FISCAL E POLÍTICA VOLTAM A PESAR E DI INCLINA, BOLSA DESTOA DE NY E DÓLAR CAI

Os mercados domésticos chegaram ao fim desta quarta-feira sem uma direção clara, espelhando também os sinais difusos vindos do exterior. Com cada classe de ativos olhando para uma parte do noticiário, o resultado foi alta dos juros futuros, queda da Bolsa e recuo do dólar. Por partes, na renda fixa, a pressão fiscal voltou a incomodar os agentes, na esteira da disputa cada vez mais acirrada pelos recursos que sobrarão no teto de gastos de 2022 – isso, claro, se houver um encaminhamento da questão dos precatórios fora do mecanismo, outra fonte de impasse. Mais cedo, a aprovação na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara da prorrogação, por cinco anos, da desoneração da folha a 17 setores trouxe desconforto adicional, ainda que o processo tenha de correr por mais um colegiado na Câmara antes de ir a plenário na Casa e no Senado. Reforçou a cautela ainda a cena política, em um dia marcado pela troca de farpas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, e pela convocação da ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle para depor na CPI da Covid. Desta forma, a curva de juros registrou inclinação. Na Bolsa, o bom humor de Nova York não encontrou terreno fértil por aqui. A desaceleração econômica da China, cada vez mais evidente após a safra de dados de agosto, pesou no segmento ligado ao crescimento global, com queda forte dos papéis da Vale (-2,50%). Assim, o Ibovespa terminou a jornada em 115.062,54 pontos (-0,96%), ainda garantindo a faixa dos 115 mil pontos. Em Nova York, os índices recuperaram parte das perdas dos últimos pregões, apesar do desconforto com os indicadores chineses. No radar dos investidores, estiveram dados ligados à indústria americana. Por fim, voltando ao Brasil, o mercado de câmbio foi de poucos negócios, com o investidor de olho na perspectiva de alta da Selic, uma vez que a indicação do Banco Central sobre manter o plano de voo de alta de 1 ponto porcentual em setembro não afetou as perspectivas para o orçamento total do ajuste monetário. Assim, o dólar caiu 0,38%, a R$ 5,2375.

JUROS

Os juros subiram nesta quarta-feira, de forma mais acentuada nos vencimentos intermediários e longos, ignorando a melhora de apetite ao risco no exterior. As preocupações com o cenário fiscal voltaram a se exacerbar simultaneamente ao aumento dos ruídos políticos. A falta de solução para a questão dos precatórios, o crescimento da pressão sobre o teto de gastos e as contínuas revisões pessimistas para os fundamentos também ajudaram a formar o pano de fundo para posições defensivas. Um dia depois das taxas terem caído com força, a percepção é de que havia espaço para uma correção.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu a 8,94%, de 8,872% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, de 10,046% para 10,13%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,55%, de 10,474%.

Até meados da manhã, as taxas ainda davam sequência ao recuo visto ontem, mas o humor começou a azedar quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse, em tom irônico, em evento do qual também participava o ministro Paulo Guedes, que ele era tão seu amigo que colocou no seu “colo um filho que não é meu”, em referência ao problema dos precatórios, sinalizando que o Executivo teria transferido um problema que teria de ser resolvido em outra esfera. Diante do impasse sobre o que fazer com os R$ 89,1 bilhões das dívidas judiciais que vencem em 2022 – e que se forem pagos como manda a lei não haverá dinheiro para mais nada no Orçamento -, Guedes, o STF e o Tribunal de Contas da União vinham discutindo uma alternativa, uma vez que também a PEC que propõe o parcelamento foi muito mal recebida. Assim, o episódio de hoje deixou a impressão de que uma solução para o caso pode estar longe de ser atingida.

Depois disso, houve nova rodada de máximas com a aprovação do projeto de lei que prorroga até 2026 a desoneração da folha de pagamento para 17 setores na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. O texto ainda precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário, além de análise do Senado, mas já acende uma luz amarela na medida em que resulta em aumento da despesa sujeita ao teto de gastos. O Tesouro precisa compensar a redução da arrecadação da Previdência, explica o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. “Como não tem espaço no teto, só piora a perspectiva do debate”, disse.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado alertou que embora o aumento de arrecadação e o “relativo controle” nas despesas tenha contribuído para melhorar as contas públicas em 2021, “o risco fiscal não é abstrato”, com o Tesouro aumentando todo mês seus custos de emissão. A entidade apontou uma série de indefinições para o Orçamento de 2022 como fatores de incerteza e, de forma mais imediata, observou que a dívida bruta do País está caindo menos, em um “prenúncio de que voltará a crescer em breve”.

Na política, as apostas no impeachment do presidente Jair Bolsonaro vinham arrefecendo depois da publicação da carta na qual indicava trégua nos ataques ao Judiciário e pela baixa adesão nas manifestações contra o presidente no último domingo. “Se Bolsonaro deu um giro de 180 ou de 360 graus, não se sabe ao certo. O fato é que o impeachment deixou de ser o desfecho mais provável, por enquanto”, disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, em relatório.

Não se sabe por quanto tempo essa tentativa de pacificação pode durar diante do que pode vir do relatório final da CPI da Covid no Senado. A comissão aprovou hoje requerimento para convocar a advogada Ana Cristina Valle para prestar depoimento. Ela é mãe de Jair Renan, o quarto filho do presidente.

Gonçalves, do Banco Fator, diz ser “fato” que o mercado já comprou a ideia de que a situação fiscal explica os juros longos de 11% e o câmbio a R$ 5,25. “Rever as estimativas de atividade para baixo não tem ajudado, ao contrário. Boa parte da justificativa das revisões é a alta maior nos juros movida por expectativa de inflação mais elevada”, disse.

É o caso do Banco Inter, que reduziu a projeção para PIB em 2022, de 2% para 1,2%, justamente pela necessidade de um aperto monetário maior para conter o processo inflacionário. “A alta de juros prevista agora é para impedir que o choque atual contamine outros preços”, disse a economista-chefe, Rafaela Vitória, que passou a prever Selic de 8,25% no fim do ano, com mais três altas de 1 ponto porcentual, após a revisão das expectativas para a inflação oficial para 8,1% em 2021 e para 4,1% em 2022. (Denise Abarca – [email protected])

17:29

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 5.94

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 5.15

Over Selic (%a.a) 5.15

BOLSA

Com o doméstico em segundo plano na sessão, o Ibovespa refletiu hoje essencialmente os sinais de perda de vigor na China, economia à qual carros-chefes da B3, como Vale (ON -2,50%), têm grande exposição. Assim, saindo de abertura aos 116.190,51 e chegando na máxima do dia aos 116.312,22 pontos, o Ibovespa emendou a segunda perda, em queda de 0,96%, aos 115.062,54 pontos, tendo chegado na mínima desta quarta-feira aos 114.741,16 pontos. O giro financeiro, em dia de vencimento de opções sobre o índice, chegou a R$ 46,6 bilhões no fechamento – na semana, a referência da B3 ainda avança 0,68%, com perdas no mês a 3,13% e, no ano, a 3,32%.

Após ter feito a leitura de copo meio vazio no dia anterior, com o resultado abaixo do esperado sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em agosto, os índices de ações em Nova York tiveram recuperação nesta quarta-feira, embora a extensão do fôlego sustentado há meses pelas ações americanas seja questão de controvérsia crescente, enquanto se aguarda o anúncio, pelo Federal Reserve, do início da retirada de estímulos monetários, o chamado “tapering’. Na semana que vem, os comitês de política monetária do Fed e do BC brasileiro voltam a se reunir nos mesmos dias (21 e 22).

Nesta quarta-feira, as principais bolsas europeias fecharam o dia em baixa, atentas também aos dados chineses, que se refletiram, mais uma vez, nos preços do minério de ferro, em queda superior a 4% em Qingdao, no menor nível desde outubro. Assim, a alta acima de 2%, e que chegou a superar 3% para o petróleo na sessão, espelhando efeitos da tempestade tropical Nicholas sobre a produção no Golfo do México, foi insuficiente para que o Ibovespa evitasse correção perto de 1% na sessão, pressionado desde cedo por leituras abaixo do esperado sobre a produção industrial e especialmente as vendas do varejo na China em agosto, conjugadas depois a novos sinais de desgaste na relação entre o governo e o Supremo Tribunal Federal, envolvidos em tentativa de solução para o parcelamento de precatórios.

Vindo de longo intervalo em que respondeu especialmente às diversas incertezas domésticas, o Ibovespa acresce os ruídos internos a águas internacionais menos previsíveis, em que sinais de enfraquecimento de ritmo econômico começam a chegar dos Estados Unidos e da China. “No exterior, a reação ao CPI (de ontem, abaixo do esperado) surpreendeu, com o mercado de Treasuries ‘raliando’ frente à percepção de um crescimento menor dos Estados Unidos, quando a dúvida vinha sendo sobre o momento do início do ‘tapering’ pelo Federal Reserve”, diz Fernando Ferreira, head de research e estrategista-chefe da XP.

Assim, o Ibovespa iniciou a semana buscando recuperar-se da anterior, “mas deu azar de pegar os mercados dos Estados Unidos no início de uma correção”. “Desde outubro de 2020, o S&P 500 não tem uma correção de 5%, o mercado por lá tem subido continuamente, o que leva diversas instituições, como BofA e Goldman Sachs, entre outras, a expressar visões mais cautelosas, negativas no curto prazo, na medida em que os preços estão esticados por lá”, observa Ferreira.

“Mais do que a política, isso tem pesado aqui, com Nova York parecendo se aproximar de correção”, acrescenta o estrategista-chefe da XP, casa que manteve nesta semana cenário-base de Ibovespa a 135 mil pontos no fechamento do ano, com piso a 110 mil, no cenário negativo mais extremo, e topo a 150 mil, no cenário oposto, de extremo otimismo.

“Além da antecipação do calendário eleitoral, que já se reflete nos preços dos ativos – algo que ficaria lá para fevereiro, março ou abril do ano que vem -, há um conjunto de outras incertezas, entre as quais, os preços das commodities, especialmente o minério de ferro, que acumula queda de 40% em um mês e meio, afetando a expectativa de lucros no setor”, diz Ferreira.

Além dos Estados Unidos, ele menciona também as dúvidas sobre a economia chinesa, maior mercado para as commodities brasileiras, que além de uma ofensiva de controle governamental sobre segmentos como o do aço, começa a aparentar dificuldades em outro setor relevante, o da construção, conforme se viu no recente episódio da Evergrande, uma das gigantes do segmento na China.

Sobre este desdobramento importante relacionado à economia chinesa, a consultoria Capital Economics avalia que a raiz dos problemas da Evergrande e de outras companhias do setor imobiliário, altamente alavancadas, é que a demanda por propriedades residenciais entra em uma era de “declínio sustentado” no país. O relaxamento de controles regulatórios no setor não deve mudar esse fundamento, acredita a consultoria, ao prever que a construção deverá “desacelerar substancialmente” na China nos próximos anos.

Em relatório a clientes, o banco ING considera que a Covid-19 provocou um crescimento “inesperadamente fraco” nas vendas de varejo da China em agosto, enquanto a carência de microchips continua a pressionar investimentos, a produção e as vendas de automóveis. O ING acredita que algumas políticas recentes do governo chinês reforçam o estresse sobre a economia e, nesse quadro, espera que o compulsório bancário local seja cortado em outubro.

Por sua vez, o Citi avalia que o crescimento econômico da China deve desacelerar ainda mais, após os dados de varejo e indústria abaixo do esperado em agosto. Dessa forma, o banco americano cortou a estimativa de expansão do PIB chinês neste ano, de 8,7% para 8,2%.

“O varejo na China veio muito abaixo do esperado, em ritmo mais lento de crescimento, de 2,5%, frente a expectativa de 7%. Além do efeito sobre commodities, de que somos grandes exportadores, e levando em conta também que a China é um de nossos principais parceiros comerciais, foi o principal ‘driver’ para a queda do Ibovespa, em dia de alta no mercado americano”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

“Os dados mais fracos na China prejudicaram a tomada de risco também em outros importantes mercados, como os da Europa, em dia no qual tivemos indicadores internos positivos, vale dizer, mas não o suficiente para segurar o Ibovespa”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o IBC-Br, considerado prévia do PIB, em alta de 0,6% em julho, acima da previsão de 0,4% para o mês. “Depois da leitura sobre a atividade de serviços, o resultado de hoje, importante, pode mostrar eventual aceleração do crescimento econômico para o último trimestre, principalmente”, acrescenta.

Na B3, destaque positivo nesta quarta-feira para Petrobras ON e PN, em alta respectivamente de 1,09% e 1,74% no fechamento, refletindo o avanço dos preços do petróleo na sessão, com o Brent acima de US$ 75 por barril, em Londres, no maior nível desde 30 de julho. Na ponta do Ibovespa, PetroRio subiu 7,44% e Bradespar, 5,23%, à frente de Gol (+2,59%) e de Minerva (+2,02%).

O avanço de Bradespar, em dia negativo para Vale (ON -2,50%), refletiu a aprovação de programa de bonificação em ações. Em comunicado, informou que será convocada assembleia geral extraordinária no dia 15 de outubro para propor a redução do capital social dos R$ 5,76 bilhões para R$ 500,124 milhões, sem o cancelamento de ações. Se aprovada, a redução será concretizada com a entrega de ações ordinárias da Vale aos acionistas da Bradespar. Na ponta negativa do Ibovespa, Cogna cedeu hoje 4,42%, Sul América, 4,05%, e Americanas ON, 4,00%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 115062.54 -0.9623

Máxima 116312.22 +0.11

Mínima 114741.16 -1.24

Volume (R$ Bilhões) 4.65B

Volume (US$ Bilhões) 8.85B

17:29

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 115445 -1.24465

Máxima 116980 +0.07

Mínima 115105 -1.54

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York se firmaram em alta nesta tarde, após oscilarem mais cedo. Com todos os setores no positivo, a exceção de serviços básicos, o mercado acionário americano recompôs parte dos ganhos perdidos nos últimos pregões, apesar do desconforto gerado pelos dados fracos de atividade na China. A maior busca por risco garantiu espaço para alta nos juros dos Treasuries e pressionou o índice DXY do dólar. Já o petróleo continuou reagindo aos efeitos da temporada de furacões no hemisfério norte e o Brent retomou o patamar de US$ 75 por barril.

Os resultados abaixo do esperado das vendas no varejo e da produção industrial da China em agosto, refletindo os impactos da covid-19 na economia, preocuparam investidores e pressionaram as bolsas de Nova York no início da sessão. Entretanto, dados da atividade industrial nos EUA atenuaram os receios, com o índice Empire State apurado pelo Federal Reserve (Fed) de Nova York saltando de 18,3 em agosto para 34,3 em setembro e contrariando a expectativa de queda a 17,5 feita por analistas consultados pelo <i>The Wall Street Journal</i>. O índice do Empire State estaria “contando uma nova história sobre a direção da economia”, na avaliação da Oanda. Caso este relatório não seja um caso isolado, o indicador pode desencadear um recomeço “um pouco mais otimista” para o terceiro trimestre, diz o analista Edward Moya. “Um único relatório não faz uma tendência, mas se esse tema positivo se espalhar por todas as outras pesquisas regionais, Wall Street pode se apressar para atualizar as previsões de como a economia dos EUA terminará o ano”.

Analistas observam, porém, que o indicador mede as condições da manufatura apenas no Estado de Nova York e abrange um número limitado de companhias. O avanço foi muito maior do que o registrado pelo PMI industrial do ISM, observa a Pantheon Macroeconomics. “Isso sugere que ou o índice do Empire State está sendo sustentado por fatores regionais ou que está prestes a cair rapidamente”, pondera a consultoria.

A produção industrial do país cresceu 0,4% em agosto ante julho – levemente abaixo da expectativa de alta de 0,5%, como divulgado hoje pelo Fed. Em relatório, a Capital Economics acredita que os impactos do furacão Ida e da variante delta do coronavírus devem provocar uma desaceleração ainda maior na indústria americana em setembro.

No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,68%, a 34.814,39 pontos, o S&P 500 avançou 0,85%, a 4.480,70, e o Nasdaq teve alta de 0,82%, a 15.161,53.

Parte do impulso se deu pelos papéis da Microsoft, que alcançaram nível recorde intraday. Depois de anunciar aumento dos dividendos trimestrais e um novo programa de recompra de ações de US$ 60 bilhões, a companhia fechou em alta de 1,68%, a US$ 304,82.

Entre os setores, o de energia foi o que mais avançou, com Chevron e ExxonMobil, por exemplo, tendo registrado avanço de 2,12% e 3,37%, respectivamente. Os operadores acompanharam o avanço dos contratos futuros do petróleo, cuja produção segue afetada pelos eventos climáticos extremos no Golfo do México. “Os declínios nos estoques de petróleo bruto dos EUA, impulsionados pelo furacão, a produção deprimida e o otimismo da demanda renovada ajudaram a impulsionar os preços”, aponta o TD Securities.

Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, os estoques do óleo caíram em 6,422 milhões de barris na semana passada, enquanto a previsão era de queda de 2,5 milhões. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para outubro teve avanço de 3,05% (US$ 2,15), a US$ 72,61 o barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent fechou em alta de 2,53% (US$ 1,86), a US$ 75,46 o barril. Foi a primeira vez desde o dia 30 de julho que o óleo atingiu a marca simbólica de US$ 75 no mercado inglês.

A busca por risco nesta sessão deu espaço para maior retorno dos juros dos Treasuries. Apesar de terem começado o dia em queda, os retornos viraram para o positivo e passaram a subir enquanto as bolsas de Nova York registravam máximas. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,213%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,301% e o da T-bond de 30 anos tinha alta a 1,865%.

No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante seis moedas rivais, deu continuidade às perdas registradas ontem e recuou 0,08%, a 92,548 pontos. “Embora a inflação mais baixa [divulgada ontem] seja uma notícia bem-vinda, também é um sinal de que a economia perdeu força devido ao aumento nas infecções por covid-19”, observa Joe Manimbo, da Western Union. No fim da tarde, o euro subia a US$ 1,1816, a libra tinha alta a US$ 1,3845, enquanto o dólar caía a 109,39 ienes.

O enfraquecimento da divisa americana contribuiu para a alta dos ativos de cobre hoje, uma vez que torna o metal mais barato para detentores de outras moedas. O ouro, porém, recuou, pressionado pela alta dos juros dos Treasuries. (Ilana Cardial – [email protected])

Volta

CÂMBIO

Em sessão de liquidez reduzida, o dólar à vista oscilou entre estabilidade e leve baixa ao longo da tarde, em dia marcado por perdas da moeda americana frente a pares fortes e em relação à maioria das divisas de países emergentes e exportadores de commodities, em meio à cautela com o ambiente doméstico.

No fim da sessão, com maior apetite ao risco no exterior e uma aceleração dos ganhos dos índices acionários em Nova York, o sinal de queda da moeda americana prevaleceu, levando o dólar a fechar em baixa de 0,38%, a R$ 5,2375 – depois de oscilar cerca de 4 centavos entre a mínima (R$ R$ 5,2319) e máxima de (R$ 5,2720). Na B3, o giro com o dólar futuro para outubro foi baixo, na casa de US$ 11 bilhões – que mostra pouco apetite para apostas mais contundentes.

Segundo operadores, a postura mais cautelosa reflete, sobretudo, preocupações com as questões domésticas. Não há ainda uma solução para a questão dos precatórios e, por tabela, do tamanho do reajuste do Bolsa Família. Permanece também no mercado certo ceticismo em relação a uma trégua na crise político-institucional, após a “carta à Nação” do presidente Jair Bolsonaro. Troca de farpas entre o presidente do STF, Luiz Fux, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno do imbróglio dos precatórios causou certo desconforto nas mesas de operação, embora não tenha tido grandes reflexos nas cotações.

Em evento virtual, Fux, em referência aos precatórios, disse: “Guedes é tão meu amigo que coloca no colo um filho que não é meu”. O ministro respondeu ao gracejo dizendo que se tratava apenas de “um pedido desesperado de socorro” e que não estava depositando a responsabilidade no colo de Fux. “É que quando a gente está desesperado, pede proteção aos presidentes dos Poderes”, afirmou Guedes.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa que o mercado segue cauteloso porque vê com desconfiança a “aparente trégua político institucional” e eventuais dificuldades para o governo no Congresso. “Adicionalmente, o cenário econômico segue ruim, com várias casas revisando projeção de crescimento econômico para baixo, mesmo com os dados do IBC-Br um pouco acima do esperado”, diz a economista. “Temos um quadro de PIB pra baixo e inflação para cima, o que é bastante preocupante. Por isso, está difícil ver o dólar mais para baixo por enquanto.”

O Banco Central informou que o IBC-Br subiu 0,60% em julho na margem, acima da mediana de Projeções Broadcast (0,40%). Em relação a julho de 2020, houve alta de 5,53%, também acima da mediana das expectativas (5%). Mesmo assim, o Banco Inter revisou hoje a projeção para o crescimento neste ano (de 5,3% para 5,1%) e em 2022 (2% para 1,2%,).

O mercado também assimila a sinalização, ontem, do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que não haverá uma aceleração no ritmo de alta da taxa Selic, no encontro do Copom na semana que vem (dias 21 e 22). A perspectiva de uma Selic na casa de 8% ou até 9% no fim do aperto monetário, contudo, aumenta a atratividade da renda fixa local e dá certa sustentação à moeda brasileira, que se mantém abaixo da linha de R$ 5,30.

“O real continua sendo uma moeda muito desvalorizada. A expectativa de continuidade de alta de juros tende a atrair fluxo estrangeiro dos investidores com disposição para assumir um pouco mais de risco para ter prêmio maior, que são os juros do Brasil”, diz a Viviane Vieira, operadora da B.Side Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual, que vê possibilidade de um dólar próximo de R$ 4,90 a R$ 5,00.

O BC divulgou hoje à tarde que o fluxo cambial foi positivo em US$ 1,580 bilhão em setembro, até o dia 10, graças à entrada líquida de US$ US$ 1,753 bilhão pelo lado comercial, já que houve saídas líquidas de US$ 173 milhões pelo canal financeiro. Em agosto, o fluxo cambial total foi positivo em US$ 3,079 bilhões, com ingresso líquido de US$ 2,577 bilhões pelo canal financeiro.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes – operou em queda durante toda a sessão. O dólar também caiu na comparação com as divisas emergentes, com exceção do rand sul-africano e da lira turca.

Nos Estados Unidos, a produção industrial crescer 0,4% em agosto ante julho, ligeiramente abaixo da previsão de alta de 0,5%. Já o índice industrial Empire State, apurado pelo Federal Reserve, contrariou a expectativa de queda de 17,5 e subiu de 18,3 em agosto para 34,3 em setembro.

O mercado ainda tenta avaliar o real impacto da disseminação da variante Delta tanto na economia americana, para calibrar as apostas sobre o início da redução de compra de bônus (‘tapering’) pelo Fed, como na China, que reportou dados muito fracos de produção industrial e vendas no varejo, causando certa apreensão nos investidores. (Antonio Perez – [email protected])

17:29

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.23750 -0.3766 5.27200 5.23190

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL 5243.000 -0.38947 5284.500 5239.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5298.000 0.1607 5298.000 5294.000