FED REDUZ FÔLEGO EXTERNO, MAS PEC E CAMPOS NETO GARANTEM MELHORA A ATIVOS NO BRASIL

Blog, Cenário
A percepção de que o Federal Reserve pode acelerar o ritmo do tapering ganhou força após a divulgação da ata, nesta tarde, do último encontro da instituição. Como resultado, houve aumento da busca por dólar no exterior e perda de fôlego momentânea das bolsas de Nova York, que fecharam sem direção única nesta véspera de feriado por lá, quando o mercado ficará fechado devido ao Dia de Ação de Graças. Tudo porque, no documento, alguns dirigentes mostraram preocupação com a persistente inflação nos EUA e defenderam que o Fed reduza ainda mais as compras de ativos. No Brasil, contudo, o efeito da ata foi apenas pontual, uma vez que a direção dos mercados foi definida mais cedo, tanto pelas notícias sobre a PEC dos Precatórios quanto por declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Neste último caso, o impacto ocorreu principalmente nos juros futuros, com queda mais pronunciada entre os vencimentos curtos. A fala do dirigente do BC, no começo da tarde, foi considerada dovish nos aspectos de atividade e política monetária e fiscal, reforçando a ideia de manutenção do ritmo de alta da Selic em 1,5 ponto porcentual um dia antes do IPCA-15 de novembro. No mais, apesar de a votação da PEC dos Precatórios na CCJ do Senado ter sido adiada para a próxima semana, a percepção é de que as alterações no texto feitas pelo relator da matéria, Fernando Bezerra, irão viabilizar a aprovação. Em alguns momentos, o atraso que isso pode ter na definição do Orçamento de 2022 chegou a deixar os ativos voláteis, o que foi absorvido depois. Assim, o Ibovespa emendou a segunda sessão seguida de ganhos, hoje de 0,83%, aos 104.514,19 pontos. Destaque, mais uma vez, para Vale e siderúrgicas, alinhados ao avanço do preço do minério de ferro. No câmbio, o real terminou na contramão dos pares externos, de olho no noticiário sobre a PEC. Assim, depois de um dia volátil, o dólar recuou 0,25%, a R$ 5,5948 no mercado à vista.
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MERCADOS INTERNACIONAIS A ata referente à mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou a crescente preocupação na cúpula do BC americano quanto à escalada da inflação, que fortalece o coro em defesa de um ritmo maior de redução de compras de ativos. O argumento por um tapering mais acelerado é sustentado ainda pela força da recuperação da maior economia do planeta, como indicado por firmes dados de consumo informados mais cedo. Nesse cenário, o dólar ganhou força ante rivais e as bolsas de Nova York ficaram mistas. O recuo dos juros longos dos Treasuries, em ajuste após duas sessões de fortes ganhos, forneceu alívio às ações de tecnologia e interrompeu a rotação que vinha beneficiando os papéis de bancos. O petróleo, por sua vez, teve sessão volátil, mas encerrou com moderada perda, de olho no aumento dos estoques nos EUA e em liberação de reservas estratégicas de países. De acordo com a ata, no encontro realizado entre 2 e 3 de novembro, "muitos" participantes admitiram que a escalada inflacionária nos EUA poderá se mostrar mais persistente do que o previsto anteriormente. Gargalos na cadeia produtiva e valorização dos preços de energia seguem apontados como principais responsáveis pelo movimento, mas alguns dirigentes já começam a reconhecer a possibilidade de aumento mais duradouro dos salários, para fazer frente à inflação. Ainda assim, a avaliação majoritária é de que o crescimento econômico dos EUA segue "robusto", segundo o relatório. Hoje pela manhã, o Departamento de Comércio americano revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve crescimento de 2,1% no terceiro trimestre ante o anterior, em termos anualizados. Já os pedidos de auxílio-desemprego recuaram 71 mil na semana passada, a 199 mil, em mais uma mínima da pandemia, conforme revelou o Departamento de Trabalho. Os gastos com consumo surpreenderam positivamente e avançaram 1,3% em outubro ante setembro, enquanto a renda pessoal cresceu 0,5%. Já o núcleo índice PCE, métrica inflacionária preferida do Fed, se elevou 4,1% na comparação anual do mês passado - ritmo mais acelerado desde 1991. A confluência de inflação em alta e recuperação econômica vigorosa justificou a defesa de alguns dirigentes do Fed por aceleração do tapering já em dezembro, ainda segundo a ata. Para o estrategista-chefe da gestora AZ Quest, André Muller, o BC dos EUA deve acelerar o ritmo de redução de compras de ativos dos atuais US$ 15 bilhões mensais para US$ 20 bilhões. "É crescente o número de participantes que consideram as pressões inflacionárias mais persistentes", disse, em análise exclusiva ao Broadcast. De olho nesses desdobramentos, o dólar chegou a acelerar levemente os ganhos ante rivais após o documento do Fed, mas depois desacelerou. No ajuste de fechamento, o índice DXY - que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes - subiu 0,40%, a 96,875 pontos, na máxima desde julho de 2020. No final da tarde, o euro recuava a US$ 1,1203 e a libra, a US$ 1,3327. O dólar cedia a 12,0860 liras turcas, corrigindo parte da disparada da véspera, na esteira da crise cambial deflagrada pelo intervencionismo do presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, no BC local. Na renda fixa, os juros longos dos Treasuries também tiveram reação pontual ao Fed e mantiveram a trajetória descendente. Nos últimos dias, os retornos vinham em marcha de alta depois que Powell foi indicado para seguir no Fed. Por volta das 18h (de Brasília), o rendimento da T-note de 2 anos subia a 0,637%, enquanto da T-note de 10 anos caía a 1,635% e o da T-bond de 30 anos, a 1,955%. O TD Securities entende que a resposta à ata no mercado de títulos da dívida americana foi tímida porque o documento trouxe informações que já estavam precificadas desde a reunião. Para o banco de investimentos, a aceleração do tapering tende a impulsionar os juros, mas a dimensão será diferente ao longo da curva. "Pensamos que uma redução mais rápida achatará a curva no curto prazo", prevê. A queda dos yields ajudou a pausar o movimento de rotação predominante nos últimos dias em Wall Street, com saída de techs para bancos. Hoje, com base em dados preliminares, o Dow Jones encerrou em baixa de 0,03%, a 35.804,38 pontos, mas S&P 500 subiu 0,23% a 4.701,46 pontos, e Nasdaq se elevou 0,44% a 15.845,23 pontos. Facebook (+1,13) esteve entre destaques do pregão, enquanto Goldman Sachs (-1,76%), JPMorgan (-0,78%) e Citigroup (-1,16%) tiveram perdas consideráveis. Amanhã, o feriado de Ações de Graças nos EUA manterá fechado as bolsas em Nova York. Entre commodities, o petróleo fechou uma sessão volátil em leve queda, depois que o Departamento de Energia dos EUA informou inesperado aumento nos estoques da commodity. Investidores também monitoram notícias sobre liberação de reservas estratégias. Um dia após EUA anunciarem venda coordenada com outros países, a China disse onde que sua política para os estoques nacionais serão baseadas em "realidades e necessidades" próprias. Com isso, o barril do WTI para janeiro cedeu 0,14%, a US$ 78,39, e o do Brent para igual mês perdeu 0,07%, a US$ 82,25. (André Marinho - [email protected]) Volta JUROS Declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e a melhora do câmbio levaram os juros a se firmarem em baixa à tarde, dissipando a frustração gerada pelo adiamento da votação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para 30 de novembro. A fala do presidente do BC foi considerada dovish nos aspectos da política monetária e fiscal e da atividade, reforçando a ideia de manutenção do ritmo de alta da Selic em 1,5 ponto porcentual. O alívio nos prêmios será testado amanhã pelo IPCA-15 de novembro, considerando que a taxas de inflação têm surpreendido para cima reiteradamente nas últimas leituras. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,13% (regular), de 12,267% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou a regular em 11,83%, de 11,936% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,763% para 11,73%. No fim da sessão estendida, tais vencimentos tinham taxas de 12,155%, 11,84% e 11,73%, respectivamente. Com as taxas até o miolo da curva recuando com mais força ante as longas, a inclinação negativa foi suavizada. O spread entre os contratos para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 ficou em -40 pontos-base, de -49 pontos ontem, considerando os preços da sessão regular. Em boa medida, a curva limpou algum excesso de prêmio para um ciclo de aumento da Selic mais agressivo depois da sinalização de Campos Neto, durante participação em live do Bank of America. "Quando ele cita a potência da política monetária, sugere que o BC está confiante de que não será preciso acelerar o ritmo", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. No entanto, a curva aponta ainda 70% de chance de elevação de 2 pontos porcentuais, contra 30% de probabilidade de alta de 1,5 ponto, considerando apenas essas duas alternativas. Campos Neto admitiu que o País passa por um momento único, com dupla pressão do aumento de preços tanto no País quanto no exterior, mas, por outro lado, a política monetária se tornou mais potente sem a pressão que era exercida por subsídios de crédito que foram retirados. Mas foi enfático ao reconhecer que o desvio das expectativas em relação à meta central do ano que vem ganhou terreno. "O Banco Central entende que lida com uma crise sem precedentes", disse. Outros aspectos "dovish" na fala do comandante do BC, na avaliação do diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga, foram a questão fiscal e de atividade. "Ele relativiza um pouco o qualitativo versus quantitativo no fiscal", afirmou Braga. Campos Neto disse que o aumento do prêmio de risco visto na curva decorrente da PEC foi muito maior do que o desvio fiscal, destacando ainda a melhora dos dados e as projeções menos negativas para a dívida se comparadas ao início deste ano. Nesse contexto, a Receita informou hoje que a arrecadação de outubro somou R$ 178,742 bilhões, acima da mediana das estimativas, de R$ 179,9 bilhões e com alta real de 4,92% ante outubro de 2020. Apesar dos números fiscais, a preocupação com as contas públicas vai se alimentando do imbróglio em torno da PEC, tantos são os vaivéns e mudanças do texto. Diante da falta de consenso em pontos-chave, o parecer apresentado pelo relator Fernando Bezerra (MDB-PE) na CCJ foi alvo de pedidos de vista coletiva e, com isso, a votação foi adiada para a próxima semana, prolongando a agonia dos investidores. Ainda na seara fiscal, o Tesouro divulgou hoje o relatório mensal da dívida, segundo o qual o colchão de liquidez caiu 10,39% em outubro, para R$ 1,01 trilhão. O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, avaliou que a redução já era esperada, com a torre de vencimentos de títulos elevada em outubro. "O colchão atual ainda é suficiente para 10,1 meses de vencimento à frente, ante 10,3 meses em setembro. Então foi uma redução de pouca magnitude", argumentou. Vital destacou ainda que a curva de juros tem apresentado uma volatilidade bem menor em novembro do que a observada em outubro. "A estabilidade de mercados em novembro permitiu voltarmos à nossa estratégia de financiamento. Gradualmente, o Tesouro tem voltado à normalidade", acrescentou, lembrando ainda que o cenário externo em novembro é bem mais positivo para os países emergentes. Destaque da agenda do dia, a ata do Federal Reserve ampliou a cautela nos ativos em Wall Street, ao indicar que alguns membros defenderam aceleração no ritmo do tapering, mas não chegou a ter impacto sobre a curva. Nesta quinta-feira, o mercado já abre conhecendo o IPCA-15 de novembro, que, segundo a mediana das estimativas, deve desacelerar a 1,14%, de 1,20% em outubro. Em 12 meses, o caminho deve ser o inverso, com aceleração da alta a 10,70%, de 10,34% no mês passado. (Denise Abarca - [email protected]) Volta BOLSA Mesmo com pouco fôlego nos índices de ações no exterior, e com petróleo embicando para o negativo, o Ibovespa conseguiu emendar nesta quarta-feira segundo dia de recuperação parcial, chegando a testar a linha dos 105 mil pontos no melhor momento da sessão. Ao fim, com desempenho positivo das ações de commodities, siderurgia e bancos, a referência da B3 mostrava alta de 0,83%, aos 104.514,19 pontos, entre mínima de 102.464,29 e máxima de 105.041,16 pontos, saindo de abertura aos 103.651,88 pontos. O nível de fechamento foi o melhor desde o dia 12, com o índice tendo permanecido na faixa de 102 a 103 mil pontos nos últimos cinco encerramentos. Moderado nesta véspera de feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o giro foi de R$ 26,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe agora 1,44% e, no mês, 0,98%, enquanto no ano as perdas estão em 12,19%. Desde o último dia 17, o Ibovespa não tocava a marca de 105 mil pontos no intradia - e a última vez em que fechou acima de tal nível foi exatamente em 12 de novembro, então aos 106.334,54 pontos. "Não há desdobramentos novos que justifiquem celebração. A Bolsa ficou muito amassada e subiu nessas últimas duas sessões movida por volatilidade de curto prazo. A tendência ainda é negativa, com queda na confiança do consumidor e revisões nas projeções de PIB, pra baixo, e de inflação, pra cima. A PEC foi mais um jeitinho brasileiro para fazer populismo, e se não for pela PEC, será por MP. Não há nenhum fator para embasar essa alta", diz Leonardo Milane, economista e sócio da VLGI. "As ações de commodities e de exportadoras têm contribuído para o Ibovespa, mas a incerteza em torno da PEC dos Precatórios ainda é alta", observa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. Nesta quarta-feira, Petrobras ON e PN avançaram, respectivamente, 1,95% (máxima do dia no encerramento) e 2,05%, mesmo com o sinal negativo do petróleo à tarde, enquanto Vale ON encerrou o dia em alta de 2,32% (também na máxima da sessão) e os ganhos no setor de siderurgia chegaram a 3,48% (Usiminas PNA), com a recuperação em curso nos preços do minério de ferro na China. Entre os grande bancos, os ganhos nesta quarta-feira ficaram entre cerca de 2% e 3% ao longo da tarde, com destaque para Itaú PN (+2,67% no fechamento). Na ponta do Ibovespa, Banco Pan (+5,19%), à frente de Locaweb (+4,84%) e de Banco Inter (Unit +4,02%). No lado oposto, Natura (-3,64%), PetroRio (-3,40%) e Rede D' Or (-3,12%). No exterior, a semana, na prática mais curta pelo feriado desta quinta-feira nos Estados Unidos, foi marcada também pela progressão dos rendimentos dos Treasuries, especialmente o do prazo de 10 anos, induzindo ajuste no Nasdaq, mas também afetando os outros índices acionários de Nova York em meio à reponderação do momento, possivelmente no ano que vem, em que o Federal Reserve, após a conclusão da retirada de estímulos, deve começar a elevar a taxa de juros de referência. Conforme a ata da mais recente reunião de política monetária do BC americano, divulgada nesta tarde, alguns dirigentes sinalizaram preferência por ritmo mais rápido de redução das compras de ativos, o chamado 'tapering'. Com a informação, os juros dos Treasuries longos reduziram perdas na sessão e os índices acionários de Nova York voltaram a se enfraquecer. O estrategista-chefe da gestora AZ Quest, André Muller, prevê que o Federal Reserve deve acelerar o ritmo de redução das compras de ativos já no encontro de dezembro. Segundo o estrategista, a ata mostrou que vários dirigentes defendem flexibilidade maior na política para a taxa básica de juros, com objetivo de estar preparado para aumentá-la quando necessário. "É crescente o número de participantes (do Fed) que consideram as pressões inflacionárias mais persistentes", diz. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com André Marinho) 18:27 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 104514.19 0.83004 Máxima 105041.16 +1.34 Mínima 102464.29 -1.15 Volume (R$ Bilhões) 2.68B Volume (US$ Bilhões) 4.79B 18:27 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 105005 0.48325 Máxima 105540 +1.00 Mínima 102810 -1.62 Volta CÂMBIO Depois de uma manhã volátil, com algumas trocas de sinal, o dólar à vista se acomodou ao longo da tarde em leve queda, na contramão do fortalecimento global da moeda americana diante da expectativa de antecipação da alta de juros nos Estados Unidos, sentimento reforçado hoje pela divulgação do índice de preços de gastos ao consumidor (PCE). Com mínima de R$ 5,5562 e máxima de R$ 5,6233, ambas registradas na etapa matutina, o dólar à vista fechou a sessão desta quarta-feira (24) a R$ 5,5948, em queda de 0,25%. Assim, a moeda americana acumula baixa de 0,91% em novembro, esboçando interromper uma sequência de dois meses de alta: 3,67% em outubro e 5,30% em setembro. Nas mesas de operação, o desempenho do real é atribuído a ajuste de posições, em meio a apostas em aprovação da PEC dos Precatórios - cuja votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado deve ficar para o próximo dia 30 - e a fluxos pontuais de recursos. Operadores ressaltam que, a despeito da queda no mercado à vista, o dólar futuro para dezembro trabalhou em alta e com liquidez muito reduzida - o que refletiria ainda um ambiente de cautela entre os agentes. O analista Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, atribui a máxima e a mínima da sessão ao longo da manhã ao vaivém em torno da PEC dos Precatórios e a dados da economia americana. "Na parte da tarde, perdeu força e voltou a cair com vendas no mercado à vista por parte de exportadores", afirma Esquelbek, em nota. Pela manhã, o líder do governo e relator da PEC dos Precatórios no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), protocolou seu parecer, mantendo o limite para pagamento de precatórios e a mudança na regra de cálculo de gastos - o que deve abrir espaço de R$ 106,1 bilhões para gastos em 2022, ano das eleições presidenciais. Como já anunciado, o relator prevê Auxílio Brasil de caráter permanente, sem que seja necessário, contudo, apresentar fonte de financiamento, como exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Um ponto que chamou a atenção é que o parecer traz pontos do texto em separado, o que abre espaço para o fatiamento da PEC - ou seja, que partes já aprovadas pelos deputados sejam promulgadas, enquanto as eventuais alterações voltaram para a Câmara em uma proposta paralela. Houve pedido de vistas coletivo, mas o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, disse que a votação do texto na comissão será no dia 30, segundo determinação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na avaliação do diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, a manutenção dos pontos essenciais da PEC, com correção do cálculo do teto e limitação dos gastos com precatórios, dá visibilidade sobre o tamanho da folga no orçamento de 2022. "O mais importante é saber o quanto pode ser o gasto, e não exatamente em que o dinheiro vai ser gasto, se em emenda parlamentar ou Auxílio Brasil", diz Natali, ressaltando que "quanto mais cedo a PEC passar, melhor", já que diminui a incerteza e evita surpresas indesejadas. Natali vê exagero no pessimismo de parte do mercado e destaca que boa parte da formação da taxa de câmbio no Brasil se deve a influência da escalada do dólar no exterior. Em comparação com o euro, por exemplo, o real tem se apreciado. "A cotação engana um pouco. A taxa está perto de R$ 5,60 porque a valorização do dólar lá fora foi muito forte", diz Natali, ressaltando que leitura recente de dados de atividade e inflação nos EUA - aliada à recondução de Jerome Powell à presidência do Fed - alimenta a expectativa de antecipação da alta de juros nos EUA. No exterior, o DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme, atingindo os 96,938 pontos na máxima. A moeda americana também avançou em relação a divisas emergentes, incluindo pares do real, como o peso mexicano. A exceção foi a lira turca, que se recuperou em parte do tombo de ontem. Pela manhã, saiu que o PIB dos EUA cresceu 2,1% no terceiro trimestre na margem, levemente abaixo de avanço de 2,2% previsto por analistas. Chamaram mais atenção os gastos com consumo e o PCE, o índice de referência de inflação do Federal Reserve. Os gastos avançaram 1,3% em outubro ante setembro, acima do esperado (1%). O PCE subiu 0,6% em outubro, com alta de 0,4% do núcleo. Na comparação anual, o índice avançou 5% e seu núcleo aumentou 4,1%. A ata do encontro mais recente do Federal Reserve, divulgada à tarde, não provocou solavancos nos ativos domésticos. Segundo o documento, alguns dirigentes do BC americano preferiam um ritmo mais rápido de redução de volume de compras de bônus. Uma vez mais, o Fed afirmou que o 'tapering' não traz qualquer sinal em relação a ajuste nos juros. Mais cedo, a presidente da distrital do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, disse que não se surpreenderia se houvesse uma ou duas elevações da taxa básica de juros em 2022. Amanhã, o mercado americano estará fechado por conta do feriado do Dia de Ação de Graças, o que pode ajudar a explicar a falta de apetite por negócios no mercado futuro hoje. Na B3, às 18h15, o contrato de dólar futuro para dezembro era negociado a R$ 5,6080, em alta de 0,57%, com giro de US$ 9,8 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 18:27 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.59480 -0.2478 5.62330 5.55620 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5609.000 0.59182 5627.500 5560.000 DOLAR COMERCIAL 5647.000 -0.86895 5648.000 5630.000
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