A sessão de encerramento de agosto emulou, de certa forma, o comportamento dos ativos em todo o mês. Exceção feita ao real, os demais ativos domésticos terminaram essa jornada no campo negativo. Com o mercado cada vez mais de olho nos efeitos da corrida eleitoral de 2022 para as contas públicas, o fluxo de investimentos ao País e o andamento de reformas, a curva de juros abriu e a Bolsa amargou perda mensal de 2,48%. E nem mesmo o envio do Orçamento de 2022, hoje à tarde, trouxe maiores alívios na seara fiscal. Se por um lado há uma expectativa de redução forte do déficit no ano que vem, neste momento a peça cumpre apenas um requisito formal. O texto deverá ser amplamente ajustado assim que o governo encontrar uma solução para o impasse dos precatórios - o desfecho menos traumático para o mercado seria essa despesa toda dentro do teto de gastos. Também por causa dessas dívidas judiciais, o valor do Auxílio Brasil e sua ampliação seguem em suspenso. A 'sobra' decorrente dos ajustes nos precatórios deve ser usada no novo programa social do governo, mas há pressões também para uso em aumento de salários e gastos com obras. "Estamos sendo o mais transparente possível sobre incapacidades do Orçamento", admitiu o secretário de Orçamento Federal, Ariosto Culau. Em evento em São Paulo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um dos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro, deu o tom da demanda em pleno ano eleitoral: "no meu ministério está faltando dinheiro". As declarações mostram que o debate sobre o destino do dinheiro público seguirá quente em setembro, com o clima político cada vez mais intenso dados os impasses institucionais. A este cenário, junte-se ainda o agravamento da crise hídrica, que forçará o aumento médio de 6,78% nas contas de luz a partir de amanhã. No exterior, uma inclinação mais "dovish" do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, devido às incertezas da variante delta deu gás ao mercado de ações, ao passo que as dúvidas em torno da doença e a recuperação mundial deu viés de baixa aos preços das commodities. A postura monetária do Fed segurou a cotação global do dólar e, internamente, a despeito da piora doméstica, conduziu a moeda a uma baixa mensal de 0,73%, para R$ 5,1719 no encerramento do mês - menor valor desde 2 de agosto.
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