CAUTELA POLÍTICA E FISCAL PESAM EM JUROS E CÂMBIO, MAS BOLSA SOBE COM EXPORTADOR E NY

Blog, Cenário
Em um dia volátil, tanto aqui quanto no exterior, os ativos encerraram a segunda-feira sem espelhar um sentimento único. Enquanto alguma aversão a risco predominou nos juros futuros e no câmbio, a Bolsa brasileira conseguiu sustentar pequeno ganho, amparada no movimento das pares americanas e em ações de empresas expostas ao dólar. Os principais pontos de cautela em relação ao Brasil continuam nos ruídos políticos e na questão fiscal. No primeiro caso, o governo anunciou a saída de dois ministros apenas hoje. Ernesto Araújo, de Relações Exteriores, já vinha sendo pressionado e após agravar as tensões com o Legislativo no fim de semana, não resistiu. Já Fernando Azevedo, da Defesa, foi uma surpresa e acabou reforçando a percepção sobre a falta de coesão dentro do governo. Ao mesmo tempo, o orçamento aprovado na semana passada pelo Congresso, com bilhões em emendas, segue como gatilho de incertezas, por ser considerado inexequível dentro do teto de gastos. Assim, em um dia em que os yields dos Tresuries de 10 anos voltaram a superar 1,7% e o dólar chegou a bater em R$ 5,80 diante do real, a curva de juros ganhou mais inclinação, num claro sinal de desconfiança. Enquanto isso, a moeda americana até se acomodou ante as máximas do pregão, mas terminou com valorização de 0,44% no mercado à vista, a R$ 5,7663, fazendo com que a alta acumulada no ano já supere 11%. Mas se o câmbio espelha certa aversão ao Brasil, também acabou ajudando pontualmente algumas empresas exportadoras, que se beneficiaram tanto das cotações mais altas, por terem parte da receita em moeda estrangeira, quanto da perspectiva de retomada mais firme da demanda internacional em meio ao avanço da vacinação ao redor do mundo. Com isso, o Ibovespa subiu 0,56%, aos 115.418,72 pontos. Em Wall Street, a alta dos juros dos Treasuries voltou a pressionar o Nasdaq, mas o Dow Jones se sustentou no positivo e renovou máxima histórica, com Boeing liderando ganhos. Já as ações do setor financeiro responderam pelas maiores perdas do pregão, devido ao não cumprimento de compromissos de um fundo de hedge com algumas instituições, como Nomura e Credit Suisse.
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JUROS Os juros terminaram a segunda-feira em alta, refletindo tensões políticas e fiscais no Brasil e também mais um dia de estresse no segmento de Treasuries. As taxa longas tiveram alta de 13 pontos-base e as de curto prazo fecharam quase estáveis, configurando novo aumento de inclinação da curva. O desenho espelha as preocupações com a maquiagem da proposta de Orçamento 2021 para acomodar bilhões em emendas parlamentares e o aumento do ruído político envolvendo o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que acabou deixando o cargo. Lá fora, o retorno da T-Note de 10 anos acima 1,70%, mesmo num dia esvaziado de indicadores e sem leilões de venda de títulos, ajudou a inclinar a curva. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 4,736% para 4,765% e a do DI para janeiro de 2025 fechou a etapa regular em 8,26%, de 8,116% no ajuste de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 8,83%, de 8,694%. Com mais uma edição do Boletim Focus apontando nova alta na mediana de IPCA para 2021 (4,71% para 4,81%), os juros já abriram pressionados também pelo noticiário do fim de semana e, ainda pela manhã, chegaram a avançar 20 pontos-base na ponta longa. Internamente, o principal fator a empurrar as taxas foi o Orçamento 2021. O mercado reagiu relativamente bem à aprovação pelo Congresso na quinta-feira, relevando, num primeiro momento, os problemas fiscais que o texto apresentava. O economista Silvio Campos Neto, da Tendências, afirma que durante o fim de semana os agentes digeriram melhor o orçamento, com uma leitura bastante disseminada de que há diversos problemas, inclusive legais. "Mais do que isso, ficou a mensagem de despreocupação com a questão fiscal, o que certamente amplia o desconforto da equipe econômica diante desta eventual 'vitória' da ala desenvolvimentista'", disse. Com dezenas de bilhões em emendas parlamentares colocadas no texto, a peça foi considerada "inexequível" pelo próprio Ministério da Economia, que calcula que a máquina do governo teria de funcionar com apenas R$ 49,5 bilhões até o final do ano - praticamente a metade do que os especialistas consideram o patamar mínimo para não ter uma paralisação. A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado calcula a necessidade de um corte de R$ 31,9 bilhões no Orçamento para evitar o rompimento do teto de gastos. "O Orçamento como está não dá para ficar, dado o risco de questionamento jurídico. A Economia demorou a reagir e o presidente Bolsonaro se cala, parecendo dar anuência", disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Analistas do Eurasia Group afirmam que, além de alertar para o risco de um shutdown, os principais nomes da equipe econômica devem ameaçar com renúncia de seus cargos caso a peça orçamentária não seja corrigida. Dada a repercussão muito negativa, o relator do Orçamento, Márcio Bittar (MDB-AC), estaria sendo cobrado a ajustar ainda hoje o excesso de emendas, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Com essa informação, as taxas, no começo da tarde, chegaram a desacelerar o avanço para menos de 10 pontos. Ajudou ainda no alívio a notícia da saída do ministro Ernesto Araújo, que já estava muito desgastado pelo fracasso na negociação com o exterior das vacinas contra a covid-19. A pá de cal, contudo, foram os ataques dele ontem à senadora Kátia Abreu (PP-TO), do Centrão, insinuando que ela teria defendido interesses da China nas negociações da tecnologia 5G. "Num dia já muito ruim, a questão do Araújo foi a cereja do bolo. Ele está saindo, mas, como não se sabe quem virá no lugar, o mercado fica ressabiado. O quadro interno é muito complicado", disse Camargo Rosa. Porém, mais tarde devolveram parte do alívio, com o rendimento da T-Note novamente rompendo 1,70%. "Não tivemos indicador que pudesse justificar hoje essa puxada dos Treasuries, embora, olhando mais para a trajetória, é claramente de alta", disse o economista da SulAmérica que, no entanto, esperava que as taxas ficassem estabilizadas em nível alto até pelo menos o payroll. Em relatório, o BofA Securities afirma estar cauteloso em elevar exposição nos mercados da América Latina, apesar dos prêmios atrativos, até que os juros americanos desacelerem ou que a pandemia comece a perder força na região. "Esperamos que a volatilidade continue na medida em que o mercado vai testar as funções de reação do Banco Central nesse ambiente altamente ambíguo. Por ora, estamos evitando posições muito direcionais e preferimos focar em oportunidades táticas", disseram os analistas. Especificamente sobre o Brasil, avaliam que os prêmios estão extremamente atrativos e o BC tem se mostrado à frente da curva. "Entretanto, a aversão ao risco permanece muito elevada até que a pandemia esteja sob controle dado o ambiente fiscalmente vulnerável", explicaram. (Denise Abarca - [email protected]) 17:39 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.66 Capital de Giro (%a.a) 5.73 Hot Money (%a.m) 0.64 CDI Over (%a.a) 2.65 Over Selic (%a.a) 2.65 CÂMBIO Após uma manhã tensa, que abriu caminho para que o dólar galgasse a R$ 5,8067, a divisa americana amenizou o ímpeto frente ao real e chegou até a mínima de R$ 5,7381. De acordo com profissionais da área de câmbio, os riscos de pedaladas fiscais aliados às mostras de desorganização do governo, com o desembarque de ministros a quadros técnicos, dão um tom negativo para a moeda local. Houve ainda influência vinda do exterior, com os rendimentos dos títulos do Tesouro americano mais longos novamente em alta, o que contribuiu para que moedas de países emergentes desvalorizassem. O dólar à vista fechou em alta de 0,44%, a R$ 5,7663. Na avaliação de Thomás Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, a pressão câmbio que se vê desde a semana passada tem nome e sobrenome: o governo flertando com as pedaladas fiscais, com Orçamento inflado e as contínuas saídas dos ministérios. Na manhã desta segunda-feira, a velocidade com a qual o real se desvalorizou frente à moeda americana foi notória de problemas vistos no final de semana, que envolveu o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e congressistas, em especial a senadora Kátia Abreu. "Tanto que, depois de oficializada a saída de Araújo, houve um desmonte de posições, levando o dólar a uma queda adicional junto com o retorno do DXY naquele momento. Agora o mercado espera quem vai entrar no lugar. Mas a saída foi positiva", complementou Giuberti. Depois do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pedir demissão, o governo teve mais uma baixa nesta segunda-feira, 29. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comunicou por meio de nota oficial divulgada pela assessoria estar deixando a pasta. No momento, o dólar que já estava arrefecido, oscilando em torno de R$ 5,74, acelerou para a marca dos R$ 5,77. Para Vanei Nagem, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, a saída de Azevedo, pode ter se dado em um movimento para acomodar pedidos do chamado Centrão e é mais um fator que mostra a desorganização do governo. "O governo mostra que não está coeso", disse. E, um pouco antes do fechamento do mercado spot, fontes disseram ao Broadcast que o presidente Jair Bolsonaro deve mudar o comando também da Advocacia-Geral da União, hoje ocupado por José Levi. "Dizem que o dólar não mente, pode até levar alguns dias, mas a verdade aparece", ressaltou Giuberti a respeito da conjuntura negativa que se instalou no país. Mesmo nos momentos em que a moeda americana foi à casa dos R$ 5,80, o Banco Central se absteve. Para o sócio da Golden Investimentos, ao deixar o dólar ir, a autoridade monetária mostra que reconhece o risco fiscal persistente e não faz sentido ir contra a maré. Ele ressalta ainda sobre o rebote de um dólar alto sobre a inflação, que persiste, e coloca em dúvida a necessidade de o Banco Central apertar mais forte a política monetária já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Está com cara de que o dólar vai ficar alto mesmo. Será que o BC vai ter de elevar em um ponto porcentual a Selic? O Roberto Campos Neto [presidente do BC] disse que subiria 0,75 a não ser que houvesse algo mais extraordinário e o dólar nesse nível pode ser isso". O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) de março será divulgado amanhã pela Fundação Getulio Vargas. De acordo com o Projeções Broadcast, a pressão de alta dos combustíveis, das commodities e do dólar devem ser os principais vetores a levar o indicador a atingir os maiores resultados da história tanto na comparação mensal quanto em relação ao acumulado de 12 meses. As estimativas na pesquisa indicam alta de 2,82% a 3,89%, com mediana de 3,02%. Para o acumulado em 12 meses, a mediana aponta para 31,3%, obtida do intervalo de 30,96% a 32,31%. (Simone Cavalcanti - [email protected]) 17:39 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.76630 0.4354 5.80670 5.73810 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL 5771.500 0.21705 5808.000 5736.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5781.000 0.26884 5813.000 5745.500 BOLSA Em dia de bom desempenho para empresas com receita em dólar e exposição à demanda externa, como as de commodities, siderurgia e parte dos frigoríficos, o Ibovespa retomou a linha de 115 mil pontos, atingindo seu melhor nível de fechamento desde o último dia 19 (116.221,58 pontos). Nesta segunda-feira, de máxima intradia a R$ 5,8067 e de fechamento a R$ 5,7663 (+0,44%) para o dólar à vista, o índice de referência da B3 encerrou em alta de 0,56%, a 115.418,72 pontos, entre mínima de 114.095,70 e máxima de 115.552,84 pontos, com giro moderado, a R$ 25,7 bilhões. Faltando duas sessões para o fim do mês, o Ibovespa acumula ganho de 4,89% em março, limitando as perdas do ano a 3,02%. Após alerta sobre prejuízos em bancos estrangeiros, como Credit Suisse e Nomura, em razão de um fundo americano não ter cumprido compromissos, o desempenho misto do setor financeiro (Santander -2,93%, Bradesco ON +0,73%), o de maior peso no Ibovespa, foi o contraponto ao avanço dos segmentos de commodities (Vale ON +2,56%, Petrobras PN +1,58%) e siderurgia (CSN ON +3,67%), em dia de forte alta, de 4,08%, no minério de ferro em Qingdao (China), a US$ 167,88 por tonelada, impulsionada por leitura acima do esperado para o lucro industrial chinês no primeiro bimestre, "o que reforça a expectativa de aumento da demanda em vista da forte atividade", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Destaque também para Minerva (+6,51%), segunda maior alta dentre os componentes do Ibovespa. No lado oposto, Eztec fechou em baixa de 3,04%, à frente de Santander (-2,93%), de Sul América (-2,81%) e de Cyrela (-2,58%). No pódio do dia, além de Minerva, Taesa (+6,37%) e Pão de Açúcar mais uma vez na ponta (+7,10%). "Os papéis ligados ao mercado externo, com receita dolarizada, como os de commodities e parte dos frigoríficos, vêm performando muito bem, nessa aposta em ações com exposição a países com perspectiva de recuperação mais clara do que o Brasil. As empresas ligadas ao setor interno continuam sofrendo mais, como varejo e construção civil", diz Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos, em Vitória. "O foco do mercado continua no Orçamento, aprovado na semana passada: se pode ter burlado em alguma medida o teto de gastos, o que continua se refletindo em estresse nos DIs futuros, em prêmio de risco nos juros. A dúvida é se este orçamento será executado, foco do mercado daqui para frente. A política externa também ganhou atenção e, com a saída do Ernesto Araújo, a expectativa é se haverá melhora de acesso a vacinas e insumos que chegam do exterior, a depender de quem será o escolhido para substituí-lo", acrescenta Oliveira. Em outra baixa no governo, esta não antecipada, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, anunciou nesta tarde estar de saída do cargo com a "certeza da missão cumprida", em uma mudança de comando das Forças Armadas que teria ocorrido a pedido do presidente Jair Bolsonaro, que teria como preferência para o cargo o general Braga Netto, atualmente na Casa Civil. As incertezas sobre a política, em meio à mais recente dança de cadeiras em Brasília, contribuem para alimentar a expectativa por uma maior acomodação do Centrão no governo, em momento em que o fiscal continua no foco de atenção do mercado, após a controversa aprovação do Orçamento para o ano. "No texto, despesas obrigatórias, como Previdência e folha de pagamento dos servidores públicos, estão subestimadas entre R$ 30 e 40 bilhões, aumentando muito a probabilidade de paralisação do governo (shutdown)", diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos. Soluções "criativas" para o Orçamento de 2021, que pareceu incorporar emendas de parlamentares em detrimento de uma percepção realista sobre as necessidades de custeio, mantêm os investidores na defensiva, após a própria equipe econômica ter ventilado que a peça orçamentária seria "inexequível". "As incertezas fiscais pesaram sobre o índice (Bovespa) na sessão de hoje, em função dos cortes realizados em despesas primárias obrigatórias e pelo crescimento de gastos em outras áreas, para viabilizar as emendas parlamentares propostas. Com isso, deputados federais de diversos partidos enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro solicitando informações sobre medidas para o cumprimento das regras fiscais, sem incorrer em crime de responsabilidade", observa Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos. Assim, "o Ibovespa oscilou hoje entre perdas e ganhos, com possibilidade de alta limitada pela correção do mercado americano após o S&P 500 atingir máxima histórica na semana passada, na esteira da expectativa por um pacote de infraestrutura de US$ 3 trilhões que deve ser anunciado pelo governo Biden esta semana", acrescenta Zogbi, analista da Rico. "Em mais um pregão de baixa liquidez para o mercado brasileiro, o Ibovespa registrou leve alta, mas segue abaixo da resistência intermediária na faixa de 117 mil pontos", diz Ribeiro, da Clear Corretora. Nas quatro sessões entre os dias 17 e 22 de março, o Ibovespa conseguiu superar a marca de 116 mil pontos no intradia, mas desde então se acomodou na faixa de 112 a 114 mil nos fechamentos, com perda de força compradora e aumento das vendas. O relativo enfraquecimento dos volumes, além da elevação da percepção de risco associada ao político e ao fiscal, está entre as razões para a dificuldade em romper resistências, apontam analistas. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:19 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 115418.72 0.55593 Máxima 115552.84 +0.67 Mínima 114095.70 -0.60 Volume (R$ Bilhões) 2.57B Volume (US$ Bilhões) 4.43B 17:39 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 115480 0.57043 Máxima 115670 +0.74 Mínima 113770 -0.92 MERCADOS INTERNACIONAIS Os juros dos Treasuries firmaram alta nesta tarde e o retorno da T-note de 10 anos voltou a operar acima de 1,7%, enquanto investidores avaliam sinais da trajetória inflacionária. O movimento pesou sobre os índices Nasdaq e S&P 500 em Wall Street, mas o Dow Jones se sustentou no positivo e encerrou na máxima histórica, com Boeing liderando ganhos após uma encomenda vultosa de jatos pela Southwest Airlines. Na ponta contrária, as ações do setor financeiro responderam pelas maiores perdas do pregão, pressionadas pelo não cumprimento de compromissos pelo fundo Archegos Capital Management. O dólar ganhou força ante rivais e emergentes, refletindo a aversão ao risco nas mesas de negócios. No mercado de commodities, o cobre fechou em queda, após o desbloqueio do Canal de Suez, enquanto o petróleo repercutiu especulações de possível prorrogação do acordo de corte de produção e se valorizou. Embora dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) insistam que o repique na inflação nos Estados Unidos é um fenômeno temporário, o mercado continua embutindo na renda fixa expectativa por uma alta mais sustentada dos preços. O banco Natwest elevou suas projeções para os rendimentos dos Treasuries e passou a prever o yield da T-note de uma década em 2% no final deste ano. Próximo do fechamento das bolsas de Nova York, o juro da T-note de 2 anos estava estável em 0,136%, o da T-note de 10 anos subia a 0,171% e o do T-bond de 30 anos avançava a 2,412%. As empresas de tecnologia, que foram beneficiadas pelo trabalho remoto, têm sido as mais atingidas pela inclinação da curva. Hoje, no entanto, as empresas de médio porte do setor é que encabeçaram as perdas, enquanto as gigantes subiram. A ação do Facebook ganhou 2,76%, depois que o Deutsche Bank elevou o preço-alvo de US$ 355 para US$ 385. Boeing subiu 2,31%, após a notícia de que a Southwest Airlines encomendou 100 aviões do modelo 737 Max. Com isso, o Dow Jones conseguiu fechar em alta de 0,30%, a 33171,37 pontos, enquanto S&P 500 caiu 0,09%, a 3.971,09 pontos, e Nasdaq perdeu 0,60%, a 13.059,65 pontos. O subíndice do S&P 500 para o setor financeiro cedeu 0,79%, com JPMorgan em baixa de 1,55%, acompanhado por Goldman Sachs (-0,51%) e Citigroup (-1,97%). Credit Suisse e Nomura informaram que podem incorrer em prejuízos substanciais por conta da abrupta desmontagem de posições do fundo Archegos Capital Management, que se desfez de cerca de US$ 30 bilhões em valor. Grandes bancos serviram como corretores de primeira linha para a Archegos, o que significa que eles processaram as negociações do fundo e emprestaram-lhe dinheiro e títulos. As ADRs de Credit Suisse e Nomura despencaram 11,54% e 14,07%, respectivamente. "Sem dúvida, o excesso de alavancagem da Archegos Capital Management, dirigida pelo ex-gerente da Tiger Asia Bill Hwang, forçará todas as corretoras de primeira linha a revisarem seus portfólios", avalia o analista Edward Moya, da Oanda. As incertezas nos mercados alimentaram a demanda pela segurança do dólar: o índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em alta de 0,19%, a 92,944 pontos, com euro cedendo a US$ 1,1797 e libra caindo a US$ 1,3796. Entre commodities, o cobre recuou após a operação de desencalhe do navio Ever Given ter sucesso e desbloquear a navegação no Canal de Suez. De acordo com a analista Kristine Petrosyan, da Agência Internacional de Energia (AIE), o episódio teve efeito limitado no mercado de petróleo, porque os estoques do ativo energético ainda estão em níveis altos. As cotações do petróleo chegaram a cair depois da notícia vinda de Suez, mas firmaram alta durante a tarde. A agência Reuters informou, em reportagem baseada em fontes, que a Rússia apoia a extensão do acordo de cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, grupo conhecido como Opep+, até maio, embora defenda um leve aumento na sua oferta para atender a demandas sazonais. Nesse quadro, o barril do WTI com entrega para maio avançou 0,97%, a US$ 61,56, e o do Brent para junho se elevou 0,76%, a US$ 64,92. Perspectivas positivas para a vacinação são potenciais fatores de impulso para os barris. O presidente dos EUA, Joe Biden, revelou em discurso hoje que, até 19 de abril, 90% da população adulta do país estará apta a tomar a vacina contra a covid-19. O restante dos americanos poderá ser imunizado a partir de maio, conforme já havia sido anunciado anteriormente.(André Marinho - [email protected])
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