O Ibovespa ignorou a cautela externa e, junto com os juros futuros, espelhou o otimismo do investidor com a possibilidade da retomada da agenda de reformas no Brasil, sobretudo a Tributária, e também das privatizações, a começar pela Eletrobras, cujos papéis foram destaque de alta nesta sexta-feira. Com o desempenho de hoje, ao subir 2,32%, para 102.888,25 pontos, a Bolsa brasileira retomou o nível pré-pandemia e reduziu as perdas no ano para a casa de 11,03%. A última vez que o principal índice havia fechado acima dos 102 mil pontos foi em 5 de março. De lá até o piso do período, o Ibovespa chegou a perder 40 mil pontos. O avanço no pregão de hoje foi turbinado pela expectativa de que a equipe econômica entregue ao Congresso, na próxima semana, sua proposta de Reforma Tributária, ajudando a avançar as discussões conjuntas dos textos que já estão no Parlamento. Ao mesmo tempo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a repetir na noite de ontem, durante participação no Expert XP, que pretende encaminhar "três ou quatro" grandes privatizações nos próximos meses. E mesmo sem citar a Eletrobras, os agentes apostaram suas fichas na elétrica. Pelos mesmos fatores, e a despeito do comportamento do câmbio, os juros futuros recuaram ainda mais à tarde, refletindo expectativas positivas também para a área fiscal. O mercado gostou das declarações do novo secretário do Tesouro, Bruno Funchal, que defendeu o teto de gastos, a retomada da agenda das reformas para além da proposta tributária e assegurou o retorno da consolidação fiscal depois da pandemia. Os juros longos fecharam com queda firme e, mesmo que os vencimentos curtos tenham cedido menos, o movimento fez as apostas em corte de 25 pontos-base da Selic se tornarem majoritárias. Enquanto isso, o real, depois de ficar descolado dos pares emergentes nos últimos pregões, acabou se alinhando à cautela externa neste pregão. O dólar subiu 1,02%, a R$ 5,3805 no mercado à vista, encerrando a semana com ganho de 1,10%. O real também teve a maior volatilidade implícita do mundo, de 19%, no período. Em Nova York, os principais índices passaram o dia sem direção definida e assim terminaram a sexta-feira, com o Dow Jones em queda e os demais, com pequeno avanço. Os mercados refletiram os temores com o contínuo aumento de casos de covid-19 nos EUA, que voltaram a bater recorde diário, e dados mistos da economia americana.
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