O apetite por risco prevaleceu na maioria dos mercados nesta terça-feira, aqui e no exterior. E até mesmo os juros futuros, que poderiam sofrer com a abertura do IPCA, considerada ruim, e com a ata do Copom, vista como hawkish por muitos, cederam, num movimento de correção às altas recentes. Além disso, ainda que os ruídos políticos e a questão fiscal sigam no radar, a PEC dos Precatórios não chegou a trazer surpresas ainda mais negativas. A bolsa brasileira, no entanto, surge como a nota negativa deste pregão e, assim como o câmbio, foi afetada em alguma medida pela perspectiva para o aperto monetário a ser conduzido pelo Copom. A leitura, derivada dos indicadores recentes de inflação e do tom usado pelo Banco Central no documento que explica a decisão da semana passada, é de que a Selic ruma para um nível superior ao antecipado pela maioria dos agentes. Assim, enquanto os DIs seguem precificando a possibilidade do aperto de 1 ponto ser repetido em setembro ou até mesmo a aceleração do ritmo, a renda variável perde atratividade, seja pelo direcionamento de recursos a outros investimentos de renda fixa, seja pelo efeito perverso que o juro alto tem sobre alguns setores e papéis do Ibovespa, que cedeu 0,66%, aos 122.202,47 pontos. No caso do câmbio, o efeito da Selic mais alta favorece a entrada de recursos, uma vez que cria perspectivas de arbitragem entre com os juros externos, perto de zero em diversos países, e local. Com isso, em meio a fluxos pontuais, realização de lucros e diminuição de posições defensivas, o dólar cedeu 0,96% no mercado à vista, a R$ 5,1967. No meio da tarde, declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, chegaram a trazer estresse pontual para praticamente todos os ativos, mas o movimento foi absorvido com o decorrer do pregão. Ele admitiu que o Copom tem se surpreendido com os condicionantes da inflação e que há grande preocupação com preços de serviços, na medida em que a economia vai reabrindo. O que pode significar Selic ainda maior desacelerou, de forma momentânea, a queda dos juros futuros e aprofundou a do Ibovespa, por exemplo. Enquanto isso, no exterior, a aprovação do pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão no Senado dos Estados Unidos colocou Dow Jones e S&P 500 em novas máximas históricas, ainda que a cautela com a inflação americana ao consumidor, a ser conhecida amanhã, tenha trazido alta aos yields dos Treasuries e consequente recuo ao Nasdaq.
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