CHANCE DE APERTO MAIOR DO FED ELEVA DI E DÓLAR NO BRASIL, ENQUANTO FMI PESA EM BOLSA

A perspectiva de o Federal Reserve aumentar o ritmo de ajuste da política monetária americana impulsionou mundo afora os retornos da renda fixa e a valorização do dólar. Comentários ainda mais ‘hawkish’ do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, ainda ontem à noite foram a senha para esse movimento. Ele não descartou uma alta de 75 pontos-base dos Fed funds, aposta que passou a aparecer com mais peso a partir de junho. Desta forma, os rendimentos dos Treasuries tiveram forte impulso, fazendo as taxas voltarem ao nível de 2019. Destaque ao T-bond de 30 anos, que rompeu a marca de 3%. A inclinação da curva de juros dos Estados Unidos fez com que as taxas dos DIs subissem, ainda que em intensidade menor. No câmbio, o movimento foi mais coordenado. Na máxima do dia, o índice DXY tocou os 101,028 pontos, maior nível em dois anos. Aqui no Brasil, a moeda à vista fechou em R$ 4,6682, alta de 0,43%, ainda assim acumulando baixa de quase 2% no mês. O aperto nas condições monetárias pelo Fed ganhou chancela hoje do Fundo Monetário Internacional. O economista-chefe da entidade, Pierre-Olivier Gourinchas, classificou como “adequadas” as medidas tomadas pelo BC dos EUA. As revisões do FMI para o crescimento mundial, aliás, penalizaram as commodities e a Bolsa no Brasil. Ao reduzir a previsão de expansão global de 4,4% para 3,6% este ano, o Fundo deu gatilho para uma realização de lucros da ordem de 5% nos contratos de petróleo, afinal menos crescimento é sinônimo de menor consumo – mesmo com uma oferta mais restrita por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia. Houve também ajustes de posições no Ibovespa. As ON de Vale ON se destacaram entre as baixas (-3,19%) ante a chance de uma expansão menor mundial, com o investidor também à espera dos dados de produção divulgados após o fechamento. Ao fim, o índice fechou em 115.056,66 pontos, desvalorização de 0,55%. Na última hora da sessão, a queda se estancou um pouco, dada a alta firme das bolsas de Nova York. Lá, a despeito do Fed, a temporada de balanços tem mostrado números sólidos. Assim, Dow Jones subiu 1,45%, S&P 500 ganhou 1,61% e Nasdaq avançou 2,15%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Charles Evans, avaliou hoje que a economia americana “deve se sair bem”, apesar do aperto monetário no país. As perspectivas para uma política mais austera da autoridade monetária impulsionaram os rendimentos dos Treasuries e o dólar, que avançou especialmente ante o iene, diante de uma postura mais dovish no BC local. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas projeções para o crescimento global em 2022, mas destacou a importância do ajuste monetário pelo Fed, diante do avanço da inflação. Apesar das projeções mais pessimistas para a economia global, as bolsas de Nova York tiveram ganhos, no que analistas observam como resiliência das ações diante da temporada de balanços. Já o petróleo caiu mais de 5%, em movimento de correção após ganhos recentes, mas sem tirar de foco a guerra na Ucrânia e as perspectivas para oferta e demanda.

Evans destacou que a inflação “está muito elevada”, mas disse não ver necessidade de aumento de juro maior que 0,50 ponto porcentual. O dirigente do Fed disse esperar que as taxas de juros avancem para além do nível considerado neutro, podendo ficar entre 2,25% e 2,50% ao fim deste ano. O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, classificou como “adequadas” as medidas do Fed para combater a escalada da inflação. “A guerra na Ucrânia tornou o ciclo de alta de juros do Fed ainda mais urgente”, afirmou. Enquanto isso, devido ao conflito, o Fundo reduziu sua estimativa do crescimento global para 2022: de 4,4% para 3,6%. O presidente do Banco Mundial, David Malpass, alertou que é preciso aumentar a oferta de alimentos, energia e fertilizantes e reforçou a importância de ação por países desenvolvidos. Ele também demonstrou preocupação com a desigualdade entre as economias, “com os juros subindo enquanto os níveis de dívida já estão altos”.

Com o aperto nos EUA, o dólar ganhou força ante a maioria das moedas. A Western Union lembra que o iene perdeu terreno 13 pregões consecutivos em relação à moeda americana, uma vez que as expectativas das taxas de juros nos EUA continuam aumentando, enquanto os mercados não veem aumentos de taxas pelo Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) neste ano. Além disso, a análise lembra que pela primeira vez o dólar ultrapassa os 128 ienes desde maio de 2002, e que há apenas duas semanas, o dólar era cotado a cerca de 114 ienes. Segundo maior componente do DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis rivais, o iene contribuiu para a alta de 0,18% do índice. No fim da tarde, o dólar era cotado a 128,92 ienes. Na renda fixa, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,601%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,939% e o do T-bond de 30 anos subia a 2,995%, tendo tocado ao longo do dia sua máxima desde 2019.

Apesar do avanço dos juros, as bolsas americanas tiveram uma sessão de ganhos acima de 1%. “À medida que navegamos pelos estágios iniciais da temporada de resultados do primeiro trimestre, continuamos a ver o tipo de resiliência que geralmente associamos aos mercados de ações”, avalia Craig Erlam, analista sênior de mercado financeiro da Oanda. Após divulgar seu balanço, os papéis da Johnson & Johnson avançaram 3,05% hoje. Com publicações marcadas para depois do fechamento dos mercados, Netflix (+3,18%) e IBM subiram (+2,36%). O Twitter, que ainda observa as tratativas de uma possível aquisição da empresa pelo CEO da Tesla, Elon Musk, contrariou a tendência de alta e teve queda de 4,73%. Ao final, o Dow Jones subiu 1,45%, o S&P 500 avançou 1,61% e o Nasdaq teve alta de 2,15%. Na Europa, os principais índices recuaram, como o FTSE MIB, que caiu 1,05% em Milão.

Para o FMI, caso as sanções à Rússia se ampliem, incluindo petróleo e gás, as cotações internacionais do óleo subiriam cerca 10% neste ano e 15% no próximo. Se a União Europeia vetar imediatamente as compras de hidrocarbonetos russos, o barril de Brent poderia chegar a US$ 185, estima o JPMorgan. Já hoje, após quatro avanços seguidos, o WTI para junho fechou em queda de 5,17% (US$ 5,56), a US$ 102,05, e o Brent para o mesmo mês caiu 5,22% (US$ 5,91), a US$ 107,25.

As tensões prosseguiram, e hoje o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que seu país está “começando uma nova fase” na “operação especial na Ucrânia”, concentrando-se no leste do país para “liberar totalmente as repúblicas de Donetsk e Luhansk”. (Matheus Andrade – [email protected])

Volta

JUROS

Como esperado, o alívio nos prêmios da curva de juros visto ontem teve caráter temporário e as taxas hoje voltaram a subir nos vencimentos intermediários e longos, mas a alta acabou perdendo força já perto do fim da sessão regular. As curtas passaram o dia ao redor da estabilidade. O avanço das taxas durante boa parte da terça-feira se deu pela pressão dos Treasuries, do câmbio, preocupações com a inflação global e com o fator geopolítico voltando a ganhar peso na avaliação do mercado, uma vez que a guerra no leste europeu agora entra em nova fase. A taxa da T-Note de dez anos rompeu 2,90% e a do T-Bond de 30 anos chegou a 3%, nas máximas desde 2019. Como contraponto a limitar uma abertura ainda mais forte, os preços do petróleo caíram mais de 5%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,04%, de 13,063% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 terminou estável em 12,67%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa a 12,06%, de 12,05%, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,77% para 11,80%.

A sessão teve mais contras do que prós para os mercados. As declarações do presidente do Federal Reserve de Saint Louis, James Bullard, ainda ontem no fim da tarde, tiveram impacto pesado hoje nas curvas. Ele não descartou a possibilidade de o Fed ter de aplicar um aumento de 75 pontos-base no juro em alguma das reuniões. “A voz mais dissonante do Fed voltou a colocar na mesa a possibilidade de um ajuste de juros ainda mais célere”, comentaram os economistas do Banco Original. Embora o diretor também tenha deixado claro que não é esse o seu cenário-base, a fala “dá o tom e o viés do colegiado”, complementam. Até agora o mercado trabalhava com uma aceleração do ritmo atual de 25 para 50 pontos no encontro de março.

As chances de um Fed ainda mais agressivo hoje também fazem sentido considerando o agravamento do conflito no leste europeu, pela perspectiva de demora na normalização da oferta de commodities, que deve manter a inflação global pressionada. A Rússia quadruplicou ataques aéreos na Ucrânia e aumentou o efetivo militar no país, no que o Kremlin chamou de nova fase da guerra. “Esses últimos eventos reduzem as chances de um diálogo para cessar fogo e, por isso também o dólar se valoriza a aumenta o prêmio de risco na curva”, afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Se a guerra tem efeito negativo para a inflação, tem também para a atividade, provocando, junto com a política de Covid zero na China, revisão drástica pelo Fundo Monetário Internacional da projeção de crescimento global, de 4,4% para 3,6% em 2022. A revisão e a liberação extra da reserva de petróleo nos EUA, no entanto, hoje deram alívio à commodity.

Para o Instituto Internacional de Finanças (IIF), Brasil, México, Indonésia e Índia já enfrentam um quadro de estagflação. Segundo o IIF, em muitas países emergentes, a escalada inflacionária coexiste com uma recuperação incompleta de recessões anteriores à emergência da covid-19. Isso significa que a demanda não é a fonte principal das pressões inflacionárias.

Enquanto os agentes aguardam possíveis novos ajustes na sinalização do Copom de que a alta da Selic em maio seria a última, o ministro da economia, Paulo Guedes, disse hoje que a inflação global mais elevada obriga o Banco Central a ficar mais tempo com os juros altos, na medida em que a guerra piorou “um pouco” a convergência da inflação para a meta.

As questões fiscais internas permanecem no radar, mas fazendo menos preço nos ativos do que poderiam. Entre os pontos principais, está a pressão por aumentos salariais de servidores, que rechaçaram o aumento linear de 5% proposto pelo governo. “O mercado está meio anestesiado, priorizando as questões de política monetária e a guerra da Ucrânia”, argumentou Rostagno.

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, reiterou hoje a posição “técnica” da pasta pela não concessão de reajustes, mas admitiu que se trata de uma “decisão política do presidente”.

Em meio às reuniões entre sindicatos e governo sobre o tema, o país vive um apagão de dados de natureza variada, mas o Banco Central garantiu que a realização da reunião do Copom em 3 e 4 de maio não será afetada pela greve no órgão, que já entra na terceira semana.

Na gestão da dívida, o Tesouro realizou hoje leilão de NTN-B, com boa demanda pelos papéis curtos, fomentada pela perspectiva de alta da inflação. A oferta de 950 mil foi vendida quase que totalmente (923.350) – só o lote da NTN-B 2045, de 150 mil títulos, não teve demanda integral. A operação com LFT, porém, teve pouco mais da metade da oferta de 300 mil títulos colocada, de 165 mil. Com o feriado de Tiradentes na quinta-feira, o Tesouro antecipou para amanhã o leilão de prefixados. (Denise Abarca – [email protected])

17:07

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.18

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

CÂMBIO

Após certa oscilação pela manhã, quando chegou a operar pontualmente em baixa, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde e encerrou os negócios nesta terça-feira (19) acima da linha de R$ 4,65. Esse movimento se deu em sintonia com o fortalecimento global da moeda americana e o avanço das taxas dos Treasuries, em meio a especulações de que o Federal Reserve pode promover um ajuste monetário mais rápido e intenso. Até mesmo uma alta de 0,75 ponto da taxa básica americana (Fed Funds) em maio entrou no radar, embora de forma minoritária, na esteira de declarações de ontem à noite do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard.

O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta ao longo do dia, tendo ultrapassado os 101,000 pontos na máxima. As divisas emergentes caíram em bloco, com o rand sul africano perdendo mais de 2% e o peso mexicano com queda superior a 1% – ambos considerados os dois principais pares do real.

Apesar do recrudescimento do conflito na Ucrânia, as cotações do petróleo caíram mais de 5%, com o barril do tipo Brent, referência para a Petrobras, voltando a ser negociado abaixo dos US$ 110. Commodities agrícolas e minério de ferro apresentaram leve queda, em dia em que o Fundo Monetário Internacional revisou a estimativa para o crescimento global neste ano de 4,4% para 3,6%, sobretudo em razão dos efeitos na guerra na Ucrânia. Já a projeção para o PIB brasileiro em 2022 subiu de 0,3% para 0,8%. Para 2023, contudo, a expectativa caiu de 1,6% para 1,4%.

Além do cenário externo adverso para o real, operadores também notaram um movimento de recomposição de posições cambiais defensivas, com investidores já se preparando para o feriado de Tiradentes, já que não haverá negócios na quinta-feira (21) e a liquidez na sexta-feira (22) tende a ser reduzida.

Com oscilação de apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 4,6408) e a máxima (R$ 4,6857), o dólar à vista fechou a R$ 4,6682, em alta de 0,43%. A divisa ainda acumula queda de 1,95% em abril e perde 16,28% em 2022. Às 17h03, o dólar futuro para maio subia 0,26%, a R$ 4,68100 com giro reduzido, na casa de US$ 11,3 bilhões.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o mercado de câmbio local está em um período de acomodação, com o dólar rodando em uma faixa entre R$ 4,60 e R$ 4,80, mais perto do piso ou do teto dependendo do ambiente no exterior, que hoje não foi favorável à moeda brasileira.

“Claramente a taxa não tem força para superar R$ 4,80. Mas, como já caiu bastante e a gente vê um fluxo menor, também não recua muito mais”, diz Galhardo. “Hoje, estamos vendo o dólar subir no mundo inteiro com essa expectativa pela alta de juros nos EUA. Mas mesmo que a taxa chegue a 3% por lá, o diferencial de juros a favor do Brasil vai continuar enorme”.

Maior expoente dos falcões do BC americano, Bullard voltou a defender uma política monetária mais dura contra a inflação e não descartou a possibilidade de uma alta da taxa básica em 0,75 ponto porcentual no encontro de política monetária do Fed em maio. Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans (sem direito a voto), disse hoje à tarde não ver necessidade de aumento dos juros em ritmo maior que 0,50 ponto porcentual. Para Evans, mesmo com a alta dos juros, para combater uma inflação que “está muito elevada”, a economia americana “deve se sair bem”.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que a curva de juros americana já precifica taxa básica americana acima de 3% até o fim deste ano. O economista diz que o mais provável é que o Fed promova três altas seguidas dos juros em 0,50 ponto porcentual, o que aumenta as chances de que de Fed Funds acima do nível neutro (2,75%) e de taxa de juros real positiva (considerando projeção de inflação 12 meses à frente) no fim deste ano.

Segundo economista, dado esse cenário, são grandes as chances de o dólar se situar, ao longo dos próximos meses, acima da faixa entre R$ 4,64 e R$ 4,68, embora não esteja descartada a possibilidade de uma descida pontual da taxa de câmbio para o suporte estimado de R$ 4,52, em função de “fluxos pontuais do comércio exterior”. “Consideramos que o movimento mais expressivo de ingressos de recursos pela conta de capital já teria ocorrido neste semestre. Seria pouco provável um câmbio inferior à R$ 4,52 de forma sustentável”, afirma Velho, em relatório.

Em entrevista ao Broadcast e à TV Record, após participar de evento na US Chamber of Commerce em Washington, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, disse que a apreciação do real se deve “principalmente ao fundamento fiscal”, já que o País voltou a ter superávit primário. “A força do fundamento fiscal de um lado e o Banco Central atuante do outro, mais o aumento dos preços de commodities, estes três fatores derrubaram o câmbio. Eu não acho que isso vai se alterar.”

Questionado se o dólar pode recuar ainda mais e se encaminhar para o patamar de R$ 5,50, Guedes disse que a taxa de câmbio “não vai cair de repente, mas não será mais um fator de preocupação como foi por muito tempo”. (Antonio Perez – [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.66820 0.4303 4.68570 4.64080

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4683.500 0.31056 4700.000 4654.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4713.472 12/04    

BOLSA

Mesmo com ganhos de até 2,15% (Nasdaq) no fechamento de Nova York nesta terça-feira, o Ibovespa encerrou o dia no menor nível desde 17 de março, mas conseguindo se sustentar acima dos 115 mil pontos, após ter operado abaixo deste limiar em boa parte da sessão. Hoje, a referência da B3 encerrou em baixa limitada a 0,55%, a 115.056,66 pontos, entre mínima de 114.277,16 e máxima de 115.686,95 pontos, saindo de abertura aos 115.686,95. Moderado, embora superior ao de ontem, o giro financeiro ficou em R$ 26,2 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa cede 0,97% e, no mês, 4,12%, emendando hoje terceira perda diária – no ano, a alta é de 9,76%.

A revisão da expectativa de crescimento global pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2022, de 4,4% para 3,6%, resultou em forte ajuste do petróleo nesta terça-feira, em queda de cerca de 5%, com o Brent a US$ 107 e o WTI a US$ 102 por barril, após sequência de recuperação vista em ambas as referências. Apesar da correção, o avanço de Petrobras (ON +1,73%, PN +3,03%), acentuado no fim da tarde, contribuiu para mitigar os efeitos de Vale (ON -3,19%), que divulgará dados de produção após o fechamento de hoje, e da realização de lucros nas ações de grandes bancos, com destaque para BB (ON -3,53%), parte dos quais ainda conserva ganhos bem acima do Ibovespa no ano (caso do próprio BB, de Itaú e Santander).

Na ponta do índice da B3, destaque nesta terça-feira para Banco Inter (+9,15%), BR Malls (+7,66%) e Soma (+6,92%). No lado oposto, Cemig (-5,84%), Eletrobras ON (-4,40%) e Carrefour Brasil (-4,30%).

“A atualização na estimativa de crescimento global do FMI para o ano ajuda a entender a correção em Vale, ação muito correlacionada à economia mundial e, em particular, à demanda da China, que tem sofrido com os lockdowns. No quadro doméstico, pesam também as pressões do funcionalismo por aumento salarial. Uma combinação que produz efeito sobre o dólar, em alta na sessão frente ao real, e também na curva de juros, que deu uma puxada, na ponta curta como na longa”, diz Antonio Pontes, especialista em renda variável da Blue3, destacando também o avanço dos juros americanos de 2 anos, ainda mais forte do que o dos vencimentos de 10 e 30 anos na sessão, refletindo aumento da incerteza no curto prazo.

“Depois de um primeiro trimestre bastante positivo para ativos brasileiros, especialmente ações de empresas ligadas a commodities e outros setores tradicionais e menos sensíveis ao ciclo de alta de juros, como bancos, abril vem sendo marcado por um cenário um pouco mais desafiador”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

“A perda de força da economia chinesa, refletida nos dados do comércio varejista de março, revela os primeiros impactos da volta dos lockdowns no país – que devem seguir impactando a inflação global, além de balançar expectativas para demanda de insumos básicos de produção, como as commodities”, acrescenta a economista, ressaltando, na B3, “certa realização de lucros por investidores que apostaram em altas, na esteira da elevação de commodities e de ativos até então bastante descontados.”

Ontem, o Ibovespa havia fechado na região de 115,7 mil pontos, após ter testado “a importante região de suporte em 115,3 mil pontos”, observam em nota de análise gráfica Fábio Perina e Lucas Piza, do Itaú BBA. Na segunda-feira, “o índice foi capaz de manter o viés positivo”, mantendo-se então acima desta região, o último suporte para manutenção da tendência de alta, acrescentam os analistas. Em sentido contrário, eventual “superação dos 117,4 mil pontos sinalizará que o mercado retomou o movimento de aceleração em busca dos 119,3 mil pontos, antes de buscar a região dos 121,6 mil pontos”.

Por outro lado, “os preços dos ativos, nas últimas semanas como hoje, tendem a continuar reagindo à inflação global. Depois da pandemia, que amainou no começo deste ano, veio a guerra na Ucrânia, com mais um choque de oferta sobre energia e alimentos, duas coisas fundamentais para as populações”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.

“A inflação está mais espalhada, chegando ao setor de serviços, e alimentando a indexação de preços e salários, o que se reflete também em abertura de curva de juros, nos Estados Unidos especialmente. O mercado ainda não encontrou patamar de juros nominal que vai brecar essa inflação”, acrescenta o economista. Ele prevê deliberação “mais forte do que o mercado espera” na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve, em maio, com alta de até 0,75 ponto porcentual na taxa de juros americana. “Os BCs precisarão ser mais duros (na Europa e nos EUA), e isso trará commodities para baixo, principalmente petróleo, ainda bastante esticado pela guerra (no Leste Europeu).” (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115056.66 -0.54508

Máxima 115686.95 -0.00

Mínima 114277.16 -1.22

Volume (R$ Bilhões) 2.62B

Volume (US$ Bilhões) 5.62B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 116925 -0.59511

Máxima 117445 -0.15

Mínima 116130 -1.27