73% na variação mensal.

O dólar também ganhou força após o PMI industrial medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) vir além do esperado, apesar da Pantheon destacar que o dado é “mais um ruído do que um sinal” para a economia americana, visto que “boa parte do salto de agosto provavelmente reflete o aumento nas encomendas de aeronaves durante o Paris Air Show, realizado em junho”.

Entre commodities, o petróleo subiu pelo quarto pregão seguido, após o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, afirmar que ele e a Opep+ deverão anunciar mais redução na oferta da commodity na semana que vem. No entanto, a CMC Markets alerta que a busca por derivados da commodity poderá desacelerar na próxima semana, com o feriado do Dia do Trabalho nos EUA, “à medida que a temporada de condução nos EUA termina e muitos parques nacionais no norte do país começam a fechar durante o inverno”.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro fechou em alta de 2,45% (US$ 2,00), a US$ 83,63 o barril. O petróleo Brent para novembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou com ganhos de 1,86% (US$ 1,59), a US$ 86,83 o barril. (Natália Coelho – [email protected])