EM DIA DE TENSÃO PRÉ-FED, ATIVOS APROFUNDAM QUEDA À TARDE E IBOVESPA PERDE MAIS DE 1%

A natural cautela dos investidores antes da decisão e dos sinais do Fed, amanhã, foi maximizada por temores sobre o impacto da variante Delta do coronavírus na economia global, regulações impostas pela China aos setores de tecnologia e educação, além da expectativa pelos balanços de três big techs: Alphabet (Google), Apple e Microsoft. E mesmo que sem um gatilho, essa cautela ganhou corpo à tarde, causando queda firme para os índices acionários americanos, sobretudo para o Nasdaq. No Brasil, todos os ativos sentiram os efeitos da aversão ao risco externa, com alguns reagindo ainda mais negativamente diante de fatores locais. É o caso do Ibovespa, que cedeu 1,10%, aos 124.612,03 pontos, mas chegou a voltar para o nível de 123 mil pontos, no pior momento do dia. Além de acompanhar o desempenho dos pares em Wall Street, diversas ações sofrem com a cristalização das chances de um aperto monetário ainda maior pelo Copom, na próxima semana. É o caso dos papéis ligados ao varejo e à construção, setores diretamente afetados por um eventual encarecimento do crédito. Mas as blue chips, como Vale e Petrobras, também pesaram. Enquanto isso, no mercado de juros, além da consolidação das apostas, estampada pelas taxas curtas, em uma elevação de 1 ponto porcentual da Selic, diante do desconforto com a inflação e com uma série de revisões em alta para o IPCA, a curva de juros ganhou alguma inclinação com o avanço dos vencimentos longos, influenciados pelo mau humor externo. Já no câmbio, o dólar oscilou muito em relação ao real, mas terminou com pequena alta de 0,06%, a R$ 5,1775. Até o começo da tarde, parecia que a moeda brasileira acompanharia o dia positivo de alguns pares emergentes, mas na medida em que a aversão ao risco ganhou força, o real mudou de lado, num movimento facilitado pela cautela em relação ao cenário local e pela baixa liquidez, que maximiza esse tipo de comportamento volátil.

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em queda, com os setores de serviços de comunicação e tecnologia entre os mais penalizados, pressionando o Nasdaq, e investidores à espera de balanços, após o fechamento, de três gigantes dessas áreas: Alphabet, Apple e Microsoft. O tom foi de cautela nos mercados internacionais em geral, com preocupações sobre a variante delta da covid-19 e seus potenciais impactos e também a recente investida regulatória da China contra algumas empresas. Entre os Treasuries, os juros caíram, na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), enquanto no câmbio o dólar caiu frente a outras moedas principais. Mesmo com a fraqueza da divisa americana, o petróleo teve baixa, com preocupações sobre a demanda em foco.

O mercado acionário de Nova York mostrou fraqueza não apenas pelo noticiário do dia, mas também diante de recordes históricos recentes. Há bastante atenção à temporada de balanços. O Julius Baer comenta que até o momento os números vieram fortes, mas também que o segundo trimestre pode marcar o pico do crescimento do lucro das grandes empresas, com o banco projetando que o crescimento dos ganhos desacelere nos próximos trimestres.

O Danske Bank, por sua vez, destaca em relatório a fraqueza de ações chinesas mais cedo, após Pequim lançar uma investida contra o setor de educação, especificamente tutorias privadas, em mais um episódio do tipo. Para o Citi, o governo chinês pode agora restringir o financiamento imobiliário como forme de conter os preços dos imóveis e a alavancagem do setor. Para a plataforma True Insights, a fraqueza dos papéis locais é fruto da investida de reguladores locais, cuja atuação faz com que os investidores exijam “um prêmio de risco mais alto sobre as ações chinesas”.

A variante delta da covid-19, mais contagiosa, segue como preocupação. Hoje, autoridades dos EUA determinaram o uso de máscaras em locais fechados em algumas áreas, revertendo liberação geral desse item diante do aumento da vacinação. A Casa Branca, porém, afirmou hoje não ver impacto econômico significativo da variante delta, com a porta-voz Jen Psaki dizendo que esse efeito deve ficar “amplamente concentrado em comunidades com baixa incidência de vacinação”.

Ainda nos EUA, o líder da maioria democrata no Senado Chuck Schumer disse hoje que há avanços nas negociações do Legislativo sobre um pacote bipartidário de infraestrutura. A Casa Branca se disse “entusiasmada” e “confiante” sobre o pacote, mas até agora não há garantia de sucesso. Ainda nos EUA, havia expectativa pela decisão do Fed de amanhã. Conforme especial publicada às 11h04 no Broadcast, os dirigentes devem continuar a debater a gradual redução nas compras de bônus, mas aguardarão indicadores para tomar uma decisão.

Nesse quadro, a cautela deu o tom nos mercados. Nas bolsas de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,24%, em 35.058,52 pontos, o S&P 500 caiu 0,47%, a 4.401,48 pontos, e o Nasdaq recuou 1,21%, a 14.660,58 pontos. Após balanços, Tesla caiu 1,95%, 3M recuou 0,54% e General Electric subiu 1,39%.

Entre os Treasuries, houve demanda pela segurança dos bônus, com alta nos preços e queda nos retornos. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 0,199%, quase estável, o da T-note de 10 anos recuava a 1,232% e o do T-bond de 30 anos caía a 1,886%. O BMO Capital interpreta o movimento de hoje como um sinal claro de que o mercado aposta em um Fed dovish nesta quarta-feira.

No câmbio, o dólar mostrou fraqueza ante outras divisas principais, perdendo fôlego ao longo do dia. O DXY, que mede o dólar ante uma cesta de outras moedas fortes, caiu 0,23%, a 92,432 pontos. No horário citado, o dólar recuava a 109,74 ienes, o euro subia a US$ 1,1820 e a libra tinha alta a US$ 1,3882.

O dólar fraco não foi suficiente para apoiar o petróleo, com a variante delta como preocupação para a demanda futura. O contrato do WTI para setembro fechou em baixa de 0,36%, em US$ 71,65 o barril, na Nymex, e o Brent para outubro caiu 0,24%, a US$ 73,52 o barril, na ICE. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])

Volta

BOLSA

O Ibovespa recuou para baixo dos 124 mil pontos, renovando mínimas da sessão à tarde, enquanto os índices de Nova York se inclinavam a uma correção mais forte do que a observada pela manhã, vindo as três referências americanas de máximas históricas nos dias anteriores. Assim, na véspera de decisão de política monetária nos Estados Unidos, a cautela deu o tom desde o horário de negócios na Ásia, resultando em acomodação global do apetite por risco. Na B3, ao final, o Ibovespa limitou as perdas do dia a 1,10%, a 124.612,03 pontos, entre mínima de 123.670,33 e máxima de 126.025,78, com abertura aos 126.004,14 pontos.

Mais forte do que nas últimas sessões, o giro financeiro foi hoje a R$ 29,3 bilhões. Na semana, o índice cede 0,35%, com perdas no mês a 1,73% – no ano, sobre 4,70%. Desde a manhã, houve poucas exceções positivas na carteira do índice, com destaque para Itaú PN (+0,98%), após autorização do BC para que conclua a saída da XP, e especialmente CPFL Energia (+1,89%), na ponta do Ibovespa, ao lado de Copel (+0,66%) e Bradesco PN (+0,79%), enquanto blue chips como Vale ON (-2,08%) e Petrobras PN (-1,16%) mantiveram desempenho negativo ao longo do dia. Liderando as perdas na sessão, destaque para CVC (-5,21%), refletindo perspectiva menos favorável a viagens ante o avanço da variante Delta do coronavírus, PetroRio (-4,27%) e Locaweb (-3,93%).

“Esses papéis registraram uma aceleração muito grande recentemente, com sinais de reabertura no horizonte; somado a isso, a perspectiva de subscrição até pouco tempo atrás a R$ 19 também trouxe ganhos para a empresa (CVC). À medida que o ambiente foi ficando menos favorável, vemos então essa pressão mais forte de venda”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Na agenda doméstica, destaque, nesta véspera de decisão do Federal Reserve sobre a política monetária americana, para as contas externas do Brasil. “Os números mais contidos de IDP (investimentos diretos no País) só corroboram a ideia de que o Brasil está sendo deixado em segundo plano na decisão de investimentos. Reafirmo minha aposta de continuidade de taxa de câmbio desvalorizada aqui no Brasil, pela falta de apetite por nossos ativos”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, em referência aos “míseros” US$ 174 milhões em IDP em junho, ante expectativa do mercado de US$ 2,5 bilhões para o mês.

Além da macroeconomia aqui e no exterior, o mercado acompanha nesta semana uma programação de peso para os resultados trimestrais, entre os quais o balanço da Vale. “Hoje, TIM (-0,78%), que divulgou ontem resultados positivos e crescimento de receita, teve uma abertura boa, em alta de 4,8%, mas foi perdendo força, em dia majoritariamente negativo para as ações”, diz Braulio Langer, analista da Toro Investimentos, chamando atenção também para Vivo (-0,29%) e Carrefour (-0,40%), que divulgam resultados após o fechamento de hoje.

“Os temores regulatórios na China [sobre setores como educação privada e tecnologia] continuaram a pesar hoje na Ásia, e se refletem também aqui, pela exposição que temos à economia chinesa, em commodities, com cautela reforçada hoje não apenas para a decisão de política monetária nos Estados Unidos, amanhã, mas também para os balanços de algumas grandes empresas de tecnologia americanas, que saem hoje”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

Hoje, o desempenho positivo de empresas do setor elétrico foi atribuído à surpresa favorável com os resultados da EDP no segundo trimestre – assim como TIM, divulgados na noite de ontem. “Os investidores estão ajustando suas expectativas ao desempenho apresentado pela EDP, que mostrou que o mercado poderia estar pesando demais o risco hídrico em seus cálculos”, observa Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. Além de CPFL e Copel, Eletrobras PNB (+0,41%) e ON (+0,45%), assim como Cemig PN (+0,33%), obtiveram ganhos, ainda que discretos, nesta terça-feira. (Luís Eduardo Leal – [email protected], e Fabiana Holtz – [email protected])

17:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 124612.03 -1.10459

Máxima 126025.78 +0.02

Mínima 123670.33 -1.85

Volume (R$ Bilhões) 2.93B

Volume (US$ Bilhões) 5.68B

17:36

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 124795 -1.1329

Máxima 125955 -0.21

Mínima 123940 -1.81

JUROS

O mercado de juros teve outro dia de movimentação intensa, que hoje se estendeu também aos vencimentos longos, com taxas fechando em alta generalizada. A aversão ao risco no exterior, traduzida na queda forte do rendimento dos Treasuries, pautou os negócios, amparada na cautela antes da reunião do Federal Reserve amanhã e preocupações com a economia global em função da variante delta do coronavírus, além de medidas de regulação aplicadas pelo governo da China.

No Brasil, a uma semana do Copom, o pessimismo com o cenário inflacionário continuou reforçando as apostas de aperto monetário mais firme, movimento que vem ocorrendo desde sexta-feira após o IPCA-15 sem qualquer tentativa de correção por parte do Banco Central. Na curva, vai se consolidando o consenso em torno de uma elevação de 1 ponto porcentual da Selic na próxima semana, embutida uma chance minoritária de 1,25 ponto. Na parte técnica, o leilão de NTN-B com lotes e risco maiores do que o anterior contribuiu para a pressão na curva.

As principais taxas fecharam em alta pela terceira sessão seguida, sendo que as da ponta curta vêm renovando as máximas do ano neste período. Com 535 mil contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados para janeiro de 2023, este vértice foi hoje o mais líquido, com volume acima dos 497,7 mil da média diária dos últimos 30 dias. A taxa fechou em 7,635%, de 7,58% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2022, que reflete as expectativas para as demais reuniões de 2021, encerrou com taxa de 6,22%, de 6,189%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 8,355% para 8,42% e a do DI para janeiro de 2027, de 8,703% para 8,76%.

As longas operaram pressionadas para cima desde cedo pela influência negativa dos mercados internacionais, com baixa nas ações e juros dos títulos americanos, nesta véspera de decisão de política monetária nos Estados Unidos. A grande expectativa dos agentes é saber como os diretores vão tratar a questão do ‘tapering’, atentos a quaisquer sinais sobre eventuais avanços nas discussões, ou mesmo prazos, para reversão do programa de compra de bônus. A avaliação é de que os dados econômicos de alta frequência ainda não são suficientes para uma mudança de discurso sobre a necessidade de apoio à economia.

Na parte curta, as taxas tinham apenas um viés de alta pela manhã, mas no começo da tarde passaram a subir com força, em meio a zeragens de posições vendidas que acabaram reverberando para vários vértices. O movimento não teve um gatilho específico, sendo atribuído ao reforço nas apostas de um Copom mais duro. A terça-feira foi marcada por uma série de revisões para a reunião da semana que vem, com instituições como Tendências e Barclays, abandonando a expectativa de elevação de 0,75 ponto e migrando para 1 ponto.

Segundo o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, o mercado seguiu refletindo o IPCA-15 e a surpresa com a alta da mediana para 2022 na Focus, dado que a piora nos preços de serviços mostrada pelo índice e a deterioração das expectativas de curto prazo foram as condicionantes estabelecidas no comunicado do Copom para uma aceleração no ritmo de aperto da Selic. “O aumento de 1 ponto é o mais provável, mas 1,25 é exagero”, disse.

A precificação da curva indica 90% e 10% de chances de aumento de 1 ponto e 1,25 ponto, respectivamente, no Copom de agosto, segundo a Greenbay Investimentos. “Para setembro, já temos 30% de chances de 1,25”, disse o economista-chefe Flávio Serrano.

Na reunião de junho, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto e sinalizou outro ajuste da mesma magnitude para o encontro de agosto. Caramaschi afirma que embora a curva esteja bastante esticada, o mercado tem caminhado para a aposta de 1 ponto e “o BC não tem feito nenhuma tentativa de corrigir”.

Diretores que participam do Copom seguiram hoje, a exemplo de ontem, com reuniões fechadas e individuais com instituições do mercado financeiro, o que tem chamado a atenção de alguns players, considerando o contexto de franca deterioração das expectativas de inflação detonada pelo IPCA-15 e a uma semana da decisão de política monetária. “Não dá pra entender porque o BC segue fazendo isso”, criticou um gestor.

O Tesouro Nacional vendeu 1.795.400 NTN-B, com a maior parte (1 milhão) do lote no papel mais longo, de 2055, e risco 54% maior do que na operação anterior de mesmos vencimentos. Segundo o estrategista de renda fixa da Necton Investimentos, Fernando Ferez, o último leilão de B55 acima de 1 milhão havia sido em 18 de maio, com 1,5 milhão. “Desde então, o Tesouro ofertou, em média, 425 mil para esse vértice”, disse. (Denise Abarca – [email protected])

17:36

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 4.87

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 4.15

Over Selic (%a.a) 4.15

CÂMBIO

A cautela pautou os negócios no mercado de câmbio nesta terça-feira (27), em meio a um dia negativo para ativos de risco e à espera, amanhã, pela decisão de política monetária do Federal Reserve, seguida de entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. Sinais de desaceleração da economia americana em meio a pressões inflacionárias embaralham as apostas para o início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos. E essa incerteza, aliada a questões políticas locais, impede que o real se beneficie da expectativa de alta mais pronunciada da taxa Selic.

A moeda brasileira até ensaiou se fortalecer pela manhã, em meio à perda de fôlego do dólar frente ao euro (após indicadores fracos nos EUA) e a divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano, e relatos de entrada de recursos para ofertas de ações na B3. Mas o dólar voltou a ganhar força à tarde e fechou perto da estabilidade, com investidores adotando posições defensivas. Além disso, operadores destacam que o dia foi mais uma vez de liquidez reduzida, o que torna a taxa de câmbio mais suscetível a negócios pontuais.

Com mínima de R$ 5,1499, registrada no início da tarde, e máxima de R$ 5,2060, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (27) a R$ 5,1775 (+0,06%). Em julho, a moeda americana acumula alta mais de 4%, o que deve acentuar a disputa pela formação da Ptax de fim do mês até sexta-feira (30).

O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, nota que o ambiente externo foi muito negativo hoje, com tombo das bolsas americanas e falta de apetite por risco. “O mercado está apreensivo com a possibilidade de que o Fed possa dar sinais de início de retirada dos estímulos. Os dados da economia americana não estão muito bem, mas a questão da inflação preocupa e muitos membros do Fed parecem querer agir logo”, afirma Laatus, ressaltando que, além da incerteza externa, há preocupações com o ambiente político local e o andamento da reforma do Imposto de Renda. “O dólar só não sobe mais por existe essa expectativa de alta de juros mais forte no Brasil”.

O estrategista Gautam Jain, do Ohmresearch, não crê em mudanças substanciais no comunicado do Federal Reserve amanhã, mas nota que a divisão entre os integrantes do Banco Central americano sobre o início da redução de estímulos se tornou mais aguda. “Os debates sobre o início do ‘tapering’ provavelmente vão esquentar por causa das leituras recentes de inflação, bem como novos sinais de desaceleração da atividade”, afirma Jain, em nota.

O estrategista da Ohmresearch observa que a dinâmica das divisas emergentes se ligou muito mais ao desempenho do índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes – nos últimos meses, devido ao debate sobre o ‘tapering’. “Entramos em uma fase em que qualquer fortalecimento global do dólar resulta em desempenho ruim das divisas emergentes”, afirma Jain, que acredita, contudo, em uma performance melhor do real em relação a seus pares.

Para o operador Lucas Mastromonico, da B.Side Investimentos, o ambiente externo conturbado, com temores relacionados à China e ao avanço da variante Delta, e as questões políticas domésticas explicam a volatilidade recente do dólar e limitam o fôlego do real. “O clima é de muita incerteza. Mesmo assim, temos ainda a perspectiva de uma queda do dólar até o fim do ano, quem sabe para perto de R$ 5, com a Selic mais alta e as exportações fortes, por conta dos preços das commodities”, afirma.

Dados das contas externas, divulgados hoje pelo Banco Central, mostraram que o resultado das contas correntes foi positivo em US$ 2,791 bilhões em junho, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (US$ 5,150 bilhões). Dois pontos chamaram a atenção: remessas de US$ 1,584 bilhão de lucros e dividendos em junho, bem superior aos US$ 228 milhões em igual mês do ano passado, e a entrada de apenas US$ 174 milhões em Investimento Estrangeiro Direto no País.

No Twitter, o sócio sócio-fundador e CEO da Armor Capital, Alfredo Menezes, nota que as remessas de lucros e dividendos estão muito maiores que nos últimos anos e que o resultado do IDP passa um recado em relação ao projeto de reforma tributária que traz a tributação de lucros e dividendos. Analistas têm alertado, desde o anúncio do projeto e reforma do IR, que impõe a taxação de 20% sobre lucros e dividendos, sobre a possibilidade de que empresas antecipem as remessas para evitar a tributação.

Na B3, o dólar futuro para agosto era negociado a R$ 5,17650 (-0,05%), com giro reduzido, na casa de US$ 12 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])