Uma série de discursos de membros do Federal Reserve na tarde desta quarta-feira ampliou o mau humor dos mercados globais, já penalizados desde cedo com indicadores mistos dos Estados Unidos e o temor de uma segunda onda de covid-19. Os dirigentes cobraram do governo do presidente Donald Trump medidas fiscais para amparar a atividade econômica. Só que, em meio ao polarizado processo eleitoral, o Congresso americano mergulhou em um impasse político. No campo da saúde, por sua vez, um estudo científico feito em Houston, no Texas, apontou que as mutações do novo coronavírus nos EUA podem tê-lo tornado mais contagioso. A notícia foi interpretada, pelo mercado, como uma dificuldade adicional na eficácia das vacinas que estão sendo produzidas contra a doença. Desta forma, os ativos de risco tiveram piora adicional. Índice mais volátil nas últimas sessões, o Nasdaq perdeu 3,02%. O Dow Jones cedeu 1,92% e S&P 500, 2,37%. No câmbio, o dólar teve fortalecimento generalizado, com o índice DXY (que mede a divisa ante moedas fortes) tocando a máxima desde julho. No Brasil, o movimento de fuga de ações e compra de segurança foi semelhante. O Ibovespa encerrou a sessão em 95.734,82 pontos (-1,60%), com somente oito papéis em alta - o tombo só não foi pior porque a Vale, ação de mais peso do índice, subiu 2,23%. Já o real foi a segunda moeda que mais sofreu ante o dólar hoje, atrás somente do peso do México, penalizado pela expectativa de corte de juros pelo BC local amanhã. Aqui no Brasil, o dólar à vista subiu aos R$ 5,5869 (+2,15%), maior cotação desde 26 de agosto, completando a quarta sessão seguida de avanço. Os juros futuros também não ficaram imunes à liquidação externa. Acompanhando o câmbio, as taxas mais longas foram destaque de alta, inclinando mais a curva. O clima pesado lá fora acabou se sobrepondo à surpresa com o IPCA-15 de setembro, que subiu acima das estimativas. Como houve leitura benigna dos preços de abertura, o índice não foi capaz de mudar substancialmente o quadro de apostas para a Selic. Participantes deste mercado pontuam ainda a expectativa com o leilão do Tesouro amanhã e a divulgação, pelo BC, do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
- MERCADOS INTERNACIONAIS
- CÂMBIO
- BOLSA
- JUROS