Os mercados domésticos chegaram ao fim desta quarta-feira sem uma direção clara, espelhando também os sinais difusos vindos do exterior. Com cada classe de ativos olhando para uma parte do noticiário, o resultado foi alta dos juros futuros, queda da Bolsa e recuo do dólar. Por partes, na renda fixa, a pressão fiscal voltou a incomodar os agentes, na esteira da disputa cada vez mais acirrada pelos recursos que sobrarão no teto de gastos de 2022 - isso, claro, se houver um encaminhamento da questão dos precatórios fora do mecanismo, outra fonte de impasse. Mais cedo, a aprovação na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara da prorrogação, por cinco anos, da desoneração da folha a 17 setores trouxe desconforto adicional, ainda que o processo tenha de correr por mais um colegiado na Câmara antes de ir a plenário na Casa e no Senado. Reforçou a cautela ainda a cena política, em um dia marcado pela troca de farpas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, e pela convocação da ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle para depor na CPI da Covid. Desta forma, a curva de juros registrou inclinação. Na Bolsa, o bom humor de Nova York não encontrou terreno fértil por aqui. A desaceleração econômica da China, cada vez mais evidente após a safra de dados de agosto, pesou no segmento ligado ao crescimento global, com queda forte dos papéis da Vale (-2,50%). Assim, o Ibovespa terminou a jornada em 115.062,54 pontos (-0,96%), ainda garantindo a faixa dos 115 mil pontos. Em Nova York, os índices recuperaram parte das perdas dos últimos pregões, apesar do desconforto com os indicadores chineses. No radar dos investidores, estiveram dados ligados à indústria americana. Por fim, voltando ao Brasil, o mercado de câmbio foi de poucos negócios, com o investidor de olho na perspectiva de alta da Selic, uma vez que a indicação do Banco Central sobre manter o plano de voo de alta de 1 ponto porcentual em setembro não afetou as perspectivas para o orçamento total do ajuste monetário. Assim, o dólar caiu 0,38%, a R$ 5,2375.
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