CURVA PROJETA SELIC A 9% NO ANO QUE VEM APÓS CMN ADOTAR META CONTÍNUA E DE 3% EM 2026

Com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, antecipando o resultado da decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), inicialmente previsto para depois das 18h, as taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) embarcaram em tendência de queda forte, trazendo algum alívio ainda aos futuros de Bolsa e dólar, uma vez que os mercados à vista já estavam fechados. Do encontro, a decisão que emergiu foi a de mudança de ano-calendário para meta contínua a partir de 2025 e estabelecimento de alvo de 3% em 2026. A banda de tolerância para o IPCA de 1,5 ponto porcentual foi mantida, assim como as metas de 2024 e 2025 (3%). Tudo já era esperado pelos investidores, e vinha sendo precificado nas últimas sessões, mas o investidor encontrou espaço para uma nova rodada de valorização dos ativos locais, em meio à percepção de que as expectativas de inflação tendem a melhorar. O DI para janeiro de 2025 cedeu aos 10,855% e o janeiro 2027 recuou aos 10,31%. Na precificação da curva, as apostas de que o Copom vai abrir o ciclo de quedas da Selic na dose de 0,50 ponto porcentual cresceram e o quadro já caminha para um equilíbrio ante a opção de 0,25 ponto. A Selic projetada para o fim do ano está em 11,75% e para o fim do ano que vem, em 9%. O dólar futuro chegou aos R$ 4,8315 na mínima e o Ibovespa futuro foi aos 120 mil pontos. No segmento à vista, que operou ainda sob a expectativa da decisão do CMN, o Ibovespa subiu aos 118.382,65 pontos (+1,46%) e o dólar terminou perto da estabilidade, aos R$ 4,8471 (-0,01%). Vale lembrar que, na agenda carregada do dia, houve deflação do IGP-M que superou o piso das estimativas, RTI reforçando cenário benigno de inflação, Caged com geração de postos menor do que a estimada e déficit primário muito menor que o do consenso. Em Nova York, a ampliação dos ganhos entre grandes bancos americanos levou o Dow Jones a aumentar descolamento dos pares em Wall Street, com elevação de 0,80%. O S&P 500 ganhou 0,45%, mas o Nasdaq terminou estável.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O mercado de juros teve uma guinada “dovish” no meio da tarde, quando as taxas abandonaram a alta e passaram a cair em bloco, renovando mínimas após o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar a meta de inflação de 3,0% para os próximos anos e a adoção de horizonte contínuo para apuração a partir de 2025. A percepção é de que o desfecho positivo terá impacto sobre as expectativas de inflação e, assim, cresceram as apostas de que o Copom vai optar por abrir o ciclo de queda da Selic com a 50 pontos-base. Além disso, pela precificação da curva, o mercado já vê a taxa a 9% no fim do processo. Durante boa parte do dia, as taxas curtas e intermediárias operavam estáveis e as longas subiam, mas a pressão foi bem mais intensa pela manhã em meio à alta do dólar e dos retornos dos Treasuries.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,920%, de 12,957% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 10,97% para 10,85%, na mínima. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 10,31%, de 10,36%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 10,65%, de 10,68%.

A agenda da quinta-feira foi pesada, culminando na decisão do CMN, cuja divulgação foi antecipada para as 17 horas, com o mercado ainda aberto. Uma hora antes, porém, já havia forte alívio nos prêmios de risco com o mercado tentando antecipar o resultado. Tanto o ministro Fernando Haddad (Fazenda) quanto Simone Tebet (Planejamento), que integram o conselho junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já haviam dito que a meta de inflação para 2024 seria mantida em 3%.

Em entrevista coletiva, Haddad confirmou os 3% para 2025 e 2026, devido aos indicadores econômicos e porque os índices de preços têm mostrado queda acentuada. Além disso, trouxe um discurso contundente sobre a urgência de alívio monetário. Afirmou que há “grande expectativa” no governo para que, a partir de agosto, o Banco Central promova “cortes consistentes” no patamar da taxa de juros. “Em virtude do que os indicadores estão mostrando uma convergência”, disse Haddad, citando a previsão apontada nesta quinta-feira, 29, pelo BC em seu Relatório Trimestral de Inflação, de IPCA em 3,1% em 2025. “Entendemos que praticar taxa de juros de 9% em termos reais é algo que deveria ser revisto em proveito da sociedade, à luz dos indicadores, que está toda a nação brasileira acompanha”, disse.

Sobre a mudança para horizonte contínuo, explicou que a alteração a partir de 2025 foi definida porque será a data em que se iniciará o mandato do próximo presidente do Banco Central. “A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do País. O Brasil estará em sintonia com demais países do mundo”, disse.

Segundo Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, o evento veio dentro do esperado, com potencial benigno adicional para a dinâmica de preços domésticos, embora ainda seja preciso entender como será o “accountability”. “É mais uma vitória do pragmatismo de Haddad, que se mostrou o principal fator de valorização dos ativos nesse segundo trimestre e deixa o momentum positivo para o inicio do próximo trimestre/semestre”, afirma.

Na curva do DI, a precificação de Selic era de 34 pontos-base para o Copom de agosto, o que representa 60% de chance de redução de 25 pontos-base e 40% de queda de 50 pontos. Para o fim do ano, a curva projeta taxa de 11,75% e para o fim de 2024, 9,0%.

A perspectiva de manutenção dos 3% recebeu hoje apoio do Relatório de Inflação (RI), que trouxe revisão da estimativa de IPCA de 3,2% para 3,1% em 2025. Campos Neto, em entrevista sobre o RI, disse que mais importante que o nível da meta, é o impacto da decisão sobre as expectativas.

Até o meio da tarde, especialmente pela manhã, o cenário externo pesava sobre a curva. O crescimento do PIB americano do primeiro trimestre, de 2% na leitura final, superou a mediana de 1,3%, reforçando a sensação de que Federal Reserve deve voltar a apertar política monetária. A curva dos Treasuries abriu e o dólar teve alta generalizada, o que acabou por prevalecer nos DIs, apesar da deflação dos índices de preços no atacado que saíram logo cedo e do saldo do Caged mais fraco.

O IGP-M de junho recuou 1,93%, mais do que a queda de 1,84% apontada pela mediana das estimativas. O IPP de maio desabou 3,07%, na variação mais baixa da série iniciada em 2014. O Caged de maio mostrou criação de 155.270 vagas, aquém da mediana de 188.682 postos e do resultado de 181.436 em abril, o que foi lido como um sinal de desaceleração da atividade que pode estimular o início imediato do ciclo de cortes da Selic.

Internamente, teria ainda contribuído ainda para puxar as taxas para cima declarações do presidente Lula, que, no dia da reunião do CMN, criticou a meta de inflação que considera “rígida” e inalcançável. Afirmou, ainda, que o Senado “vai ter que saber” como lidar com o chefe da autoridade monetária, referindo-se a Campos Neto, uma vez que foi quem aceitou a indicação para comandar o Banco Central.

À tarde, as taxas desaceleraram o ritmo com ajustes após o leilão de prefixados do Tesouro e com a entrevista de Campos Neto, que mostrou confiança no cenário para a inflação e as expectativas. “As expectativas estão caminhando em um caminho positivo. Estamos otimistas”, disse. Afirmou ainda que a autoridade monetária também “quer baixar os juros”, mas que não pode fazer nada que desestruture o processo econômico no futuro.

Nos aspectos mais técnicos, passado o leilão de prefixados do Tesouro, o último do primeiro semestre, o mercado desarmou posições de hedge, o que também ajudou a tirar pressão da curva do DI. O risco em DV01 foi menor ante o leilão anterior, especialmente porque o lote de NTN-F foi de 2 milhões, ante 4 milhões na semana passada. “O leilão saiu bem para baixo do consenso e mesmo sendo pequeno parece que alguns players ficaram sem papel”, disse um profissional. (Denise Abarca e Renata Pedini – [email protected] e [email protected])

BOLSA

Após três sessões em moderada correção, o Ibovespa retomou trajetória positiva nesta penúltima sessão do mês, em que fechou em alta de 1,46%, aos 118.382,65 pontos, bem mais perto da máxima (118.622,75, do fim da tarde) do que da mínima do dia (116.682,51). Em dia de agenda carregada, um dos destaques foi a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabeleceu a meta de inflação de 2026.

Em junho, o índice da B3 volta a mostrar ganho na casa de 9%, a 9,27%, perto de superar o desempenho de dezembro de 2020 (+9,30%), então aos 119 mil no encerramento daquele ano – se sustentar avanço adicional amanhã, será o melhor mês para o Ibovespa desde novembro de 2020 (+15,90%).

O giro financeiro desta quinta-feira foi a R$ 24,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa ainda mostra perda de 0,50% – no ano, sobe 7,88%.

O dia foi amplamente positivo para as ações de maior peso no índice, como Vale (ON +1,22%), Petrobras (ON +1,10%, PN +0,45%) e grandes bancos, como Bradesco (ON +1,26%), Itaú (PN +1,21%) e Santander (Unit +1,56%). Na ponta do Ibovespa, Pão de Açúcar (+13,00%), após receber proposta de US$ 836 milhões (cerca de R$ 4 bilhões) pela participação da empresa no Grupo Éxito, à frente de Yduqs (+10,08%) e JBS (+6,67%) na sessão. No canto oposto, apenas seis papéis da carteira do índice tinham sinal negativo no fechamento: 3R Petroleum (-1,04%), Klabin (-0,64%), Taesa (-0,30%), Carrefour Brasil (-0,27%), Suzano (-0,27%) e Azul (-0,05%).

Em Nova York, os principais índices acionários encerraram a sessão com variações contidas, entre 0,00% (Nasdaq) e +0,80% (Dow Jones). “Os dados americanos do dia – como o PIB (final) dos Estados Unidos para o primeiro trimestre, acima do esperado, e o índice PCE para a inflação ao consumidor, com o índice cheio e o núcleo ainda em patamares altos – mostram a resiliência da economia de lá, ainda muito forte. As leituras resultaram em aumento dos rendimentos dos Treasuries, refletindo expectativa por aumento de juros no país”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“Mercado precificando agora 90% de chance de um aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa de referência do Federal Reserve na próxima reunião, em momento no qual as autoridades monetárias, no mundo, começam a mostrar alguma divergência com relação ao grau de ajuste já promovido nas políticas monetárias, o que é um fator de atenção bastante importante para o mercado, ante essa incerteza”, acrescenta.

Contudo, “o fluxo de notícias corporativo favorável à recente redução das apostas em uma maior desaceleração global – a despeito do cenário contemplar juros altos por mais tempo – sustenta os ganhos das bolsas de EUA e Europa no mês”, observa em nota a Guide Investimentos.

Por aqui, destaque nesta quinta-feira para a leitura sobre o IGP-M, em deflação de 1,93% em junho – vindo já de retração de 1,84% em maio -, o que contribui para reforçar a perspectiva favorável quanto ao IPCA, a métrica oficial de inflação para o Banco Central – e em dia no qual o Caged trouxe geração menor de vagas de trabalho, o que de certa forma traz alívio em momento no qual as atenções do mercado estão voltadas ao ‘timing’ para corte da Selic, aponta o operador da Manchester. Em 12 meses, o IGP-M cai 6,86% e, em 2023, cede 4,46%.

Em entrevista coletiva após a divulgação do relatório trimestral de inflação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que a autoridade monetária também “quer baixar os juros”, assim como vem pedindo o governo e o setor produtivo, mas que não pode fazer nada que desestruture o processo econômico no futuro.

Ele disse também que o BC está “otimista” com o cenário para a inflação e as expectativas para os preços. “As expectativas estão em caminho positivo. Estamos otimistas. Já venho falando há uns meses que a inflação tem ido para baixo e o crescimento, para cima”, acrescentou o presidente do BC.

“A entrevista do Campos Neto, hoje, contribuiu para animar a Bolsa ao mencionar otimismo, citando dados de PIB, inflação e mercado de trabalho. Reduziu também os ruídos que emergiram após a divergência de tom entre o comunicado da semana passada, após a decisão do Copom sobre a Selic, e a ata da reunião, divulgada anteontem”, observa Guilherme Paulo.

Outro ponto de destaque na agenda desta quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou no fim da tarde, nos ajustes finais do Ibovespa – que até então mostrava alta de 1,58%, e teve leve oscilação, enquanto o índice futuro acentuava ganho a 1,65% -, a decisão sobre a meta de inflação de 2026, mantida a 3% (com 1,5 ponto porcentual de intervalo).

A deliberação era aguardada com muita expectativa no mercado, e veio também a confirmação, conforme se esperava, de que a meta passará a ser contínua, e não mais vinculada a ano-calendário. A mudança passa a valer em 2025 – quando terá expirado o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Antes da decisão, em entrevista ao colunista Fernando Dantas, do Broadcast, o economista Sergio Werlang, ex-diretor do Banco Central e que participou diretamente da implementação do sistema de metas de inflação no Brasil, disse considerar que uma meta de 4-4,5% seria melhor para o País do que 3%, por causa da rigidez orçamentária brasileira. (Luís Eduardo Leal – [email protected], com Julia Pestana)

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118382.65 1.4581

Máxima 118622.75 +1.66

Mínima 116682.51 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.42B

Volume (US$ Bilhões) 4.99B

18:04

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120750 1.83428

Máxima 120780 +1.86

Mínima 118385 -0.16

CÂMBIO

Após esboçar um avanço expressivo pela manhã, quando registrou máxima a R$ 4,8733, e trabalhar em alta moderada ao longo da tarde, o dólar à vista perdeu fôlego nos minutos finais de negociação e encerrou a sessão desta quinta-feira, 29, cotado a R$ 4,8471, praticamente estável (-0,01%). Operadores identificaram um movimento vendedor no mercado de câmbio, simultâneo a novas máximas do Ibovespa e mínimas dos juros futuros, diante da expectativa pelo anúncio da decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação de 2026 após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar, por volta de 16h40, que concederia entrevista coletiva depois das 17h.

Com o mercado spot já fechado, Haddad confirmou manutenção da meta de inflação de 3% para 2024, 2025 e também para 2026. O ministro informou que, conforme prerrogativa do presidente da República, será adotado regime de meta contínua a partir de 2025, após o término do mandato de Roberto Campos Neto, em 2024. Em relação à gestão da política monetária, Haddad disse que “há grande expectativa do governo de cortes consistente da Selic a partir de agosto”. Pela manhã, declarações de Campos Neto e redução de projeções de inflação no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) já haviam reforçado a aposta em redução da taxa básica em agosto, como sinalizado na ata do Copom. O dólar futuro para julho, que havia recuado com a decisão do CMN, acabou retomando fôlego em seguida e fechou em alta de 0,12%, a R$ 4,8610

Com o alívio no fim do pregão, o dólar interrompeu uma sequência de dois dias seguidos de alta. Mesmo assim, a divisa já acumula valorização de 1,45% na semana. Operadores afirmam que parte da alta do dólar nos dois últimos dias e na maior parte da sessão de hoje foi motivada por realização de lucros e recomposição de posições defensivas, dada a rodada recente de apreciação do real, que levou o dólar de R$ 5,07 no fim de maio para a casa de R$ 4,76 no fechamento do último dia 26. Investidores já se preparam também para a rolagem de contratos futuros e a disputa, amanhã, pela formação da última ptax de junho. No mês, o dólar ainda apresenta baixa de 4,45%.

No exterior, o índice DXY operou em alta firme ao longo do dia e registrou máxima aos 103,437 pontos, com ganhos mais fortes da moeda americana em relação ao euro. O dólar também subiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Leitura final do PIB dos EUA no primeiro trimestre revelou crescimento de 2% (taxa anualizada), bem acima da estimativa anterior e da projeção de analistas (+1,3%). Houve desaceleração em relação ao quarto trimestre de 2022 (2,6%).

A avaliação é que, sem um quadro de desaquecimento abrupto da atividade, há espaço para o Federal Reserve aumentar os juros em pelo menos mais 50 pontos-base neste ano, como sinalizado nas projeções mais recentes dos próprios integrantes do Banco Central americano e pontuado ontem pelo chairman Jerome Powell.

Monitoramento do CME Group mostrou que, após a divulgação do PIB dos EUA, as chances de alta da taxa básica de juros em 25 pontos-base no encontro do Fed em julho a se aproximar de 90%. À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, que não vota nas decisões do BC dos EUA neste ano, defendeu manutenção da taxa básica com argumento de que “faz sentido dar à política monetária restritiva tempo para trabalhar”.

“Tivemos um rali muito forte do real e nas últimas semanas e agora houve um ajuste natural com uma acomodação das commodities e com o Fed mais hawk (duro), sinalizando que novas altas de juros vão se materializar”, afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. “Mas essa alta do dólar para R$ 4,80 não é nada significativo, que mostre aumento da percepção de risco”.

Lima ressalta que o real estava em nível “muito descontado” em razão de “fatores de risco internos”. A possibilidade de trajetória explosiva do endividamento público foi afastada, por exemplo, pelo novo arcabouço fiscal. O economista também observa que há menos incertezas sobre a taxa terminal de juros nos Estados Unidos, dado que já é quase certo que altas adicionais até o fim do ano não vão superar 50 pontos-base.

Segundo o economista, com menos riscos, houve queda da volatilidade da taxa de câmbio e maior apetite por operações de carry trade, que devem continuar atraentes com ciclo de corte da Selic e FedFunds um pouco mais elevados.

“Se o BC não cortar os juros de forma errada, não vai haver estresse no câmbio. Com acomodação dos preços das commodities, o dólar deve ficar ao redor do nível atual, entre R$ 4,80 e R$ 4,90 no curto prazo”, diz Lima. “A gente precisa fazer muita coisa errada para a taxa ir para R$ 5,10 ou R$ 5,20. Ou o Fed sinalizar que vai ter que fazer muito mais na política monetária”. (Antonio Perez – [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.84710 -0.0144 4.87330 4.82980

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4861.000 0.12358 4876.000 4831.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4890.000 0.20492 4901.000 4856.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

A ampliação dos ganhos entre grandes bancos americanos levou o Dow Jones a aumentar descolamento dos pares em Wall Street, o que também deu algum apoio ao S&P 500. Na outra ponta, Nasdaq manteve volatilidade e fechou praticamente estável. Em geral, prevaleceu no mercado acionário a resiliência da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, apontada na leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Contudo, sinais de mercado de trabalho e imobiliário ainda apertados, a persistência da inflação e falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçaram expectativas de mais aperto monetário por tempo prolongado, impulsionando os rendimentos dos Treasuries. Ponderações sobre este cenário provocaram volatilidade nos preços do petróleo, que fechou em alta apesar do dólar forte no exterior.

Hoje, a revisão robusta no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano, de 1,3% a 2,0%, surpreendeu o mercado e ditou o tom nas mesas de operações ao lado de outros dados macroeconômicos americanos. A leitura final do PIB pelo Departamento do Comércio americano também revisou o índice de preços de gastos do consumo (PCE, na sigla em inglês), mostrando que a inflação subiu à taxa anualizada de 4,1% e o núcleo subiu 4,9% no mesmo período.

A perspectiva de uma economia ainda forte nos Estados Unidos também foi corroborada por queda nos pedidos de auxílio-desemprego e relatório de vendas pendentes de imóveis, ambos demonstrando força no mercado de trabalho e imobiliário. No caso das vendas de imóveis, a Associação Nacional de Corretores (NAR, na sigla em inglês) informou que a queda mais acentuada do que o esperado representa falta de casas em estoque e não uma desaceleração na demanda. Em relatório, a Stifel analisa que a resiliência do setor pode “dar mais trabalho” para o Fed restringir o mercado imobiliário o suficiente para domar a inflação.

Para a economista do C6 Bank, Claudia Rodrigues, o cenário de inflação elevada e atividade resiliente nos EUA é consistente com mais dois aumentos de 25 pontos-base na taxa de juros nas próximas reuniões do Fed, conforme sinalizado pelo próprio comitê de política monetária (FOMC, na sigla em inglês) e por falas de Powell nesta madrugada. Após a publicação do dado, a chance do BC americano elevar os juros em julho atingiu máxima de 89,3%, de 81,8% ontem, de acordo com a plataforma de monitoramento do CME Group. Por volta das 17h (de Brasília), esta probabilidade era de 86,8%.

Este cenário impulsionou ganhos nos rendimentos dos Treasuries e o avanço do dólar ante rivais no exterior. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,869%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,846% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,904%. Já o dólar subia a 144,82 ienes, o euro recuava a US$ 1,0871 e a libra tinha baixa a US$ 1,2611. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,42%, a 103,342 pontos.

No entanto, analistas destacam que a economia americana resistente, apesar do cenário de juros restritivos, sustenta o afastamento de projeções de recessão para o final deste ano ou início do próximo. Este distanciamento dos riscos de recessão apoiou a demanda determinados setores do mercado acionário nos dois lados do Atlântico nesta sessão.

Em Wall Street, o Dow Jones fechou em alta de 0,80%, a 34.122,42 pontos, se descolando dos pares ao receber suporte de avanço robusto do Goldman Sachs (+3,01%) e JPMorgan (+3,49%), reflexo da alta generalizada do setor bancário após resultados do teste de estresse financeiro do Fed. o S&P 500 também acumulou ganhos, de 0,45%, a 4.396,44 pontos, e o Nasdaq ficou praticamente estável, a 13.591,33 pontos.

Volátil, o Nasdaq acompanhou a deterioração em ações do setor de tecnologia. Entre os destaques, Alphabet recuou 0,90%, Meta perdeu 1,32%, Microsoft cedeu 0,24% e Amazon baixou 0,88%, esta última pressionada por notícias de possível investigação antitruste por órgão regulador dos EUA. Na contramão, Apple subiu 0,18%, enquanto ronda nível de US$ 3 trilhões em valor de mercado. Já a Micron fechou em queda de 4,09%, pesando sobre pares do setor como Nvidia (-0,72%) e Intel (-1,97%), após o CEO da empresa, Sanjay Mehrotra, afirmar em ligação com analistas que previsões para vendas de computadores, smartphones e servidores padrão são piores do que parecem e podem apagar ganhos com inteligência artificial (IA), segundo reportagem do MarketWatch.

Este pregão também foi marcado por volatilidade nos preços do petróleo, que abriu o dia em queda, ganhou força e inverteu sinal com dados demonstrando a resiliência americana, mas voltou a oscilar no início da tarde e fechou em alta modesta. Para a Oanda, os preços do óleo devem continuar oscilando até que o mercado de energia tenha uma perspectiva clara sobre o cenário econômico dos EUA. No fechamento, o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 0,43% (US$ 0,30), em US$ 69,86 o barril, na Nymex, e o Brent para setembro subiu 0,36% (US$ 0,27), a US$ 74,51 o barril, na ICE. (Laís Adriana – [email protected])