EXTERIOR E FISCAL TRAZEM AVERSÃO, DÓLAR VAI A MAIOR NÍVEL DESDE MAIO E BOLSA CAI 3%

As incertezas quanto à retirada de estímulos à economia dos Estados Unidos e o impasse sobre o teto da dívida seguiram impulsionando as taxas dos Treasuries, referência global de retornos, e sendo o principal drive da sessão desta terça-feira. O nível de 1,5% foi rompido no principal desses ativos – a T-note de 10 anos -, gerando efeito dominó na venda de ações e compra de dólares mundo afora. Em Nova York, a maior baixa foi do Nasdaq (-2,83%), já que a subida de juros tem efeito direto na rentabilidade de papéis de tecnologia. Essa fuga do risco no cenário internacional encontrou, na cena doméstica, terreno propício para movimentos ainda mais intensos. Os impasses fiscais seguem a todo vapor, com a revelação, ontem à noite, do plano da ala política do governo de estender o pagamento do auxílio emergencial (contabilizado fora do teto) independente do desfecho da situação dos precatórios e do ‘novo’ Bolsa Família (estes, sim, sujeitos ao mecanismo), já que 25 milhões de pessoas recebem o benefício hoje mas não serão elegíveis ao Auxílio Brasil. Vista como medida eleitoreira, a proposta não encontra respaldo na equipe econômica, que inclusive criticou abertamente hoje a proposta. O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, disse que é preciso “tentar resolver as coisas com as ferramentas certas”. Mas se falas como estas costumavam acalmar os ânimos, hoje o efeito não foi o mesmo, levando para cima os juros e o dólar, e derrubando o Ibovespa. A preocupação com inflação segue no pano de fundo, dadas às notícias de reajustes de combustíveis. Destaque ainda no noticiário à ata do Comitê de Política Monetária (Copom), lida como mais ‘hawkish’ por parte do mercado por deixar em aberto até onde o ciclo de altas pode chegar. Assim, no cômputo final, a curva de juros teve uma leve desinclinação em relação ao dia de ontem. O dólar terminou em R$ 5,4243, no maior valor desde 4 de maio, na véspera de novo leilão extra de swap para atender à demanda de overhedge. E o Ibovespa mergulhou aos 110.123,85 pontos (-3,05%), com apenas quatro papéis em alta.

MERCADOS INTERNACIONAIS

A possibilidade do governo americano ficar sem financiamento a partir de 18 de outubro, como alertado hoje pela secretaria do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, elevou a cautela nos mercados no exterior. Em audiência no Senado dos EUA ao lado de Yellen, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçou a necessidade de se elevar com urgência o teto da dívida, a fim de “evitar o default e consequências muito ruins” para a economia do país. Os juros dos Treasuries, que já vinham em trajetória ascendente, avançaram, com a ponta curta assimilando mais os riscos. Nas bolsas de Nova York, as quedas chegaram a 2% e os investidores buscaram abrigo no dólar. O câmbio pressionou as commodities e o petróleo recuou, interrompendo uma sequência de seis avanços consecutivos, após o Brent quase bater a marca de US$ 80 por barril.

Durante a tarde, Yellen, voltou a apelar ao Congresso para que aprove logo a elevação do teto da dívida federal, a fim de evitar a paralisação parcial (“shutdown”) do governo. Em discurso, ela alertou que um default da dívida dos EUA provocaria um “colapso financeiro histórico” e uma recessão. Já o líder da maioria do Senado, o democrata Chuck Schumer, disse que colocará a proposta para elevar o teto em votação ainda nesta terça-feira. “Vamos votar hoje. Não estamos convidando os republicanos a votarem com a gente. Eles podem votar contra. Vamos fazer a votação e terminar isso”, afirmou. Ontem, a oposição barrou um projeto na Casa, e segue apresentando alguma resistência no tema.

Segundo Edward Moya, analista da Oanda, as ações dos EUA estão seguindo estritamente a liquidação do mercado de títulos, que coincidentemente é acompanhada por dados econômicos em desaceleração e comentários de Yellen e de Powell. “Ninguém espera que os EUA sejam desonestos, mas Wall Street, sem dúvida, mostrará algum nervosismo”, avalia. Hoje, além do tema do teto, pesou no mercado a queda da confiança do consumidor nos EUA, que mostrou que a pandemia e a forte inflação têm afetado a economia, de acordo com o ING.

Entre os rendimentos dos Treasuries, os juros longos aceleraram alta após o Departamento do Tesouro realizar um leilão de T-notes de 7 anos com demanda abaixa da média recente. Na avaliação da Capital Economics, várias mudanças na pandemia elevaram a chance de que a pressão inflacionária seja mais duradoura ao longo da próxima década que nos anos 2010, e que o Fed acabe por ter de subir os juros de modo mais agressivo, aceitar mais inflação “ou mais provavelmente uma combinação dos dois”. Desta forma, a consultoria projeta o juro da T-note de 10 anos em 2,5% ao fim de 2023. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,301%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,542% e do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,090%.

Entre as ações, Moya aponta um mercado que “finalmente parece vulnerável à medida que os rendimentos dos Treasuries aumentam, os preços do petróleo parecem que podem atingir facilmente US$90 o barril e os problemas da cadeia de suprimentos não mostram sinais de afrouxamento”. As ações de tecnologia foram as mais penalizadas pela alta dos juros, o que levou o Nasdaq a cair 2,83%. Ao final da sessão, o Dow Jones recuou 1,63% e o S&P 500 teve baixa de 2,04%. Na Europa, a tendência foi semelhantes, o DAX caiu 2,09% em Frankfurt, enquanto o CAC 40 teve baixa de 2,17% em Paris.

A Western Union aponta que o movimento que levou os juros dos Treasuries a uma alta em três meses impulsionou o dólar a ter ganhos pela terceira semana consecutiva, citando o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais. Hoje, no fim da tarde em Nova York, o índice tinha alta de 0,36%, já o euro depreciava a US$ 1,1683 e o dólar valorizava a 111,52 ienes.

Como resultado, a maioria das commodities, cotadas na moeda americana, operou pressionada. A cautela com a economia chinesa, que incluiu alguns cortes para a projeção de alta do PIB do país, também pesou nos mercados. Assim no petróleo, o WTI para novembro recuou 0,21% (US$ 0,16), a US$ 75,29 o barril, enquanto o Brent para novembro avançou 0,55% (US$ 0,44), a US$ 79,09 o barril. (Matheus Andrade – [email protected])

Volta

CÂMBIO

A combinação de fortalecimento global da moeda americana, em dia marcado por forte correção dos ativos de risco no exterior, com temores de medidas populistas na seara fiscal doméstica, castigaram o real na sessão desta terça-feira (28).

Em alta desde o início dos negócios, o dólar ganhou ainda mais força ao longo da tarde, em sintonia com o aprofundamento das perdas do Ibovespa. No pior momento, a moeda americana chegou a tocar casa de R$ 5,45, ao registrar máxima a R$ 5,4508 (+1,34%). A febre compradora arrefeceu na reta final dos negócios, mas, mesmo assim, o dólar ainda encerrou a sessão em alta firme, de 0,85%, cotado a R$ 5,4243 – maior valor de fechamento desde 4 de maio deste ano (R$ 5,4307). Foi o quinto pregão seguido de fortalecimento do dólar, que já acumula valorização de 1,51% na semana e de 4,88% em setembro.

Nas mesas de operação, já se especula em torno da possibilidade de que o Banco Central possa agir de forma mais incisiva para conter a depreciação do real. Está programado para amanhã o segundo leilão extra de swap cambial, da ordem de US$ 700 milhões, motivado, segundo o BC, pelo overhedge dos bancos.

“Eu acredito que o BC pode aumentar essa ração de swap. O mercado não ficou satisfeito com a explicação de que a oferta era para o overhedge. A grande preocupação é o processo inflacionário, que piora muito com a alta do dólar”, afirma o diretor da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva. “Temos os problemas fiscais domésticos e essa saída de investidores externos dos mercados de risco. Se o BC não se posicionar de forma mais firme, o dólar pode superar R$ 5,50 ainda nesta semana.”

O mercado cambial também ficou de olho na ata do encontro do Copom na semana passada, quando a Selic foi elevada em 1 ponto porcentual, para 6,25%. No dia do anúncio, o BC alertou no comunicado para os problemas fiscais, que criam uma “assimetria no balanço de riscos” para a inflação. No que parece uma referência velada à eventual extensão do auxílio emergencial, no documento divulgado hoje, o BC afirma que “novos prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país”.

O BC reafirmou a intenção de promover outra elevação da Selic em 1 ponto porcentual, mas revelou que houve debate sobre “custos e benefícios de acelerar o ritmo” – o que abriu espaço para a leitura de que a ata foi mais dura que o comunicado e há, sim, chance de que o Copom possa acelerar o passo. Há quem veja a possibilidade de a Selic ultrapassar 9% e até, quem sabe, atingir novamente os dois dígitos.

O sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que não se vislumbra reversão do movimento de alta do dólar, enquanto o BC seguir a atual estratégia gradualista de aperto monetário. Ele destaca que o contágio externo, a deterioração inflacionária e a situação fiscal “neutralizam os efeitos da colocação de swaps cambais”.

Os temores de que o governo Jair Bolsonaro embarque em uma onda de medidas “populistas” cresceu em meio aos debates em torno da prorrogação do auxílio emergencial por aprovação de crédito suplementar no Congresso (fora do teto de gastos).

As investidas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), contra a alta dos preços dos combustíveis, justamente no dia em que a Petrobras reajustou o valor do óleo diesel, também fazem soar os alarmes do “populismo”. Em evento hoje à tarde, Lira, ao lado de Bolsonaro, jogou a responsabilidade pelo preço dos combustíveis no colo dos governadores, alinhando-se ao discurso do presidente. “Sabe o que é que faz o combustível ficar caro? São os impostos estaduais”, disse Lira, acrescentando que o Congresso vai debater um projeto para fixar valor do ICMS. Bolsonaro, que ontem havia dito que o “remédio para combater a inflação não pode ser só aumentar a taxa de juros”, afirmou que ficou feliz em ouvir as palavras de Lira e que a alta dos combustíveis “é o problema do dia”.

À crescente deterioração do quadro interno se soma um ambiente externo cada vez mais desafiador. A inflação acelera no mundo em meio a uma crise energética e pipocam sinais de perda de fôlego da atividade justamente no momento em que os Banco Centrais dos países desenvolvidos dão sinais de tirar o pé do acelerador. Declarações de dirigentes do Federal Reserve ontem e hoje mostram que o início do “tapering” deve vir mesmo em novembro. Crescem as apostas em alta dos juros nos EUA já no segundo semestre de 2022, o que dá fôlego às taxas dos Treasuries e ao dólar. Há também a novela em torno da elevação do teto de gastos americana, em meio a alertas de Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve e atual secretária do Tesouro dos EUA, dos efeitos de paralisação parcial do governo (shutdown) e de um eventual default da dívida.

“A ala ‘hawkish’ ganha terreno no Federal Reserve, e a inflação pode permanecer elevada por mais tempo do que se imaginava, a tal ponto que se vislumbre um aumento mínimo de duas altas de 0,25 p.p. do juro no segundo semestre de 2022”, afirma Velho, da JF Trust.

Não bastasse o enxugamento da liquidez global com o tapering, os ativos emergentes, como o real, sofrem com o risco de desaceleração da China, às voltas com os desdobramentos do caso Evergrande sobre o setor imobiliário e cortes de energia, por causa da redução de estoques de carvão. Um pouso forçado da economia chinesa é má notícia para os preços das commodities e, por tabela, para a moeda brasileira.

Na B3, o dólar futuro para outubro subia 0,68%, a R$ 5,43350, com giro forte, na casa de US$ 17 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

17:38

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.42430 0.8459 5.45080 5.38910

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL 5438.000 0.75968 5454.000 5390.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5459.000 0.71956 5475.000 5425.000

BOLSA

Inflação global foi o nome do jogo nesta terça-feira de aversão a risco desde o exterior, com a superação gradual da pandemia dando lugar às dores da recuperação econômica, em que as commodities de energia, especialmente petróleo e gás, mostram avanço consistente à medida que se aproxima a estação mais fria do ano no hemisfério norte. Aqui, após o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, ter negado ontem mudança no modelo de preços da estatal, o presidente da Câmara, Arthur Lira, retomou a carga hoje ao convocar reunião política para discutir a questão, amanhã, por considerar inadmissível gasolina a R$ 7 e botijão de gás a R$ 120.

À tarde, em linha com a retórica do presidente Jair Bolsonaro, Lira (PP-AL) voltou a criticar a alta dos combustíveis, mas jogou a culpa nos impostos cobrados pelos governadores. Ao lado do presidente em evento de entrega de moradias no interior de Alagoas, Lira disse que o Congresso debaterá projeto de lei para fixar o valor do ICMS, uma das principais fontes de arrecadação dos Estados – e indicou apoio.

Pela manhã, a ata do Copom manteve a sinalização de ajuste da Selic ao ritmo de 1 ponto porcentual por reunião, pelo intervalo que o BC julgar necessário. Parte do mercado leu a ata como porta aberta para ajuste até mais intenso no ritmo de alta da taxa básica de juros, em terreno já contracionista na avaliação do BC, acima do nível considerado neutro pela instituição – mas que pode ir além, a “um nível significativamente contracionista”, apontou o Copom na ata desta terça-feira.

Neste contexto, o recrudescimento de preocupações quanto à inflação no mundo, especialmente nos Estados Unidos, com reflexo nos yields dos Treasuries, recolocou os investidores na defensiva nesta terça-feira, fortalecendo o dólar e afetando o apetite por ativos de risco, inclusive as commodities. Assim, com perdas de até 2,83% em Nova York (Nasdaq), o Ibovespa fechou em baixa de 3,05%, a 110.123,85 pontos, entre mínima de 109.980,95 pontos – menor nível intradia desde 21 de setembro – e máxima de 113.584,12 pontos, da abertura. Em porcentual, foi a maior perda do índice desde o tombo de 3,78% no pós-Independência, em 8 de setembro. O giro financeiro desta terça-feira foi a R$ 39,6 bilhões.

Na semana, o índice da B3 acumula perda de 2,79%, elevando as de setembro a 7,29%, colocando de novo o mês a caminho de se tornar o terceiro pior da pandemia, superado apenas por março e fevereiro de 2020 (-29,90% e -8,43%, respectivamente). Em 2021, o Ibovespa cede agora 7,47%. Faltando duas sessões para conclusão do mês, setembro foi acidentado, difícil para o Ibovespa, mesmo com o barateamento da Bolsa após agosto (-2,48%) e julho (-3,94%) negativos, que interromperam recuperação vista a partir de março.

Em setembro, “teve a crise político-institucional e, quando começou a deixar de incomodar tanto, vieram as preocupações sobre a economia chinesa, a correção do minério de ferro, os problemas da Evergrande e agora também a inflação global”, observa Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, acrescentando que as ações do complexo mineração-siderurgia têm reagido menos aos momentos de recuperação dos preços do minério, como ontem, do que aos de retomada da trajetória de queda, como hoje.

“O dia foi pesado, especialmente para Vale, com a restrição na China da utilização de carvão para geração de energia, o que acaba afetando setores com uso intensivo, basicamente a indústria. Com menos capacidade produtiva no aço, na indústria e na construção, afeta o preço do minério e, em consequência, as ações da Vale”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

Nesta terça-feira, a commodity fechou em baixa de 6,08%, vindo de alta de 7,17% ontem em Qingdao, China. Na B3, Vale ON encerrou a sessão em baixa de 5,01%, com perdas de 7,27% para Usiminas PNA – quinta maior queda na carteira Ibovespa na sessão – e de 7,84% para CSN ON – quarta maior perda do dia. Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Banco Inter (Unit -11,82%, PN -11,70%), em meio a comentários no mercado quanto a dados de provisionamento no balanço da instituição, à frente de Méliuz (-8,65%). Petrobras ON e PN fecharam a sessão, respectivamente, em baixa de 0,86% e de 0,66%.

Na face positiva do Ibovespa, destaque para as empresas de proteína animal, exportadoras, beneficiadas pela força do dólar na sessão, em alta de 0,85%, a R$ 5,4243, no maior nível desde 4 de maio: Minerva (+1,75%), BRF (+0,99%) e Marfrig (+0,25%), com Taesa (+0,14%) completando o restrito grupo de ações do índice que conseguiram fechar o dia com algum ganho.

Nos Estados Unidos, o yield da T-note de 10 anos amanheceu a 1,52%, máxima desde julho, aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. “Estamos vendo esse aumento da expectativa de juros por lá, muito por conta de um dólar se fortalecendo frente a moedas emergentes e pela alta das commodities”, acrescenta. “Esses dois fatores combinados refletem na inflação, e com isso, pode ser que o Fed tenha que subir os juros para contê-la, em linha com o discutido na última reunião de política monetária de que, sim, pode ter subida de juros já no próximo ano e retirada de estímulos”, diz. Tal percepção pesou hoje principalmente nas ações de tecnologia em Nova York, acrescenta Pietra.

“O que temos aqui é um mercado de ações que finalmente parece vulnerável à medida que os rendimentos do Tesouro aumentam, os preços do petróleo parecem que podem atingir facilmente US$ 90 o barril e os problemas da cadeia de suprimentos não mostram sinais de afrouxamento”, observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da OANDA em Nova York.

“Os investidores estão atentos ao cenário de alta das taxas de juros pelo mundo – já se conversa sobre isso e sobre a redução dos programas de estímulos monetários, em meio às preocupações com a inflação global”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, acrescentando haver maior confiança quanto à economia, em recuperação, o que se reflete também na percepção de inflação. (Luís Eduardo Leal – luis.leal@estadao,com; com Niviane Magalhães e Paula Dias)

17:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 110123.85 -3.04549

Máxima 113584.12 0.00

Mínima 109980.95 -3.17

Volume (R$ Bilhões) 3.96B

Volume (US$ Bilhões) 7.30B

17:38

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 110080 -2.93625

Máxima 113355 -0.05

Mínima 110020 -2.99

JUROS

Os juros completaram a quarta sessão em alta nesta terça-feira, trajetória que levou os mais longos a já romper novamente a marca de 11%. Os mais penalizados hoje foram os intermediários, pela nova disparada dos retornos dos Treasuries, ata do Copom, avanço do dólar e piora na perspectiva do cenário fiscal e mais um aumento no preço de combustíveis. O documento do Banco Central confirmou o consenso das apostas em mais duas altas de 1 ponto da Selic em outubro e dezembro, mas foi considerado hawkish por parte do mercado ao deixar em aberto até onde o ciclo pode chegar, ao citar que o “atual ritmo de ajuste é suficiente para atingir patamar significativamente contracionista e garantir a convergência da inflação” à meta em 2022. Nos Treasuries, a taxa da T-note de dez anos rompeu 1,5% e chegou a bater em 1,56% nas máximas, pressionando curvas no mundo todo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, hoje o mais líquido, passou de 7,17% ontem no ajuste para 7,18% e a do DI para janeiro de 2023, de 9,049% para 9,225%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 10,27%, de 10,165%, e a do DI para janeiro de 2027, a 10,67%, de 10,563%. A do DI para janeiro de 2031 terminou em 11,05% (10,972% ontem).

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, avalia que a ata veio em linha com o comunicado do Copom na indicação de manutenção do ritmo de aperto, mas “dando a entender que pode estender o ajuste”, o que pesou nos vencimentos curtos e intermediários. “Já os longos responderam aos Treasuries, que estão pressionados pela expectativa de retirada dos estímulos, e a fatos domésticos ligados à questão fiscal”, afirmou.

Para a Capital Economics, os yields dos Treasuries devem avançar mais ao longo dos próximos dois anos, na medida em que “já pareciam insustentavelmente baixos, diante da perspectiva econômica de médio para longo prazo”. A instituição projeta que o da T-note de 10 anos estará em 2,5% no fim de 2023, bem acima da faixa atual, mas ainda bem inferior aos padrões históricos, diz.

Além da influência direta sobre os DIs, a escalada dos Treasuries também pesa na curva pela via do câmbio, hoje com o dólar já acima de R$ 5,40. Em sua conta no Twitter, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, sugere que a taxa está deslocada num ambiente de avanço nos preços das commodities e perspectiva de mais altas no juro básico. “O índice de commodities chegando na máxima desde 2015, a Selic de volta, acima de 6%, e com expectativa de mais altas, mas o câmbio continua sem reagir”, comentou.

Apesar de hoje terem fechado em baixa, os preços do petróleo seguem em níveis preocupantes em relação aos praticados no Brasil, o que levou a Petrobras a anunciar reajuste do diesel de 8,9% a partir de amanhã, o primeiro depois de 85 dias. Segundo a companhia, porém, o aumento reflete apenas “parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio”. Ou seja, ainda há espaço para mais.

Além do impacto sobre a inflação, Camargo Rosa, da SulAmérica, alerta para os efeitos secundários da medida. “Já vemos as críticas do Lira no Twitter e risco de nova paralisação de caminhoneiros”, comentou. A alta do diesel deve gerar atualização do piso mínimo do frete. Na rede social, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reclamou dos preços dos combustíveis e em evento com a presença de Bolsonaro cobrou a colaboração dos governadores para reduzir impostos estaduais. Ele anunciou que amanhã vai reunir os líderes da Casa para discutir o assunto. “Vamos colocar alternativas em discussão no Colégio de Líderes. O fato é que o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120”, escreveu.

A curva incorpora prêmios também pela expectativa pessimista na seara fiscal, de aumento de gastos, que tem neutralizado qualquer comemoração pela melhora dos números correntes, como os do governo central de agosto, que saíram hoje. O déficit primário de R$ 9,88 bilhões foi o melhor desempenho para o mês desde 2015 e ficou perto do teto das estimativas de saldo negativo de R$ 9,7 bilhões.

Fato é que a semana avança sem evolução concreta na questão dos precatórios e, para piorar, a percepção sobre extensão do auxílio emergencial vai ganhando corpo. Ontem, o ministro da Cidadania, João Roma, admitiu que o assunto está na mesa. E, para assegurar o programa Auxílio Brasil em 2022, ano eleitoral, o governo conta com a reforma do Imposto de Renda como fonte de receita, mas a proposta já aprovada na Câmara enfrenta resistência na próxima instância, o Senado, e deve sofrer desidratação.

Sobre a ata do Copom, os diretores reforçaram o plano de voo de seguir elevando a Selic em 1 ponto e indicaram que o destino final deve ser “significativamente contracionista”. Com isso, a aposta de Selic em pelo menos 8,25% no fim deste ano virou piso, com boa parte do mercado esticando suas estimativas para o orçamento total até 2022 dado o desafio do BC de reenquadrar as expectativas de IPCA. O fim do ciclo é uma questão em aberto, com grande variância nas previsões sobre qual será a taxa terminal. O banco JPMorgan disse que a ata colocou um viés de alta em sua projeção de Selic a 9% no início de 2022. (Denise Abarca – [email protected])

17:38

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 6.24

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 6.15

Over Selic (%a.a) 6.15