DIRETORA DO FED CONTEMPORIZA NÚCLEO DO CPI, PESA EM BOLSAS E IMPULSIONA DIS NO BRASIL

Comentários da diretora do Federal Reserve Lael Brainard pesaram sobre o sentimento do mercado na tarde desta terça-feira. Dirigente de passado 'dovish', hoje suas falas soaram novamente 'hawkish' e deram uma indicação de qual será sua postura na vice-presidência da instituição. Ao mesmo tempo em que disse ser 'digno de nota' o fato de o núcleo da inflação americana em 12 meses ter desacelerado de 0,5% em fevereiro a 0,3% em março, ela frisou que não dá tanto peso a um único dado, que os preços continuam muito elevados nos Estados Unidos e que o processo de ajuste monetário será de 'modo metódico', com uma série de altas. Note-se ainda que o discurso dela foi feito em um dia em que o petróleo subiu mais de 6% - o que, na prática, contrata reajustes de preços adiante. Desta forma, nem mesmo o salto de petroleiras mundo afora foi capaz de segurar os índices acionários no azul. Dow Jones cedeu 0,26%, S&P 500 recuou 0,34% e Nasdaq caiu 0,30%. Aqui no Brasil, o ganho de mais de 1.500 pontos da bolsa pela manhã não se sustentou e o Ibovespa chegou a flertar, na mínima, com a perda do suporte dos 116 mil pontos. Ao final, em 116.146,86 pontos, a perda foi de 0,69%. De volta ao exterior, a posição mais dura de Brainard não chegou a fazer com que os juros subissem, mas a curva acabou se inclinando adicionalmente. Sob essa influência, os juros domésticos tiveram uma sessão de alta, acumulando cada vez mais prêmios à medida que os vencimentos ficassem mais longos. Por fim, no câmbio, novos relatos de ingressos de recursos para a renda fixa sustentaram o real no azul. Ainda assim, o fechamento da moeda à vista, a R$ 4,6767, a deixou muito longe da mínima em R$ 4,6229. Em tempo, monitorada pelo mercado, a greve dos servidores do Banco Central segue, uma vez que as tentativas de acordo com o governo não tiveram avanço.

 

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MERCADOS INTERNACIONAIS

As declarações da diretora do Federal Reserve (Fed) Lael Brainard de que a inflação nos Estados Unidos segue muito elevada, apesar da desaceleração 'digna de nota' em seu núcleo, e que a autoridade conduzirá um aperto 'metódico, com uma série de altas' nos juros pesaram nas ações em Nova York e ajudaram a reduzir a queda nos rendimentos dos Treasuries, além de dar impulso ao dólar. Muitos analistas avaliam que a inflação americana já deve ter atingido seu pico, mas no mercado de petróleo, os preços hoje foram para cima, com salto de mais de 6%, mesmo após o governo americano anunciar novas medidas para conter o avanço da gasolina. A forte alta do barril do petróleo foi em grande parte guiada pela redução de restrições para conter a covid-19 em Xangai, o que também ofereceu suporte a outras commodities. Sem perspectivas de uma resolução diplomática para a guerra na Ucrânia, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) cortaram suas previsões de crescimento global e o Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu um comércio internacional mais diverso para apoiar a economia em momentos de choque.

 

Brainard destacou que energia e alimentos foram os grandes responsáveis por puxar para cima a inflação de março nos EUA, sobretudo a primeira, com a guerra na Ucrânia. Ela enfatizou, porém, que não dá tanto peso a apenas um dado e disse que continuará a monitorar os próximos números. Já o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, disse que é preciso adotar uma política monetária que não seja 'agressiva demais' para que não arruíne as 'boas coisas' da economia americana. Ainda assim, o dirigente se disse 'bastante preocupado' com o aumento de preços da gasolina.

 

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações subiram depois que o CPI abaixo do esperado sinalizou que o pico da inflação poderia estar em vigor. No entanto, a recuperação dos papéis não durou muito, pois os preços do petróleo se recuperaram acima do nível de US$ 100. 'As ações continuarão sendo um trade instável, já que os investidores aguardam para ver o que acontece com as commodities, já que a guerra na Ucrânia não mostra sinais de desescalada', avalia. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou hoje que a ação militar de seu país na Ucrânia tem como objetivo assegurar a segurança russa, e garantiu que essa meta será alcançada. Ainda hoje, o governo russo diz que concordou com uma proposta para que se interrompam as permissões para pagamentos de Eurobonds. Segundo a administração local, a decisão é tomada pois o dinheiro que está sendo pago não tem chegado aos detentores russos de Eurobonds, ficando apenas com câmaras de compensação internacionais.

 

O TD Securities destaca que a resiliência dos preços de energia pode persistir, já que parece ter 'uma estabilização na demanda de commodities, enquanto Xangai começa a diminuir as restrições de mobilidade. A batalha da China contra a covid-19 ainda está em andamento, mas as perspectivas para a demanda na região permanecem fortes', analisa. Já a Opep reduziu sua previsão para o aumento da oferta de petróleo de produtores fora do grupo em 2022 em 300 mil barris por dia (bpd), a 2,7 milhões de barris por dia (bpd). A organização também cortou sua projeção para aumento da demanda neste ano em 500 mil bpd, para 3,7 milhões de bpd. Hoje, o WTI para maio fechou alta de 6,69% (US$ 6,31), a US$ 100,60 o barril, enquanto o Brent para junho subiu 6,25% (US$ 6,16), a US$ 104,64.

 

A S&P Global afirma que a aversão ao risco dos investidores da bolsa americana está perto das máximas. Segundo a agência, a política monetária, o quadro geopolítico e o macroeconômico global são percebidos como os maiores freios para o mercado. Neste quadro, ao fim da tarde Dow Jones recuou 0,26%, S&P 500 teve baixa de 0,34% e o Nasdaq caiu 0,30%. Na Europa, o cenário foi parecido, com recuou dos principais índices. Incluindo DAX (-0,48%) em Frankfurt e FTSE 100 (-0,55%) em Londres. Amanhã, a temporada de balanços no exterior tem início com a divulgação dos resultados de alguns dos principais bancos americanos.

 

A Capital Economics avalia que, após o CPI de março, a inflação nos EUA tenha chegado perto do pico. No entanto, a consultoria acredita que os rendimentos dos Treasuries tendem a continuar subindo, especialmente pela postura do Fed. A análise é de que a autoridade vá avançar na alta das taxas de juros e encolherá seu balanço patrimonial no restante do ano, o provavelmente fará com que os rendimentos dos Treasuries subam novamente em pouco tempo, avalia. Hoje, ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos recuava a 2,384%, o da de 10 anos tinha baixa a 2,723% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,825%. As perspectivas de um Fed hawkish impulsionaram o dólar, que teve o índice DXY fechando em alta de 0,36%, ficando acima de pontos no fechamento pela primeira vez desde maio de 2020.

 

Enquanto isso, a OMC cortou a previsão para o crescimento do PIB global este ano, de 4,1% a 2,8%. Segundo o relatório WTO Trade Forecast, a instituição atribui a revisão negativa, em grande parte, à guerra decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia. Já a Opep reduziu sua projeção de alta do PIB global em 2022, de 4,2% para 3,9%. Para o FMI, um comércio mais diversificado pode ser a saída para proteger a economia global de choques como os causados pela pandemia e a invasão da Ucrânia. Embora vá de encontro com o desmonte recente feito no processo de globalização, uma cadeia de fornecedores múltipla poderia reduzir quase à metade as perdas de eventos extremos para o PIB dos países, conforme documento do órgão. (Matheus Andrade - [email protected])

 

BOLSA

 

Em dia de nova leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, e de comentários de Lael Brainard, integrante do board do Federal Reserve a quem o mercado sempre escuta com atenção, o Ibovespa devolveu os ganhos moderados vistos pela manhã e rateou no meio da tarde, acomodando-se a princípio perto da linha de estabilidade, depois mergulhando ao negativo enquanto os avanços tímidos em Nova York se transformavam também em perdas, em dia de boa recuperação para o petróleo, após queda em torno de 4% ontem para Brent e WTI.

 

Hoje, tanto a referência americana como a global retomaram os três dígitos, com o barril do WTI a US$ 100 e o do Brent a US$ 104 no fim da tarde, em alta de 6%, sem que as ações de Petrobras (ON +0,11%, PN -0,29%) conseguissem acompanhar o movimento. O dia foi moderadamente positivo para o setor de siderurgia (CSN ON +0,86%, Usiminas PNA +0,62%), mas negativo para Vale (ON -0,67%) assim como para os grandes bancos (Itaú PN -1,77%, Unit do Santander -1,32%).

 

Ao final, a referência da B3 mostrava recuo de 0,69%, a 116.146,86 pontos, a terceira retração consecutiva, bem mais perto da mínima (116.054,40), do fim da tarde, do que da máxima (118.615,38), no início da sessão, da qual saiu de abertura aos 116.963,38 pontos. Ainda fraco, na véspera de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro ficou em R$ 24,7 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 1,84% e, no mês, 3,21%, colocando os ganhos do ano a 10,80%.

 

Na ponta do Ibovespa, destaque para Cogna (+4,49%), à frente de Cielo (+4,03%), Ultrapar (+3,21%) e Assaí (+2,81%). No lado oposto, Banco Inter (-8,54%), Méliuz (-5,00%), Marfrig (-4,73%) e Yduqs (-3,63%).

 

A inflação, desta vez nos Estados Unidos, esteve mais uma vez no foco dos investidores. 'O melhor que se pode dizer é que o núcleo do CPI [nos EUA] ficou abaixo do esperado, em 'apenas' 6,5% [ao ano, maior alta desde agosto de 1982], e isso pode dar algum alívio aos mercados, que estavam se preparando para o pior cenário. O ponto principal agora é se a inflação atingiu o pico e, em caso afirmativo, em que ritmo ela cairá. Embora essa leitura provavelmente bloqueie ação mais agressiva do Fed no curto prazo, há alguma razão para acreditar que o CPI cairá o suficiente até o final do ano para evitar ação mais severa do Fed', aponta em nota Matt Peron, diretor de Pesquisa da Janus Henderson Investors.

 

A inflação ainda bem alta nos Estados Unidos, e o efeito que produzirá sobre o comportamento do Fed nos próximos meses, combina-se, no Brasil, à incerteza sobre a extensão do ciclo de alta da Selic, iniciado bem mais cedo do que nas economias centrais e que parecia, até há pouco, perto de conclusão - um consenso que parece ter ficado embaralhado recentemente, em contexto de inflação mais forte em economias como a americana, a chinesa e mesmo a europeia, sob pressão das commodities.

 

'A inflação cuidará de si mesma se os riscos geopolíticos melhorarem. E as expectativas devem permanecer, de que o Fed não terá que apertar agressivamente a política [monetária] e enviar a economia dos EUA a uma recessão', observa em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York.

 

Aqui, 'o IPCA de sexta-feira veio acima do esperado e foi natural a reação de Campos Neto [presidente do BC], surpreso com a inflação e mais duro no comentário, no que fez bem. Mas acho que a Selic não vai além de 12,75%', diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. 'Vai ter efeito importante na inflação de abril e maio a queda do gás, da energia elétrica, e mesmo da gasolina, que pode cair mais para frente pelo comportamento do petróleo. Devem parar [os integrantes do Copom] um pouco nos 12,75% para ver e entender melhor, especialmente o que vai acontecer com as commodities, que têm causado essa alta', acrescenta.

 

'As taxas de juros longas continuam subindo aceleradamente nos Estados Unidos, o mercado ainda não encontrou a taxa de equilíbrio nominal para os fed funds, que pode ser bem mais alta do que se espera atualmente. Na próxima reunião [do Fomc, em maio], pode vir recado mais duro sobre juros e redução do balanço [do Fed]. Se o recado vier a ser dado, deve ter alívio em preço de commodities, pelo lado da demanda, com desaceleração já em andamento na China e também chegando aos Estados Unidos, no segundo semestre, o que deve trazer preços de commodities, palatáveis, mais para o meio do ano', conclui Miraglia.

 

Hoje, Lael Brainard, do Fed, afirmou que a inflação continua 'muito elevada' nos Estados Unidos, mas também notou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de março, divulgado pela manhã, mostrou desaceleração 'digna de nota' em seu núcleo - que expurga o índice de itens considerados voláteis, como alimentos e energia. Em entrevista virtual no evento Wall Street Journal Jobs Summit, a integrante do board do Fed não quis adiantar, contudo, se defenderá alta de 50 pontos-base na reunião de política monetária de maio. Mas observou que o BC americano conduzirá um aperto 'metódico, com uma série de altas' nos juros.

 

No Brasil, segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de serviços caiu 0,2% na margem em fevereiro - em comparação a fevereiro de 2021, houve alta de 7,4%. 'O resultado surpreendeu principalmente por um contraste pouco usual com os indicadores de mobilidade e com as sondagens do setor de serviços - ambas apontavam para um crescimento na margem', observa em nota a Terra Investimentos.

 

'Em semana de baixo número de indicadores econômicos, até por conta do feriado, ficamos à mercê do mercado internacional, com temor nos últimos dias em torno de algumas falas mais duras de integrantes do BC americano e a incerteza, ainda, sobre o conflito no Leste Europeu. Melhor do que o esperado, a inflação nos Estados Unidos chegou a contribuir com algum apetite por risco, mais cedo, o que se refletiu especialmente no câmbio [com dólar em queda de 0,29%, a R$ 4,6767 no fechamento]. Olhando para frente, há a questão do aumento de juros nos Estados Unidos, que se vier mais intenso, pode atrapalhar essa correção do câmbio', diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

 

 

17:27

 

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 116146.86 -0.68916

Máxima 118615.38 +1.42

Mínima 116054.40 -0.77

Volume (R$ Bilhões) 2.46B

Volume (US$ Bilhões) 5.30B

 

 

 

 

17:27

 

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 116315 -0.57697

Máxima 118575 +1.35

Mínima 116075 -0.78

 

 

JUROS

Os juros futuros operaram em dois tempos nesta terça-feira. A queda firme vista pela manhã, alinhada à reação positiva dos mercados ao núcleo da inflação ao consumidor norte-americano abaixo do esperado, deu lugar à cautela à tarde, quando as taxas inverteram o sinal e passaram a subir. A virada ocorreu na esteira da piora generalizada dos ativos, com o petróleo voltando a tocar as máximas e o dólar se fortalecendo, por sua vez atribuída a comentários da diretora do Federal Reserve, indicada à vice-presidência, Lael Brainard.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,10%, de 13,093% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,652% para 12,68%. O DI para janeiro de 2025 terminou 12,00%, de 11,97%, e a do DI para janeiro de 2027, em 11,705%, de 11,64%.

 

Após altas consecutivas nas taxas registradas desde a semana passada, o mercado aproveitou o dado da inflação nos Estados Unidos de manhã para reduzir parte dos prêmios na curva. O comportamento do núcleo, que subiu 0,3%, ante mediana das estimativas de 0,5%, deu alguma esperança de que a inflação por lá já estivesse perto do pico. Já o índice cheio subiu 1,2% na taxa mensal e 8,5% em termos anuais, maior nível desde 1981.

 

'A taxa atingiu a máxima em 40 anos, mas estamos nos aproximando do pico. Infelizmente, a trajetória de descida será longa e lenta, dada a persistência dos problemas nas cadeias de fornecimento, aperto no mercado de trabalho e poder das empresas de repassar custos', afirmam os economistas do ING, segundo os quais, com isso, o Fed precisa subir os juros rapidamente, com chance crescente de uma desaceleração aguda da atividade como resultado.

 

Foi a deixa para os juros caírem, mesmo com o petróleo em alta e oferta de NTN-B com DV01 (risco para o mercado) acima da operação da semana passada e também do esperado pelos agentes. À tarde, houve piora generalizada dos ativos, atribuída à fala de Brainard. Ela até chegou a considerar a desaceleração do núcleo 'digna de nota', mas também disse que o Fed conduzirá um aperto 'metódico, com uma série de altas' nos juros. Ainda, afirmou que a recuperação econômica deve se sustentar, mesmo com o aperto monetário. As bolsas pioraram, a curva dos Treasuries inclinou e o dólar ganhou fôlego, mas ainda fechou em baixa ante o real.

 

O diretor de Tesouraria do Banco Fator, Bruno Capusso, lembra que o petróleo acentuou os ganhos à tarde, para 7%, contribuindo para a piora dos mercados, especialmente a curva local. Ele destaca que os DIs vinham subindo bem desde a divulgação do IPCA de março acima do esperado, o que, junto com a avaliação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem, sobre o índice 'colocou sombra nos prognósticos para a Selic'. 'O cenário de apenas mais uma alta de 100 pontos-base na taxa básica subiu no telhado', afirmou. Segundo ele, porém, essa expectativa não pode ainda ser descartada porque até a próxima reunião, no dia 4 de maio, 'tem chão'. 'O BC tem quase um mês para avaliar', disse, citando ainda que o comportamento benigno do câmbio pode começar a aparecer nos preços.

 

A agenda doméstica trouxe o dado do setor de serviços muito fraco em fevereiro (-0,2%), abaixo do piso das projeções (+0,3% a +1,8%), logo na abertura, mas que mal teve tempo de influenciar os negócios, pois na sequência já saiu o CPI americano.

 

Na gestão da dívida pública, o Tesouro fez leilão de NTN-B com boa demanda dos agentes, vendendo integralmente a oferta de 1,450 milhão, com maioria das taxas dentro do consenso de mercado. O DV01 ficou em US$ 863 mil, segundo a Necton Investimentos. Boa parte do lote (1 milhão) saiu no vencimento para 2027, que será alvo da migração do IMA-B no dia 18. Para o estrategista de renda fixa da Necton Fernando Ferez, a migração ajuda na demanda pelo papel, mas o principal fator é a busca pelo título em meio às pressões inflacionárias e necessidade dos dealers de operarem com o papel.

 

Capusso, do Banco Fator, afirma que o mercado tem procurado papéis com algum tipo de remuneração prefixada, o que ajuda a explicar também a pouca demanda pelas LFT - hoje o Tesouro vendeu apenas 104 mil títulos, ante oferta de até 300 mil, para 1/9/2028. 'As NTN-B curtas estão bem demandadas, com o juro real perto de 6%', comentou. (Denise Abarca - [email protected])

 

 

17:26

 

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.00

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

 

CÂMBIO

Uma piora dos ativos de risco e o fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira de discurso duro de dirigente do Federal Reserve, fizeram o dólar reduzir bastante o ritmo de queda ao longo da tarde de hoje e tocar pontualmente o terreno positivo. Mas o sinal de baixa acabou prevalecendo e a divisa emendou o segundo pregão seguido de perdas ante o real. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo estrangeiro, dada a atratividade das taxas de juros locais, e fechamento de câmbio por exportadores.

 

Os negócios no mercado de câmbio foram pautados nesta terça-feira (12) pelas especulações em torno do grau e da intensidade do ajuste monetário nos Estados Unidos, em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia e a dúvidas sobre o ritmo de crescimento e inflação na China, que enfrenta novo surto de Covid-19. Pela manhã, na esteira da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em março, o apetite ao risco falou mais alto e empurrou o dólar à vista para a mínima da sessão, a R$ 4,6229 (-1,44%). O CPI subiu 1,2% em março, ligeiramente acima das expectativas (1,1%), levando a variação anual a 8,5%, a maior desde 1981. Mas o mercado se apegou a leitura de 0,3% do núcleo (que exclui energia e alimentos), abaixo do consenso (0,5%). Seria um sinal de que o processo inflacionário estaria no pico e, portanto, começaria a arrefecer.

 

Nas mesas de operação, comentou-se que o mercado se posicionou de forma muito defensiva à espera do CPI e, dado o alívio do núcleo, tratou de ajustar posições. O real também estaria sendo favorecido pela alta dos preços das commodities, que se recuperaram após flexibilização do lockdown em Xangai. Além disso, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu 'senso de urgência' para implementar medidas de estímulo à economia já anunciadas pelo governo.

 

A festa dos ativos de risco começou a azedar ao longo da tarde, à medida que investidores digeriam discurso da diretora do Federal Reserve Lael Brainard. Indicada a vice-presidente do BC americano e outrora vista como 'dovish', Brainard agora adota uma postura mais dura. Embora tenha afirmado que a desaceleração do núcleo do CPI é 'digna de nota', a dirigente ressaltou que a inflação continua 'muito elevada'. O BC americano vai promover um 'aperto monetário metódico, com uma série de altas de juros', e pode bater o martelo sobre a redução do balanço (a partir de junho) no encontro do Fed em maio (dias 3 e 4).

 

'O mercado viu no núcleo do CPI uma luz no fim do túnel, de que a inflação tenha atingido o teto. Mas a inflação ainda é muito alta nos Estados Unidos, no patamar de 8%. A Brainard reforçou a postura que o Fed mostrou na ata na semana passada, de subir os juros de forma mais rápida e começar a reduzir o balanço patrimonial', afirma Nicolas Giacometti, especialista de Renda Fixa da Blue 3.

 

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - tocou nova máxima à tarde, aos 100,332 pontos. As divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano, desaceleraram os ganhos frente à moeda americana. Por aqui, o dólar à vista chegou a tocar o terreno positivo, na casa de R$ 4,69, mas logo em seguida voltou a cair. No fim do dia, era cotado a R$ 4,6767, em baixa de 0,29% - o que leva as perdas em abril para 1,77%. No ano, a desvalorização acumulada é agora de 16,13%.

 

O operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, notou entrada de fluxo estrangeiro pela manhã, além de operações de exportadores. Isso teria levado à zeragem de posições no mercado futuro e potencializado a queda da moeda americana após a divulgação do CPI nos EUA. 'O dólar não era para ter caído tanto pela manhã, mas acabou entrando fluxo e houve zeragem. O diferencial de juros (interno e externo) continua muito alto e não dá para carregar posição comprada (que ganha com a alta do dólar)', diz Iha. 'Ao longo da tarde, o dólar se alinhou mais à tendência lá fora, operando perto de R$ 4,68'.

 

Giacommeti, da Blue3, vê continuidade do fluxo de estrangeiros para o Brasil, tendo em vista a atratividade de operações de carry trade. O diferencial de juros deve continuar elevado mesmo que o Fed acelere o ritmo de alta de juros, dado que o Banco Central brasileiro ainda deve elevar a taxa Selic.

 

A leitura acima das expectativas do IPCA de março (1,62%), na sexta-feira, e a fala de ontem do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dando conta de que está 'analisando a surpresa no IPCA para ver se muda a tendência', alimentaram a expectativa de que o BC não vai encerrar o ciclo de aperto monetário, com uma alta final da Selic em 1 ponto porcentual, para 12,75%, em maio, como sinalizado anteriormente. (Antonio Perez - [email protected])

 

 

17:27

 

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.67670 -0.2921 4.69540 4.62290

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4695.000 -0.41362 4716.500 4643.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4709.500 -1.4955 4709.500 4706.000